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O PROCESSO DA PARTICIPAÇÃO DA ESCOLA NA CONDUTA E
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA TÍMIDA
BRASÍLIA, DF
JUNHO – 2013.
Diretoria Geral
Diretoria Acadêmica
Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa
Coordenação Geral de Trabalho de Conclusão de Curso
O PROCESSO DA PARTICIPAÇÃO DA ESCOLA NA CONDUTA E
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA TÍMIDA
Trabalho apresentado para Conclusão de
Curso - TCC do Programa do Curso de
Graduação em Pedagogia das Faculdades
Integradas PROMOVE de Brasília e do
Instituto Superior de Educação do ICESP.
Orientador-Nilson Gomes de Lima
Avaliador(a) Elizene Caliman de Souza
Avaliador(a) Sônia Regina Brasili Amoroso
BRASÍLIA, DF
JUNHO – 2013.
O PROCESSO DA PARTICIPAÇÃO DA ESCOLA NA CONDITA E
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA TÍMIDA
1
Meci Fabia de Souza Henrique
Resumo
Este trabalho busca investigar se o ambiente escolar é um facilitador para o
desenvolvimento da timidez ou ele acentua mais ainda essa problemática. Compreendendo
que se os professores não trabalharem o desenvolvimento dessas crianças tímidas,
futuramente a timidez afetará tanto as condutas socializadas como as mentalizadas das
mesmas e um ambiente propício ao bullyng onde a maior parte das vítimas dessa violência
são os tímidos por serem incapazes de se defenderem de tal agressão. A escola é um veículo
de socialização importantíssimo para qualquer criança e em especial para aquelas que são
tímidas, devido sua riqueza de convívio, cabendo aos profissionais de educação trabalharem
de forma significativa na vida dessas crianças com metodologias que garantam o
desenvolvimento da autonomia, cooperação, desinibição e a expressividade indispensáveis
para uma sociedade contemporânea cada vez mais complexa, exigindo profissionais criativos,
com espírito de liderança, dinâmicos, comunicativos, ousados, críticos, participativos,
questionadores, enfim, tudo que um indivíduo tímido não é.
Palavras Chave: Timidez, Educação Escolar, socialização.
.
This study aims to investigate if the school environment is a facilitator for the
development of shyness or it further accentuates this problem. Realizing that if teachers do
not work developing these shy children, future shyness affect both behaviors socialized as
mentalizadas thereof and an environment conducive to bullyng where most of the victims of
this violence are shy because they are unable to defend themselves such aggression. The
school is a vehicle of socialization important for any child, and especially for those who are
shy because of its wealth of living, falling to education professionals work significantly in the
lives of children with pedagogies and methodologies that ensure the development of
autonomy, cooperation, disinhibition and expressiveness needed for a modern society
increasingly complex, demanding creative professionals with leadership skills, dynamic,
communicative, daring, critical, participatory, argumentative, everything that an individual is
not shy.
Keywords: Shyness, School Education, socialization.
1
Meci fabia de souza Henrique aluna do curso de Pedagogia da Faculdade Promove, 2013.
INTRODUÇÃO
Este trabalho busca verificar qual a atenção dada à timidez no plano educacional,
observando se a ação da escola favorece ao desenvolvimento da criança tímida, com intuito de
socializá-la, tendo em vista que esse é o papel da escola, ou, se ela é um potencializador das
dificuldades vividas pelos sujeitos tímidos.
Sendo ela um reforçador da timidez pode afetar todos os setores da vida da criança,
tanto as condutas socializadas quanto as mentalizadas e um ambiente propício ao bullyng, que
é uma violência psicológica ou física praticada no geral em crianças tímidas, pois são
incapazes de se defenderem de tal agressão, podendo causar traumas irreparáveis por toda a
vida do aluno.
É preciso haver um clima afetuoso por parte do professor, o processo de educação se
dá nessa interação entre o viver do aluno e o viver do educador, restando o respeito e o
incentivo à criança.
É preciso que em seu planejamento pedagógico o professor utilize atividades
específicas para trabalhar a interação entre as crianças tímidas, metodologias que incluam
atividades lúdicas que trabalhem a autonomia, cooperação, desinibição e a expressividade das
crianças. Nesse trabalho educativo o clima da escola se transforma, permitindo o equilíbrio
nas relações, a integração, a alegria, a cooperação e a criatividade.
A complexidade da sociedade contemporânea exige indivíduos criativos, com espírito
de liderança, dinâmicos, comunicativos, ousados, críticos, participativos, questionadores,
enfim, o oposto da personalidade de um indivíduo tímido.
Segundo Martins (2005), a personalidade do homem é construída através da interação
com as pessoas, isso implica afirmar que a personalidade do sujeito tímido, da mesma forma
que é construída socialmente, poderá ser “desconstruída”, transformada a partir das relações
interpessoais e, nesse sentido, um trabalho na escola pode ser decisivo nesse processo de
transformação.
REFERENCIAL TEÓRICO
Timidez Sinônimo de Inabilidade Social
Nas últimas décadas, o tema timidez tem suscitado notável interesse, de forma que se
têm incrementado sensivelmente as investigações nessa área. Isso deve fundamentalmente a
constatação da importância das habilidades sociais no desenvolvimento do indivíduo e no
funcionamento psicológico, acadêmico e social do mesmo.
Para alguns autores a timidez é uma patologia a ser curada, outros uma simples
característica da personalidade humana, e aqueles que acreditam ser resultado da interação de
vários fatores e que se manifesta nas inter-relações, que são diferentes em cada caso.
No geral, defini-se a timidez como um desconforto e inibição em situações de
interação pessoal que interferem na realização dos objetivos pessoais e profissionais de quem
a sofre. Caracteriza-se pela obsessiva preocupação com as atitudes, reações e pensamentos
dos outros. A timidez aflora geralmente, mas não exclusivamente, em situações de confronto
com a autoridade, interação com algumas pessoas: contato com estranhos e ao falar diante de
grupos e até mesmo em ambiente familiar.
(Motta Filho, 1969) afirma que “a consciência da incapacidade, o medo do fracasso
diante dos outros, o receio do juízo alheio, a preocupação de que vai errar, ou de que,
acertando, não vai ser compreendido”, notavelmente compromete a ação social do indivíduo
tímido.
Zimbardo (2002) diz que ser tímido é ter medo de pessoas, especialmente aquelas que
por algum motivo constituem uma ameaça no plano emocional, os estranhos pelo fato de ser
uma novidade um fator de incerteza, as autoridades por exercerem poder. Diz também que
qualquer pessoa pode viver a experiência da timidez diante de uma situação nova e de grande
visibilidade, como por exemplo, apresentar-se em público, e ainda, a preponderância da
timidez varia de pessoa para pessoa e de cultura para cultura.
Casares e Caballo (2000) consideram à timidez como um comportamento social
passivo e retraído, provavelmente associado à indecisão, pensamentos negativos, baixa autoestima, julgamento negativo, inatividade, apatia, , insegurança, submissão, indiferença,
lentidão, ansiedade, medo, dentre outros comportamentos. Defendem que deve ser realizado
um tipo de treinamento da conduta social dos tímidos, por meio de programas cognitivocomportamentais, para que tais características possam ser mudadas.
Lacroix (1970), os tímidos são pessoas altamente inseguras, sofrem constantemente
com o medo ou preocupação em sofrer moralmente. Em alguns casos temem não conseguir
atingir as expectativas de sua família e amigos ou ser subestimado pelos tais, preferindo não
se arriscar. Na maioria das vezes não sentem segurança com o seu grupo, quando fazem parte
de um, pois é característico de um tímido ser retraído a ponto de sequer ser percebido.
(Falcone, 2000) relata que a timidez pode ser gerada a partir da conduta dos pais, que
por sua vez pode ser de rejeição ou superproteção, podendo gerar nas crianças sentimentos de
insegurança, fazendo com que se sintam com pouca autoconfiança e incompetentes,
acarretando com isso a inibição social. O medo que as crianças sentem ao se comunicar com
outras pessoas é proveniente da insegurança, pois acreditam não conseguir falar coisas
coerentes, tornando-se motivo de risos aos amigos.
Martins e Lima (2005), apontam o fator genético e os fatores ambientais como
possíveis causadores da timidez. Fator genético- (os pais tímidos tem uma probabilidade a ter
filhos tímidos). Fatores ambientais- (modelo de comportamento que os pais passam para os
filhos). Observa-se que a criança imita a conduta das pessoas que a cerca, imita o que vê no
seu dia-dia. Então, se os seus pais falam baixinho em lugares públicos, a criança tende a
imitá-los, porque para ela aquele é o exemplo a ser seguido, falar baixinho quase pedindo
desculpas por estar ali. Então, fazer parte de uma família que não frequenta festas, clubes e
reuniões e que tenha poucos amigos, faz com que a criança não desenvolva suas habilidades
de relacionamento interpessoal como deveria.
Se a timidez se tornar excessiva pode evoluir para uma patologia que é chamada de
fobia social, e pior ainda, poderá desencadear em síndrome do pânico, que ao contrário da
fobia social, não depende de nenhuma interação social ou mesmo da presença de outra pessoa
para que se desencadeie o processo patológico, em que o paciente apresenta sensação de
desmaio ou de morte iminentes...causando para esse indivíduo problemas em todas as áreas da
sua vida.
Filho (2009), “Pacientes com fobia social apresentam tendência a pior desempenho
escolar, têm menor probabilidade de se casar e maior chance de continuar morando com os
pais, nível de renda mais baixo e são mais susceptíveis a ficar desempregados.”
A Timidez no Âmbito Escolar
Na visão de Gomes (1998), a função social da escola é desenvolver o processo de
socialização do aluno e, nessa perspectiva, são dois os objetivos prioritários desse processo:
incorporação do aluno no mundo do trabalho; e a formação do cidadão para intervenção na
vida pública. Para ele temos que a sociedade contemporânea e, de certo modo industrial, exige
que a escola tenha como meta primordial a preparação do aluno para o mercado de trabalho.
Ou seja, o desenvolvimento das novas gerações referente a ideias, conhecimentos, habilidades
e comportamentos precisa estar em consonância com as exigências da coletividade, das
empresas, dos negócios e dos serviços.
(Gomes 1998) diz que a escola, como espaço privilegiado de educação, deve assumir
seu papel garantindo o desenvolvimento de ideias, de atitudes e de conhecimentos que
proporcionem ao aluno, “sua incorporação eficaz no mundo civil, no âmbito da liberdade de
consumo, da liberdade de escolha e participação política, da liberdade e responsabilidade na
esfera da vida familiar e pública.
Vemos que o mundo contemporâneo tem passado por várias mudanças devido aos
desenvolvimentos ocorridos nas áreas tecnológica, econômica, política e educacional exigindo
assim, indivíduos criativos, com espírito de liderança, dinâmicos, comunicativos, ousados,
críticos, participativos, questionadores, enfim, tudo que um indivíduo tímido não é.
Então já sabendo a função socializadora da escola e sabendo o perfil da pessoa do
século XXI para o mercado de trabalho, faz-se necessário que a escola trabalhe com o intuito
de desenvolver o aluno tímido tornando-o uma pessoa com habilidades sociais necessárias
para interagir satisfatoriamente na sociedade.
Esse trabalho deve ser feito desde o ingresso da criança à escola, pois a escola, para
qualquer criança é de grande ajuda, principalmente para aquela que é tímida, ela terá maior
riqueza de convívio com outras crianças. É um local onde acontecimentos têm muita
influencia em seus comportamentos positivos ou negativos que podem reforçar a timidez.
Segundo MIRANDA (2004), a escola é onde os acontecimentos têm muito eco na
criança, e o mesmo se aplica a amigos e colegas. Até mesmo a ausência desse convívio pode
pesar no autoconceito, pois a criança não desenvolve habilidade ou confiança para lidar com
os outros.
Anabela Fernandes (Em seu livro, Processo da socialização da Criança. Manual.p.4),
diz que na perspectiva da socialização é fundamental que qualquer instituição de crianças em
idade infantil seja capaz de: Ensinar a conviver coletivamente com crianças da mesma idade;
ensinar a conviver com adultos, que não sejam pais ou familiares e que tenham autoridade
sobre a criança; Ensinar a adaptar-se ao grupo, separando-os do ambiente familiar e aceitando
a sua própria identidade.
Marta Braga (2005), orientadora de Educação Infantil do Colégio Andrews, do Rio de
Janeiro, conta que, no ambiente escolar, não é difícil notar os excessivamente tímidos. “Eles
falam pouco, em voz baixa, fazem poucos amigos e não participam dos momentos
coletivos”.Eneida Balthazar (2005), que trabalha no mesmo colégio afirma que crianças
tímidas demais podem ter o rendimento escolar prejudicado devido ao seu comportamento.
“Isso pode acontecer, na medida em que elas não mostram o que sabem nem solicitam o
auxílio dos adultos”.
Para identificar uma criança tímida é preciso observar seu comportamento: Durante o
recreio permanece sozinho/a, distante das outras crianças; Não inicia uma conversa; Não se
senta ao lado de uma criança desconhecida; Suas mãos suam quando está trabalhando em
grupo; Gagueja quando lhe perguntam algo; Tem dificuldades para decidir algo e está sempre
inseguro/a; Nunca apresenta ideias para as brincadeiras; É muito calado/a e somente fala com
pessoas com que tenha intimidade; Nunca tem a iniciativa para falar; Se não se dirigem a ele/a
não diz nada; Passa o recreio andando pelo pátio; Fala muito baixo; Mal se ouve o que diz;
Não gosta de ser o centro das atenções; Costumam ser muito dependentes dos adultos;
Costuma mostrar-se apático/a e passivo/a; Dias antes de um exame oral, começa a apresentar
vômitos, dores de cabeça etc; Quando é chamado ao quadro negro, fica tão nervoso que se
congela e não é capaz de raciocinar; Se tem dúvidas ou dificuldade no trabalho escolar; não
pergunta nem à professora nem aos colegas; No recreio, brinca sozinho; Os colegas mexem
com ele/a e riem dele/a e ele/a não sabe como se defender; Passa despercebido; Se não vem à
aula, ninguém se dá conta; Apresenta desculpas para não sair ao recreio; Pode não estar atento
à aula, porque fica todo o tempo torcendo para que a professora não lhe faça perguntas, Não
olhe para ele, não diga nada sobre ele; É extremamente obediente; Quando algo sai bem,
pensa que teve sorte; Quando algo sai mal, acredita que foi sua culpa; Não se defende quando
alguma criança o/a agride; Gosta de estar com a professora; Nos recreios fica perto dela;
Chora facilmente, por qualquer coisa; Nunca diz a que lugares quer ir.
Timidez x Bullying
Infelizmente a criança tímida é a principal vítima do bullying devido possuir
características de passividade, devido ao fato de ser não-comunicativa, parece ser inarticulada,
talvez boba e sem inteligência, embora possa tirar notas boas na escola.
O bullying é a violência psicológica ou física, intencionais e repetitivas praticados por
um indivíduo ou por um grupo de indivíduos com a finalidade de intimidar ou agredir o outro
– ou o grupo – incapaz de se defender de tal agressão. Os agressores geralmente possuem
personalidade autoritária combinada com forte necessidade de controlar ou dominar o outro.
Infelizmente esse com certeza é um problema mundial, encontrado em qualquer
escola, indiferentemente do nível social. Todo aluno que comete Bullying é um forte
candidato á se tornar um adulto com comportamentos anti-sociais e violentos.
Geralmente a criança que está sofrendo bullying na escola envolvem reações como dor
de estômago, dor de cabeça, náuseas e insônias frequentes. O isolamento, baixo rendimento
escolar, conflitos entre irmãos e autoagressão também podem ser alguns indícios.
As vítimas, muitas vezes, sofrem caladas, carregando o trauma das situações de
constrangimento que vivenciaram para o resto de suas vidas, gerando consequências na fase
adulta como problemas de interação e relacionamento com outros sujeitos e que o fato de a
criança não conseguir superar os traumas obtidos pelas agressões sofridas pode “acarretar
problemas no desenvolvimento psíquico e comportamento, gerando insegurança e dificuldade
em se relacionar com o outro”. Desencadeam-se, ainda, no processo educacional, alguns
aspectos negativos, como, “queda do rendimento escolar, falta de interesse pelos estudos,
absentismo, déficit de concentração e de aprendizagem, reprovação e evasão escolar”.
O professor pode desempenhar um ótimo papel para evitá-lo, ele pode identificar qual
aluno está sofrendo ou praticando bullying. Os educadores nunca devem tomar atitudes
precipitadas ou que cause o constrangimento à criança, deve conversar com o aluno e buscar
uma maneira de deixá-lo à vontade para que fale a respeito das agressões seja físicas ou
verbais.
Infelizmente a prática do bullying considerada muitas vezes pelos pais e professores
como brincadeiras de criança, briguinhas que envolvem xingamentos e ofensas, mas que
passam e, em alguns momentos são desvalorizadas e a até ignoradas, está longe de ser um
comportamento normal e aceito em um ambiente escolar.
Para que a timidez da criança não se intensifique através do bullying, o papel do
professor é fundamental para identificar e ajudar, sabendo que o melhor a se fazer é procurar a
direção da escola, pois será através de um trabalho em conjunto - escola e família – que os
procedimentos cabíveis serão tomados.
Timidez Tem Cura
Martins(2005) acredita que a timidez é um traço da personalidade humana e por sua
vez, um trabalho na escola com crianças tímidas pode ser decisivo na formação de sua
personalidade, uma vez que a personalidade do individuo pode ser construída ou
desconstruída a partir das relações interpessoais.
É preciso que em seu planejamento pedagógico o professor utilize atividades
específicas para trabalhar a interação entre as crianças tímidas, pois se a timidez não for
trabalhada de maneira eficaz, poderá afetar o corpo da criança: pouco móvel, pouco ativo,
mímica pobre. Chegando até a inabilidade gestual, até mesmo de verdadeiras dispraxias que
nada mais fazem do que agravar o círculo vicioso da timidez, poderá causar danos
irreversíveis para o futuro dessas crianças.
Marcelli (1988) Afirma que a timidez pode afetar todos os setores da vida da criança,
tanto as condutas socializadas quanto as mentalizadas. “A timidez reflete não apenas a
tendência comportamental (retraimento, passividade, afastamento das relações sociais), mas
também a tendência intrapsíquica (banco de memória, capacidade de pensar).”
A pesar da expressividade e da interação ser uma dificuldade para criança tímida, é
fundamental ser trabalhada, pois segundo Vigotski (2001) é por meio das relações sociais e da
linguagem como mediadora que o sujeito se constitui, que desenvolve seu psiquismo,
portanto, pode-se afirmar que é nestas relações que o sofrimento psíquico vivido pelo tímido
tem sua base, e é também por meio destas relações, que o indivíduo tímido poderá ter sua
condição transformada.
É preciso metodologias que possibilitem as crianças tímidas a livre e prazerosa
transmissão de suas emoções, já que essa é uma enorme barreira para tais crianças, que não
conseguem expressar suas emoções diante das pessoas.
Violet(1980) diz que a criança tímida algumas vezes encontra-se isolada pois não tem
capacidade de manter uma comunicação interpessoal, livre e com segurança, tendo
dificuldades em expressar seus sentimentos de afeto e de raiva. Geralmente se mantém num
lugar seguro, para que não venha ser magoada e rejeitada. A espontaneidade não lhe é familiar
e a deixa assustada, embora possa admirá-la em outros e desejar ser mais solta, aberta e
fluente.
Para que a criança venha desenvolver sua autonomia, desinibição, cooperação e sua
expressividade é necessário trabalhar com atividades lúdicas como teatro, jogos e brincadeiras
que são um grande aliado para as crianças tímidas. Elas acabam se soltando mais, se
expressando melhor devido aos trabalhos em grupo. A sala de aula transforma-se em um lugar
prazeroso, informal e consequentemente o aluno tímido acaba vencendo a timidez, pois
aprendem a exercer seu poder de comunicação.
A partir de jogos, movimentos corporais, fantasias, brincadeiras, desenhos, poesias,
histórias, dança e músicas a criança recebe seu aprendizado, relaciona saberes e conteúdos
que recebem, sendo capaz de desenvolver uma consciência total de si própria, do corpo, da
imaginação, do sentido de interpretar o mundo á sua volta e transmitir ideias, ações,
sentimentos e expressões, elas mobilizam todos os recursos que podem reunir dentro de si:
visão, audição, paladar, tato, olfato, movimento corporal e seu intelecto através da
aprendizagem que recebe.
Segundo Sampaio (2004.p.72), para que haja a construção do conhecimento e a
própria estruturação humana que se dá no processo de interação do homem consigo mesmo,
com o outro e com o ambiente em que vive, através do desenvolvimento dos aspectos físicos,
emocionais, mentais e espirituais, das suas potencialidades, criatividade e dos valores
humanos, a escola tem que trabalhar o aluno como ser integral que pensa, sente, age e reage,
ampliando a sua consciência, introduzindo metodologias que exercitem seu desenvolvimento
cognitivos e para o desafio de novos tempos, com seu desenvolvimento da intuição, dos
sentimentos, das emoções, através dos jogos, teatros e música, dança, poesia, história,
brincadeiras, vivências, trabalhos corporais.
É preciso haver um clima afetuoso por parte do professor, o processo de educação se
dá nessa interação entre o viver do aluno e o viver do educador, restando o respeito à criança,
não menosprezando a sensação de insegurança, que é quase uma regra entre elas, pois ao
contrário só aumentaria sua frustração e sensação de pequenez, que por si mesmo já é grande,
não precisando, portanto, de alguém para lhes lembrar daquilo que já sabem ser.
Restaurar a segurança, ou confiança perdida, dessas crianças, primeiro começa pela
compreensão, da parte do educador, de que aquele sentimento merece atenção e consideração.
E apenas assim, ao ganhar o respeito do educador que se mostra solidário consigo, ela se
mostrará disposta a ouvir seus conselhos.
Compreender então as diferenças, respeitá-las assim como o são, deve ser o primeiro
passo do educador que deseja ajudar. Mas só poderá ajudar se o outro o permitir, e este só lhe
dará acesso, se confiar em suas intenções. Isso se comprova pelo comportamento, palavras e
ações, e nunca com discursos, por mais floridos que possam parecer. O tímido é mais
observador que os demais, está sempre atento, até como meio de se proteger dos ataques que
sempre acham virão de fora.
Não se cura a timidez com as comparações, isso apenas tende a agravar o quadro.
Comparar um tímido a alguém de comportamento não retraído é o mesmo que fazê-lo sentirse culpado pelo fato de ser inseguro, quando na verdade ele o aprendeu a ser. Aprendeu de
forma involuntária, à revelia de sua vontade, do seu consentimento, sem direito à escolha.
Então cabe ao educador dar todo o incentivo, conversando, encorajando, ajudando de
todas as formas, pois a criança tímida é sempre passiva, ela nunca terá a iniciativa de
participação em nenhuma atividade, brincadeira, apresentação etc.
Mas é comum à maioria dos educadores fazerem o oposto, pois não veem a timidez
como uma problemática, preferindo até que esses alunos permaneçam do jeito que são
“comportados”, incentivando os demais a seguirem esse comportamento tímido, pois os
comportamentos que mais lhes preocupam são os que se expressam em agressão, a oposição,
a hiperatividade, etc. Geralmente, também é mais trabalhoso criar atividades para estimular
crianças tímidas do que atividades para acalmar os indisciplinados. Para esses educadores que
não estão comprometidos com o desenvolvimento integral da criança, quanto mais alunos
tímidos, mais tranquilidade em sala de aula, menos bagunça menos trabalho e mais disciplina.
Zimbardo (2002) acrescenta que a timidez geralmente não é percebida como
dificuldade e é até reforçada, pois adultos tendem a preferir crianças quietas que não lhes
trazem dificuldades na interação com elas. A timidez só vai chamar a atenção quando esse
comportamento se tornar exagerado, mostrando não ser apenas uma reação transitória diante
de uma situação nova, mas sim uma expressão comportamental que se repete com frequência.
METODOLOGIA
O método desenvolvido nesse trabalho foi a pesquisa qualitativa, onde foi feito um
estudo de revisão bibliográfica sobre o tema timidez no âmbito escolar, com base em material
já elaborado, constituído basicamente em livro e artigos científicos.
Na pesquisa qualitativa se considera o ambiente como fonte direta dos dados e o
pesquisador como instrumento chave; possui caráter descritivo; o processo é o foco principal
de abordagem e não o resultado ou o produto; a análise dos dados é realizada de forma
intuitiva e indutivamente pelo pesquisador; não requer o uso de técnicas e métodos
estatísticos; e, por fim, tem como preocupação maior a interpretação de fenômenos e a
atribuição de resultados (GODOY, 1995, p.58).
DISCUSSÃO
O âmbito escolar pode interferir no comportamento das crianças tímidas podendo
acentuar ou desenvolver essa problemática. Pois como afirma Martins (2005) quando
considera a timidez como uma característica da personalidade humana, que pode ser
construída ou desconstruída através das relações interpessoais baseando-se na teoria histórico-
cultural, onde a personalidade humana é constituída nas relações sociais e a partir das
atividades que os sujeitos realizam ao longo de sua vida.
Cabe à escola desenvolver um trabalho significativo para o desenvolvimento dessas
crianças, com metodologias que exercitem seu desenvolvimento cognitivos e para o desafio
de novos tempos, com seu desenvolvimento da intuição, dos sentimentos, das emoções,
através dos jogos, teatros música, dança, poesia, história, brincadeiras, vivências, trabalhos
corporais, para que possam ter a oportunidade de expressão dos seus sentimentos, levando-as
a enfrentar situações difíceis, defender seus direitos com controle da ansiedade e expressão
apropriada de sentimentos, desejos e opiniões, sem nunca esquecer o respeito à opinião dos
outros.
Jamais o professor deverá ignorar essa problemática em sala de aula, pois estará
submetendo essas crianças a um futuro de pequenas realizações, pois serão incapazes em
manter interações sociais mais confortáveis e eficientes com o outro e com o mundo.
Infelizmente há professores que acentuam a timidez de seus alunos, pois desejam que
sua turma siga o exemplo dos mais tímidos que são sempre quietos, passivos, obedientes, não
ocasionando indisciplina em sala.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi prazeroso desenvolver esse trabalho onde aprendi de que forma poderei ajudar
essas crianças que sofrem caladas dependendo de um ambiente favorável a interações mais
confortáveis e eficientes. O futuro dessas crianças depende de uma educação com a
contribuição da escola para que saibam enfrentar com segurança um mundo cada vez mais
complexo e em constantes mudanças. Caso não haja essa contribuição, essas crianças terão
que conviver com um empobrecimento na qualidade de suas vidas.
A metodologia que o
professor utilizará é que definirá o desenvolvimento ou não da criança tímida. Percebe-se
então a responsabilidade que os educadores têm na vida dessas crianças que anseiam muito
sair dessa situação incômoda, desejando manter interações com o próximo, porém não o faz,
devido não ter habilidades sociais suficientes.
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