O PROCESSO DA PARTICIPAÇÃO DA ESCOLA NA CONDUTA E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA TÍMIDA BRASÍLIA, DF JUNHO – 2013. Diretoria Geral Diretoria Acadêmica Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa Coordenação Geral de Trabalho de Conclusão de Curso O PROCESSO DA PARTICIPAÇÃO DA ESCOLA NA CONDUTA E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA TÍMIDA Trabalho apresentado para Conclusão de Curso - TCC do Programa do Curso de Graduação em Pedagogia das Faculdades Integradas PROMOVE de Brasília e do Instituto Superior de Educação do ICESP. Orientador-Nilson Gomes de Lima Avaliador(a) Elizene Caliman de Souza Avaliador(a) Sônia Regina Brasili Amoroso BRASÍLIA, DF JUNHO – 2013. O PROCESSO DA PARTICIPAÇÃO DA ESCOLA NA CONDITA E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA TÍMIDA 1 Meci Fabia de Souza Henrique Resumo Este trabalho busca investigar se o ambiente escolar é um facilitador para o desenvolvimento da timidez ou ele acentua mais ainda essa problemática. Compreendendo que se os professores não trabalharem o desenvolvimento dessas crianças tímidas, futuramente a timidez afetará tanto as condutas socializadas como as mentalizadas das mesmas e um ambiente propício ao bullyng onde a maior parte das vítimas dessa violência são os tímidos por serem incapazes de se defenderem de tal agressão. A escola é um veículo de socialização importantíssimo para qualquer criança e em especial para aquelas que são tímidas, devido sua riqueza de convívio, cabendo aos profissionais de educação trabalharem de forma significativa na vida dessas crianças com metodologias que garantam o desenvolvimento da autonomia, cooperação, desinibição e a expressividade indispensáveis para uma sociedade contemporânea cada vez mais complexa, exigindo profissionais criativos, com espírito de liderança, dinâmicos, comunicativos, ousados, críticos, participativos, questionadores, enfim, tudo que um indivíduo tímido não é. Palavras Chave: Timidez, Educação Escolar, socialização. . This study aims to investigate if the school environment is a facilitator for the development of shyness or it further accentuates this problem. Realizing that if teachers do not work developing these shy children, future shyness affect both behaviors socialized as mentalizadas thereof and an environment conducive to bullyng where most of the victims of this violence are shy because they are unable to defend themselves such aggression. The school is a vehicle of socialization important for any child, and especially for those who are shy because of its wealth of living, falling to education professionals work significantly in the lives of children with pedagogies and methodologies that ensure the development of autonomy, cooperation, disinhibition and expressiveness needed for a modern society increasingly complex, demanding creative professionals with leadership skills, dynamic, communicative, daring, critical, participatory, argumentative, everything that an individual is not shy. Keywords: Shyness, School Education, socialization. 1 Meci fabia de souza Henrique aluna do curso de Pedagogia da Faculdade Promove, 2013. INTRODUÇÃO Este trabalho busca verificar qual a atenção dada à timidez no plano educacional, observando se a ação da escola favorece ao desenvolvimento da criança tímida, com intuito de socializá-la, tendo em vista que esse é o papel da escola, ou, se ela é um potencializador das dificuldades vividas pelos sujeitos tímidos. Sendo ela um reforçador da timidez pode afetar todos os setores da vida da criança, tanto as condutas socializadas quanto as mentalizadas e um ambiente propício ao bullyng, que é uma violência psicológica ou física praticada no geral em crianças tímidas, pois são incapazes de se defenderem de tal agressão, podendo causar traumas irreparáveis por toda a vida do aluno. É preciso haver um clima afetuoso por parte do professor, o processo de educação se dá nessa interação entre o viver do aluno e o viver do educador, restando o respeito e o incentivo à criança. É preciso que em seu planejamento pedagógico o professor utilize atividades específicas para trabalhar a interação entre as crianças tímidas, metodologias que incluam atividades lúdicas que trabalhem a autonomia, cooperação, desinibição e a expressividade das crianças. Nesse trabalho educativo o clima da escola se transforma, permitindo o equilíbrio nas relações, a integração, a alegria, a cooperação e a criatividade. A complexidade da sociedade contemporânea exige indivíduos criativos, com espírito de liderança, dinâmicos, comunicativos, ousados, críticos, participativos, questionadores, enfim, o oposto da personalidade de um indivíduo tímido. Segundo Martins (2005), a personalidade do homem é construída através da interação com as pessoas, isso implica afirmar que a personalidade do sujeito tímido, da mesma forma que é construída socialmente, poderá ser “desconstruída”, transformada a partir das relações interpessoais e, nesse sentido, um trabalho na escola pode ser decisivo nesse processo de transformação. REFERENCIAL TEÓRICO Timidez Sinônimo de Inabilidade Social Nas últimas décadas, o tema timidez tem suscitado notável interesse, de forma que se têm incrementado sensivelmente as investigações nessa área. Isso deve fundamentalmente a constatação da importância das habilidades sociais no desenvolvimento do indivíduo e no funcionamento psicológico, acadêmico e social do mesmo. Para alguns autores a timidez é uma patologia a ser curada, outros uma simples característica da personalidade humana, e aqueles que acreditam ser resultado da interação de vários fatores e que se manifesta nas inter-relações, que são diferentes em cada caso. No geral, defini-se a timidez como um desconforto e inibição em situações de interação pessoal que interferem na realização dos objetivos pessoais e profissionais de quem a sofre. Caracteriza-se pela obsessiva preocupação com as atitudes, reações e pensamentos dos outros. A timidez aflora geralmente, mas não exclusivamente, em situações de confronto com a autoridade, interação com algumas pessoas: contato com estranhos e ao falar diante de grupos e até mesmo em ambiente familiar. (Motta Filho, 1969) afirma que “a consciência da incapacidade, o medo do fracasso diante dos outros, o receio do juízo alheio, a preocupação de que vai errar, ou de que, acertando, não vai ser compreendido”, notavelmente compromete a ação social do indivíduo tímido. Zimbardo (2002) diz que ser tímido é ter medo de pessoas, especialmente aquelas que por algum motivo constituem uma ameaça no plano emocional, os estranhos pelo fato de ser uma novidade um fator de incerteza, as autoridades por exercerem poder. Diz também que qualquer pessoa pode viver a experiência da timidez diante de uma situação nova e de grande visibilidade, como por exemplo, apresentar-se em público, e ainda, a preponderância da timidez varia de pessoa para pessoa e de cultura para cultura. Casares e Caballo (2000) consideram à timidez como um comportamento social passivo e retraído, provavelmente associado à indecisão, pensamentos negativos, baixa autoestima, julgamento negativo, inatividade, apatia, , insegurança, submissão, indiferença, lentidão, ansiedade, medo, dentre outros comportamentos. Defendem que deve ser realizado um tipo de treinamento da conduta social dos tímidos, por meio de programas cognitivocomportamentais, para que tais características possam ser mudadas. Lacroix (1970), os tímidos são pessoas altamente inseguras, sofrem constantemente com o medo ou preocupação em sofrer moralmente. Em alguns casos temem não conseguir atingir as expectativas de sua família e amigos ou ser subestimado pelos tais, preferindo não se arriscar. Na maioria das vezes não sentem segurança com o seu grupo, quando fazem parte de um, pois é característico de um tímido ser retraído a ponto de sequer ser percebido. (Falcone, 2000) relata que a timidez pode ser gerada a partir da conduta dos pais, que por sua vez pode ser de rejeição ou superproteção, podendo gerar nas crianças sentimentos de insegurança, fazendo com que se sintam com pouca autoconfiança e incompetentes, acarretando com isso a inibição social. O medo que as crianças sentem ao se comunicar com outras pessoas é proveniente da insegurança, pois acreditam não conseguir falar coisas coerentes, tornando-se motivo de risos aos amigos. Martins e Lima (2005), apontam o fator genético e os fatores ambientais como possíveis causadores da timidez. Fator genético- (os pais tímidos tem uma probabilidade a ter filhos tímidos). Fatores ambientais- (modelo de comportamento que os pais passam para os filhos). Observa-se que a criança imita a conduta das pessoas que a cerca, imita o que vê no seu dia-dia. Então, se os seus pais falam baixinho em lugares públicos, a criança tende a imitá-los, porque para ela aquele é o exemplo a ser seguido, falar baixinho quase pedindo desculpas por estar ali. Então, fazer parte de uma família que não frequenta festas, clubes e reuniões e que tenha poucos amigos, faz com que a criança não desenvolva suas habilidades de relacionamento interpessoal como deveria. Se a timidez se tornar excessiva pode evoluir para uma patologia que é chamada de fobia social, e pior ainda, poderá desencadear em síndrome do pânico, que ao contrário da fobia social, não depende de nenhuma interação social ou mesmo da presença de outra pessoa para que se desencadeie o processo patológico, em que o paciente apresenta sensação de desmaio ou de morte iminentes...causando para esse indivíduo problemas em todas as áreas da sua vida. Filho (2009), “Pacientes com fobia social apresentam tendência a pior desempenho escolar, têm menor probabilidade de se casar e maior chance de continuar morando com os pais, nível de renda mais baixo e são mais susceptíveis a ficar desempregados.” A Timidez no Âmbito Escolar Na visão de Gomes (1998), a função social da escola é desenvolver o processo de socialização do aluno e, nessa perspectiva, são dois os objetivos prioritários desse processo: incorporação do aluno no mundo do trabalho; e a formação do cidadão para intervenção na vida pública. Para ele temos que a sociedade contemporânea e, de certo modo industrial, exige que a escola tenha como meta primordial a preparação do aluno para o mercado de trabalho. Ou seja, o desenvolvimento das novas gerações referente a ideias, conhecimentos, habilidades e comportamentos precisa estar em consonância com as exigências da coletividade, das empresas, dos negócios e dos serviços. (Gomes 1998) diz que a escola, como espaço privilegiado de educação, deve assumir seu papel garantindo o desenvolvimento de ideias, de atitudes e de conhecimentos que proporcionem ao aluno, “sua incorporação eficaz no mundo civil, no âmbito da liberdade de consumo, da liberdade de escolha e participação política, da liberdade e responsabilidade na esfera da vida familiar e pública. Vemos que o mundo contemporâneo tem passado por várias mudanças devido aos desenvolvimentos ocorridos nas áreas tecnológica, econômica, política e educacional exigindo assim, indivíduos criativos, com espírito de liderança, dinâmicos, comunicativos, ousados, críticos, participativos, questionadores, enfim, tudo que um indivíduo tímido não é. Então já sabendo a função socializadora da escola e sabendo o perfil da pessoa do século XXI para o mercado de trabalho, faz-se necessário que a escola trabalhe com o intuito de desenvolver o aluno tímido tornando-o uma pessoa com habilidades sociais necessárias para interagir satisfatoriamente na sociedade. Esse trabalho deve ser feito desde o ingresso da criança à escola, pois a escola, para qualquer criança é de grande ajuda, principalmente para aquela que é tímida, ela terá maior riqueza de convívio com outras crianças. É um local onde acontecimentos têm muita influencia em seus comportamentos positivos ou negativos que podem reforçar a timidez. Segundo MIRANDA (2004), a escola é onde os acontecimentos têm muito eco na criança, e o mesmo se aplica a amigos e colegas. Até mesmo a ausência desse convívio pode pesar no autoconceito, pois a criança não desenvolve habilidade ou confiança para lidar com os outros. Anabela Fernandes (Em seu livro, Processo da socialização da Criança. Manual.p.4), diz que na perspectiva da socialização é fundamental que qualquer instituição de crianças em idade infantil seja capaz de: Ensinar a conviver coletivamente com crianças da mesma idade; ensinar a conviver com adultos, que não sejam pais ou familiares e que tenham autoridade sobre a criança; Ensinar a adaptar-se ao grupo, separando-os do ambiente familiar e aceitando a sua própria identidade. Marta Braga (2005), orientadora de Educação Infantil do Colégio Andrews, do Rio de Janeiro, conta que, no ambiente escolar, não é difícil notar os excessivamente tímidos. “Eles falam pouco, em voz baixa, fazem poucos amigos e não participam dos momentos coletivos”.Eneida Balthazar (2005), que trabalha no mesmo colégio afirma que crianças tímidas demais podem ter o rendimento escolar prejudicado devido ao seu comportamento. “Isso pode acontecer, na medida em que elas não mostram o que sabem nem solicitam o auxílio dos adultos”. Para identificar uma criança tímida é preciso observar seu comportamento: Durante o recreio permanece sozinho/a, distante das outras crianças; Não inicia uma conversa; Não se senta ao lado de uma criança desconhecida; Suas mãos suam quando está trabalhando em grupo; Gagueja quando lhe perguntam algo; Tem dificuldades para decidir algo e está sempre inseguro/a; Nunca apresenta ideias para as brincadeiras; É muito calado/a e somente fala com pessoas com que tenha intimidade; Nunca tem a iniciativa para falar; Se não se dirigem a ele/a não diz nada; Passa o recreio andando pelo pátio; Fala muito baixo; Mal se ouve o que diz; Não gosta de ser o centro das atenções; Costumam ser muito dependentes dos adultos; Costuma mostrar-se apático/a e passivo/a; Dias antes de um exame oral, começa a apresentar vômitos, dores de cabeça etc; Quando é chamado ao quadro negro, fica tão nervoso que se congela e não é capaz de raciocinar; Se tem dúvidas ou dificuldade no trabalho escolar; não pergunta nem à professora nem aos colegas; No recreio, brinca sozinho; Os colegas mexem com ele/a e riem dele/a e ele/a não sabe como se defender; Passa despercebido; Se não vem à aula, ninguém se dá conta; Apresenta desculpas para não sair ao recreio; Pode não estar atento à aula, porque fica todo o tempo torcendo para que a professora não lhe faça perguntas, Não olhe para ele, não diga nada sobre ele; É extremamente obediente; Quando algo sai bem, pensa que teve sorte; Quando algo sai mal, acredita que foi sua culpa; Não se defende quando alguma criança o/a agride; Gosta de estar com a professora; Nos recreios fica perto dela; Chora facilmente, por qualquer coisa; Nunca diz a que lugares quer ir. Timidez x Bullying Infelizmente a criança tímida é a principal vítima do bullying devido possuir características de passividade, devido ao fato de ser não-comunicativa, parece ser inarticulada, talvez boba e sem inteligência, embora possa tirar notas boas na escola. O bullying é a violência psicológica ou física, intencionais e repetitivas praticados por um indivíduo ou por um grupo de indivíduos com a finalidade de intimidar ou agredir o outro – ou o grupo – incapaz de se defender de tal agressão. Os agressores geralmente possuem personalidade autoritária combinada com forte necessidade de controlar ou dominar o outro. Infelizmente esse com certeza é um problema mundial, encontrado em qualquer escola, indiferentemente do nível social. Todo aluno que comete Bullying é um forte candidato á se tornar um adulto com comportamentos anti-sociais e violentos. Geralmente a criança que está sofrendo bullying na escola envolvem reações como dor de estômago, dor de cabeça, náuseas e insônias frequentes. O isolamento, baixo rendimento escolar, conflitos entre irmãos e autoagressão também podem ser alguns indícios. As vítimas, muitas vezes, sofrem caladas, carregando o trauma das situações de constrangimento que vivenciaram para o resto de suas vidas, gerando consequências na fase adulta como problemas de interação e relacionamento com outros sujeitos e que o fato de a criança não conseguir superar os traumas obtidos pelas agressões sofridas pode “acarretar problemas no desenvolvimento psíquico e comportamento, gerando insegurança e dificuldade em se relacionar com o outro”. Desencadeam-se, ainda, no processo educacional, alguns aspectos negativos, como, “queda do rendimento escolar, falta de interesse pelos estudos, absentismo, déficit de concentração e de aprendizagem, reprovação e evasão escolar”. O professor pode desempenhar um ótimo papel para evitá-lo, ele pode identificar qual aluno está sofrendo ou praticando bullying. Os educadores nunca devem tomar atitudes precipitadas ou que cause o constrangimento à criança, deve conversar com o aluno e buscar uma maneira de deixá-lo à vontade para que fale a respeito das agressões seja físicas ou verbais. Infelizmente a prática do bullying considerada muitas vezes pelos pais e professores como brincadeiras de criança, briguinhas que envolvem xingamentos e ofensas, mas que passam e, em alguns momentos são desvalorizadas e a até ignoradas, está longe de ser um comportamento normal e aceito em um ambiente escolar. Para que a timidez da criança não se intensifique através do bullying, o papel do professor é fundamental para identificar e ajudar, sabendo que o melhor a se fazer é procurar a direção da escola, pois será através de um trabalho em conjunto - escola e família – que os procedimentos cabíveis serão tomados. Timidez Tem Cura Martins(2005) acredita que a timidez é um traço da personalidade humana e por sua vez, um trabalho na escola com crianças tímidas pode ser decisivo na formação de sua personalidade, uma vez que a personalidade do individuo pode ser construída ou desconstruída a partir das relações interpessoais. É preciso que em seu planejamento pedagógico o professor utilize atividades específicas para trabalhar a interação entre as crianças tímidas, pois se a timidez não for trabalhada de maneira eficaz, poderá afetar o corpo da criança: pouco móvel, pouco ativo, mímica pobre. Chegando até a inabilidade gestual, até mesmo de verdadeiras dispraxias que nada mais fazem do que agravar o círculo vicioso da timidez, poderá causar danos irreversíveis para o futuro dessas crianças. Marcelli (1988) Afirma que a timidez pode afetar todos os setores da vida da criança, tanto as condutas socializadas quanto as mentalizadas. “A timidez reflete não apenas a tendência comportamental (retraimento, passividade, afastamento das relações sociais), mas também a tendência intrapsíquica (banco de memória, capacidade de pensar).” A pesar da expressividade e da interação ser uma dificuldade para criança tímida, é fundamental ser trabalhada, pois segundo Vigotski (2001) é por meio das relações sociais e da linguagem como mediadora que o sujeito se constitui, que desenvolve seu psiquismo, portanto, pode-se afirmar que é nestas relações que o sofrimento psíquico vivido pelo tímido tem sua base, e é também por meio destas relações, que o indivíduo tímido poderá ter sua condição transformada. É preciso metodologias que possibilitem as crianças tímidas a livre e prazerosa transmissão de suas emoções, já que essa é uma enorme barreira para tais crianças, que não conseguem expressar suas emoções diante das pessoas. Violet(1980) diz que a criança tímida algumas vezes encontra-se isolada pois não tem capacidade de manter uma comunicação interpessoal, livre e com segurança, tendo dificuldades em expressar seus sentimentos de afeto e de raiva. Geralmente se mantém num lugar seguro, para que não venha ser magoada e rejeitada. A espontaneidade não lhe é familiar e a deixa assustada, embora possa admirá-la em outros e desejar ser mais solta, aberta e fluente. Para que a criança venha desenvolver sua autonomia, desinibição, cooperação e sua expressividade é necessário trabalhar com atividades lúdicas como teatro, jogos e brincadeiras que são um grande aliado para as crianças tímidas. Elas acabam se soltando mais, se expressando melhor devido aos trabalhos em grupo. A sala de aula transforma-se em um lugar prazeroso, informal e consequentemente o aluno tímido acaba vencendo a timidez, pois aprendem a exercer seu poder de comunicação. A partir de jogos, movimentos corporais, fantasias, brincadeiras, desenhos, poesias, histórias, dança e músicas a criança recebe seu aprendizado, relaciona saberes e conteúdos que recebem, sendo capaz de desenvolver uma consciência total de si própria, do corpo, da imaginação, do sentido de interpretar o mundo á sua volta e transmitir ideias, ações, sentimentos e expressões, elas mobilizam todos os recursos que podem reunir dentro de si: visão, audição, paladar, tato, olfato, movimento corporal e seu intelecto através da aprendizagem que recebe. Segundo Sampaio (2004.p.72), para que haja a construção do conhecimento e a própria estruturação humana que se dá no processo de interação do homem consigo mesmo, com o outro e com o ambiente em que vive, através do desenvolvimento dos aspectos físicos, emocionais, mentais e espirituais, das suas potencialidades, criatividade e dos valores humanos, a escola tem que trabalhar o aluno como ser integral que pensa, sente, age e reage, ampliando a sua consciência, introduzindo metodologias que exercitem seu desenvolvimento cognitivos e para o desafio de novos tempos, com seu desenvolvimento da intuição, dos sentimentos, das emoções, através dos jogos, teatros e música, dança, poesia, história, brincadeiras, vivências, trabalhos corporais. É preciso haver um clima afetuoso por parte do professor, o processo de educação se dá nessa interação entre o viver do aluno e o viver do educador, restando o respeito à criança, não menosprezando a sensação de insegurança, que é quase uma regra entre elas, pois ao contrário só aumentaria sua frustração e sensação de pequenez, que por si mesmo já é grande, não precisando, portanto, de alguém para lhes lembrar daquilo que já sabem ser. Restaurar a segurança, ou confiança perdida, dessas crianças, primeiro começa pela compreensão, da parte do educador, de que aquele sentimento merece atenção e consideração. E apenas assim, ao ganhar o respeito do educador que se mostra solidário consigo, ela se mostrará disposta a ouvir seus conselhos. Compreender então as diferenças, respeitá-las assim como o são, deve ser o primeiro passo do educador que deseja ajudar. Mas só poderá ajudar se o outro o permitir, e este só lhe dará acesso, se confiar em suas intenções. Isso se comprova pelo comportamento, palavras e ações, e nunca com discursos, por mais floridos que possam parecer. O tímido é mais observador que os demais, está sempre atento, até como meio de se proteger dos ataques que sempre acham virão de fora. Não se cura a timidez com as comparações, isso apenas tende a agravar o quadro. Comparar um tímido a alguém de comportamento não retraído é o mesmo que fazê-lo sentirse culpado pelo fato de ser inseguro, quando na verdade ele o aprendeu a ser. Aprendeu de forma involuntária, à revelia de sua vontade, do seu consentimento, sem direito à escolha. Então cabe ao educador dar todo o incentivo, conversando, encorajando, ajudando de todas as formas, pois a criança tímida é sempre passiva, ela nunca terá a iniciativa de participação em nenhuma atividade, brincadeira, apresentação etc. Mas é comum à maioria dos educadores fazerem o oposto, pois não veem a timidez como uma problemática, preferindo até que esses alunos permaneçam do jeito que são “comportados”, incentivando os demais a seguirem esse comportamento tímido, pois os comportamentos que mais lhes preocupam são os que se expressam em agressão, a oposição, a hiperatividade, etc. Geralmente, também é mais trabalhoso criar atividades para estimular crianças tímidas do que atividades para acalmar os indisciplinados. Para esses educadores que não estão comprometidos com o desenvolvimento integral da criança, quanto mais alunos tímidos, mais tranquilidade em sala de aula, menos bagunça menos trabalho e mais disciplina. Zimbardo (2002) acrescenta que a timidez geralmente não é percebida como dificuldade e é até reforçada, pois adultos tendem a preferir crianças quietas que não lhes trazem dificuldades na interação com elas. A timidez só vai chamar a atenção quando esse comportamento se tornar exagerado, mostrando não ser apenas uma reação transitória diante de uma situação nova, mas sim uma expressão comportamental que se repete com frequência. METODOLOGIA O método desenvolvido nesse trabalho foi a pesquisa qualitativa, onde foi feito um estudo de revisão bibliográfica sobre o tema timidez no âmbito escolar, com base em material já elaborado, constituído basicamente em livro e artigos científicos. Na pesquisa qualitativa se considera o ambiente como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento chave; possui caráter descritivo; o processo é o foco principal de abordagem e não o resultado ou o produto; a análise dos dados é realizada de forma intuitiva e indutivamente pelo pesquisador; não requer o uso de técnicas e métodos estatísticos; e, por fim, tem como preocupação maior a interpretação de fenômenos e a atribuição de resultados (GODOY, 1995, p.58). DISCUSSÃO O âmbito escolar pode interferir no comportamento das crianças tímidas podendo acentuar ou desenvolver essa problemática. Pois como afirma Martins (2005) quando considera a timidez como uma característica da personalidade humana, que pode ser construída ou desconstruída através das relações interpessoais baseando-se na teoria histórico- cultural, onde a personalidade humana é constituída nas relações sociais e a partir das atividades que os sujeitos realizam ao longo de sua vida. Cabe à escola desenvolver um trabalho significativo para o desenvolvimento dessas crianças, com metodologias que exercitem seu desenvolvimento cognitivos e para o desafio de novos tempos, com seu desenvolvimento da intuição, dos sentimentos, das emoções, através dos jogos, teatros música, dança, poesia, história, brincadeiras, vivências, trabalhos corporais, para que possam ter a oportunidade de expressão dos seus sentimentos, levando-as a enfrentar situações difíceis, defender seus direitos com controle da ansiedade e expressão apropriada de sentimentos, desejos e opiniões, sem nunca esquecer o respeito à opinião dos outros. Jamais o professor deverá ignorar essa problemática em sala de aula, pois estará submetendo essas crianças a um futuro de pequenas realizações, pois serão incapazes em manter interações sociais mais confortáveis e eficientes com o outro e com o mundo. Infelizmente há professores que acentuam a timidez de seus alunos, pois desejam que sua turma siga o exemplo dos mais tímidos que são sempre quietos, passivos, obedientes, não ocasionando indisciplina em sala. CONSIDERAÇÕES FINAIS Foi prazeroso desenvolver esse trabalho onde aprendi de que forma poderei ajudar essas crianças que sofrem caladas dependendo de um ambiente favorável a interações mais confortáveis e eficientes. O futuro dessas crianças depende de uma educação com a contribuição da escola para que saibam enfrentar com segurança um mundo cada vez mais complexo e em constantes mudanças. Caso não haja essa contribuição, essas crianças terão que conviver com um empobrecimento na qualidade de suas vidas. A metodologia que o professor utilizará é que definirá o desenvolvimento ou não da criança tímida. Percebe-se então a responsabilidade que os educadores têm na vida dessas crianças que anseiam muito sair dessa situação incômoda, desejando manter interações com o próximo, porém não o faz, devido não ter habilidades sociais suficientes. REFERÊNCIAS CASARES E CABALLO, A timidez infantil, In: SILVARES, E. Estudos de caso em psicologia clínica comportamental infantil, 2000. FALCONE, Eliana. Ansiedade normal e ansiedade fóbica: limites e fundamentos etológicos. Revista de psiquiatria clinica, v.27, n°6, jun.2000. Disponível em: <HTTP://www.hcnet.usp.br/ipq/ revista/vol 27/n6/artigos/art301.htm>. Acesso em: fevereiro.2013. FERNANDES, Anabela. Processo de Socialização da Criança. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/55662708/Processo-de-Socializacao-da-Crianca-Manual>. Acesso em: set.2012. FILHO, A. S. Da timidez à Fobia Social. Revista Psique Ciência e Vida, São Paulo, Editora Escala, ano IV, n. 38, p. 50-54, 2009. 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