Pacientes idosos diabéticos – Volume 1.2017 Supervisão técnica: Fabiana Santos Fonseca CRM/SP 116527 O que é Diabetes? Diabetes é uma doença crônica em que o organismo perde a capacidade de controlar os níveis de glicose (açúcar) no sangue, em consequência de uma diminuição do hormônio que faz este controle, chamado de insulina, ou porque a insulina não consegue atuar no organismo de forma efetiva (o mais comum, na maior parte dos diabéticos, são estes dois fatores ocorrendo ao mesmo tempo). Nesta situação clínica, o açúcar que vem dos alimentos não é utilizado adequadamente pelo organismo, e o quadro que se apresenta é falta de glicose nas células e excesso de açúcar no sangue não seja controlado, podem ocorrer danos em vários órgãos, vasos sanguíneos e nervos (importante: glicemia significa nível de açúcar no sangue). Tipos de Diabetes? Em algumas pessoas, o sistema imunológico ataca equivocadamente as células beta. Logo, pouca ou nenhuma insulina é liberada para o corpo. Como resultado, a glicose fica no sangue, em vez de ser usada como energia. Esse é o processo que caracteriza o Tipo 1 de diabetes, que concentra entre 5 e 10% do total de pessoas com a doença. Essa variedade é sempre tratada com insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividades físicas, para ajudar a controlar o nível de glicose no sangue. O Tipo 2 aparece quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz; ou não produz insulina suficiente para controla a taxa de glicemia.Cerca de 90% das pessoas com diabetes têm o Tipo 2. Ele se manifesta mais frequentemente em adultos, mas crianças também podem apresentar. Dependendo da gravidade, ele pode ser controlado com atividade física e planejamento alimentar. Em outros casos, exige o uso de insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose. Há outros tipos? Entre o Tipo 1 e o Tipo 2, foi identificado ainda o Diabetes Latente Autoimune do Adulto (LADA). Algumas pessoas que são diagnosticadas com o Tipo 2 desenvolvem um processo autoimune e acabam perdendo células beta do pâncreas. E há também o diabetes gestacional, uma condição temporária que acontece durante a gravidez. Ela afeta entre 2 e 4% de todas as gestantes e implica risco aumentado do desenvolvimento posterior de diabetes para a mãe e o bebê. Diabetes no paciente idoso O diabetes é uma doença prevalente no envelhecimento, isso decorre do estilo de vida sedentário e das alterações próprias do envelhecimento. Dentre elas o aumento da resistência à insulina, devido à redução da massa muscular, e a redução da função do pâncreas (órgão responsável pela produção da insulina). Quando falamos em diabetes no paciente idoso, é preciso lembrar que alguns desenvolveram a doença ainda na idade de adulto jovem e outros já na idade superior a 65 anos. E que essa é uma população heterogênea, ou seja, um idoso é muito diferente do outro: alguns são funcionais (capazes de manter o cuidado com o seu corpo e a vida em sociedade) e apresentam poucas comorbidades, já outros são frágeis, dependentes e apresentam múltiplas comorbidades. Além de diferirem nos aspectos sociais, culturais e nas suas crenças. Todos esses fatores dificultam a definição de diretrizes de tratamento das doenças crônicas, como o diabetes. Diversos estudos têm sido realizados nessa população com a finalidade de orientar os tratamentos. E temos observado, como resultado comum, que os objetivos devem ser individualizados, levando em consideração a vulnerabilidade, a hipoglicemia, a habilidade de autocuidado (funcionalidade), a presença ou ausência de outras comorbidades, a cognição (memória e capacidade de decidir) e a expectativa de vida. De uma maneira geral, os estudos sugerem que o idoso que não tem complicações microvasculares nem comorbidades significativas, que é funcional, tem uma boa qualidade de vida e tem uma expectativa de vida de 10-15 anos, deve ter seu tratamento realizado com os mesmos objetivos do indivíduo jovem, ou seja, manter a hemoglobina glicada inferior a 7%. Já aqueles que não preenchem os critérios acima e / ou têm uma expectativa de vida inferior a 5 anos, não apresentam benefício com o tratamento agressivo. Nesse caso é considerado um bom controle quando a hemoglobina glicada está entre 8-9%. Dessa forma, é preciso que anualmente seja realizada a avaliação geriátrica ampla do idoso, instrumento esse que permite a avaliação de diversos aspectos da saúde do idoso e da sua funcionalidade. Tendo melhor conhecimento do indivíduo, o médico poderá individualizar o seu tratamento, buscando sempre adicionar vida ao anos e não anos à vida. “O idoso precisa fazer uma avaliação geriátrica ampla anualmente para avaliar sua saúde e sua funcionalidade. Conhecendo melhor cada paciente, o médico pode individualizar o tratamento, buscando acrescentar qualidade de vida a ele.” Complicações do Diabetes O diabetes é uma doença comum em pessoas com mais de 60 anos. Isso acontece em consequência de diversos fatores, como estilo de vida sedentário e o próprio envelhecimento em sim. Uma alteração própria dessa fase é a redução da massa muscular, alteração da resistência à insulina e a diminuição da função das células do pâncreas que produzem a insulina. Então, se não houver acompanhamento, as altas taxas de glicose no sangue podem favorecer algumas complicações. Saiba mais sobre elas e aprenda a identificar os sintomas: Nem todas as pessoas que têm diabetes desenvolvem a doença renal. Fatores genéticos, baixo controle da taxa glicêmica e da pressão arterial favorecem o aparecimento da complicação. Um probleminha nos pés, pode virar uma séria complicação. Uma das causas mais comuns é o dano aos nervos e a má circulação.As complicações podem causar formigamento, dor, fraqueza e perda de sensibilidade no pé, calor e frio, ou mesmo de algum machucado que pode causar uma infecção mais grave Pessoas com diabetes têm uma probabilidade 40% maior de desenvolver glaucoma, e 60% maior de sofrer com catarata, que acontece quando a lente clara do olho, fica opaca, bloqueando a luz. Lembrando que a pressão alta nos olhos pode e deve ser tratada, e a catarata, tem tratamento cirúrgico. A importância da Atividade Física A realização de atividades físicas é uma medida importante no tratamento do diabetes. A vida sedentária e o excesso de alimentos são fatores que contribuem para o desenvolvimento dessa patologia nos idosos. Logo, os exercícios e a boa alimentação são as principais maneiras de combatê-la. No entanto, antes de iniciar um programa de atividade física, é fundamental a realização de uma avaliação criteriosa das condições cardiovasculares realizada por um médico. Além de ajudar na perda de peso, a atividade física bem orientada beneficia a ação da insulina, diminuindo a resistência à mesma. Os pacientes idosos com diabetes após a realização de uma avaliação clínica, devem ser estimulados a fazer 150 minutos por semana de exercícios aeróbicos, de moderado a intensos. Além disso, atividades físicas de resistência devem ser encorajadas caso não haja contraindicações. Nesse caso, o ideal seria praticá-las três vezes durante a semana. Porém, antes de tudo, é importante consultar o médico e realizar os exercícios. Exemplos de Atividade Física: Geralmente, em uma fase inicial, recomendam-se atividades de baixo impacto, como caminhadas, danças de salão e hidroginástica, evitando sempre o risco de lesões nos músculos e sobrecarga; Percursos de bicicleta podem ser ótimas opções; Troque a escada rolante e o elevador pela escada comum; Pare o carro mais longe e ande um pouco mais; Lembre-se dos alongamentos, pois melhoram os movimentos dos braços, pernas e tronco; Meia hora de atividade moderada, três vezes por semana já é uma excelente meta! Cuidados com a Hipoglicemia O diabetes pode comprometer as funções de alguns órgãos do paciente idoso e alterar seu metabolismo, o que pode aumentar o risco de hipoglicemia. Esse quadro é caracterizado por um nível baixo de glicose no sangue, geralmente menor que 70 mg/dl. No entanto, é importante consultar o médico e perguntar quais níveis são considerados baixos para cada paciente. Fique atento aos sinais da hipoglicemia, que geralmente acontecem rapidamente: *Tremedeira, suores e calafrios; *Confusão mental e até delírio; *Tontura ou vertigem; *Fome, náusea e visão embaçada; *Sensação de formigamento ou dormência nos lábios e na língua; *Fraqueza, fadiga , sonolência e *Falta de coordenação motora; *Inconsciência e convulsões; *Nervosismo e ansiedade; *Pesadelos, choro durante o sono; *Taquicardia - coração batendo mais rápido que o normal. Importante: A glicemia normal em jejum não deverá ultrapassar 100 mg/dl Duas horas após a refeição, a glicemia não deverá ultrapassar 140 mg/dl “Você já ouviu falar de pessoas com diabetes que desmaiaram na rua ou tiveram que ser levadas para o hospital? Este é um fantasma que assombra muitas pessoas quando elas recebem a notícia de que têm diabetes, mas não precisa ser – basta ter as atitudes certas, na hora certa. Como você chega até esse cenário? Com as informações corretas!” A única maneira de ter certeza se as taxas de glicose do idoso estão muito baixas é checálas com o aparelho próprio. Entretanto, se ele está com sintomas de hipoglicemia e não tem condições de fazer a medição naquele momento, garanta sua segurança com as ações adequadas: *Faça o idoso ingerir de 15 a 20 gramas de carboidratos, como açúcar (uma colher de sopa, dissolva em água), uma colher de sopa de mel, refrigerante comum (não diet), suco de laranja integral - um copo de 200 ml, entre outros; *Verifique a glicose depois de 15 minutos. *Se continuar baixa, repita. Alimentação saudável: Mitos sobre o Diabetes No dia a dia, muito de ouve a respeito do diabetes. Mas será que tudo está certo? Conheça alguns mitos, e contribua garantindo mais saúde e qualidade de vida! Mito: Se você está acima do peso ou obeso, um dia vai desenvolver Diabetes Tipo 2 Qual é a verdade? Estar acima do peso é, sim, um fator de risco para Diabetes Tipo 2, mas há outros, como a história familiar e a idade. Muitas pessoas acham que o sobrepeso é o único fator. Mas atenção: muitas pessoas magras ou com peso normal têm diabetes e muitas pessoas com sobrepeso nunca desenvolvem a doença. Mito: Pessoas com diabetes devem comer alimentos especiais para diabéticos Qual é a verdade? Uma refeição saudável significa, geralmente, a mesma coisa para uma pessoa com diabetes e uma pessoa sem diabetes. Com pouca gordura, principalmente saturada e trans; moderada em sal e açúcar; privilegiando cereais integrais, vegetais e frutas. Comida ‘dietética’ quase sempre não oferece benefícios extras. Alguns desses produtos ainda contribuem para aumentar os níveis de glicose e geralmente são mais caros. Mito: Idoso com diabetes só deve comer pequenas quantidades de alimentos ricos em amido, como pão, batata e massas Qual é a verdade? Depende. Alimentos ricos em amido podem fazer parte do planejamento de uma alimentação saudável, mas o tamanho da porção é a chave. Pães integrais, cereais, massa, arroz e vegetais como batatas, inhame, ervilha e milho podem ser incluídos nas refeições e petiscos. Mito: Pessoas com diabetes não podem comer doces ou chocolate Qual é a verdade? Doces e chocolates podem ser consumidos por pessoas com diabetes, Se estiverem dentro de um planejamento alimentar combinado com exercícios físicos. Há algum tempo, eles deixaram de ser proibidos. O ‘pulo do gato’ em relação aos doces e chocolates é que eles devem ser consumidos em pequenas porções e em ocasiões especiais, ou seja, nesses dias você poderá focar as refeições em opções mais saudáveis, permitindo a ingestão de doces. Outra dica importante é evitar pular refeições. Mito: Pessoas com diabetes estão mais propensa a ter gripes e outras doenças Qual é a verdade? Não. Não há comprovação de que você estará mais sujeito a gripes e resfriados, mas é importante se prevenir. Pessoas com diabetes são aconselhadas a tomar vacinas contra a gripe porque a virose pode tornar o diabetes mais difícil de controlar e também porque, nesse grupo, a gripe pode evoluir mais frequentemente para complicações sérias. Mito: Frutas são ‘comida saudável’, então posso comer o quanto quiser Qual é a verdade? Frutas são alimentos saudáveis. Elas contém fibras, vitaminas e minerais. A segunda parte da frase, no entanto, tem como resposta: depende. Depende do tipo de fruta, das suas taxas de glicemia, das suas refeições e outros fatores. Por conter carboidratos, as frutas devem ser incluídas no planejamento alimentar e na contagem. DICA! As recomendações de consumo para idosos, adultos, gestante e lactantes, adolescentes e crianças com diabetes são similares às para a população em geral. A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) recomenda o uso diário de duas a quatro porções de frutas (de modo geral, uma porção é igual a uma unidade ou fatia média) e de três a cinco de hortaliças (cruas e cozidas). REFERÊNCIA 1) Site da Sociedade Brasileira de Diabetes – Internet. Disponível em http://www.diabetes.org.br 2) Site Cuidados Familiar – Internet. Disponível em http://www.cuidadorfamiliar.com.br/cuidados-diabetes 3) Site do Centro de Diabetes Curitiba – Internet. Disponível em http://www.centrodiabetescuritiba.com.br 4) Manual de nutrição. Departamento de Nutrição e Metabologia da SBD 2009 Supervisão técnica: Fabiana Santos Fonseca CRM/SP 116527 Todas as marcas contidas nesta publicação, bem como os direitos autorais incidentes, são reservados e protegidos pelas leis 9.279/96 e 9.610/98. Publicação destinada ao público geral. Os pontos de vista aqui expressos refletem a experiência e as opiniões dos autores. Não tome nenhum medicamento sem o conhecimento do seu médico, pode ser perigoso para sua saúde.