Exercícios Resolvidos sobre: II – A Representação da Economia e a

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Exercícios Resolvidos sobre:
II – A Representação da Economia e a Contabilidade Nacional
Contabilidade Nacional
Questão 6
O nosso objectivo é conhecer o valor da produção da economia ou PIB. Se as
empresas comprarem e venderem bens entre si, ou seja, se houver consumos
intermédios1, não podemos obter o valor da produção para a economia através da soma
do valor da produção das três empresas pois estaremos a contabilizar mais do que uma
vez a mesma produção. Para ultrapassar este problema podemos recorrer ao método dos
valores acrescentados.
Pelo método dos valores acrescentados o valor da produção da economia é igual
à soma dos valores acrescentados das várias empresas, ou seja, considera-se apenas o
valor que cada empresa acrescentou aos bens que servem de base à sua produção. O
valor acrescentado corresponde então à diferença entre o valor da produção de cada
empresa e as compras que fez a outras empresas (de bens de consumo intermédio).
O produto interno ou valor dos bens produzidos nesta economia durante 1 ano
pode ser calculado como a soma do valor acrescentado pelas várias empresas que
compõem a economia.
Produto Interno = Soma dos valores acrescentado
= Produto Aparente-Consumos Intermédios
= 8600-5400=3200
1
Bens de consumo intermédios são bens utilizados na produção de outros bens e que se esgotam ao fim
da primeira utilização, como as matérias primas e subsidiárias. Distinguem-se dos bens de investimento
pois estes são utilizados ao longo de vários processos produtivos.
Introdução à Economia – Licenciaturas em Sociologia e em Relações Internacionais (2006/2007)
Exercícios sobre II – Contabilidade Nacional
Questão 7/8
As questões 7 e 8 podem ser directamente resolvidas através da elaboração de
um quadro de compras e vendas entre empresas ou matriz input-output, ou seja, de um
quadro que contém toda a informação relativa a consumos e fornecimentos intermédios
e que permite calcular rapidamente os valores acrescentados e o produto final.
O quadro de compras e vendas entre empresas relativo a esta economia apresenta-se em
seguida:
Consome
Empresa A
Empresa B
Empresa C
Empresa D
FI
PF
PA
Empresa A
CAA=0
CAB=200
CAC=300
CAD=500
1000
1500-1000=
500
PAA=1500
Empresa B
CBA=200
CBB=0
CBC=500
CBD=800
1500
1800-1500=
300
PAB=1800
Empresa C
CCA=300
CCB=400
CCC=0
CCD=800
1500
2200-1500=
700
PAC=2200
Empresa D
CDA=400
CDB=500
CDC=500
CDD=0
1400
3100-1400=
1700
PAD=3100
CI
900
1100
1300
2100
Total CI=
Total FI=
5400
VA
1500-900=
600
1800-1100=
700
2200-1300=
900
3100-2100=
1000
PA
PAA=1500
PAB=1800
PAC=2200
PAD=3100
Fornece
Total PF=
Total VA=
3200
Total PA=8600
Legenda: CI=consumos intermédios; VA=valor acrescentado; FI=Fornecimentos intermédios; PF=produto final; PA=produtp aparente
7.1/2/3/4. Conhecendo o produto aparente de cada empresa e os seus consumos
intermédios, o valor acrescentado corresponde à diferença entre o total do valor da
produção ou produto aparente e os bens que foram comprados a outras empresas, ou
seja, os consumos intermédios.
O total dos consumos intermédios de cada empresa é calculado através da leitura em
coluna da tabela. O valor acrescentado por cada empresa pode então ser lido na
penúltima linha do quadro sendo a diferença entre o produto aparente e o total dos
consumos intermédios, ou seja, 600, 700, 900 e 1000, para as empresas A, B, C e D,
respectivamente.
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Introdução à Economia – Licenciaturas em Sociologia e em Relações Internacionais (2006/2007)
Exercícios sobre II – Contabilidade Nacional
8.1. Os consumos intermédios das empresas são bens que compram a outras empresas.
Ora como esses bens são fornecidos por outras empresas, sabendo o valor dos consumos
intermédios sabemos também o valor dos fornecimentos intermédios, ou seja, o valor
das vendas de bens de uma empresa a outra.
O total dos fornecimentos intermédios de cada empresa não é mais do que a soma
dos FI a cada uma das outras empresas e corresponde portanto à leitura em linha da
tabela. A coluna com a designação FI contém então o total dos fornecimentos
intermédios de cada empresa, 1000, 1500, 1500 e 1400, para as empresas A, B, C e D,
respectivamente.
8.2. Calculemos o total dos consumos intermédios (CI) e dos fornecimentos intermédios
(FI):
Total CI = 900+1100+1300+2100=5400
Total FI = 1000+1500+1500+1400=5400
Obviamente que o total dos consumos intermédios tem que ser igual ao total dos
fornecimentos intermédios pois os bens intermédios que as empresas consomem são os
bens que as empresas fornecem umas às outras, ou seja, o total das compras de bens
intermédios na economia tem que ser igual ao total das vendas.
8.3. O produto final de cada empresa corresponde à parte da sua produção que é vendida
para consumo final e não para ser utilizada noutras produções logo, corresponde à
diferença entre o seu produto aparente e os fornecimentos intermédios:
Empresa
Produto Aparente ou
Valor da produção
A
B
C
D
1500
1800
2200
3100
Vendas a empresas
ou
Fornecimentos Intermédios
200+300+500=1000
200+500+800=1500
300+400+800=1500
400+500+500=1400
Produto Final
1500-1000=500
1800-1500=300
2200-1500=700
3100-1400=1700
Estes valores constam da coluna com o título PF.
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Exercícios sobre II – Contabilidade Nacional
8.4. O PIB desta economia pode ser calculado pelo método dos valores acrescentados
ou, alternativamente, pelo método dos valores finais:
Método dos valores acrescentados
PIB=Soma dos valores acrescentados=600+700+900+1000=3200
Método dos valores finais
PIB=Soma dos produtos finais=500+300+700+1700=3200
O valor dos bens produzidos nesta economia foi de 3200 e não de 8600 como se
poderia pensar pela soma dos produtos aparentes.
Questão 9
Como dispomos da soma dos valores acrescentados a óptica de cálculo do
produto a utilizar é a da produção. Em termos de avaliação do PIB, a preços base ou a
preços de aquisição, temos que ter em atenção que os valores acrescentados apenas
incluem os impostos à produção e já lhe foram deduzidos os subsídios à produção.
Óptica da produção
PIBpa=VAB+impostos líquidos de subsídios sobre os produtos
=984.450+10.000
=994.450
Questão 10
Queremos determinar o PIB pela óptica do rendimento uma vez que
remunerações e Excedente Bruto de Exploração (EBE) são os rendimentos pagos pelas
empresas pela utilização dos factores trabalho, terra e capital na produção de um país,
ou seja, entram no cálculo do PIB pela óptica do rendimento.
PIBpa= Remunerações+Excedente Bruto de Exploração+Impostos líquidos de
subsídios à produção e importação
PIBpa=38563+32162+10102
PIB=80827
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Exercícios sobre II – Contabilidade Nacional
Queremos também calcular os rendimentos líquidos pagos ao resto do mundo.
Quando temos uma grandeza líquida significa que estamos a considerar a diferença
entre duas parcelas. Neste caso será:
Rendimentos líquidos pagos ao Resto Mundo = Rendimentos pagos ao Resto Mundo
- Rendimentos recebidos do Resto Mundo
Por outro lado, os rendimentos recebidos e pagos ao resto do mundo distinguem o
PIB do PNB:
PNBpm=PIBpm-Rendimentos pagos ao Resto Mundo
+Rendimentos recebidos do Resto Mundo
=PIBpm-Rendimentos líquidos pagos ao Resto Mundo
80479 =80827 –Rendimentos líquidos pagos ao Resto Mundo
Rendimentos líquidos pagos ao Resto Mundo = 348
Questão 11
11.1.
Óptica da produção: PIBpa=VAB+impostos líquidos de subsídios aos produtos
1995
1996
1997
1998(P)
2000(P)
2001(P)
valor acrescentado a preços base+
70292
74844
80791
87158
92813
99798
106169
+impostos menos subsídios sobre os
produtos
10535
11386
12223
13804
15217
15956
16548
discrepância
estatística
108030
-209
261
115546
122978
=PIB
80827
86230
93014
100962
1999(P)
Óptica do rendimento
PIBpa = Remunerações + Excedente Bruto de Exploração+impostos líquidos de
subsídios à produção e importação
1995
1996
1997
1998(P)
1999(P)
2000(P)
2001(P)
Remunerações+
38563
41367
44585
48266
52092
x
x
+excedente bruto de exploração+
32163
34059
36635
39551
41615
x
x
+impostos menos subsídios à produção e
importação
=PIB
10101
10804
11794
13145
14323
x
x
80827
86230
93014
100962
108030
x
x
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Introdução à Economia – Licenciaturas em Sociologia e em Relações Internacionais (2006/2007)
Exercícios sobre II – Contabilidade Nacional
Óptica da despesa
PIBpa=Consumo final+Formação Bruta de Capital +Exportações-Importações
A formação bruta de capital divide-se em formação bruta de capital fixo, a
produção de bens de investimento propriamente dita, variação de existências, a
diferença entre o stock final e o stock inicial de existências de uma empresa, e
aquisições líquidas de cessões de objectos de valor.
1995
1996
1997
1998(P)
1999(P)
2000(P)
2001(P)
consumo final+
66225
70997
75838
81900
88648
94812
100374
+formação bruta de capital+
19623
20907
24376
27975
30585
33703
34578
+exportações de bens e serviços -
24433
25731
28291
31136
32089
36536
38065
-importações de bens e serviços
29454
31405
35491
40049
43292
49505
50039
=PIB
80827
86230
93014
100962
108030
115546
122978
11.2. A Despesa Interna é a despesa em bens realizada pelos agentes da nossa economia
que vem igual a,
Despesa Interna=Consumo final+Formação Bruta de Capital
1995
1996
1997
1998(P)
1999(P)
2000(P)
2001(P)
consumo final+
66225
70997
75838
81900
88648
94812
+formação bruta de capital
19623
20907
24376
27975
30585
33703
100374
34578
=Despesa interna
85848
91904
100214
109875
119233
128515
134952
11.3. A Despesa Total é a despesa realizada por todos os agentes em contacto com a
nossa economia:
Despesa Total = Consumo final+Formação Bruta de Capital +Exportações
= Despesa Interna+Exportações
Despesa interna+
+exportações de
serviços
=Despesa Total
bens
e
1995
85848
24433
1996
91904
25731
1997
100214
28291
1998(P)
109875
31136
1999(P)
119233
32089
2000(P)
128515
36536
2001(P)
134952
38065
110281
117635
128505
141011
151322
165051
173017
11.4. O saldo da balança comercial ou da conta do exterior é a diferença entre o valor
dos bens que vendemos ao exterior e valor dos bens que compramos ao exterior:
Saldo da balança comercial = Exportações – Importações
exportações
de
bens
e
serviços+
+importações de bens e
serviços
=Saldo da Balança Comercial
1995
24433
1996
25731
1997
28291
1998(P)
31136
1999(P)
32089
2000(P)
36536
2001(P)
38065
29454
31405
35491
40049
43292
49505
50039
-5021
-5674
-7200
-8913
-11203
-12969
-11974
Em qualquer dos anos, Portugal compra mais ao exterior do que vende, tendo-se
a diferença agravado ao longo dos anos.
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Exercícios sobre II – Contabilidade Nacional
11.5. O grau de abertura de uma economia pretende medir a importância das trocas de
bens com exterior no total do valor da produção da economia:
Grau de abertura =
Exportações + Importações
x100
PIB
1995
Exportações+importações÷
÷PIB
=Grau de abertura ao exterior
1996
1997
1998(P)
1999(P)
2000(P)
2001(P)
53887
80827
57136
86230
63782
93014
71185
100962
75381
108030
86041
115546
88104
122978
66,67%
66,26%
68,57%
70,51%
69,78%
74,46%
71,64%
No caso de uma pequena economia como a portuguesa o grau de abertura é em
geral superior a 50% uma vez que tem que importar muito dos bens que necessita e vai
também vender muitos dos bens que produz em troca.
11.6. As unidades residentes de um país podem realizar a sua actividade no exterior
(desde que por um período inferior a um ano). Os rendimentos que recebem designamse por rendimentos recebidos do resto do mundo. No caso de serem trabalhadores a
exercer a sua actividade fora do país temos as chamadas remunerações recebidas do
resto mundo. No caso de serem empresas a exercer a sua actividade fora do país temos
os chamados rendimentos de propriedade e empresa:
Rendimentos primários recebidos do resto do mundo= Remunerações recebidas do
resto mundo+Rendimentos de Propriedade recebidos do resto do mundo+impostos
sobre a produção e importações recebidos do resto do mundo-subsídios recebidos do
resto do mundo
remunerações recebidas do RM+
+rendimentos de propriedade recebidas do RM
+impostos sobre a a produção e importações
recebidos do RM
+subsídios recebidos do RM
=rendimentos primários recebidos do RM
Exercícios Resolvidos - Marta Simões
1995
120
3123
0
1996
115
3361
0
1997
126
3497
0
1998(P)
154
3989
0
1999(P)
147
3975
0
2000(P)
x
x
x
2001(P)
x
x
x
614
3857
596
4072
545
4168
541
4684
546
4668
x
5898
x
6497
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11.7. A produção de um país pode ter sido em parte realizada através da utilização de
factores de produção que são propriedade de não residentes, cujos rendimentos
auferidos se designam por rendimentos pagos ao resto mundo:
Rendimentos primários pagos ao resto do mundo= Remunerações pagas ao resto
mundo+Rendimentos de Propriedade pagos ao resto do mundo+impostos sobre a
produção e importações pagos ao resto do mundo-subsídios recebidos pagos ao do
mundo
remunerações pagas ao RM
+rendimentos de propriedade pagas ao RM
+impostos sobre a produção e importações
pagos ao RM
+subsídios pagos ao RM
=rendimentos primários pagos ao RM
1995
64
3362
779
1996
78
4093
615
1997
101
4707
691
1998(P)
84
5424
689
1999(P)
119
5559
675
2000(P)
x
x
x
2001(P)
x
x
x
0
4205
0
4786
0
5499
0
6197
0
6353
x
8441
x
9788
11.8. O PIB corresponde ao valor da produção obtida num determinado país com a
utilização de factores de produção que podem ser propriedade de unidades residentes ou
de unidades não residentes.
Se estivermos interessados em conhecer apenas a produção obtida à custa da utilização
de factores de produção propriedade de unidades residentes obtemos o Produto
Nacional Bruto.
PNB=PIB+Rendimentos
primários
recebidos
do
resto
do
mundo-
Rendimentosprimários pagos ao resto do mundo
PIB
+rendimentos primários recebidos do RM
-rendimentos primários pagos ao RM
=PNB
1995
80827
3857
4205
80479
1996
86230
4072
4786
85516
1997
93014
4168
5499
91683
1998(P)
100962
4684
6197
99449
1999(P)
108030
4668
6353
106345
2000(P)
115546
5898
8441
113003
2001(P)
122978
6497
9788
119687
Questão 12
Os trabalhadores portugueses emigrados em França, uma vez que aí trabalham
há mais de um ano, são considerados residentes em França.
Assim, as suas remunerações não são incluídas no PIB português pois não
trabalharam em Portugal e também não são incluídas no PNB português pois não são
considerados residentes em Portugal.
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Introdução à Economia – Licenciaturas em Sociologia e em Relações Internacionais (2006/2007)
Exercícios sobre II – Contabilidade Nacional
Questão 13
A remuneração do engenheiro é contabilizada no PNB português pois este é
considerado residente em Portugal (trabalhou fora mas por um período inferior a um
ano) e no PIB da Arábia Saudita pois foi nesse país que desenvolveu a sua actividade.
Questão 14
Os lucros desta empresa propriedade de um não residente são contabilizados no
PIB português pois foi em Portugal que desenvolveu a sua actividade.
Também são contabilizados no PNB do país onde o proprietário é residente.
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