Alienação em Marx - Cafe com Sociologia

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Alienação em Marx
Alienação em Marx
Por Cristiano das Neves Bodart
A partir do conceito de
alienação Karl Marx propôs a tese é de que o homem, no
contexto do Capitalismo,
se aliena em relação ao fruto de seu trabalho e a sua própria
essência e espécie.
Marx desenvolveu o conceito
de “alienação” em sua obra “Manuscritos Econômico-filosóficos”
ou “Manuscritos
de Paris” (1844), obra que embora escrito ainda em sua
“juventude”, só veio a
ser conhecida por um público maior em 1932. Nas palavras de
Sell (2013, p. 48),
para Marx
“A alienação significa que
a ‘exteriorização’ e objetivação dos bens sociais que
resultam do processo de
trabalho tornaram-se autônomos e independentes do homem,
apresentando-se como
realidades ‘estranhas’ e opostas a ele, como um ser alheio
que o domina”.
Na explicação de Marx, o
trabalho, que em sua essência diferencia o homem dos animais,
o possibilitando tornar-se
um ser cultural, capaz de dominar a natureza, no Capitalismo,
o subjuga e o
deforma. O trabalho que deveria ser uma ação de realização
pessoal, de criação
e recriação de si mesmo em relação ao seu produto criado, sob
o sistema
econômico capitalista, o aliena. “O trabalho inverte o papel
e, de meio para
realização do indivíduo como ser humano, passa a negar e a
impedir o
desenvolvimento de sua natureza” (SELL, 2013, p.48). Embora
não tivesse sido
objeto de discussão em Marx, seguindo sua lógica, podemos
afirmar que por esse
motivo vemos tantas pessoas escravas do trabalho e doentes por
conta dele.
Certamente nunca tivemos tantas pessoas com esgotamento
mental, com problemas
emocionais e psíquicos como agora.
A alienação também atinge o
homem em relação com os demais homens. As relações passam a
ser mediadas e
controladas pelo capital. Cada homem, sob a lógica do capital,
possui um valor diretamente
relacionado a sua capacidade de ampliar o capital. A partir
dessas premissas,
podemos nos remeter as expressões como “quanto vale o jogador
Neymar?” O seu
valor, sob a lógica de Marx, seria calculado a partir do seu
potencial de gerar
condições para a reprodução do capital. No mundo capitalista,
todos temos um
preço e as relações sociais são fortemente influenciadas por
quanto valemos, ou
melhor, por quanto podemos gerar de capital.
Como a indústria foi na
época de Marx (e ainda é em grande parte do mundo) o setor
mais produtivo de
capital, o capitalismo para desenvolver-se criou mecanismos
para que o valor
dos homens que atuam nas fábricas não fosse elevado e, com
isso, ampliar o
lucro e concentrar o capital nas mãos de poucos (da
burguesia). Nesse sentido,
o capitalismo ao tornar a produção especializada (por meio da
divisão de
tarefas), fez com que um trabalhador individualmente não tenha
muito valor em
relação ao que produz. Como o trabalhador fabril não consegue
mensurar sua
capacidade produtiva, devido a especialização do trabalho,
este ao estar
alienado não consegue vender sua mão de obra por valores mais
altos.
Para Marx,
“[…] à primeira vista, a
mercadoria parece ser coisa
compreensível. Analisando-a,
trivial,
imediatamente
vê-se que ela é algo muito estranho, cheia de sutilezas
metafísicas e argúcias
teológicas” (MARX, 1994, p.79).
A especialização aliena o
trabalhador em relação do produto, o que desencadeia o que
mais tarde Marx
chamou de “Fetichismo da Mercadoria”. Além da alienação em
relação ao produto,
o torna alienado em relação ao poder que antes detinha sobre o
processo produtivo,
o que reduz suas condições de negociar melhores salários.
Em síntese, a alienação do
homem se dá, no contexto capitalista, em relação ao seu
próprio trabalho, em
relação ao processo de produção, em relação a natureza humana
e em relação a
sua própria espécie.
Na lógica do capital há,
para Marx, uma inversão no sentidos das relações sociais: o
homem passa a ser
objeto e o objeto a ser sujeito. O que temos, desta forma, é
uma
mercantilização da vida e das relações sociais, estando o
homem a dominado pela
produção.
Referências
MARX,
Karl. O Capital: crítica da economia política. 6 vol. Rio de
Janeiro: Bertrand
Brasi, 1994, 6 vols.
SELL,
Carlos Eduardo. Sociologia clássica: Marx, Durkheim e Weber.
Petrópolis, RJ:
Editora Vozes, 2013.
Como citar esse texto:
BODART, Cristiano das Neves. Alienação em Marx. Blog Café com
Sociologia. 2016. Disponível em: coloqueolinkaqui. Acessado
em: dia mês ano.
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