A filosofia da práxis em pauta - II Semana de Economia Política

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A filosofia da práxis em pauta: Um breve estudo do marxismo, socialismo e lutas de classe
Bruno Alysson Soares Rodrigues1
Universiade Estadual do Ceará (PIBID/CAPES/Pedagogia)
Daiana Gomes de Aguiar2
Universidade Estadual do Ceará
RESUMO: No intuito de apresentar uma síntese do método de compreensão da realidade à luz do
filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) – e portanto, concomitantemente, o método de compreensão
da totalidade social regida sob a lógica de reprodução capitalista e suas respectivas contradições e
interesses antagônicos de classe – expomos neste breve trabalho algumas das categorias inalienáveis
da filosofia da práxis – para alguns e outros, marxismo. Sendo o trabalho a categoria fundante do ser
social (LUKÁCS, 1979; LESSA, 1996; 2001; 2002; 2007; 2011a; 2011b; TONET, 2002; 2005;
DUARTE, 2000; 2001) e o materialismo histórico e dialético a conditio sine qua non para a análise e
compreensão de nossa atual e complexa organização social capitalista em Marx, este breve estudo tem
por objetivo forcencer subsídeos basilares para a compreesão da questão da transição para o
socialismo e entendimento das lutas de classe em tempos de crise estrutural (MÉSZÁROS, 1995;
2000; 2002;), haja vista, obviamente, as dificuldades e limites de expor a obra marxiana em sua
totalidade em breve texto.
Palavras-chaves: Trabalho; Socialismo; Materialismo histórico e dialético.
1
2
Bolsista do PIBID/CAPES (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência)-(Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior) do subprojeto de Pedagogia/UECE, graduando do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da
Faculdade de Educação da Universidade Estadual do Ceará (UECE) campus do Itaperi. Endereço para contato por e-mail:
[email protected]
Graduanda do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Estadual do Ceará (UECE)
– campus do Itaperi. Endereço para contato por e-mail: [email protected]
1. Compreensão do método materialista histórico e dialético: A categoria fundante do
ser social e alguns de seus desdobramentos teóricos
O método materialista histórico e dialético – comumente chamado de método marxista
– tem o próprio real, isto é, o complexo da realidade, como sujeito, pois a existência
determina a consciência e não o oposto.
Portanto, não se apresenta como um método subjetivista tal qual é o idealismo
transcedental
de
Imannuel
Kant
(1724-1804)
e
demais
idealismos
filosóficos
especulativos/contemplativos desprovidos de uma maior análise das contradições e
antagonismos dos complexos reais/materiais em que estão postos, tampouco apresenta-se – o
método marxista – como um positivismo que funda na passividade do pensamento e na
realidade acabada a sua condição filosófica.
Segundo Marx (1997) apud Araújo (2007, p. 97), “[...] a ontologia social parte da tese
de que a essência dos fenômenos sociais é engendrada como processo histórico, dialético e
contraditório.”
Desta forma, concordamos com Tonet (2005), quando afirma que o pensamento
marxiano mostra-se como uma perspectiva revolucionária e crítica para a compreensão da
realidade social desde as suas raízes ontológicas no sentido de superação radical da ordem
burguesa. O pensamento marxiano3 não se limita a uma simples crítica à teoria política ou
econômica, haja vista que tal ideario seria cair nas profundezas abissais do reducionismo, o
fundamento do pensamento marxiano é ser radical, e como o próprio Marx diz, ser radical é ir
até as raízes ontológicas do fenômeno social.
Com efeito, Jimenez et al (s/d, p. 2 grifo nosso), afirma que:
[...] a pesquisa situada sob as coordenadas do marxismo, por mais específico que
seja o fenômeno ou objeto tomado para estudo, deve estar necessariamente
informada pela concepção de totalidade e, ao mesmo tempo, asseveramos que a
totalidade não se reduz a um construto mental, mas trata-se de uma categoria
do real, portando, por conseguinte, um estatuto ontológico, [...]
Entendemos, pois, que, as teorizações vigentes apoiadas nas tendências pós-modernas
e pós-marxistas não consideram a categoria da totalidade, assim como também não
consideram suas determinações essenciais, substituindo-a por um ecletismo metodológico
3
O único pressuposto do pensamento de Marx é o fato de que os homens, para poderem existir, devem transformar
constantemente a natureza. Esta é a base ineliminável do mundo dos homens. Sem a sua transformação, a reprodução da
sociedade não seria possível. Esta dependência da sociedade para com a natureza, contudo, não significa que o mundo dos
homens esteja submetido às mesmas leis e processos do mundo natural. Sem a reprodução biológica dos indivíduos não há
sociedade; mas a história dos homens é muito mais do que a sua reprodução biológica. As lutas de classe, os sentimentos
humanos, ou mesmo uma obra de arte, são alguns exemplos que demonstram que a vida social é determinada por outros fatores
que não são biológicos, mas sociais. (LESSA, 2011a, p. 17 grifo nosso)
oriundo da concepção burguesa de mundo pós 1848. (LESSA, 2007 apud JIMENEZ et al, s/d)
Sendo assim, para compreender o pensamento marxiano em sua totalidade, de forma
mais sintética, teríamos de fundamentar, ainda, nosso estudo em uma análise minuciosamente
detalhada para as obras de Friedrich Hegel (1770-1831) – a qual Marx critica com
radicalidade e inverte algumas de suas categorias, idealistas portanto, para então iniciar a
fundamentação de seus postulados – e de Ludwing Feuerbach (1804-1872) – a qual Marx
critica determinadas categorias das teorias materialistas feuerbachianas – para então
entendermos como o filósofo alemão elabora suas principais teses de compreensão da
totalidade da organização social capitalista, da ontologia do ser social4, seus desdobramentos
ideo-políticos e suas contribuições para a compreensão do processo que envolve as lutas de
classe e o problema da transição para o socialismo.
Outrossim, é necessário nos posicionarmos para o fato de que não concordamos com
posições neomarxistas, pós-marxistas, marxismo pós-moderno-crítico-reprodutivista e demais
derivações pueris/utópicas e ultrajantes que tem surgido neste século XXI no cerne do
pensamento de Marx – desde as hipóteses de que o trabalho manual estaria acabando diante
da revolução informacional do avanço da tecnologia e se agregando ao trabalho intelectual até
pressupostos teóricos que nos levam a galgar longos passos rumo à perda de perspectiva de
sujeito revolucionário da classe proletária em autores como Adam Schaff (1990), Poulantzas
(1975), Saviani (1994; 2000; 2003; 2005), Piore & Sabel (1984), Negri (1991), Jacques Nagel
(1979), Mallet (1963), Jean Lojkine (1995), Francis Fukuyama (1992), João Bernardo (2000),
André Gorz (1980) dentre outros que não citaremos aqui por falta de paciência no resgate das
teorias, ao nosso ver, insustentáveis sob a base material do capital – , pois entendemos que
não há adaptação, relativismo, ecletismo ou qualquer outra forma de compatibilidade
artificialmente criada, mesmo que seja tênue, dos ideais de Marx em sua obra O Capital com
os ideais ditos pós-modernos ou pós-estruturalistas, ideais estes que coadunam com a
manutenção da lógica de auto-reprodução do capital e tentam de forma incansável obliterar a
perspectiva de sujeito revolucionário da classe proletária.
O marxismo, de Marx & Engels, pauta-se na superação da atual forma de organização
social fundada no modo de produção capitalista, pois entendemos que não existe marxismo
que busque tornar o capital mais humano.
Desta forma, para situar o leitor em nosso pensamento, defendemos a necessidade de
4
A ontologia do ser social, desenvolvida por Marx e fundamento de sua obra, é impensável sem uma crítica radical da ordem
burguesa, sustentada por uma perspectiva de classe. Pois, é partir de uma perspectiva ontológica, que Marx foi capaz de
reproduzir idealmente o movimento do ser social na ordem burguesa, apresentando suas contradições e as possibilidades
históricas de sua superação. (JIMENEZ et al, s/d, p. 4)
refundação da teoria revolucionária, o que é radicalmente diferente de uma simples
reconstrução, a qual nos conduz, na grande maioria das vezes, ao reformismo de partidos
políticos que se dizem de esquerda, que mais parecem a direita da esquerda que também se
diz revolucionária e que proclamam ser melhores gestores do capital do que a própria
burguesia!
A universalidade da categoria trabalho em Marx (1975) continua sendo a eterna
necessidade de efetivar transformação da natureza e condição da reprodução social da vida
humana assim como a particularidade da categoria trabalho abstrato que continua sendo um
marco imprescindível da crítica revolucionária nos tempos em que vivemos.
Sendo assim, somos radicalmente contra a ideia de alteração das categorias
fundamentais/universais marxianas, tampouco defendemos a necessidade de atualização de
tais categorias fundamentais onto-marxistas5, pois “não estamos passando, [...], por nenhuma
alteração ontológica fundamental6 na forma como os homens organizam o intercâmbio
orgânico com a antureza” (LESSA, 2011b, p. 345 grifo nosso), sendo que tal intercâmbio
“continua imprescindível, sua ‘eternidade’, tal como afirmada por Marx, continua intocada”
(Id., Ibid.)
“Sabemos que, para Marx, crítico e revolucionário não era simplesmente um
pensamento que fizesse críticas – mesmo que profundas e justas – mas aquele que
conseguisse trazer à luz as raízes mais profundas de qualquer fenômeno social”
(TONET, 2005, p. 5 grifo nosso).
Desta forma, o marxismo, como método de compreensão a partir das condições
materiais de existência, exige do leitor o conhecimento de pressupostos basilares que buscam,
na perspectiva ontológica, a apreensão do real pela superação da empiricidade e do
pragatismo.7
Destarte, avançemos então, no pensamento do filósofo alemão, acerca das
determinações históricas do homem e sua categoria fundante, apoiando-nos, para tal feito, nas
5
6
7
[...] O trabalho – isto é, o intercâmbio orgânico homem/natureza – continua sendo a categoria fundante do ser social em geral, e de
cada formação social em particular, porque é nele que é produzido o “conteúdo material da riqueza qualquer que seja a forma
social desta”. Não há qualquer indício, por mais tênue, de que algo diferente estaria ocorrendo, mesmo nos setores econômicos
mais desenvolvidos” (LESSA, 2011b, p. 345)
[...] Não há hipótese de alteração de qualquer categoria fundamental de Marx, como a de trabalho, meis de produção, classes
sociais, entre outras, sem que sejamos forçados a elaborar toda uma nova estrutura conceitual que substitua por completo o
universo categorial marxiano. Tentar alterar apenas uma de suas categorias fundamentais, mantendo todo o resto, implica em
infindáveis e insuperáveis contradições. Esta tem sido a experiência de toda a história do marxismo: podemos chegar à conclusão
de que Marx não é mais o fundamental para a compreensão do real e adotarmos outros referenciais teóricos inteiramente distintos.
Mas manter Marx, alterando “apenas” sua categoria trabalho, é um empreendimento fadado ao fracasso desde o seu início. E
fracasso em duplo sentido. As teorizações serão, sempre, autocontraditórias, isto é, não terão sequer a coerência lógica necessária
para terem o estatuto de ciência. E, por outro lado, não serão capazes de explicar o mundo em que vivemos, ao contrário das
categorias que pretendem substituir. (LESSA, 2011b, p. 346 grifo nosso)
Não devemos velar as mudanças do mundo em que vivemos, como também não devemos ceder ao empirismo e permitir que o
impacto de algumas mudanças que, no curto prazo e de uma perspectiva pontual, parecem muito mais impressionantes do que no
médio e longo prazos nos conduzam a uma visão desfocada da realidade. (LESSA, 2011b, p. 346)
contribuições das obras de autores marxistas que, ao nosso ver, são dignos de confiança.
Conforme Jimenez et al (s/d, p. 2, grifo nosso):
Em contrário às interpretações de caráter economicista, determinista, positivista e
dogmático da obra marxiana fundadas no imperialismo gnosiológico ou epistêmico
que têm dominado a marxiologia, partimos, em suma, do princípio de que Marx
instituiu um novo limiar de racionalidade, lançando os fundamentos de uma
ontologia do ser social, portadora de uma concepção radicalmente nova e
superior de compreender o mundo e, portanto, de fazer ciência e filosofia,
reiterando, nessa trilha, a alegativa de Fortes (s/d, p. 2), de que “Contra o
predomínio manipulatório a que se viu reduzida a ciência no mundo do capital, a
ontologia [marxiana] recoloca o problema filosófico essencial do ser e do destino do
homem”.
Desta forma, a conditio sine qua non para a compreensão da totalidade da organização
social capitalista, em Marx (1997), é a de que somos seres historicamente determinados pelas
condições materiais de existência e consequentemente pelo desenvolvimeto das forças de
produção – ou forças produtivas – , isto é, nossa forma de vida e organização social é
determinada por uma atividade que distancia o homem dos outros animais e estabelece uma
larga dicotomia entre o ser biológico e o ser social, tal categoria fundante é denomidada de
trabalho (LUKÁCS, 1979; LESSA, 1996; 2001; 2002; 2007; 2011a; 2011b; TONET, 2002;
2005; DUARTE, 2000; 2001) e é por meio deste que nós, homens, interferimos nas condições
materiais de existência e promovemos, portanto, o desenvolvimento das forças de produção.
O homem tem em suas condições materiais objetivas a necessidade e a possibilidade
de modificá-las, portanto, este homem torna-se, concomitantemente, o sujeito histórico do
processo de tranformação da natureza, o homem é o demiurgo do real.
Neste preciso sentido, o homem constrói a sua própria natureza, sua organização
social, isto é, o homem é o demiurgo de sua história, transforma a sua natureza enquanto é
tranformada por ela neste processo que gera sempre novas necessidades e possibilidades,
produzindo, desta forma, novos nexos causais no processo teleológico8. Tal modificação – ou
tranformação – é possível através da categoria fundante do ser social, reiteramos, o trabalho.
Destarte, a afirmação de que a categoria do trabalho é a “protoforma da atividade
humana” (LUKÁCS, [197?]a; LESSA, 1996 apud ARAÚJO, 2007, p. 100) se mostra como
uma contribuição da obra lukacsiana que nos leva a concluir que esta categoria é de salutar
8
Isso significa dizer que, num processo de complexificação contínua e dinâmica, o trabalho, põe incessantemente novas
necessidades, para cuja resolução, surgem e se desenvolvem os diferentes complexos sociais que configuram a práxis
humana, com todos os seus contraditórios desdobramentos. Nesse complexo de relações, se tece a substância do ser social, tão
bem explicitada na formulação lukacsiana, como um complexo de complexos. Convém não se perder de vista que cada um dos
demais complexos sociais mantém com o trabalho, uma relação de dependência ontológica e de autonomia relativa e, só assim,
poderia assumir sua função própria no processo de reprodução social. Os diferentes complexos mantêm, por fim, com o trabalho,
uma relação de determinação recíproca, influenciando-se mutuamente, sob o primado da totalidade. (JIMENEZ et al, s/d, p. 7
grifo nosso)
importância para a “compreensão do método como processo de investigação e exposição do
seu resultado.” (Id. ibid., p. 100).
Araújo (2007, p. 99, grifo nosso), assim se posiciona sobre a categoria trabalho:
Nessa perspectiva, compreende-se o trabalho como categoria fundante do ser social,
pois é pela sua mediação que o processo de hominização/humanização se realiza.
Além disso, estamos diante de uma categoria central no processo de análise das
relações sociais, de compreensão da própria sociedade, pois é por intermédio do
trabalho que os homens garantem a sua existência enquanto seres sociais.
Concordamos com Chauí (1997) quando a autora postula que a filosofia marxista
recebe a determinação de materialismo porque para o homem são as condições materiais de
existência – e isso inclui as suas relações de produção – que determinam a forma de ser e de
pensar sobre a realidade posta.
Ainda apoiando-nos na autora, a filosofia marxista é histórica porque política e
sociedade jamais se originaram de vontades divinas ou ordem naturais – para sermos ainda
mais aguçados em nossa exposição, entendemos que tampouco seguem a lógica
durkheimniana e/ou weberiana – , muito pelo contrário, dependem da atividade humana
historicamente datada, tendo, portanto, os próprios homens como sujeitos de sua história.
Ao produzir, através do trabalho, a riqueza material da humanidade tranformando a
natureza, ou as suas condições materiais de existência, os homens contribuem,
concomitantemente, com o desenvolvimento histórico da organização social e para o
progresso da humanidade. Tal desenvolvimento mantém uma relação mútua com as mudanças
qualitativas observadas nas relações das estruturas econômicas, sociais, políticas, culturais e,
obviamente, as forças de produção. O resultado deste complexo é a geração de uma formação
social que é composta por um conjunto de relações de produção e um sistema de ideias e
relações ideológicas. (MARX & ENGELS, 1979)
Com efeito, o método materialista histórico e dialético tem como principal categoria
de investigação o trabalho – protoforma da atividade humana – e encontra no desvelamento
da formação social – que portanto, mantém uma relação de proximidade com as estruturas
econômicas e ideológicas – de uma determinada organização de sociedade o lócus do seu
material de estudo.
Soares (2007, p. 39, grifo nosso), nos mostra que:
Para o materialismo histórico, o conflito entre objetividade e subjetividade é uma
construção própria das relações sociais alienadas. De acordo com Lukács (1978),
não podemos cair em particularismos objetivos ou subjetivos, pois, no plano
ontológico, objetividade e subjetividade não se contrapõem, mas ao contrário,
interpenetram-se na constituição da vida social.
Reiteramos neste momento que, Marx não opõe indivíduo e sociedade, o homem é o
ser social, que possui no trabalho suas plenas condições de produzir toda a sua riqueza
material, tornando, desta forma, sua atividade – o trabalho – criativa, coletiva e
transformadora no sentido de atender às necessidades humanas. (MARX, 2004 apud
SOARES, 2007)
Contudo, neste esforço para expor a categoria fundante do ser social e seus
desdobramentos teóricos em breve texto, nos limitamos aqui, devido à isiguidade e à
brevidade do trabalho, a tentar mostrar o lócus da categoria trabalho – bem como exposto
acima – , categoria esta que se torna a condição primordial para a análise do método marxiano
e, consequentemente, para a compreensão da totalidade social de nossa organização social
capitalista em tempos de crise estrutural do capital.
2. À guisa de conclusão
Tal como podemos perceber neste breve estudo, o marxismo nos fornece subsídeos
irretorquíveis de que é possível “penetrar nas mais profundas determinações da
complexidade social para compreender como o ser social pode se constituir como um ser
propriamente humano” (JIMENEZ & SOARES, 2007, p. 78 grifo nosso). O método
elaborado pelo filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) conhecido como materialismo
hostórico e dialético – e portanto, pressuposto basilar para o marxismo – é uma poderosa
ferramenta de compreensão e análise das contradições que permeiam a atual forma de
organização social da humanidade pautada no modo de produção capitalista.
Sendo assim, tais fundamentos da obra de Karl Marx, acima expostos em brevidade,
coadunam também com a obra do filósofo húngaro György Lukács que, por sua vez,
fundamenta sua análise na ontologia do ser social. A partir dos fundamentos ontológicos
elaborados por estes dois grandes filósofos é possível, sem sombra de dúvidas, obter a
compreensão de qualquer fenômeno social.
Contudo, entendemos que tais pressupostos ontológicos são de salutar importância
para a compreensão do método chamado de materialismo histórico e dialético e,
consequentemente, para análise e compreensão da crise estrutural do capital (MÉSZÁROS,
2000) que assola a atual forma de sociabilidade da humanidade e que tende a se agravar cada
vez mais em suas contradições produzidas pela sua auto-reprodução, haja vista seu caráter
incontrolável.
Destarte, entendemos também que tais afirmações acima feitas incidem sobre a
questão do problema da transição para o socialismo que ainda não está tão clara tal como
achássemos que estivesse e tampouco parece ser um caminho a ser atingido tão somente
através da soma de reformas proclamadas hoje nos discursos de diversos partidos ditos
socialistas/comunistas e nos ideais dos pós-modernistas/pós-estruturalistas.
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