Brasil : questões sobre o modernismo

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Brasil : questões sobre o modernismo
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ARTELOGIE 1 HIVER 2011
Brasil : questões sobre o
modernismo
- Présentation - Apresentação da revista Artelogia -
Date de mise en ligne : sexta-feira 30 de julho de 2010
Artelogie
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Brasil : questões sobre o modernismo
Apesar da "Semana de Arte Moderna" de 1922, em São Paulo, ser vista como o evento que marcou a origem do
movimento modernista brasileiro, nós gostaríamos, neste número da revista, de ir além deste evento preciso, sem
esquecer sua verdadeira importância no campo das artes. O nosso objetivo será estudar o modernismo brasileiro
levando em consideração uma multiplicidade de campos de tensão que causaram uma gama de inovações que
fizeram do século XX um período bastante fértil nas artes.
Assim, o modernismo não seria nem um acontecimento cronologicamente específico, 1922, nem um movimento (em
um sentido de um grupo de artistas e intelectuais) somente. A particularidade da criação literária e artística
modernista se manifestaria então na tensão entre diversos campos de força, como entre tradição e modernismo e
entre nacionalismo e universalismo. Um outro exemplo seriam as diversas concepções nacionalistas e regionalistas
que funcionam como polos opostos - que podem ser vistos de uma maneira positiva ou negativa, dependendo do
ponto de vista do observador - do cosmopolitismo, considerando que estes valores podem integrar uma
complexidade bem presente na vida deste Brasil do ínicio do século XX. Outro campo de força cuja interação é
importante neste contexto brasileiro é o que se manifesta graças à importância crescente da disciplina
psicoanalítica. No domínio das artes ela encontra um eco nas obras de Lima Barreto, nas obras expostas no Museu
do Inconsciente no Rio de Janeiro e em Bispo do Rosário, por exemplo. ( Assim, preferimos uma definição de
modernismo que contemple, como chave de acesso às vanguardas artísticas, as características reativas destes
campos de tensão. Esta capacidade de reação dos diversos tipos de arte opera como uma resposta criativa e
contínua aos problemas colocados pela aceleração do desenvolvimento tecnológico, científico, social e demográfico
que se intensificaram durante o século XX. Neste sentido, a profusão de manifestos e contra-manifestos e a
publicação de várias revistas de vanguarda são vetores importantes deste processo. Observamos também que
durante este período existe um auge das manifestações da cultura popular, ligadas aos fenômenos de confrontação
entre as temáticas de identidade nacional e cosmopolitismo, em várias regiões do Brasil. Também como reação ao
desenvolvimento econômico e social desta época, verifica-se a reestruturação de importantes escolas de samba
cariocas, dos grupos de maracatu e de frevo em Pernambuco e de outros tipos de manifestações artísticas ligadas à
cultura popular. A esta mestiçagem cultural já existente vieram somar-se as sucessivas migrações de povos da
Europa, incluindo o Leste-Europeu, e do Oriente para o Brasil na virada do século XIX para o XX e sobretudo no
início do século XX. Grandes artistas e intelectuais brasileiros, como Villa-Lobos, Tarsila do Amaral e Mario de
Andrade, interessaram-se particularmente por estas manifestações artistíticas que aparecem, de uma maneira ou de
outra, em seus trabalhos. Por esta razão, gostaríamos de questionar de uma maneira original a natureza das
relações entre cultura de elite e cultura popular, eixo estruturante deste cenário modernista.
Propomos também a análise da questão da "reinvenção" literária, iconográfica e mítica do Brasil e do brasileiro,
considerando cronologicamente um longo processo desde Lima Barreto ou Euclides da Cunha até os trabalhos mais
recentes de Jorge Amado. Quanto às artes plásticas, nós daremos uma atenção particular à invenção do "corpo
brasileiro" que valoriza os traços e os gestos das culturas negras, indígenas e mestiças. Quanto ao cinema, com a
fundação de escolas e centros cinematográficos, o surgimento de revistas e jornais com colunas dedicadas à crítica
cinematográfica e com o início das projeções de filmes brasileiros na Europa, este período se torna um berço
altamente significativo para as manifestações estéticas e intelectuais da arte brasileira.
Tendo em vista estas relações de idas e vindas entre o Brasil e a Europa, uma de nossas propostas é questionar as
diferentes trocas artísticas e intelectuais que ocorreram entre estes dois continentes :
As relações entre as vanguardas brasileiras e européias não só considerando o eixo São Paulo- Paris, mas
também a influência do construtivismo russo e/ou do expressionismo alemão na arte brasileira.
A recepção e a reinterpretação feita no Brasil das idéias e dos movimentos estéticos das vanguardas européias
das primeiras décadas do século XX.
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Brasil : questões sobre o modernismo
No entando, ao estudo das comunicações existentes entre os artistas e intelectuais do continente Americano e do
continente Europeu, que muitas vezes se reduziram aos intercâmbios entre as grandes capitais culturais da Europa
e do Brasil, gostaríamos de acrescentar o estudo da circulação de idéias entre os diferentes países
latino-americanos que passavam por um processo semelhante de "modernização".
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