Olhar de Novo

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“Olhar de Novo”
Espetáculo de Teatro Fórum sobre bullying
Dirigido ao ensino secundário
35.ª Produção Baal17 – Companhia de teatro
Classificação: M/14 anos
Duração: 70 minutos
Sobre o processo e o Teatro Fórum
“Olhar de Novo” é um espetáculo de Teatro Fórum sobre Bullying.
Este espetáculo pretende dar resposta a um problema que a Baal17 identifica em todas as escolas com quem tem
trabalhado: a falta de identificação destas situações e de capacidade de intervenção por parte de professores, colegas,
famílias e escola enquanto instituição.
Sumariamente o bullying pode definir-se como “todo o comportamento agressivo, intencional de caráter repetitivo,
dirigido por um aluno ou por um grupo de alunos contra outro, incapaz de se defender a si mesmo, e que se desenrola
em contexto escolar” (Ramirez, 2001. Cit. por Luís Fernandes e Sónia Seixas “Plano Bullying – como apagar o bullying
da escola”).
A nova produção teatral da Baal17 trabalhou a temática a partir da realidade e experiência dos alunos da Escola
Secundária de Serpa. Conversas, entrevistas, observação, e ateliês de Teatro Participativo, serviram de ponto de
partida para a recolha de informação que foi depois trabalhada artisticamente no processo de criação de um
espetáculo de Teatro Fórum. O teatro fórum coloca em cena um problema – injustiça, opressão, discriminação –
relevante para a audiência sem apresentar uma solução para o conflito. No final da apresentação, a história contada
em palco será analisada pelos espetadores, e todos eles serão convidados a intervir no sentido de alterar o seu
desfecho. Regressando atrás na história (o teatro, ao contrário da vida, permite destas coisas) cada situação é revista
e o público encorajado a propor alternativas ao comportamento do protagonista, tendo em vista a resolução do conflito.
Sem esquecer o carater lúdico do teatro, este espetáculo permitirá a alunos e professores explorar estas
situações de pontos de vista diferentes, iniciando assim um processo de compreensão, tolerância e inclusão.
“Olhar de Novo” – Sinopse
Na vida, como no Facebook, os gostos não se discutem. Mas no teatro tudo é discutível. Mais ainda no Teatro Fórum,
em que tudo é de facto discutido.
Usando como pretexto a história de três amigas cuja relação se deteriora perante o olhar da plateia, o fenómeno (tão
na ordem do dia) Bullying será analisado, discutido, dissecado, virado do avesso. Porque o teatro, ao contrário da vida,
permite voltar atrás, fazer outras escolhas, mudar o passado, transformar o futuro.
Olhar de Novo, propõe que cada espectador tome nas suas mãos a responsabilidade de alterar os comportamentos
da protagonista, experimentando assim outras formas de atuação, que conduzam a história a um desfecho diferente,
mais risonho, positivo, livre do medo do Bullying.
Ficha artística
Encenação: Filipe Seixas
Interpretação: Catarina Inácio, Helena Ávila e Susana Nunes
Facilitador: Filipe Seixas
Vídeo: Pedro Frazão
Fotos: José Ferrolho
Operação técnica: Paulo Troncão
Gestão: Rui Ramos
Direção Produção: Sandra Serra
A experiencia da Baal17 em Teatro Fórum e metodologias participativas
Ao longo dos últimos anos, a Baal17 tem encontrado novas formas de intervir com e para a comunidade em diferentes
contextos – da população jovem à população sénior, nomeadamente através do desenvolvimento de metodologias de
Drama e sistemas de teatro social, participativo e interativo. De encontro a este objetivo, tem vindo a formar uma
equipa de profissionais/especialistas com domínio na criação teatral, com competências pedagógicas e humanas,
capacitando a pesquisa e reflexão crítica sobre a sociedade.
O teatro implica interação entre as pessoas – é um processo social – ; no teatro participativo, para além da interação,
os participantes deixam de ser seres passivos para se tornarem em atores, atuando, tomando decisões e influenciando
as situações, contribuindo assim para um conhecimento mais alargado do e participativo no mundo que nos rodeia.
Temas como a Igualdade de Género, bullying, violência doméstica, gravidez na adolescência, ou o envelhecimento
ativo, têm sido trabalhados pela Baal17 em ateliês e espetáculos com jovens e adultos.
Desde 2004 com o projeto europeu “Drama – a way to social inclusion”, desenvolve nacional e internacionalmente
várias parcerias, formações e participações com universidades e outras instituições no desenvolvimento de técnicas de
abordagem de problemáticas sociais através do Teatro. Dessas instituições destacamos a Universidade de Turku,
Centre for Extension Studies, na Finlândia, a MTÜ VAT Teater (Tallinn, Estónia), o Forn de Teatre Pa`tothom
(Barcelona, Espanha), e a Universidade de Madrid, Espanha.
Outros olhares
“Olhar de novo é uma ‘lufada de ar fresco’ no que respeita à prevenção e combate ao bullying, as histórias das três personagens
cruzam-se e entrecruzam-se, envolvendo e emocionando quem assiste, dando-nos uma nova visão deste fenómeno,
relembrando-nos que prevenir e combater o bullying pode estar apenas à distância de termos a atitude certa, num dado momento.
Trata-se de ‘olhar’ para o bullying de uma forma realista e objetiva, focando de modo excecional, os diferentes papéis e quotidiano
de vítimas, agressores e observadores. O que sobressai é o modo puro e honesto como abordam as várias questões essenciais
do bullying, intervindo no seu principal contexto, a escola, envolvendo os alunos de modo positivo e proactivo, ‘obrigando-os’ a
olhar, a refletir mas também a intervir no que respeita a esta problemática”.
Luís Fernandes – Psicólogo – coautor do livro, “Plano Bullying – como apagar o bullying da escola”
“Carolina, Sofia e Alice são três amigas adolescentes. Ninguém diria o contrário. Inseparáveis na escola, fazem o que qualquer
rapariga de 15 anos costuma fazer entre amigos. Discutem roupa, acessórios, rapazes, as estrelas pop do momento, e a vida dos
outros colegas. Tiram selfies, cospem bolas de papel enquanto a professora escreve no quadro, riem muito, sempre. No limiar do
exagero, quase do histerismo, como dita a idade, as implacáveis hormonas. Um dia, tudo muda. Sofia humilha publicamente uma
outra colega, chamando-lhe “fufa” de longe, a uma distância segura como convém, e a reação de Carolina e Alice, que
consideram a atitude “uma grande má onda”, parece despertar nela um “agressor” latente. Carolina insinua se não será Sofia,
também ela, uma “fufa”, confrontando-a com a sua própria acusação, num registo de humilhação que deixará marcas.
A vingança não se fará esperar. Sofia retorque como um animal ferido, semeando rumores nas redes sociais que rapidamente se
transformam em factos: “A Carolina quer comer a Alice”. Do lado de cá do palco, vemos os ponteiros do relógio a rodar como
sempre rodaram, e as rotinas a manterem-se inalteráveis. Mas, claramente, para Carolina a passagem do tempo passou a ser
algo penoso. Ir para a escola é agora sinónimo de suspeita, violência psicológica, humilhação, e, pior, de estar à margem. “Quero
estar com vocês”, suplica, fragilizada. E a chantagem declarada é o próximo passo: “Então faz o meu trabalho de História, se não
conto a toda a gente que a tua mãe me pede dinheiro emprestado para beber vinho”. As luzes apagam-se. E agora?
É assim o teatro fórum, o registo escolhido para este “Olhar de novo”, a nova produção da companhia Baal 17. Em cena é
colocado um problema e cabe ao público apresentar propostas para uma eventual solução, que serão testadas ali mesmo, em
tempo real. Faz-se assim uso da grande vantagem do teatro face à vida – a possibilidade de voltar atrás no tempo, reconstruindo
esta ou aquela cena chave – para fazer pensar sobre um fenómeno “difícil de abordar e de travar”, reconhece Filipe Seixas, o
encenador e facilitador deste “Olhar de novo”.
O espetáculo é dirigido aos jovens do ensino secundário e resulta justamente de um trabalho continuado com esta faixa etária, no
contexto da escola, e assente sobretudo em conversas, entrevistas e ateliês de teatro participativo. “Estivemos mais ou menos um
mês a ir todos os dias à Escola Secundária de Serpa, o que nos deu um ‘material’ muito bom. Algumas destas cenas trabalhámolas com os alunos; mostrámos algumas situações e fomos percebendo como é que eles reagiam”, lembra o encenador.
O tema, que se sucede a outros já abordados em anteriores trabalhos – igualdade de género, violência doméstica, gravidez na
adolescência e envelhecimento ativo – aparece como algo pertinente, não só pelas chamadas de atenção a nível nacional, como
também pelo contacto com a realidade local.“Fomos percebendo que o bullying é algo muito presente, em todo o lado, e que há
muito pouca capacidade de resposta a esse fenómeno. É muito difícil perceber e falar sobre isso. Os miúdos não aceitam, nem
dizer que são vítimas, nem dizer que são agressores, ou que já viram… A intervenção aqui é muito complicada”, refere Filipe
Seixas, apontando o teatro como uma “ferramenta” de trabalho “muito interessante”.
A homofobia, em si mesmo um tema complexo e difícil de abordar, surge na trama um “pouco desvanecida” para não ofuscar o
verdadeiro objeto da peça. “Esta questão está lá, mas está como podia estar o ter óculos, o ser pobre, o ser gordo”, esclarece
Filipe Seixas, apontando para o que verdadeiramente importa. Ou seja, a existência de três perfis – o agressor, a vítima e o
observador – e a necessidade de se perceber o papel determinante que este último pode desempenhar no equilíbrio de forças.
Dizem os estudiosos do fenómeno que, tendencialmente, “o agressor não muda” e que a vítima de bullying “começa a ficar cada
vez mais isolada, cada vez mais sem defesas, e a acreditar menos em si própria”. Só o observador poderá mudar o rumo da
história, tomando partido do lado mais fraco, e retirando poder ao mais forte.
Entre as várias “soluções” preparadas para representar em palco, é possível que esta não surja como proposta, antecipa Filipe
Seixas. Mas se tal não acontecer e “chegarmos a um beco sem saída em que a vítima não consegue dar a volta, então nós
próprios vamos sugerir este caminho: e se o observador pudesse fazer alguma
coisa diferente?”.
Excerto de “Desconstruir o bullying em palco”, por Carla Ferreira
In Diário do Alentejo 14.03.14
Mais informações:
Baal17 – Companhia de teatro
Cineteatro Municipal de Serpa I Apartado 113 I 7830 Serpa
www.baal17.pt / https://www.facebook.com/Baal17teatro?ref=hl
[email protected]
284 549 488 I 961 363 107
Estrutura financiada por:
Subsidiada por:
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