Associação Brasileira de Portadores de Câncer OF/AMUCC-004/2016 – Advocacy Florianópolis, SC, 28 de março de 2016. Exma. Senhora, Sua Excelência Dilma Vana Rousseff Presidenta da República do Brasil Praça dos Três Poderes, Palácio do Planalto, 3º andar 70150 – 900 Brasília - DF Excelentíssima Senhora Presidenta, Trazemos a Vossa Excelência nossa preocupação pela forma como está sendo tratado o tema da fosfoetanolamina sintética por algumas organizações ligadas ao câncer, mídia e associações médicas, com julgamentos reducionistas e preconceituosos, tais como: “pacientes em desespero, sem compreensão, nem acadêmica, nem técnico-científica”. O câncer é uma doença democrática, acomete o mais simples dos cidadãos como o mais letrado. Nós não necessitamos ser tutelados, temos condições de decidir a respeito de nossa saúde. O acesso à substância pode ser sancionado, pois não é tóxica e a vida fática tem mostrado sua eficácia, atestada por incontáveis relatos de pacientes. Nós, a Associação Brasileira de Portadores de Câncer (AMUCC), solicitamos, respeitosamente, a Vossa Excelência que sancione o PLC-003/16, aprovado em 22/3/2016, pelo plenário do Senado Federal, na íntegra e sem vetos. Nós, a Associação Brasileira de Portadores de Câncer, entendemos que apoiar a fabricação e liberação do composto vai ao encontro do desejo e expectativa da maioria dos portadores de câncer. Ir contra este desejo é afirmar que o portador de câncer não tem autonomia para decidir a forma como quer enfrentar esta doença mortal e também lhe ceifar uma esperança de vida. Por isso defendemos a liberação da substância ao mesmo tempo em que são realizados os testes clínicos no ICESP e AC Camargo, testes esses importantes e necessários, mas que demandam tempo longo e os pacientes com câncer não podem esperar. É sabido que a maioria dos tratamentos disponíveis hoje na oncologia, ainda nos mutilam, trazem eventos adversos e efeitos colaterais terríveis, nos tirando a vida muitas vezes prematuramente, qualidade de vida - que nunca se recupera - nos deixando “mortos vivos” em número considerável de casos. O tratamento de câncer é um dos únicos onde o paciente não melhora, e sim piora a cada dia, enquanto se mantém o tratamento. Isso porque agride profundamente o sistema imunológico do paciente. MEMBRO: Endereço: Avenida Hercílio Luz, 639, Edifício Alpha Centauri, Sala 910 – Centro - Florianópolis – SC. Cep: 88020-000 - Fone/FAX: 30257185 E-mail: [email protected] Home Page: www.amucc.org.br 1 Associação Brasileira de Portadores de Câncer Muitos tratamentos aprovados e disponibilizados nos sistemas de saúde nos deixam com sequelas incapacitantes para o trabalho e para o convívio social. A fosfoetanolamina do Dr. Chierice, já está amplamente comprovado, não é tóxica e, portanto, é segura, com relatos de melhora da qualidade de vida, melhora da dor e o mais importante: cura sem agressões ao organismo, sem mutilações, apenas estimulando o sistema imunológico. Os tratamentos disponíveis hoje para o portador de câncer são aprovados com chance de cura de até 20% e isso é considerado fantástico e alardeado na mídia como algo espetacular. Por que o tratamento do Dr. Chierice está sendo combatido com tanto furor? O seu custo por dose é da ordem de R$ 0,20 (vinte centavos). O paciente deverá tomar três cápsulas diárias por até sete meses. Queremos tomar a pílula durante o tempo de espera por uma cirurgia, que nos melhores índices no SUS, após o diagnóstico, é de quatro a cinco meses. Exma. Sra. Presidenta, imagine o impacto positivo do custo da fosfoetanolamina sintética no orçamento da saúde pública! Nossa decisão pelo uso da substância se deve ao convencimento de que o composto fosfoetanolamina sintética, sintetizado por equipe de cientistas brasileiros, sob a direção do Dr. Gilberto Chierice, cuja capacidade tem reconhecimento na comunidade científica nacional e internacional, é promissor para o tratamento do câncer. O composto passou por testes pré-clínicos (dentro da metodologia exigida pelos órgãos regulatórios da época), que demonstraram que o composto não apresenta toxicidade (vide anexo) e é efetivo como sinalizador tumoral, suficiente para o sistema imunológico provocar a apoptose da célula cancerosa. A respeito dos testes clínicos com seres humanos, embora não tenhamos obtido acesso aos dados dos estudos realizados no Hospital Amaral de Carvalho, estão disponíveis incontáveis relatos de pacientes que utilizaram/utilizam a fosfo e obtiveram remissão da doença e ou relataram melhoria na qualidade de vida, por amenizar efeitos adversos da quimioterapia, quando a usaram concomitantemente. Se fala que a substância “nunca foi testada cientificamente em seres humanos”. Não procede a alegação. Em 2008 foram realizados testes na FMC-UNICAMP e ISQCSÃO CARLOS-SP, através do ESTUDO A0003 - ASMA NO ADULTO SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR COM ÔMEGA-3 E FOSFOETANOLAMINA EM PACIENTES COM ASMA BRÔNQUICA. Os testes foram registrados nos Anais do XXXIV Congresso Brasileiro de Pneumologia e Tisiologia 2008, com o objetivo de verificar o efeito da suplementação com ômega-3 e fosfoetanolamina em pacientes com asma brônquica, quando foram estudados 19 pacientes. Na conclusão do Estudo se verificou que adição da substância fosfoetanolamina à suplementação alimentar com ômega-3 está relacionado a uma menor necessidade de medicação de alívio. MEMBRO: Endereço: Avenida Hercílio Luz, 639, Edifício Alpha Centauri, Sala 910 – Centro - Florianópolis – SC. Cep: 88020-000 - Fone/FAX: 30257185 E-mail: [email protected] Home Page: www.amucc.org.br 2 Associação Brasileira de Portadores de Câncer Por oportuno, lembramos que a ANVISA já aprovou quimioterápicos que contém em sua fórmula a substância FOSFOETANOLAMINA como o fármaco CAELYX, medicamento de alto custo indicado para câncer de mama e de útero. Isso sem falarmos no tabaco livremente comercializado em todo o país e com conhecidos efeitos cancerígenos. Outros medicamentos como o CANABIDIOL que contém a CANNABIS SATIVA, popularmente conhecida como maconha, uma droga com efeitos negativos reconhecidos e que tem utilização terapêutica, foi liberado para crianças e adolescentes com epilepsias, sem registro na ANVISA, conforme Resolução do CFM nº 2113/2014. Ainda sobre o CANABIDIOL transcrevemos manifestação do Presidente do Conselho Federal de Medicina, Sr. Carlos Vital: “A permissão do uso de uma medicação que não concluiu a fase 2 e não alcançou a fase 3 de experimentação, para uso compassivo, ainda que liberada para prescrição e determinadas especialidades e sob o controle do Conselho Federal de Medicina é uma medida inédita no país e condizente com a compaixão indispensável à prática médica.” A respeito das questões regulatórias, quando se alardeia: “Foi desenvolvida há 20 anos, e vem sendo usada de maneira ilegal durante esse largo período, nunca ter suscitado em seus desenvolvedores a preocupação em fabricá-la em local adequado, realizar ensaios clínicos de acordo com os protocolos e, por fim, pedir seu registro”. O argumento não nos convence. Houve, sim, má vontade, para não dizer de outra forma. Vossa Excelência poderá julgar por si mesma, à luz da cópia dos documentos que anexamos da Fiocruz, Anvisa, Hospital Sírio Libanês e MS. Lembramos que nos EUA já aprovaram projeto semelhante, onde se dá ao paciente o direito de escolha. Dentre outros, Alabama, Arizona, Arkansas, Colorado, Florida, Illinois, Indiana, Utah, Virginia, e Wyoming são os Estados dos EUA onde foi aprovada a lei "Right-to-try" (direito de escolha), em que drogas experimentais são liberadas ao uso dos indivíduos com doenças graves e terminais, mesmo sem a aprovação do FDA, desde que o paciente assine termo de responsabilidade. Projeto semelhante também tramita em países da Europa, com grandes possibilidades de aprovação. A lógica é muito simples: uma democracia forte e justa é aquela onde o Estado não interfere em uma decisão individual, principalmente quando essa decisão pode ser considerada como sendo a sua última chance de manter-se vivo. A AMUCC entende, que o paciente com câncer tem, cada vez mais, acesso à informação e também está mais empoderado, fruto de um intenso trabalho que vem sendo realizado por organizações de pacientes. O processo de empoderamento implica em maior autonomia, capacidade de decisão e ativismo do paciente. E reza nossa missão: contribuir com o controle do câncer, reduzir o impacto da doença e empoderar o portador de câncer como indivíduo e ativista da causa. Seria incoerente reivindicarmos a tutela sobre suas decisões! MEMBRO: Endereço: Avenida Hercílio Luz, 639, Edifício Alpha Centauri, Sala 910 – Centro - Florianópolis – SC. Cep: 88020-000 - Fone/FAX: 30257185 E-mail: [email protected] Home Page: www.amucc.org.br 3 Associação Brasileira de Portadores de Câncer Sobre a alegação de populismo dos deputados e senadores, comentamos que a aprovação do PLC nas duas casas legislativas não aconteceu de forma aleatória. O tema foi objeto de grandes debates, seja por meio de audiências públicas, tanto na Câmara Federal como nas assembleias legislativas estaduais e Senado Federal, com a presença dos pesquisadores, pacientes, médicos e sociedades médicas e de farmácia. Os debates e estudos vem acontecendo desde outubro 2015. Ainda em dezembro/2015, foi criado um grupo de trabalho na Câmara Federal para acompanhar o trabalho a ser desenvolvido pelo MCTI. O Grupo buscou por meio de reuniões com pesquisadores, autoridades sanitárias, governamentais e a partir das evidências apresentadas em audiências públicas, criar as condições necessárias para agilizar as pesquisas clínicas e, ao mesmo tempo, buscar garantir o fornecimento continuado para os pacientes que já estão em uso da fosfoetanolamina. Vide link: (http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoespermanentes/cssf/noticias/gt-da-fosfoetanolamina-sintetica-emite-nota-oficial-ao-publico). Milhares de pacientes saíram as ruas, se mobilizaram pedindo a liberação e fabricação da substância, o que torna o processo ainda mais legítimo. A aprovação do PLC 4639 pela Câmara dos Deputados e PLC-003/16 pelo Senado Federal não é somente fruto da pressão popular, mas também foi precedido por estudos sérios, com respaldo técnico-científico. Por outro lado, há que se considerar que o estudo realizado na USP de São Carlos foi realizado por cientistas brasileiros, já reconhecidos em outras pesquisas, tendo o Dr. Gilberto Orivaldo Chierice constado de relação dos 100 melhores cientistas brasileiros. A pesquisa da equipe do Dr. Chierice vem recebendo críticas de seus pares seja por interesses econômicos, vaidades humanas, mas também, e, principalmente, por mudança de paradigma: o entendimento do câncer se daria olhando-se para o ambiente em que sobrevive a célula tumoral, destacando-se dois ambientes, o aeróbico de células saudáveis, e o anaeróbico de células cancerosas. Sob esse paradigma, não é relevante o tipo de câncer. A pílula poderá ser eficaz em qualquer tipo de câncer, desde que o paciente tenha seu sistema imunológico preservado. Nesse sentido, reivindicamos o acesso ao composto por todos os pacientes que desejarem e assumirem a responsabilidade por seu uso e não apenas o uso compassivo, que limitará muito o efeito, pois temos que considerar que qualquer tratamento para o câncer, disponível hoje, debilita o sistema imunológico. Respeitosamente, neste momento de turbulência política essa é mais uma agenda positiva que vem ao encontro do desejo da maioria da população. A liberação da pílula do câncer, acende uma luz de esperança sobre os lares da família brasileira. Confiantes no seu discernimento e boa vontade, pedimos mais uma vez a aprovação da PLC-003/2016, nos termos aprovados pelo Senado da República. MEMBRO: Endereço: Avenida Hercílio Luz, 639, Edifício Alpha Centauri, Sala 910 – Centro - Florianópolis – SC. Cep: 88020-000 - Fone/FAX: 30257185 E-mail: [email protected] Home Page: www.amucc.org.br 4 Associação Brasileira de Portadores de Câncer Na oportunidade reiteramos a V.Ex.ª nossos votos de alta estima e apreço. 5 MEMBRO: Endereço: Avenida Hercílio Luz, 639, Edifício Alpha Centauri, Sala 910 – Centro - Florianópolis – SC. Cep: 88020-000 - Fone/FAX: 30257185 E-mail: [email protected] Home Page: www.amucc.org.br