Exp11 - O divisor de tensão 11.1 Fundamentos: Um problema comum que aparece na vida diária é a necessidade de alimentar um dispositivo elétrico a partir de uma fonte de tensão maior que a tensão nominal de trabalho do dispositivo. Por exemplo, suponhamos que se deseje ligar um rádio de tensão nominal 6V a partir de uma bateria de 12V. É sabido que se o rádio for ligado diretamente à bateria seus componentes poderão ser danificados. Para resolver esta situação é possível utilizar duas soluções diferentes: um circuito de redução de tensão que usa componentes ativos, como transístores, ou então um simples circuito resistivo, denominado divisor de tensão, que utiliza somente resistores. Estudemos esta última situação. Figura 11-1 Suponhamos então que se tenha um gerador de tensão fixa E e que, a partir dele se deseje obter uma tensão U x < E para alimentar um determinado dispositivo. Para isto observe o circuito abaixo: Aplicando-se a Lei do Ohm: I= E E = R t R1 + R 2 Ux = R2 ⋅ I ⎛ R2 U x = E ⋅ ⎜⎜ ⎝ R1 + R 2 ⎞ ⎟⎟ = E ⋅ α ⎠ Equação 11-1 ⎛ R2 Observa-se que, como α = ⎜⎜ ⎝ R1 + R 2 ⎞ ⎟⎟ < 1 , U x é uma fração da tensão E ( U x < E ). Ajustando-se ⎠ convenientemente os valores de R1 e R2 poderemos obter a tensão U x desejada. Figura 11-2 Exp11-O divisor de tensao-2005.docPágina 1 de 8 Introdução à Eletricidade S.J.Troise 2 Lembremos agora que essa tensão U x deverá alimentar um dispositivo que deve ser ligado aos pontos B e C, o qual apresenta resistência R C e que exigirá uma corrente IC ( R C é chamada resistência de carga e IC de corrente de carga). Quando esse dispositivo é ligado ao divisor de tensão, o circuito fica conforme indicado ao lado. É fácil observar-se que agora a tensão U x não é mais dada pela expressão (1) pois o circuito foi alterado pela colocação, em paralelo a R 2 , da resistência R C . Calculemos o novo valor de U x : RP = R2.RC R2 + RC RT = R1 + RP = R1 + R2.RC R2 + RC E E = R2.RC RT R1 + R2 + RC ⎛ ⎞ ⎜ ⎟ ⎛ R2.RC ⎞ ⎜ E ⎟ (2) ⎟⎟. Ux = RP.I1 = ⎜⎜ R . R ⎜ 2 C ⎟ ⎝ R2 + RC ⎠ R1 + ⎜ R2 + RC ⎟⎠ ⎝ I1 = Equação 11-2 Verifica-se então que Ux é agora uma função da resistência de carga R C , isto é, da resistência do dispositivo que é alimentado pelo divisor de tensão, ou o que é a mesma coisa, Ux é uma função da corrente de carga IC solicitada pelo dispositivo. Tomemos um exemplo prático: suponhamos que o dispositivo a ser alimentado pelo divisor de tensão seja um rádio. A corrente solicitada por ele não é constante pois varia em função do volume com que é ouvido (mais volume, mais corrente) bem como da frequência dos sons reproduzidos (freqüências mais baixas - mais graves exigem maior corrente). Isto significa que IC varia (o que equivale a variar R C ) e, conseqüentemente, U x que alimenta o rádio, varia prejudicando seu funcionamento. Portanto o divisor de tensão resistivo não se constitui num sistema ideal para a redução da tensão. Façamos um estudo mais formal do divisor de tensão. Para isto consideremos o circuito abaixo no qual as resistências divisoras ( R1 e R 2 ) são substituídas por um reostato isto é, um resistor de resistência variável continuamente e cuja resistência é variada deslizando-se um cursor sobre um fio condutor, localizado entre os pontos A e C de resistência total RT = R1 + R2 . O reostato é representado pelo símbolo ao lado. Figura 11-3 Observe que R 1 é uma fração x da resistência total. Neste circuito RT = R1 + R2 (3) Exp11-O divisor de tensao-2005.doc Página 2 de 8 Introdução à Eletricidade S.J.Troise 3 Figura 11-4 sendo possível, deslizando-se o cursor do reostato, variar R1 e R 2 tal que aumentando R1 diminui R 2 e viceversa. Portanto R1 é sempre uma fração de R t . O reostato que utilizaremos nos procedimentos experimentais é dotado de uma escala que permite ler diretamente a relação x entre R 1 e R t , ou seja R 2 = x.R T (4) onde Equação 11-3 0 ≤ x ≤ 1. Coloquemos U x em função de IC e x . Aplicando-se as Leis de Kirchhoff: I1 = I2 + IC (5) E = R1 .I1 + R 2 .I 2 (6) U x = R 2 .I 2 = R C .IC (7) Equação 11-4 R 1 = R T − R 2 = R T − R T .x (8) Da (3): Substituindo (4),(5) e (8) em (6) E = (R T − R T ⋅ x ) ⋅ (I 2 − IC ) + x ⋅ R T ⋅ I 2 E = R T ⋅ I 2 + R T ⋅ IC − R T ⋅ x ⋅ IC Equação 11-5 I2 = Da (7) Ux (10) R2 e usando (4) I2 = Ux x.R T obtemos, substituindo em Equação 11-5 e desenvolvendo convenientemente: U x = ( E − R T ⋅ IC ) ⋅ x + R T ⋅ IC ⋅ x 2 (11) que coloca, finalmente, Ux como função de I C e x . Analisando esta expressão observamos que Ux é a soma de duas funções: (E − R T. ⋅ IC ).x ), que é uma reta 2 - e outra quadrática em x ( (R T .IC ).x ), que é um arco de parábola. - uma linear ( Ou seja, Ux é a soma dessas duas curvas. A partir desta observação podemos analisar com facilidade o comportamento de Ux em função da variação da corrente de carga. (lembre-se que este é o fato importante, conforme mencionado no exemplo do rádio alimentado através do divisor de tensão) Façamos um estudo teórico da função que define Ux , considerando três situações diferentes, considerando a corrente IC solicitada pelo dispositivo alimentado pelo divisor de tensão: 1º) IC = 0 a corrente solicitada pelo dispositivo é nula - neste caso a função Ux dada por (11) fica: Exp11-O divisor de tensao-2005.doc Página 3 de 8 Introdução à Eletricidade S.J.Troise 4 U x = E.x Esta situação é obtida abrindo-se o circuito de alimentação da carga através da chave K. Tem-se então a situação descrita inicialmente no qual estudou-se o divisor de tensão sem carga, ou seja, obtém-se exatamente a expressão (1). O comportamento é linear, conforme mostrado no gráfico abaixo. Figura 11-5 2º) IC < E ou então E − R T ⋅ IC > 0 que é o coeficiente angular da reta que se soma ao termo RT quadrático. Como esse coeficiente angular é positivo, reta é crescente a partir de zero, conforme é exemplificado no gráfico abaixo, no qual se mostra simultaneamente a função quadrática, arco de parábola. O comportamento de U x é dado pela soma dessas duas curvas, conforme pode ser observado na figura. Figura 11-6 3º) IC > E ou então E − R T ⋅ IC < 0 que é o coeficiente angular da reta que se soma ao termo RT quadrático. Como esse coeficiente angular é negativo, a reta é decrescente a partir de zero, conforme é exemplificado no gráfico abaixo, no qual se mostra simultaneamente a função quadrática, arco de parábola. O comportamento de U x é dado pela soma dessas duas curvas, conforme pode ser observado na figura. Exp11-O divisor de tensao-2005.doc Página 4 de 8 Introdução à Eletricidade S.J.Troise 5 Figura 11-7 É importante que se observe nesse gráfico que a região compreendida entre os pontos A e B não tem significado físico, pois corresponde a uma tensão negativa o que não pode ocorrer nesta situação prática. 11.2 Objetivos da experiência: O objetivo desta experiência é estudar o divisor de tensão, verificando praticamente suas limitações. Este estudo será feito considerando-se três situações diferentes, conforme discutido acima. Serão obtidas experimentalmente as três curvas mostradas teoricamente. 11.3 Procedimento experimental: 11.3.1.1 ( ) Monte o circuito abaixo ajustando previamente a fonte para reostato colocado entre A e B E = 10v . Anote abaixo o valor da resistência do R AB = R1 + R 2 = _________________ Ω 11.3.1.2 ( ) Use uma caixa de resistências como resistência de carga experiência, variando assim a corrente de carga RC para que esta possa ser variada ao longo da IC . Figura 11-8 11.3.2 1ª situação IC = 0 11.3.2.1 ( ) A corrente de carga será nula quando a resistência de carga é infinita o que equivale a manter o circuito aberto. Mantenha então a chave K aberta para obter-se IC = 0 , e varie x desde zero até 1,00 anotando em cada caso o valor U x indicada pelo voltímetro, preenchendo a tabela ao lado. Exp11-O divisor de tensao-2005.doc Página 5 de 8 Introdução à Eletricidade 6 S.J.Troise x Ux (V) 0 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00 11.3.2.2 ( ) Faça agora o gráfico de U x contra x . Você deverá obter um comportamento linear, conforme previsto e novamente mostrado abaixo, o que comprova a conclusão teórica. Figura 11-9 11.3.3 2ª situação IC < E RT 11.3.3.1 ( ) Considerando os valores de E RT , calcule IC = E = RT e 11.3.3.2 ( ) Feche a chave K para colocar a carga Adote um valor próximo de 30% de E RT RC x . Anote IC = E RT mA no circuito e a ajuste para que a corrente IC seja menor que E RT . . Anote IC = 11.3.3.3 ( ) Varie então E RT mA de 1,00 a 0 sempre ajustando a resistência de carga RC para que a corrente valor anotado no item anterior. Exp11-O divisor de tensao-2005.doc Página 6 de 8 IC na carga seja o Introdução à Eletricidade S.J.Troise x 7 U( x ) V 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0 11.3.3.4 ( ) Faça agora o gráfico de U x contra x . Você deverá obter um comportamento não linear, conforme previsto acima, e novamente mostrado abaixo, o que comprova a conclusão teórica. Figura 11-10 11.3.4 3ª situação IC > 11.3.4.1 ( ) Obtivemos acima que que RC E RT E = ________. Devemos agora fazer com que IC RT seja maior que esse valor. assuma seja cerca de 30% maior. Anote IC = 11.3.4.2 ( ) Com a chave K fechada, ajuste RC mA para que a corrente na carga seja o valor de IC anotado no item anterior. 11.3.4.3 ( ) Varie então x de 1,00 a 0 sempre ajustando a resistência de carga RC para que a corrente valor anotado no item anterior. Anote os valores na tabela ao lado. x Ux (V) 1,00 Exp11-O divisor de tensao-2005.doc Página 7 de 8 IC na carga seja o Introdução à Eletricidade S.J.Troise 8 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0 11.3.4.4 ( ) Faça agora o gráfico de U x contra x. Você deverá obter um comportamento não linear, conforme previsto acima, e novamente mostrado abaixo, o que comprova a conclusão teórica. Figura 11-11 11.4 Relatório: Siga as instruções contidas no anexo correspondente. Exp11-O divisor de tensao-2005.doc Página 8 de 8