depressão adquirida por enfermeiros no desenvolvimento de

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Curso de Enfermagem
Artigo de Revisão
DEPRESSÃO ADQUIRIDA POR ENFERMEIROS NO DESENVOLVIMENTO DE SUAS
ATIVIDADES
DEPRESSION ACQUIRED BY NURSES IN DEVELOPING THEIR ACTIVITIES
Eliane Lino de Freitas¹, Maria Neta Santiago¹, Marlice Rodrigues de Jesus¹, Mauro Trevisan²
1 Aluno do Curso de Enfermagem
2 Professor do Curso de Enfermagem - Orientador
Resumo
Introdução: A depressão é uma condição médica comum, crônica e recorrente. Está frequentemente associada à incapacitação
funcional e comprometimento da saúde física e mental, provocando alteração do pensamento. Muitos profissionais da área da saúde,
em específico os enfermeiros, vem desenvolvendo a patologia devido à falta de lazer relacionada à carga excessiva de trabalho, ao
alto nível de tensão, ao envolvimento emocional e psicológico com os problemas diários dos pacientes. Objetivo: Demonstrar através
de estudos que profissionais da área da saúde, em específico os enfermeiros, vem desenvolvendo depressão decorrente das
atividades diárias de trabalho. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo de ordem qualitativa, sendo utilizado o método e a
técnica de pesquisa bibliográfica com revisão de literatura. Resultado: A depressão foi estimada como a quarta causa específica nos
anos 90 de incapacitação através de uma escala global para comparação de várias doenças e preveem que em 2020 será a segunda
causa de comorbidade, tendo equivalência apenas em incapacitação às doenças isquêmicas cardíacas graves. Conclusão:
Considerando os estudos realizados foi possível observar que a depressão vem aumentando com o decorrer dos anos e acometendo
significativamente os profissionais de saúde, acarretando mau desempenho da função, com elevado índice de rotatividade e
absenteísmo. O tratamento pode ser feito com acompanhamento psiquiátrico, através de aconselhamento e medicação, onde a
psicoterapia cognitiva, interpessoal e de solução de problemas são efetivas, além dos antidepressivos que são eficazes, quer
melhorando o sintoma quer eliminando-os.
Palavras-chave: Enfermeiros; trabalho; depressão; tratamento.
Abstract
Introduction: Depression is a common, chronic, relapsing medical condition. Is frequently associated to a functional disability and
impaired physical and mental health, causing change of the thought. Many health professionals,specificaly nurses, has been
developing the condition due to lack of leisure related to excessive workload, the high level of stress, emotional and psychological
involvement with the daily problems of the patients. Objective: Demonstrate through studies of health professionals,specifically nurses,
has been developing depression resulting from daily work activities. Materials and Methods: This is a study of qualitative nature, using
the method and the technique of Bibliographic research with a literature review. Results: Depression was estimated as the fourth
specific cause of disability in the 90s through a global scale for comparison of various diseases and is predicted that by 2020 will be the
second leading cause of comorbidity, and disability equivalence only in the severe ischemic heart disease. Conclusion: Considering the
studies we observed that the depression is increasing with the passage of years and significantly affecting health professionals,
resulting poor performance of the function, with high turnover and absenteeism. The treatment can be done with psychiatric support
through counseling and medication, where the cognitive and interpersonal psychotherapy, and problem-solving psychotherapy are
effective in addition to antidepressants that are effective, improving both the symptom or eliminating them.
Keywords: Nurses; work; depression; treatment.
Contato: [email protected]; [email protected]; [email protected]
Introdução
Com base em estudos, Esteves (2006),
considera a depressão como um transtorno de
humor que rege as atitudes dos sujeitos
modificando a percepção de si mesma,
passando a enxergar suas problemáticas como
grandes catástrofes. Tratada como a doença da
sociedade moderna, tem características que
podem traduzir uma patologia grave ou ser
apenas mais um sintoma do sujeito diante de
uma situação real de vida, ou seja, suas
características
podem
determinar
uma
melancolia em si ou ser apenas um sintoma
constituinte de outra patologia.
Para Martins (2003), é possível identificar
que os profissionais da saúde trabalham sob alto
nível de tensão, angústia e ansiedade. De
acordo com alguns autores, o sofrimento
psíquico relacionado ao trabalho é comum à
grande maioria desses profissionais, onde as
situações vivenciadas no dia a dia de trabalho
envolvem fortes e contraditórios sentimentos
como piedade, compaixão e amor, culpa e
ansiedade e as várias condições com as quais
se deparam diariamente.
A carga excessiva de trabalho, falta de
lazer, vivência diária com as patologias
presenciadas, contribuem para que profissionais
da saúde desenvolvam depressão?
Quais as formas preventivas e de
tratamento utilizadas pelos profissionais da
saúde (enfermeiros) para o cuidado com a
depressão?
Este tema é relevante para entender os
fatores contribuintes de comprometimento da
saúde mental do enfermeiro no desenvolvimento
das suas atividades, explicar de que forma a
rotina diária contribui para o surgimento da
depressão e abordar o plano de cuidado,
visando a melhoria da qualidade de vida.
Materiais e Métodos
O presente estudo é de ordem qualitativa, e
utilizou-se o método descritivo e a técnica de
pesquisa bibliográfica com revisão de literatura.
As principais bases de dados utilizadas para
construção do estudo foram: Scielo, Bireme, BVS,
Lillacs. Foram pesquisados previamente 56
artigos, sendo selecionados 27. Os critérios de
inclusão foram os que estiveram relacionados ao
tema, fazendo-se um recorte quanto ao ano, entre
1996 a 2014 seguindo as normas do NIP. Os
critérios de exclusão foram os artigos que não
tinham relação com o tema proposto.
Principais Tipos de Depressão
De acordo com Furegato (2003), na
literatura, encontram-se citados o transtorno
depressivo maior, distimia, depressão integrante
do transtorno bipolar I e II e depressão como
parte da ciclotimia, sendo mais comuns o
transtorno depressivo maior e o transtorno
bipolar.
O transtorno depressivo maior caracterizase por um ou mais episódios depressivos
maiores, isto é, pelo menos duas semanas de
humor deprimido ou perda de interesse,
acompanhados por pelo menos quatro sintomas
adicionais de depressão que são: perda ou ganho
significativo de peso; insônia ou hipersônia;
agitação ou retardo psicomotor; fadiga ou perda
de energia; sentimento de inutilidade, ou culpa
excessiva, ou inadequada; capacidade diminuída
de pensar ou concentrar-se, ou indecisão e
pensamentos de morte recorrente. (SAINTCLAIR, 2000)
Justo (2004) considera o transtorno bipolar
como crônico, caracterizado pela existência de
episódios agudos, recorrentes, de alteração
patológica do humor. Subdivide-se em dois tipos,
o tipo I e tipo II. O tipo I é relacionado à presença
de mania fraca no mínimo em um episódio,
podendo ou não ocorrer depressão ou episódios
mistos; o tipo II diz respeito à presença de
hipomania, com a ocorrência de pelo menos um
episódio de depressão maior.
Ballone
(2010),
descreve
como
característica essencial do transtorno distímico o
humor cronicamente deprimido, onde as pessoas
definem-se como tristes, e os fatos da vida são
percebidos com mais amargura, enquanto que as
vivências mais agradáveis passam quase
despercebidas, sendo definidas pelos outros
como mal humoradas, irônicas e implicantes. O
Transtorno distímico é mais comum entre
parentes biológicos de primeiro grau de pessoas
com transtorno depressivo maior do que na
população geral. O prejuízo na vida social e
profissional está entre as principais razões que
leva à procura de ajuda.
Barth (2006), cita a ciclotimia como o
diagnóstico referente ao grupo de pacientes que
apresentam variações significativas de humor,
caracterizados por períodos de hipomania inferior
a quatro dias de duração, com alternância de
leves períodos depressivos.
Aspectos Clínicos e Diagnóstico
Segundo Stella (2002), o diagnóstico da
depressão passa por várias etapas: anamnese
detalhada com o paciente e com familiares ou
cuidadores, exame psiquiátrico minucioso, exame
clínico geral, avaliação neurológica, identificação
de efeitos adversos de medicamentos, exames
laboratoriais e de neuroimagem. Estes são
procedimentos
preciosos
no
diagnóstico,
intervenção psicofarmacológica e prognóstico,
especialmente em função da maior prevalência
de comorbidade e do maior risco de morte.
Del Porto 1999, ressalta a necessidade de
considerar os sintomas psíquicos, fisiológicos e
evidências comportamentais para fechamento do
diagnóstico, onde destaca o humor depressivo, a
redução da capacidade de experimentar prazer
nas atividades antes consideradas agradáveis,
fadiga e diminuição de concentração, como
sintomas psíquicos. Quanto aos sintomas
fisiológicos, há alterações do sono, do apetite e
redução do interesse sexual. Nas evidências
comportamentais ele lista o retraimento social,
crises de choro, comportamentos suicidas,
retardo ou agitação psicomotora.
Em serviços primários e outros serviços
médicos gerais, Fleck, et al 2009, afirma que, 30
a 50% dos casos de depressão não são
diagnosticados, e os motivos são relacionados
aos pacientes e aos médicos. Os pacientes por
ter preconceito ao diagnóstico de depressão e
descrédito em relação ao tratamento e aos
médicos incluem a falta de treinamento e tempo.
Fatores desencadeantes da depressão no
enfermeiro
No modo de vida atual, a depressão e a
ansiedade são transtornos muito comuns que
causam grande impacto sobre o bem estar e as
atividades diárias das pessoas, sendo, por esses
motivos, alvo de estudos entre vários grupos de
indivíduos. Na enfermagem, alguns estudos têm
investigado estes transtornos entre trabalhadores,
residentes e alunos de graduação em
enfermagem. (SCHIMIDT, et al, 2011)
Na opinião de Manetti e Marziale (2007),
os transtornos psicológicos no geral e do trabalho
causam preocupação, uma vez que trazem altos
custos sociais, e destacam os enfermeiros, os
professores, assistentes sociais, como exemplo
de profissionais mais suscetíveis aos problemas
relacionados à saúde mental, pois são aqueles
que interagem com indivíduos que necessitam de
sua ajuda. Cita ainda o clima de trabalho
negativo, a falta de clareza das tarefas
executadas e de expectativas, as pressões no
trabalho e o conflito de interesses e a sobrecarga
como fatores estressores que contribuem para o
desequilíbrio específico do trabalho, levando
assim à deterioração da saúde mental.
Venâncio (2012), destaca o setor
oncológico como o mais estressante para a
enfermagem,
justificando
o
envolvimento
emocional, e por ser uma unidade onde há muito
sofrimento e onde a morte sempre está presente.
Em sua pesquisa ele cita também o setor de
emergência como crítico, identificando o número
reduzido de funcionários, a falta de respaldo
institucional e profissional, carga horária de
trabalho, realização das atividades em tempo
reduzido, inexperiência dos supervisores e
ausência de tempo com familiares, entre outras.
De acordo com Grazziano e Ferraz
(2010), o trabalho assistencial do enfermeiro
aliado à sua filosofia humanística, à diferença
entre suas expectativas e à realidade de trabalho
que encontra é um fator importante para
surgimento do stress, além da presença do
conflito vida/morte, agrupada às dificuldades
econômicas e sociais da categoria e da
sociedade.
Elias & Navarro (2006), considera o
hospital, de maneira geral, como um ambiente
insalubre, penoso e perigoso para os profissionais
da área sendo um local privilegiado para o
adoecimento, expondo a riscos de acidentes e
doenças de ordem física, sofrimento psíquico que
é também bastante comum e parece estar em
crescimento, diante da alta pressão social e
psicológica a que estão submetidos, tanto na
esfera do trabalho quanto fora dela. É frequente
em profissionais de saúde a ocorrência de
transtornos mentais como a ansiedade e a
depressão, sendo suas prováveis causas as
difíceis condições de trabalho e de vida.
Em estudos realizados, onde foram
pesquisados os motivos que levavam os
profissionais da saúde a procurarem apoio
psicológico, tiveram como resultados que a
natureza do trabalho realizado e a preocupação
com a instituição geravam sentimentos de
ansiedade nos trabalhadores. Em
outra
investigação, verificou-se que a sobrecarga de
trabalho, os problemas de relacionamento
interpessoal aliado aos acontecimentos como
morte, sofrimento e dor geravam desgaste e
estresse
nos
indivíduos
que
prestavam
assistência direta aos pacientes. (FRANCO, et al.
2005).
Na opinião de Elias & Navarro (2006), a
sobrecarga de trabalho é um aspecto evidente e
vivido por profissionais de enfermagem, não se
restringindo às suas atividades. É comum na
hierarquização de suas vidas, o cuidar do outro,
seja no hospital, seja na família, mas o cuidar de
si próprio quase sempre está em último plano,
pois o tempo que lhes sobra é exíguo e parece
haver pouca consciência da importância disso.
Manetti & Marziali (2007) destacam o físico
e o psíquico como pontos críticos que levam os
profissionais de enfermagem a processos
depressivos. Esta relação expõe os profissionais
de enfermagem fisicamente por exposição aos
riscos químicos, às radiações, as contaminações
biológicas, ao excesso de calor, aos sistemas de
plantões, à excessiva carga horária de trabalho e
a organização do trabalho de enfermagem; e
psiquicamente, decorrente da convivência
diuturna com o sofrimento, a dor, a doença e a
morte, tendo que “digerir’’ tais circunstâncias
paralelamente aos seus problemas emocionais”.
Estresse e Burnout relacionado à depressão e
enfermagem
A depressão e o Burnout apresentam
algumas semelhanças, como sentimentos de
fracasso e fadiga. Entretanto o Burnout é mais
abrangente, onde o estado depressivo é uma das
fases da síndrome, e de caráter temporário.
Sendo orientado para uma situação específica na
vida do indivíduo, no caso o trabalho. E a
depressão se configura em um conjunto de
cognições e emoções que repercutem sobre as
relações interpessoais, sendo estabelecida em
vários contextos da vida do indivíduo. O
sentimento de culpa é característico da
depressão, o que não ocorre no Burnout.
(Guilherme, M.I.S, et al – 2012)
A síndrome de burnout manifesta-se a
partir de sintomas específicos e pode e pode ser
concebida por três fatores: Exaustão emocional
(EE), despersonalizaçao (DE) e sentimentos de
reduzida realização profissional (RRP). A exausta
emocional refere-se ao esgotamento tanto físico
quanto mental, quando o individuo não dispõe
mais de energia. A despersonalização demonstra
que o mesmo está sofrendo alterações em sua
personalidade, refletindo em um profissional frio e
impessoal com seus clientes. Já a redução
realização profissional evidencia a insatisfação
com suas atividades, sentindo-se desmotivado,
com baixa autoestima, revelando baixa eficiência
profissional, ocasionando muitas vezes na
vontade de abandonar o trabalho. (BEZERRA,
RP; BERESIN, R. 2009)
Os elementos estressores são comuns,
independente da ocupação do enfermeiro, e
refletem a cultura das causas e consequências
que estes ocasionam o que sugere novos
desafios. Ainda que o exercício da profissão de
enfermagem requeira boa saúde física e mental,
raramente os enfermeiros recebem a proteção
social adequada para o seu desempenho. Ou
seja, apesar de exercerem atividades estafantes,
muitas vezes em locais inadequados, não
recebem a proteção e atenção necessárias para
evitar os acidentes e as doenças decorrentes das
atividades. (Murofuse N.T., Abranches S.S,
Napoleão A.A. – 2005).
frequentemente associada à incapacitação
funcional e comprometimento da saúde física;
apresentando limitação da sua atividade e bemestar, além de uma maior utilização dos serviços
de saúde. Eles relatam ainda que a depressão foi
estimada como a quarta causa específica nos
anos 90 de incapacitação através de uma escala
global para comparação de várias doenças e
preveem que em 2020 será a segunda causa de
comorbidade, tendo equivalência apenas em
incapacitação com as doenças isquêmicas
cardíacas graves.
Possibilidades de Tratamento
Resultados e Discussão
A depressão é conhecida pelos sintomas
descritos como: apatia, irritabilidade, perda de
interesse, tristeza, atraso motor ou agitação,
ideias agressivas, desolação e múltiplas queixas
somáticas (insônia, fadiga, anorexia). Seu
diagnóstico é facilitado pela presença destes
sintomas e por um bom conhecimento teórico.
Porém, sua dinâmica, suas origens, suas
relações objetais e suas concepções ainda
podem levantar questionamentos e levar a
interpretações equivocadas prejudicando um
possível tratamento. (ESTEVES; GALVAN, 2008)
O Ministério da Saúde (2006), relata ainda
que ter sentimentos depressivos é comum, após
experiências ou situações que possam afetar de
forma negativa. No entanto, se os sintomas se
agravarem e prolongarem por mais de duas
semanas consecutivas, se faz necessário à
procura de ajuda.
Os pacientes depressivos distorcem
consistentemente suas interpretações dos
acontecimentos, de modo que eles mantêm
visões negativas de si próprias, do ambiente e do
futuro, podendo comprometer o físico e o
psicológico,
provocando
alteração
do
pensamento, influenciando na forma como a
pessoa percebe o mundo, entende as coisas e
manifesta emoções, na disposição e no prazer
com a vida. (VELASCO, 2009).
A depressão tornou-se um dos mitos em
saúde mental na contemporaneidade. Estatísticas
de levantamentos realizados pela Organização
Mundial de Saúde (OMS, 2009) revelam-na como
uma das principais causas para afastamento do
trabalho, incapacitando os indivíduos de realizar
seus afazeres profissionais, bem como de
vivenciar sua existência nas dimensões sociais e
coletivas, isto devido à introspecção e ao
isolamento que tais estados afetivos implicam. A
OMS (2009) define depressão como um
“transtorno mental” comum, na medida em que
afeta 121 milhões de pessoas em todo o mundo.
(TAVARES, 2010).
Juruena et al (2003), analisa-a como uma
patologia
comum,
crônica,
recorrente
e
Pesquisas têm utilizado técnicas de
tratamento
psicofarmacológico,
psicossocial,
psicoterápico
e
hormonal,
além
da
eletroconvulsoterapia (ECT), indicada para casos
mais graves ou refratários a outras formas de
tratamento. A maioria
das
intervenções
psicossociais e hormonais tem-se mostrado
pouco eficiente. Entretanto, resultados de estudos
focados
sobre
psicoterapia
interpessoal,
estratégias
cognitivo-comportamentais
e
intervenções farmacológicas tem-se evidenciado
eficientes. (CAMACHO et al 2006)
Para
Souza
1999,
o
tratamento
antidepressivo deve ser entendido de forma
holística, considerando o ser humano como um
todo,
incluindo
as
questões
biológicas,
psicológicas e sociais, devendo a psicoterapia
abranger os pontos de mudanças no estilo de
vida e a terapia farmacológica. Ele cita ainda a
modernização
do
tratamento
depressivo,
apresentando opções que permitirá uma
flexibilidade ao psiquiatra clínico, no sentido de
adequar para cada paciente a melhor abordagem
terapêutica.
O processo de recuperação e manutenção
da qualidade de vida e nem sempre é possível de
acordo com Justo (2004), relatando ainda como
árduo, devido a problemática da aceitação, pois o
paciente tende a encarar a situação como muitas
coisas, exceto como uma patologia que demanda
cuidados sob vários aspectos. Além do que, não
basta estar ciente do problema, devendo
compreender do modo mais amplo possível suas
características e assumir uma postura de
responsabilidade
perante
o
tratamento,
participando
ativamente
das
medidas
estabelecidas.
Aproximadamente 80% dos indivíduos que
receberam tratamento para um episódio
depressivo terão um segundo episódio ao longo
de suas vidas, sendo quatro a mediana de
episódios ao longo da vida. A duração média de
um episódio é entre 16 e 20 semanas e 12% dos
pacientes têm um curso crônico sem remissão de
sintomas. FLECK et al (2009).
Intervenções Psicossociais
Fleck, et al 2009, relata tratamentos
psicológicos específicos efetivos com maiores
evidências para depressões leves a moderadas.
Psicoeducação
Considerando
Justo
(2004),
a
psicoeducação é definida como a tentativa de
implementar, no paciente e envolvidos, recursos
para tornar o procedimento terapêutico mais
efetivo, através do diálogo e compartilhamento
bidirecional de informações, podendo ser
associada com psicoterapia formal, como ser
aplicada independentemente. Relata ainda que a
troca de informação é algo mais sofisticado do
que a tradicional e simples transmissão de
informações técnicas, mesmo que existam
evidências de que isso, por si, já traga benefícios
ao tratamento.
Psicoterapia
Processo psicológico que se dá entre
duas ou mais pessoas, no qual o terapeuta busca
aplicar
seus
conhecimentos
a
fim
de
compreender,
influenciar
e
modificar
a
experiência psíquica, a função mental e o
comportamento do paciente. (MONDARDO,
PIOVESAN e MANTOVANI, 2009)
As psicoterapias podem funcionar como
tratamentos exclusivos (normalmente para
transtornos de menor gravidade), ou podem ser
associadas a tratamentos farmacológicos para
facilitá-los e complementá-los, na medida que
eles sozinhos não sejam suficientes para tratar de
todos os sintomas inerentes ou coexistentes ao
transtorno mais grave como, por exemplo, o
transtorno bipolar. (JUSTO, L.P.; CALIL, H.M –
2004).
seus estudos nos campos de concentração, foi
nos mesmos que percebeu a possibilidade de
ressignificação da vida, a logoterapia é um
processo que busca a cura através do sentido da
vida, não utilizando intervenção medicamentosa,
para muitos é ponto de questionamento se
realmente a referida área da psiquiatria surte
efeitos.
Destaca-se que hoje a logoterapia é
considerada a terceira grande escola de
psicoterapia, estando ao lado da Freudiana e da
Adleriana,
que
buscam
tratamento pela
intervenção de medicamentos. A logoterapia irá
resgatar o sentido da vida das pessoas,
retomando desde uma situação simples, nas
palavras do próprio Frankl (1996), quando nos
campos de concentração enfatizou que “o que
dava sentido a vida era saber que ao final de uma
jornada de trabalho forçado de 12 a 14 horas eles
teriam algumas migalhas de pão para saciar a
fome”. Para Frankl, é possível encontrar sentido
até mesmo nas piores situações da vida.
Essa teoria é uma possibilidade de
contribuir no processo de recuperação dos
profissionais de enfermagem que se encontram
em estado depressivo.
Eletroconvulsoterapia
Fleck,
et
al
(2009),
cita
a
eletroconvulsoterapia
(ECT),
como
uma
estratégia eficaz quando um paciente não
responde ao tratamento psicofarmacológico.
Considerado um tratamento agudo para
depressões, sendo mais eficaz que medicações
antidepressivas. A maioria dos estudos com ECT
envolve
pacientes
graves
e
resistentes
tratamento. Metanálises mostram que a ECT tem
eficácia
superior
a
medicamentos
antidepressivos. Há evidência de que, quando
ECT é usada como 4º passo num estudo
sequencial de tratamentos antidepressivos, 82%
obtiveram resposta clinicamente significativa.
Logoterapia
Psicofarmacológicos
A maioria dos processos de intervenção
tem característica de intervir pelo viés
medicamentoso, ressalta-se que nem todos os
pacientes terão a mesma receptividade, nesse
sentido vale apresentar como possibilidade de
tratamento a chamada logoterapia, criada por
Viktor Emil Frankl, médico e psiquiatra, que
durante a Segunda Guerra Mundial, desenvolve
Relatar o risco das drogas de cada grupo
psicofarmacêutico se tornaria longo e fugiria em
parte do contexto desse artigo, por isso encontrase na tabela abaixo, baseada em pesquisas de
Fleck et. al. (2009) os mais conhecidos e usados.
Perfil de efeitos colaterais dos medicamentos antidepressivos disponíveis no Brasil
Anticolinérgico*
Sedação
Insônia
Hipotensão
Postural
Náusea
Disfunção
sexual
Ganho
peso
++
++
++
++
++
+
+
+
++
++
++
+
-
+
++
+
++
+
+
Tricíclicos
Amitriptilina
Clomipreamina
Imipramina
Específicos
Nortriptilina
ISRS
+
+
+
+
-
+
-
Citalopram
-
-
+
-
++
++
-
-
-
+
+
++
++
-
-
-
+
+
-
++
++
++
+
++
-
Hipertensão
++
+
++
-
-
-
-
+
+
++
-
Convulsões
+
++
++
-
++
-
-
-
+
-
Priaprismo
Mianserina
Mirtazapina
-
++
-
-
-
++
Tranilcipromina
+
+
++
++
Ores
+
++
++
Moclobemida
Agonistas
-
-
+
-
+
-
-
-
-
++
-
+
-
-
Tianeptina
Outros
+
+
-
-
+
-
-
Agomelatina
-
-
-
-
-
-
-
Escitalopram
Sertralina
Fluoxetina
Fluvoxamina
Paroxetina
ISRNaS
Veniafaxina
Desvenlafaxina
Duloxetina
Hipertensão
-
Outros IR
Maproptilina
Reboxetina
Antagonistas
De Receptor
Trazadone
IMAO
Discrasia
sanguínea
Crise
hipertensiva
Dopamina
Bupropion
ERS
-
++ relativamente comum ou forte; + pode ocorrer ou moderadamente forte; - ausente ou raro/fraco; ? desconhecido/informação insuficiente
* Sintomas anticolinérgicos incluem boca seca, suor, visão borrada, constipação e retenção urinária.
ISRS = Inibidor seletivo de receptação da serotonina; IR = inibidor de receptação; ERS = estimulador de receptação da serotonina
Prevenção
Heloani & Capitão 2003, ressalta que
quando as ações no trabalho são criativas,
possibilitam a modificação do sofrimento,
contribuindo para uma estruturação positiva da
identidade, aumentando a resistência da pessoa
às várias formas de desequilíbrio psíquicos e
corporais, assim o trabalho passa a ser o
mediador entre a saúde, doença e o sofrimento.
As intervenções para redução do
sofrimento psíquico no trabalho estão associadas
a uma melhor e mais clara divisão do trabalho
entre os trabalhadores de enfermagem e os
demais profissionais da saúde, a reposição dos
trabalhadores faltantes, o apoio do supervisor e
dos colegas quando a solução de problemas na
clínica, o reconhecimento por parte dos
superiores; a participação no processo de tomada
de decisão, a oportunidade para desenvolver
suas habilidades; e oportunidades para falarem
sobre as tensões no trabalho. (MANETTI e
MARZIALE, 2007).
Silveira (2009), cita a área de gestão de
pessoas como responsável para posicionamento
tanto ideológico, quanto prático do cotidiano
laboral para a promoção da saúde, difundindo
programas de qualidade de vida no trabalho
(QVT) e fora dele, e que contemple aspectos da
organização do trabalho, e que não esteja
vinculado
a
produtividade.
Devendo
a
produtividade ser resultado do aumento da
qualidade de vida e não a sua causa.
Manetti & Marziali (2007), mostra que
empregadores vem realizando plano de ação com
objetivo de prevenir ou minimizar os danos, tais
como: programa de atenção à saúde do
trabalhador, gerenciamento adequado do trabalho
e da depressão, além de treinamento das chefias,
para favorecer a promoção de clima de trabalho,
fazendo com que o impacto da depressão do
trabalhador de enfermagem dentro da instituição,
não apresente consequências como desgaste,
insatisfação, ambiente desarmonioso, alto índice
de absenteísmo, rotatividade e prejuízo na
qualidade da assistência.
Considerações Finais
Existe uma evidência contundente na
literatura de que os antidepressivos são eficazes
no tratamento da depressão aguda moderada e
grave, quer melhorando o sintoma quer
eliminando-os. Estudos mostraram ainda, que a
psicoterapia cognitiva, interpessoal e de solução
de problemas são efetivas no tratamento dos
episódios depressivos, sendo que essas
evidências se referem a casos de depressão leve
a moderada.
Considerando os estudos supracitados
pôde-se comprovar que a filosofia humanística do
profissional de enfermagem se contrapõe com a
realidade encontrada nos ambientes hospitalares,
devido à carga excessiva de trabalho
correlacionada com a falta de lazer, o
envolvimento emocional com os pacientes, alta
tensão gerada a partir das atividades burocráticas
cada vez maiores, excesso de responsabilidades
pelas suas ações e da equipe, falta de pessoal
qualificado, déficit de materiais básicos para
assistência, além do pouco status profissional,
com remuneração inadequada perante às
responsabilidade e formação exigidas.
Em busca de qualidade de vida, algumas
instituições têm investido em programas de
qualidade de vida no trabalho, com intuito de
promover um clima favorável e atendimento
psicológico qualificado, que possam identificar os
fatores estressores que desencadeiam processos
depressivos nos profissionais de saúde, podendo
assim reduzir o impacto da patologia. Apesar das
intervenções
das
empresas,
há
uma
responsabilização do profissional, que muitas
vezes se sobrecarrega buscando status
financeiro, se abstendo da vida social.
Além
das
soluções
apresentadas,
podemos citar como preventiva a redução da
carga horária para 30 horas semanais, conforme
lei que se encontra em tramites de aprovação,
aumento da equipe e valorização salarial
compatível com as atividades exercidas.
Agradecimentos
Cinco árduos anos se passaram, e
através dos desafios e dificuldades superadas
pudemos perceber o quão forte somos. Com a
enfermagem aprendemos que cuidar é um dom, é
uma arte que nos torna mais humanos e
pacientes. Dedicamos essa vitória a todos que
estiveram conosco durante toda essa caminhada
e acreditaram no nosso potencial. Agradecemos
primeiramente a Deus pelo dom da vida e por nos
guiar nessa longa jornada. Aos nossos familiares
pelo apoio, compreensão, incentivo e paciência. À
instituição e todos os professores que nos
acompanharam durante nossa graduação, pelos
ensinamentos e conhecimentos compartilhados
contribuindo grandemente na nossa formação.
“Plantamos flores no caminho, para que não nos
faltem as borboletas. Foram elas que nos
ensinaram que o casulo não é o fim, é o começo.”
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