Curso de Enfermagem Artigo de Revisão DEPRESSÃO ADQUIRIDA POR ENFERMEIROS NO DESENVOLVIMENTO DE SUAS ATIVIDADES DEPRESSION ACQUIRED BY NURSES IN DEVELOPING THEIR ACTIVITIES Eliane Lino de Freitas¹, Maria Neta Santiago¹, Marlice Rodrigues de Jesus¹, Mauro Trevisan² 1 Aluno do Curso de Enfermagem 2 Professor do Curso de Enfermagem - Orientador Resumo Introdução: A depressão é uma condição médica comum, crônica e recorrente. Está frequentemente associada à incapacitação funcional e comprometimento da saúde física e mental, provocando alteração do pensamento. Muitos profissionais da área da saúde, em específico os enfermeiros, vem desenvolvendo a patologia devido à falta de lazer relacionada à carga excessiva de trabalho, ao alto nível de tensão, ao envolvimento emocional e psicológico com os problemas diários dos pacientes. Objetivo: Demonstrar através de estudos que profissionais da área da saúde, em específico os enfermeiros, vem desenvolvendo depressão decorrente das atividades diárias de trabalho. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo de ordem qualitativa, sendo utilizado o método e a técnica de pesquisa bibliográfica com revisão de literatura. Resultado: A depressão foi estimada como a quarta causa específica nos anos 90 de incapacitação através de uma escala global para comparação de várias doenças e preveem que em 2020 será a segunda causa de comorbidade, tendo equivalência apenas em incapacitação às doenças isquêmicas cardíacas graves. Conclusão: Considerando os estudos realizados foi possível observar que a depressão vem aumentando com o decorrer dos anos e acometendo significativamente os profissionais de saúde, acarretando mau desempenho da função, com elevado índice de rotatividade e absenteísmo. O tratamento pode ser feito com acompanhamento psiquiátrico, através de aconselhamento e medicação, onde a psicoterapia cognitiva, interpessoal e de solução de problemas são efetivas, além dos antidepressivos que são eficazes, quer melhorando o sintoma quer eliminando-os. Palavras-chave: Enfermeiros; trabalho; depressão; tratamento. Abstract Introduction: Depression is a common, chronic, relapsing medical condition. Is frequently associated to a functional disability and impaired physical and mental health, causing change of the thought. Many health professionals,specificaly nurses, has been developing the condition due to lack of leisure related to excessive workload, the high level of stress, emotional and psychological involvement with the daily problems of the patients. Objective: Demonstrate through studies of health professionals,specifically nurses, has been developing depression resulting from daily work activities. Materials and Methods: This is a study of qualitative nature, using the method and the technique of Bibliographic research with a literature review. Results: Depression was estimated as the fourth specific cause of disability in the 90s through a global scale for comparison of various diseases and is predicted that by 2020 will be the second leading cause of comorbidity, and disability equivalence only in the severe ischemic heart disease. Conclusion: Considering the studies we observed that the depression is increasing with the passage of years and significantly affecting health professionals, resulting poor performance of the function, with high turnover and absenteeism. The treatment can be done with psychiatric support through counseling and medication, where the cognitive and interpersonal psychotherapy, and problem-solving psychotherapy are effective in addition to antidepressants that are effective, improving both the symptom or eliminating them. Keywords: Nurses; work; depression; treatment. Contato: [email protected]; [email protected]; [email protected] Introdução Com base em estudos, Esteves (2006), considera a depressão como um transtorno de humor que rege as atitudes dos sujeitos modificando a percepção de si mesma, passando a enxergar suas problemáticas como grandes catástrofes. Tratada como a doença da sociedade moderna, tem características que podem traduzir uma patologia grave ou ser apenas mais um sintoma do sujeito diante de uma situação real de vida, ou seja, suas características podem determinar uma melancolia em si ou ser apenas um sintoma constituinte de outra patologia. Para Martins (2003), é possível identificar que os profissionais da saúde trabalham sob alto nível de tensão, angústia e ansiedade. De acordo com alguns autores, o sofrimento psíquico relacionado ao trabalho é comum à grande maioria desses profissionais, onde as situações vivenciadas no dia a dia de trabalho envolvem fortes e contraditórios sentimentos como piedade, compaixão e amor, culpa e ansiedade e as várias condições com as quais se deparam diariamente. A carga excessiva de trabalho, falta de lazer, vivência diária com as patologias presenciadas, contribuem para que profissionais da saúde desenvolvam depressão? Quais as formas preventivas e de tratamento utilizadas pelos profissionais da saúde (enfermeiros) para o cuidado com a depressão? Este tema é relevante para entender os fatores contribuintes de comprometimento da saúde mental do enfermeiro no desenvolvimento das suas atividades, explicar de que forma a rotina diária contribui para o surgimento da depressão e abordar o plano de cuidado, visando a melhoria da qualidade de vida. Materiais e Métodos O presente estudo é de ordem qualitativa, e utilizou-se o método descritivo e a técnica de pesquisa bibliográfica com revisão de literatura. As principais bases de dados utilizadas para construção do estudo foram: Scielo, Bireme, BVS, Lillacs. Foram pesquisados previamente 56 artigos, sendo selecionados 27. Os critérios de inclusão foram os que estiveram relacionados ao tema, fazendo-se um recorte quanto ao ano, entre 1996 a 2014 seguindo as normas do NIP. Os critérios de exclusão foram os artigos que não tinham relação com o tema proposto. Principais Tipos de Depressão De acordo com Furegato (2003), na literatura, encontram-se citados o transtorno depressivo maior, distimia, depressão integrante do transtorno bipolar I e II e depressão como parte da ciclotimia, sendo mais comuns o transtorno depressivo maior e o transtorno bipolar. O transtorno depressivo maior caracterizase por um ou mais episódios depressivos maiores, isto é, pelo menos duas semanas de humor deprimido ou perda de interesse, acompanhados por pelo menos quatro sintomas adicionais de depressão que são: perda ou ganho significativo de peso; insônia ou hipersônia; agitação ou retardo psicomotor; fadiga ou perda de energia; sentimento de inutilidade, ou culpa excessiva, ou inadequada; capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão e pensamentos de morte recorrente. (SAINTCLAIR, 2000) Justo (2004) considera o transtorno bipolar como crônico, caracterizado pela existência de episódios agudos, recorrentes, de alteração patológica do humor. Subdivide-se em dois tipos, o tipo I e tipo II. O tipo I é relacionado à presença de mania fraca no mínimo em um episódio, podendo ou não ocorrer depressão ou episódios mistos; o tipo II diz respeito à presença de hipomania, com a ocorrência de pelo menos um episódio de depressão maior. Ballone (2010), descreve como característica essencial do transtorno distímico o humor cronicamente deprimido, onde as pessoas definem-se como tristes, e os fatos da vida são percebidos com mais amargura, enquanto que as vivências mais agradáveis passam quase despercebidas, sendo definidas pelos outros como mal humoradas, irônicas e implicantes. O Transtorno distímico é mais comum entre parentes biológicos de primeiro grau de pessoas com transtorno depressivo maior do que na população geral. O prejuízo na vida social e profissional está entre as principais razões que leva à procura de ajuda. Barth (2006), cita a ciclotimia como o diagnóstico referente ao grupo de pacientes que apresentam variações significativas de humor, caracterizados por períodos de hipomania inferior a quatro dias de duração, com alternância de leves períodos depressivos. Aspectos Clínicos e Diagnóstico Segundo Stella (2002), o diagnóstico da depressão passa por várias etapas: anamnese detalhada com o paciente e com familiares ou cuidadores, exame psiquiátrico minucioso, exame clínico geral, avaliação neurológica, identificação de efeitos adversos de medicamentos, exames laboratoriais e de neuroimagem. Estes são procedimentos preciosos no diagnóstico, intervenção psicofarmacológica e prognóstico, especialmente em função da maior prevalência de comorbidade e do maior risco de morte. Del Porto 1999, ressalta a necessidade de considerar os sintomas psíquicos, fisiológicos e evidências comportamentais para fechamento do diagnóstico, onde destaca o humor depressivo, a redução da capacidade de experimentar prazer nas atividades antes consideradas agradáveis, fadiga e diminuição de concentração, como sintomas psíquicos. Quanto aos sintomas fisiológicos, há alterações do sono, do apetite e redução do interesse sexual. Nas evidências comportamentais ele lista o retraimento social, crises de choro, comportamentos suicidas, retardo ou agitação psicomotora. Em serviços primários e outros serviços médicos gerais, Fleck, et al 2009, afirma que, 30 a 50% dos casos de depressão não são diagnosticados, e os motivos são relacionados aos pacientes e aos médicos. Os pacientes por ter preconceito ao diagnóstico de depressão e descrédito em relação ao tratamento e aos médicos incluem a falta de treinamento e tempo. Fatores desencadeantes da depressão no enfermeiro No modo de vida atual, a depressão e a ansiedade são transtornos muito comuns que causam grande impacto sobre o bem estar e as atividades diárias das pessoas, sendo, por esses motivos, alvo de estudos entre vários grupos de indivíduos. Na enfermagem, alguns estudos têm investigado estes transtornos entre trabalhadores, residentes e alunos de graduação em enfermagem. (SCHIMIDT, et al, 2011) Na opinião de Manetti e Marziale (2007), os transtornos psicológicos no geral e do trabalho causam preocupação, uma vez que trazem altos custos sociais, e destacam os enfermeiros, os professores, assistentes sociais, como exemplo de profissionais mais suscetíveis aos problemas relacionados à saúde mental, pois são aqueles que interagem com indivíduos que necessitam de sua ajuda. Cita ainda o clima de trabalho negativo, a falta de clareza das tarefas executadas e de expectativas, as pressões no trabalho e o conflito de interesses e a sobrecarga como fatores estressores que contribuem para o desequilíbrio específico do trabalho, levando assim à deterioração da saúde mental. Venâncio (2012), destaca o setor oncológico como o mais estressante para a enfermagem, justificando o envolvimento emocional, e por ser uma unidade onde há muito sofrimento e onde a morte sempre está presente. Em sua pesquisa ele cita também o setor de emergência como crítico, identificando o número reduzido de funcionários, a falta de respaldo institucional e profissional, carga horária de trabalho, realização das atividades em tempo reduzido, inexperiência dos supervisores e ausência de tempo com familiares, entre outras. De acordo com Grazziano e Ferraz (2010), o trabalho assistencial do enfermeiro aliado à sua filosofia humanística, à diferença entre suas expectativas e à realidade de trabalho que encontra é um fator importante para surgimento do stress, além da presença do conflito vida/morte, agrupada às dificuldades econômicas e sociais da categoria e da sociedade. Elias & Navarro (2006), considera o hospital, de maneira geral, como um ambiente insalubre, penoso e perigoso para os profissionais da área sendo um local privilegiado para o adoecimento, expondo a riscos de acidentes e doenças de ordem física, sofrimento psíquico que é também bastante comum e parece estar em crescimento, diante da alta pressão social e psicológica a que estão submetidos, tanto na esfera do trabalho quanto fora dela. É frequente em profissionais de saúde a ocorrência de transtornos mentais como a ansiedade e a depressão, sendo suas prováveis causas as difíceis condições de trabalho e de vida. Em estudos realizados, onde foram pesquisados os motivos que levavam os profissionais da saúde a procurarem apoio psicológico, tiveram como resultados que a natureza do trabalho realizado e a preocupação com a instituição geravam sentimentos de ansiedade nos trabalhadores. Em outra investigação, verificou-se que a sobrecarga de trabalho, os problemas de relacionamento interpessoal aliado aos acontecimentos como morte, sofrimento e dor geravam desgaste e estresse nos indivíduos que prestavam assistência direta aos pacientes. (FRANCO, et al. 2005). Na opinião de Elias & Navarro (2006), a sobrecarga de trabalho é um aspecto evidente e vivido por profissionais de enfermagem, não se restringindo às suas atividades. É comum na hierarquização de suas vidas, o cuidar do outro, seja no hospital, seja na família, mas o cuidar de si próprio quase sempre está em último plano, pois o tempo que lhes sobra é exíguo e parece haver pouca consciência da importância disso. Manetti & Marziali (2007) destacam o físico e o psíquico como pontos críticos que levam os profissionais de enfermagem a processos depressivos. Esta relação expõe os profissionais de enfermagem fisicamente por exposição aos riscos químicos, às radiações, as contaminações biológicas, ao excesso de calor, aos sistemas de plantões, à excessiva carga horária de trabalho e a organização do trabalho de enfermagem; e psiquicamente, decorrente da convivência diuturna com o sofrimento, a dor, a doença e a morte, tendo que “digerir’’ tais circunstâncias paralelamente aos seus problemas emocionais”. Estresse e Burnout relacionado à depressão e enfermagem A depressão e o Burnout apresentam algumas semelhanças, como sentimentos de fracasso e fadiga. Entretanto o Burnout é mais abrangente, onde o estado depressivo é uma das fases da síndrome, e de caráter temporário. Sendo orientado para uma situação específica na vida do indivíduo, no caso o trabalho. E a depressão se configura em um conjunto de cognições e emoções que repercutem sobre as relações interpessoais, sendo estabelecida em vários contextos da vida do indivíduo. O sentimento de culpa é característico da depressão, o que não ocorre no Burnout. (Guilherme, M.I.S, et al – 2012) A síndrome de burnout manifesta-se a partir de sintomas específicos e pode e pode ser concebida por três fatores: Exaustão emocional (EE), despersonalizaçao (DE) e sentimentos de reduzida realização profissional (RRP). A exausta emocional refere-se ao esgotamento tanto físico quanto mental, quando o individuo não dispõe mais de energia. A despersonalização demonstra que o mesmo está sofrendo alterações em sua personalidade, refletindo em um profissional frio e impessoal com seus clientes. Já a redução realização profissional evidencia a insatisfação com suas atividades, sentindo-se desmotivado, com baixa autoestima, revelando baixa eficiência profissional, ocasionando muitas vezes na vontade de abandonar o trabalho. (BEZERRA, RP; BERESIN, R. 2009) Os elementos estressores são comuns, independente da ocupação do enfermeiro, e refletem a cultura das causas e consequências que estes ocasionam o que sugere novos desafios. Ainda que o exercício da profissão de enfermagem requeira boa saúde física e mental, raramente os enfermeiros recebem a proteção social adequada para o seu desempenho. Ou seja, apesar de exercerem atividades estafantes, muitas vezes em locais inadequados, não recebem a proteção e atenção necessárias para evitar os acidentes e as doenças decorrentes das atividades. (Murofuse N.T., Abranches S.S, Napoleão A.A. – 2005). frequentemente associada à incapacitação funcional e comprometimento da saúde física; apresentando limitação da sua atividade e bemestar, além de uma maior utilização dos serviços de saúde. Eles relatam ainda que a depressão foi estimada como a quarta causa específica nos anos 90 de incapacitação através de uma escala global para comparação de várias doenças e preveem que em 2020 será a segunda causa de comorbidade, tendo equivalência apenas em incapacitação com as doenças isquêmicas cardíacas graves. Possibilidades de Tratamento Resultados e Discussão A depressão é conhecida pelos sintomas descritos como: apatia, irritabilidade, perda de interesse, tristeza, atraso motor ou agitação, ideias agressivas, desolação e múltiplas queixas somáticas (insônia, fadiga, anorexia). Seu diagnóstico é facilitado pela presença destes sintomas e por um bom conhecimento teórico. Porém, sua dinâmica, suas origens, suas relações objetais e suas concepções ainda podem levantar questionamentos e levar a interpretações equivocadas prejudicando um possível tratamento. (ESTEVES; GALVAN, 2008) O Ministério da Saúde (2006), relata ainda que ter sentimentos depressivos é comum, após experiências ou situações que possam afetar de forma negativa. No entanto, se os sintomas se agravarem e prolongarem por mais de duas semanas consecutivas, se faz necessário à procura de ajuda. Os pacientes depressivos distorcem consistentemente suas interpretações dos acontecimentos, de modo que eles mantêm visões negativas de si próprias, do ambiente e do futuro, podendo comprometer o físico e o psicológico, provocando alteração do pensamento, influenciando na forma como a pessoa percebe o mundo, entende as coisas e manifesta emoções, na disposição e no prazer com a vida. (VELASCO, 2009). A depressão tornou-se um dos mitos em saúde mental na contemporaneidade. Estatísticas de levantamentos realizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2009) revelam-na como uma das principais causas para afastamento do trabalho, incapacitando os indivíduos de realizar seus afazeres profissionais, bem como de vivenciar sua existência nas dimensões sociais e coletivas, isto devido à introspecção e ao isolamento que tais estados afetivos implicam. A OMS (2009) define depressão como um “transtorno mental” comum, na medida em que afeta 121 milhões de pessoas em todo o mundo. (TAVARES, 2010). Juruena et al (2003), analisa-a como uma patologia comum, crônica, recorrente e Pesquisas têm utilizado técnicas de tratamento psicofarmacológico, psicossocial, psicoterápico e hormonal, além da eletroconvulsoterapia (ECT), indicada para casos mais graves ou refratários a outras formas de tratamento. A maioria das intervenções psicossociais e hormonais tem-se mostrado pouco eficiente. Entretanto, resultados de estudos focados sobre psicoterapia interpessoal, estratégias cognitivo-comportamentais e intervenções farmacológicas tem-se evidenciado eficientes. (CAMACHO et al 2006) Para Souza 1999, o tratamento antidepressivo deve ser entendido de forma holística, considerando o ser humano como um todo, incluindo as questões biológicas, psicológicas e sociais, devendo a psicoterapia abranger os pontos de mudanças no estilo de vida e a terapia farmacológica. Ele cita ainda a modernização do tratamento depressivo, apresentando opções que permitirá uma flexibilidade ao psiquiatra clínico, no sentido de adequar para cada paciente a melhor abordagem terapêutica. O processo de recuperação e manutenção da qualidade de vida e nem sempre é possível de acordo com Justo (2004), relatando ainda como árduo, devido a problemática da aceitação, pois o paciente tende a encarar a situação como muitas coisas, exceto como uma patologia que demanda cuidados sob vários aspectos. Além do que, não basta estar ciente do problema, devendo compreender do modo mais amplo possível suas características e assumir uma postura de responsabilidade perante o tratamento, participando ativamente das medidas estabelecidas. Aproximadamente 80% dos indivíduos que receberam tratamento para um episódio depressivo terão um segundo episódio ao longo de suas vidas, sendo quatro a mediana de episódios ao longo da vida. A duração média de um episódio é entre 16 e 20 semanas e 12% dos pacientes têm um curso crônico sem remissão de sintomas. FLECK et al (2009). Intervenções Psicossociais Fleck, et al 2009, relata tratamentos psicológicos específicos efetivos com maiores evidências para depressões leves a moderadas. Psicoeducação Considerando Justo (2004), a psicoeducação é definida como a tentativa de implementar, no paciente e envolvidos, recursos para tornar o procedimento terapêutico mais efetivo, através do diálogo e compartilhamento bidirecional de informações, podendo ser associada com psicoterapia formal, como ser aplicada independentemente. Relata ainda que a troca de informação é algo mais sofisticado do que a tradicional e simples transmissão de informações técnicas, mesmo que existam evidências de que isso, por si, já traga benefícios ao tratamento. Psicoterapia Processo psicológico que se dá entre duas ou mais pessoas, no qual o terapeuta busca aplicar seus conhecimentos a fim de compreender, influenciar e modificar a experiência psíquica, a função mental e o comportamento do paciente. (MONDARDO, PIOVESAN e MANTOVANI, 2009) As psicoterapias podem funcionar como tratamentos exclusivos (normalmente para transtornos de menor gravidade), ou podem ser associadas a tratamentos farmacológicos para facilitá-los e complementá-los, na medida que eles sozinhos não sejam suficientes para tratar de todos os sintomas inerentes ou coexistentes ao transtorno mais grave como, por exemplo, o transtorno bipolar. (JUSTO, L.P.; CALIL, H.M – 2004). seus estudos nos campos de concentração, foi nos mesmos que percebeu a possibilidade de ressignificação da vida, a logoterapia é um processo que busca a cura através do sentido da vida, não utilizando intervenção medicamentosa, para muitos é ponto de questionamento se realmente a referida área da psiquiatria surte efeitos. Destaca-se que hoje a logoterapia é considerada a terceira grande escola de psicoterapia, estando ao lado da Freudiana e da Adleriana, que buscam tratamento pela intervenção de medicamentos. A logoterapia irá resgatar o sentido da vida das pessoas, retomando desde uma situação simples, nas palavras do próprio Frankl (1996), quando nos campos de concentração enfatizou que “o que dava sentido a vida era saber que ao final de uma jornada de trabalho forçado de 12 a 14 horas eles teriam algumas migalhas de pão para saciar a fome”. Para Frankl, é possível encontrar sentido até mesmo nas piores situações da vida. Essa teoria é uma possibilidade de contribuir no processo de recuperação dos profissionais de enfermagem que se encontram em estado depressivo. Eletroconvulsoterapia Fleck, et al (2009), cita a eletroconvulsoterapia (ECT), como uma estratégia eficaz quando um paciente não responde ao tratamento psicofarmacológico. Considerado um tratamento agudo para depressões, sendo mais eficaz que medicações antidepressivas. A maioria dos estudos com ECT envolve pacientes graves e resistentes tratamento. Metanálises mostram que a ECT tem eficácia superior a medicamentos antidepressivos. Há evidência de que, quando ECT é usada como 4º passo num estudo sequencial de tratamentos antidepressivos, 82% obtiveram resposta clinicamente significativa. Logoterapia Psicofarmacológicos A maioria dos processos de intervenção tem característica de intervir pelo viés medicamentoso, ressalta-se que nem todos os pacientes terão a mesma receptividade, nesse sentido vale apresentar como possibilidade de tratamento a chamada logoterapia, criada por Viktor Emil Frankl, médico e psiquiatra, que durante a Segunda Guerra Mundial, desenvolve Relatar o risco das drogas de cada grupo psicofarmacêutico se tornaria longo e fugiria em parte do contexto desse artigo, por isso encontrase na tabela abaixo, baseada em pesquisas de Fleck et. al. (2009) os mais conhecidos e usados. Perfil de efeitos colaterais dos medicamentos antidepressivos disponíveis no Brasil Anticolinérgico* Sedação Insônia Hipotensão Postural Náusea Disfunção sexual Ganho peso ++ ++ ++ ++ ++ + + + ++ ++ ++ + - + ++ + ++ + + Tricíclicos Amitriptilina Clomipreamina Imipramina Específicos Nortriptilina ISRS + + + + - + - Citalopram - - + - ++ ++ - - - + + ++ ++ - - - + + - ++ ++ ++ + ++ - Hipertensão ++ + ++ - - - - + + ++ - Convulsões + ++ ++ - ++ - - - + - Priaprismo Mianserina Mirtazapina - ++ - - - ++ Tranilcipromina + + ++ ++ Ores + ++ ++ Moclobemida Agonistas - - + - + - - - - ++ - + - - Tianeptina Outros + + - - + - - Agomelatina - - - - - - - Escitalopram Sertralina Fluoxetina Fluvoxamina Paroxetina ISRNaS Veniafaxina Desvenlafaxina Duloxetina Hipertensão - Outros IR Maproptilina Reboxetina Antagonistas De Receptor Trazadone IMAO Discrasia sanguínea Crise hipertensiva Dopamina Bupropion ERS - ++ relativamente comum ou forte; + pode ocorrer ou moderadamente forte; - ausente ou raro/fraco; ? desconhecido/informação insuficiente * Sintomas anticolinérgicos incluem boca seca, suor, visão borrada, constipação e retenção urinária. ISRS = Inibidor seletivo de receptação da serotonina; IR = inibidor de receptação; ERS = estimulador de receptação da serotonina Prevenção Heloani & Capitão 2003, ressalta que quando as ações no trabalho são criativas, possibilitam a modificação do sofrimento, contribuindo para uma estruturação positiva da identidade, aumentando a resistência da pessoa às várias formas de desequilíbrio psíquicos e corporais, assim o trabalho passa a ser o mediador entre a saúde, doença e o sofrimento. As intervenções para redução do sofrimento psíquico no trabalho estão associadas a uma melhor e mais clara divisão do trabalho entre os trabalhadores de enfermagem e os demais profissionais da saúde, a reposição dos trabalhadores faltantes, o apoio do supervisor e dos colegas quando a solução de problemas na clínica, o reconhecimento por parte dos superiores; a participação no processo de tomada de decisão, a oportunidade para desenvolver suas habilidades; e oportunidades para falarem sobre as tensões no trabalho. (MANETTI e MARZIALE, 2007). Silveira (2009), cita a área de gestão de pessoas como responsável para posicionamento tanto ideológico, quanto prático do cotidiano laboral para a promoção da saúde, difundindo programas de qualidade de vida no trabalho (QVT) e fora dele, e que contemple aspectos da organização do trabalho, e que não esteja vinculado a produtividade. Devendo a produtividade ser resultado do aumento da qualidade de vida e não a sua causa. Manetti & Marziali (2007), mostra que empregadores vem realizando plano de ação com objetivo de prevenir ou minimizar os danos, tais como: programa de atenção à saúde do trabalhador, gerenciamento adequado do trabalho e da depressão, além de treinamento das chefias, para favorecer a promoção de clima de trabalho, fazendo com que o impacto da depressão do trabalhador de enfermagem dentro da instituição, não apresente consequências como desgaste, insatisfação, ambiente desarmonioso, alto índice de absenteísmo, rotatividade e prejuízo na qualidade da assistência. Considerações Finais Existe uma evidência contundente na literatura de que os antidepressivos são eficazes no tratamento da depressão aguda moderada e grave, quer melhorando o sintoma quer eliminando-os. Estudos mostraram ainda, que a psicoterapia cognitiva, interpessoal e de solução de problemas são efetivas no tratamento dos episódios depressivos, sendo que essas evidências se referem a casos de depressão leve a moderada. Considerando os estudos supracitados pôde-se comprovar que a filosofia humanística do profissional de enfermagem se contrapõe com a realidade encontrada nos ambientes hospitalares, devido à carga excessiva de trabalho correlacionada com a falta de lazer, o envolvimento emocional com os pacientes, alta tensão gerada a partir das atividades burocráticas cada vez maiores, excesso de responsabilidades pelas suas ações e da equipe, falta de pessoal qualificado, déficit de materiais básicos para assistência, além do pouco status profissional, com remuneração inadequada perante às responsabilidade e formação exigidas. Em busca de qualidade de vida, algumas instituições têm investido em programas de qualidade de vida no trabalho, com intuito de promover um clima favorável e atendimento psicológico qualificado, que possam identificar os fatores estressores que desencadeiam processos depressivos nos profissionais de saúde, podendo assim reduzir o impacto da patologia. Apesar das intervenções das empresas, há uma responsabilização do profissional, que muitas vezes se sobrecarrega buscando status financeiro, se abstendo da vida social. Além das soluções apresentadas, podemos citar como preventiva a redução da carga horária para 30 horas semanais, conforme lei que se encontra em tramites de aprovação, aumento da equipe e valorização salarial compatível com as atividades exercidas. Agradecimentos Cinco árduos anos se passaram, e através dos desafios e dificuldades superadas pudemos perceber o quão forte somos. Com a enfermagem aprendemos que cuidar é um dom, é uma arte que nos torna mais humanos e pacientes. Dedicamos essa vitória a todos que estiveram conosco durante toda essa caminhada e acreditaram no nosso potencial. Agradecemos primeiramente a Deus pelo dom da vida e por nos guiar nessa longa jornada. Aos nossos familiares pelo apoio, compreensão, incentivo e paciência. À instituição e todos os professores que nos acompanharam durante nossa graduação, pelos ensinamentos e conhecimentos compartilhados contribuindo grandemente na nossa formação. “Plantamos flores no caminho, para que não nos faltem as borboletas. Foram elas que nos ensinaram que o casulo não é o fim, é o começo.” Referências 1. BALLONE, G.J. Depressão: Tipos. Acesso em 26 de Maio de 2014. Disponível em http://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2010. 2. BARTH, P.O, Oliveira, S.M. de – Depressão: Uma breve reflexão sobre o tema -– Revista de Enfermagem. Acesso em 02 de Abril de 2014. Disponível em: http://revistas.fw.uri.br/index.php/revistadeenfermagem/article/view/1031/1500 3. BEZERRA, R.P.; BERESIN, R. A síndrome de burnout em enfermeiros da equipe de resgate préhospitalar – 2009 Acesso em: 05 de dezembro de 2014. Disponível em: http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/ 4. CAMACHO, R.S. et al. 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