II COLÓQUIO DE PRÁTICAS DOCENTES Método e Metodologias do Ensino: teoria e prática em sala de aula 09 e 10 de fevereiro de 2017 Unioeste – Câmpus Marechal Cândido Rondon GÊNEROS TEXTUAIS COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO DE GRAMÁTICA Verônica Amanda Beckenkamp (UNIOESTE)1 Elisangela Redel (Orientadora - UNIOESTE)2 Resumo: O propósito deste trabalho é refletir acerca do uso de gêneros textuais como ferramenta para o ensino da gramática (pronomes), tendo como base as experiências do Estágio Supervisionado em Língua Portuguesa e Literatura – Ensino Médio, realizado na turma de 2º ano, no Colégio Antônio Maximiliano Ceretta, em Marechal Cândido Rondon. Para tanto, esteve-se em consonância com os pressupostos teóricos de Riolfi (2010), Silveira (2012), DCEs (2008), Koch (2003) e Antunes (2003), de que o trabalho com a gramática em sala de aula não pode se restringir à sistematização de regras e a exercícios maçantes e descontextualizados. Em contraposição ao ensino tradicional (e falho) da gramática, buscou-se mostrar aos alunos que o ensino da gramática possibilitará a eles maior compreensão sobre o funcionamento da língua, ampliando e desenvolvendo, também, sua capacidade comunicativa e participativa nas diferentes atividades sociais. Palavras-chave: Língua Portuguesa. Gêneros textuais. Ensino da Gramática. Considerações Iniciais O presente trabalho tem por objetivo tecer reflexões sobre o uso de gêneros textuais como ferramenta para o ensino da gramática (pronomes), tendo como base as experiências vivenciadas no Estágio Supervisionado em Língua Portuguesa e Literatura – Ensino Médio, realizado na turma de 2º ano, no Colégio Antônio Maximiliano Ceretta, em Marechal Cândido Rondon. Serviram de apoio para a reflexão crítica acerca do trabalho realizado os autores Riolfi (2010), Silveira (2012), DCEs (2008), Koch (2003) e Antunes (2003), os quais defendem que o trabalho com a gramática em sala de aula não pode se restringir à sistematização de regras e a exercícios maçantes e descontextualizados, pois trata-se de mostrar e explicar o funcionamento da língua, ampliando e desenvolvendo as capacidades 1 Graduanda do 4°ano de Letras-Português/Espanhol – Licenciatura – Marechal Cândido Rondon. E-mail: [email protected]. 2 Professora Colaboradora de Língua Alemã no Curso de Letras - Português Alemão/Inglês/Espanhol da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de Marechal Cândido Rondon. Doutoranda em Letras (Língua e Literatura Alemã) pela Universidade de São Paulo (USP). E-mail: [email protected] 1 II COLÓQUIO DE PRÁTICAS DOCENTES Método e Metodologias do Ensino: teoria e prática em sala de aula 09 e 10 de fevereiro de 2017 Unioeste – Câmpus Marechal Cândido Rondon comunicativas e participativas de cada aluno nas mais diversas esferas de atividades sociais. O uso de gêneros textuais no ensino de gramática A escolha de diferentes gêneros textuais3 autênticos ou/e literários para trabalhar com a temática “pronomes” durante a realização do Estágio Supervisionado em Língua Portuguesa justifica-se, primeiramente, pelo motivo de querer tornar a aula mais dinâmica e descontraída, também pelo fato de torná-la mais contextualizada, deixando de priorizar em primeira instância a gramática, para trabalhar com a dimensão linguístico-discursiva do texto. Ou seja, a interação com o texto, por meio de leitura, semantização e reflexão antecedeu a sistematização, explicação e automatização de regras gramaticais, pois o propósito foi levar o aluno à compreensão de como a língua funciona. Nesse sentido, concorda-se que “a ação pedagógica referente à linguagem, portanto, precisa pautar-se na interlocução, em atividades planejadas que possibilitem ao aluno a leitura e a produção oral e escrita, bem como a reflexão e o uso da linguagem em diferentes situações”. (DCE’s, 2008, p.55 – grifo nosso). Nesta direção, as DCEs (2008, p. 60-61) também apontam que: quando se assume a língua como interação, em sua dimensão linguísticodiscursiva, o mais importante é criar oportunidades para o aluno refletir, construir, considerar hipóteses a partir da leitura e da escrita de diferentes textos, instância em que pode chegar à compreensão de como a língua funciona e à decorrente competência textual. O ensino da nomenclatura gramatical, de definições regras a serem construídas, com a mediação do professor, deve ocorrer somente após o aluno ter realizado a experiência de interação com o texto. Portanto, conforme as DCEs (2008), procurei utilizar diferentes textos, a fim de que os alunos aprendessem e desenvolvessem o seu senso crítico e sua interpretação, além de proporcionar oportunidades para que eles compreendessem de fato como a língua, que é usada diariamente por todos, funciona. Nas atividades de interação com o texto, os alunos realmente conseguiram entender como os pronomes, conteúdo em questão, funcionavam e que sentidos suscitaram no texto. 3 Silveira (2012, p. 51) aponta que “os gêneros norteiam as interações sociais e, ao mesmo tempo, são por elas norteados; apresentam flexibilidade para a organização dos enunciados; servem como baliza para o dizer social e para a interpretação desse dizer”. 2 II COLÓQUIO DE PRÁTICAS DOCENTES Método e Metodologias do Ensino: teoria e prática em sala de aula 09 e 10 de fevereiro de 2017 Unioeste – Câmpus Marechal Cândido Rondon Riolfi (2010, p. 50) considera “justo ler por diferentes motivos, o que nos leva à conclusão de que devemos oferecer aos alunos a oportunidade de entrar em contato com uma gama de textos que complete suas diferentes ambições”. Desse modo, busquei levar os alunos à compreensão, por meio da leitura de diferentes textos4, sobre como os pronomes são utilizados e que sentidos suscitam nos textos lidos. É importante destacar que não se utilizou, portanto, os textos como pretexto para estudar a gramática da Língua Portuguesa, como criticam as DCEs (2008). O foco principal foi “fugir” do modelo tradicional de aula de gramática, e com ela dos exercícios descontextualizados e sem sentido, que não provocam o senso crítico e analítico do aluno e nem promovem/desenvolvem sua capacidade de interpretação, percepção, etc. Pois, segundo Antunes (2003, p. 26), “esses exercícios de formar frases soltas afastam os alunos daquilo que eles fazem naturalmente, quando interagem com os outros, que é “construir peças inteiras”. Nesse sentido, [...] o trabalho com a gramática deixa de ser visto a partir de exercícios tradicionais, e passa a implicar que o aluno compreenda o que seja um bom texto, como é organizado, como os elementos gramaticais ligam palavras, frases, parágrafos, retomando ou avançando ideias defendidas pelo autor, além disso, o aluno refletirá e analisará a adequação do discurso considerando o destinatário, o contexto de produção e os efeitos de sentidos provocados pelos recursos linguísticos utilizados no texto (PARANÁ, 2008, p. 61). Ainda refletindo sobre o ensino da língua em funcionamento, neste caso, o conteúdo gramatical “pronomes”, devemos nos atentar, segundo as DCEs (2008), que o trabalho com gêneros textuais deve levar em conta que a língua é um instrumento muito utilizado no nosso meio social, pois a todo o momento estamos em contato com ela e, é na escola que os alunos têm maior proximidade com a língua. Portanto, a escola e o professor devem oferecer oportunidades para que os alunos estejam em contato com a norma culta, utilizando de vários textos e gêneros, e principalmente, usando estes para que os alunos possam compreender e refletir sobre o uso da norma culta. 4 Os textos utilizados foram: - Conto Passeio Noturno I, de Rubem Foncesa; - Poema O velho do espelho, de Mario Quintana; - Poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade; - Reportagem Os novos consumidores, da Jornalista Carol Ribeiro; - Reportagem O (im) poder das marcas, da Daniela Lot. 3 II COLÓQUIO DE PRÁTICAS DOCENTES Método e Metodologias do Ensino: teoria e prática em sala de aula 09 e 10 de fevereiro de 2017 Unioeste – Câmpus Marechal Cândido Rondon Diante das considerações até aqui feitas, as atividades propostas durante o estágio tiveram como objetivo principal que os alunos refletissem sobre por que e como os pronomes são usados nos textos e, por extensão, nas diferentes práticas sociais do dia a dia. Dentre as atividades propostas, os alunos identificaram, destacaram e analisaram os diversos pronomes empregados nos textos; preencheram lacunas com os pronomes faltantes, de forma que os textos que receberam se tornassem coerentes e eles refletissem sobre o emprego correto dos pronomes no texto. Ao final de cada atividade, junto com toda a turma, o uso adequado de cada pronome foi analisado e discutido, enfatizando o porquê de usar determinado pronome e não outro. As atividades foram propostas com o intuito de que os alunos pudessem compreender e refletir a língua e seu uso nos diferentes textos e contextos. Considerações finais Conclui-se que este trabalho com textos de diferentes gêneros textuais, no ensino de uma unidade gramatical, neste caso “pronomes”, foi de suma importância para a realização das aulas durante o estágio. A preocupação com a escolha dos gêneros foi voltada ao contexto social dos alunos e fez com que eles se interessassem e assimilassem melhor o conteúdo. Sendo assim, atingiu-se o propósito do estágio, que foi de possibilitar aos alunos perceber o processo de interação e de produção de sentidos que a linguagem produz, aprimorando os seus conhecimentos linguísticos, e propiciando condições para adequação da linguagem aos diferentes contextos sociais, apropriando-se, também, da norma padrão. Referências ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. 6. ed. São Paulo: Parábola, 2003. KOCH, Ingedore G. V. Desvendando os segredos do texto. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2003. PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica Língua Portuguesa. 2008. RIOLFI, Claudia et al. Ensino da língua portuguesa. São Paulo: Cengage Learning, 2010. 4 II COLÓQUIO DE PRÁTICAS DOCENTES Método e Metodologias do Ensino: teoria e prática em sala de aula 09 e 10 de fevereiro de 2017 Unioeste – Câmpus Marechal Cândido Rondon SILVEIRA, Ana Paula Kuczmynda da; ROHLING, Nívea; RODRIGUES, Rosângela Hammes. A análise dialógica dos gêneros do discurso e os estudos do letramento: glossário para leitores iniciantes – Florianópolis : DIOESC, 2012. 5