A filosofia da práxis em pauta: Um breve estudo do marxismo, socialismo e lutas de classe Bruno Alysson Soares Rodrigues1 Universiade Estadual do Ceará (PIBID/CAPES/Pedagogia) Daiana Gomes de Aguiar2 Universidade Estadual do Ceará RESUMO: No intuito de apresentar uma síntese do método de compreensão da realidade à luz do filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) – e portanto, concomitantemente, o método de compreensão da totalidade social regida sob a lógica de reprodução capitalista e suas respectivas contradições e interesses antagônicos de classe – expomos neste breve trabalho algumas das categorias inalienáveis da filosofia da práxis – para alguns e outros, marxismo. Sendo o trabalho a categoria fundante do ser social (LUKÁCS, 1979; LESSA, 1996; 2001; 2002; 2007; 2011a; 2011b; TONET, 2002; 2005; DUARTE, 2000; 2001) e o materialismo histórico e dialético a conditio sine qua non para a análise e compreensão de nossa atual e complexa organização social capitalista em Marx, este breve estudo tem por objetivo forcencer subsídeos basilares para a compreesão da questão da transição para o socialismo e entendimento das lutas de classe em tempos de crise estrutural (MÉSZÁROS, 1995; 2000; 2002;), haja vista, obviamente, as dificuldades e limites de expor a obra marxiana em sua totalidade em breve texto. Palavras-chaves: Trabalho; Socialismo; Materialismo histórico e dialético. 1 2 Bolsista do PIBID/CAPES (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência)-(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) do subprojeto de Pedagogia/UECE, graduando do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Estadual do Ceará (UECE) campus do Itaperi. Endereço para contato por e-mail: [email protected] Graduanda do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Estadual do Ceará (UECE) – campus do Itaperi. Endereço para contato por e-mail: [email protected] 1. Compreensão do método materialista histórico e dialético: A categoria fundante do ser social e alguns de seus desdobramentos teóricos O método materialista histórico e dialético – comumente chamado de método marxista – tem o próprio real, isto é, o complexo da realidade, como sujeito, pois a existência determina a consciência e não o oposto. Portanto, não se apresenta como um método subjetivista tal qual é o idealismo transcedental de Imannuel Kant (1724-1804) e demais idealismos filosóficos especulativos/contemplativos desprovidos de uma maior análise das contradições e antagonismos dos complexos reais/materiais em que estão postos, tampouco apresenta-se – o método marxista – como um positivismo que funda na passividade do pensamento e na realidade acabada a sua condição filosófica. Segundo Marx (1997) apud Araújo (2007, p. 97), “[...] a ontologia social parte da tese de que a essência dos fenômenos sociais é engendrada como processo histórico, dialético e contraditório.” Desta forma, concordamos com Tonet (2005), quando afirma que o pensamento marxiano mostra-se como uma perspectiva revolucionária e crítica para a compreensão da realidade social desde as suas raízes ontológicas no sentido de superação radical da ordem burguesa. O pensamento marxiano3 não se limita a uma simples crítica à teoria política ou econômica, haja vista que tal ideario seria cair nas profundezas abissais do reducionismo, o fundamento do pensamento marxiano é ser radical, e como o próprio Marx diz, ser radical é ir até as raízes ontológicas do fenômeno social. Com efeito, Jimenez et al (s/d, p. 2 grifo nosso), afirma que: [...] a pesquisa situada sob as coordenadas do marxismo, por mais específico que seja o fenômeno ou objeto tomado para estudo, deve estar necessariamente informada pela concepção de totalidade e, ao mesmo tempo, asseveramos que a totalidade não se reduz a um construto mental, mas trata-se de uma categoria do real, portando, por conseguinte, um estatuto ontológico, [...] Entendemos, pois, que, as teorizações vigentes apoiadas nas tendências pós-modernas e pós-marxistas não consideram a categoria da totalidade, assim como também não consideram suas determinações essenciais, substituindo-a por um ecletismo metodológico 3 O único pressuposto do pensamento de Marx é o fato de que os homens, para poderem existir, devem transformar constantemente a natureza. Esta é a base ineliminável do mundo dos homens. Sem a sua transformação, a reprodução da sociedade não seria possível. Esta dependência da sociedade para com a natureza, contudo, não significa que o mundo dos homens esteja submetido às mesmas leis e processos do mundo natural. Sem a reprodução biológica dos indivíduos não há sociedade; mas a história dos homens é muito mais do que a sua reprodução biológica. As lutas de classe, os sentimentos humanos, ou mesmo uma obra de arte, são alguns exemplos que demonstram que a vida social é determinada por outros fatores que não são biológicos, mas sociais. (LESSA, 2011a, p. 17 grifo nosso) oriundo da concepção burguesa de mundo pós 1848. (LESSA, 2007 apud JIMENEZ et al, s/d) Sendo assim, para compreender o pensamento marxiano em sua totalidade, de forma mais sintética, teríamos de fundamentar, ainda, nosso estudo em uma análise minuciosamente detalhada para as obras de Friedrich Hegel (1770-1831) – a qual Marx critica com radicalidade e inverte algumas de suas categorias, idealistas portanto, para então iniciar a fundamentação de seus postulados – e de Ludwing Feuerbach (1804-1872) – a qual Marx critica determinadas categorias das teorias materialistas feuerbachianas – para então entendermos como o filósofo alemão elabora suas principais teses de compreensão da totalidade da organização social capitalista, da ontologia do ser social4, seus desdobramentos ideo-políticos e suas contribuições para a compreensão do processo que envolve as lutas de classe e o problema da transição para o socialismo. Outrossim, é necessário nos posicionarmos para o fato de que não concordamos com posições neomarxistas, pós-marxistas, marxismo pós-moderno-crítico-reprodutivista e demais derivações pueris/utópicas e ultrajantes que tem surgido neste século XXI no cerne do pensamento de Marx – desde as hipóteses de que o trabalho manual estaria acabando diante da revolução informacional do avanço da tecnologia e se agregando ao trabalho intelectual até pressupostos teóricos que nos levam a galgar longos passos rumo à perda de perspectiva de sujeito revolucionário da classe proletária em autores como Adam Schaff (1990), Poulantzas (1975), Saviani (1994; 2000; 2003; 2005), Piore & Sabel (1984), Negri (1991), Jacques Nagel (1979), Mallet (1963), Jean Lojkine (1995), Francis Fukuyama (1992), João Bernardo (2000), André Gorz (1980) dentre outros que não citaremos aqui por falta de paciência no resgate das teorias, ao nosso ver, insustentáveis sob a base material do capital – , pois entendemos que não há adaptação, relativismo, ecletismo ou qualquer outra forma de compatibilidade artificialmente criada, mesmo que seja tênue, dos ideais de Marx em sua obra O Capital com os ideais ditos pós-modernos ou pós-estruturalistas, ideais estes que coadunam com a manutenção da lógica de auto-reprodução do capital e tentam de forma incansável obliterar a perspectiva de sujeito revolucionário da classe proletária. O marxismo, de Marx & Engels, pauta-se na superação da atual forma de organização social fundada no modo de produção capitalista, pois entendemos que não existe marxismo que busque tornar o capital mais humano. Desta forma, para situar o leitor em nosso pensamento, defendemos a necessidade de 4 A ontologia do ser social, desenvolvida por Marx e fundamento de sua obra, é impensável sem uma crítica radical da ordem burguesa, sustentada por uma perspectiva de classe. Pois, é partir de uma perspectiva ontológica, que Marx foi capaz de reproduzir idealmente o movimento do ser social na ordem burguesa, apresentando suas contradições e as possibilidades históricas de sua superação. (JIMENEZ et al, s/d, p. 4) refundação da teoria revolucionária, o que é radicalmente diferente de uma simples reconstrução, a qual nos conduz, na grande maioria das vezes, ao reformismo de partidos políticos que se dizem de esquerda, que mais parecem a direita da esquerda que também se diz revolucionária e que proclamam ser melhores gestores do capital do que a própria burguesia! A universalidade da categoria trabalho em Marx (1975) continua sendo a eterna necessidade de efetivar transformação da natureza e condição da reprodução social da vida humana assim como a particularidade da categoria trabalho abstrato que continua sendo um marco imprescindível da crítica revolucionária nos tempos em que vivemos. Sendo assim, somos radicalmente contra a ideia de alteração das categorias fundamentais/universais marxianas, tampouco defendemos a necessidade de atualização de tais categorias fundamentais onto-marxistas5, pois “não estamos passando, [...], por nenhuma alteração ontológica fundamental6 na forma como os homens organizam o intercâmbio orgânico com a antureza” (LESSA, 2011b, p. 345 grifo nosso), sendo que tal intercâmbio “continua imprescindível, sua ‘eternidade’, tal como afirmada por Marx, continua intocada” (Id., Ibid.) “Sabemos que, para Marx, crítico e revolucionário não era simplesmente um pensamento que fizesse críticas – mesmo que profundas e justas – mas aquele que conseguisse trazer à luz as raízes mais profundas de qualquer fenômeno social” (TONET, 2005, p. 5 grifo nosso). Desta forma, o marxismo, como método de compreensão a partir das condições materiais de existência, exige do leitor o conhecimento de pressupostos basilares que buscam, na perspectiva ontológica, a apreensão do real pela superação da empiricidade e do pragatismo.7 Destarte, avançemos então, no pensamento do filósofo alemão, acerca das determinações históricas do homem e sua categoria fundante, apoiando-nos, para tal feito, nas 5 6 7 [...] O trabalho – isto é, o intercâmbio orgânico homem/natureza – continua sendo a categoria fundante do ser social em geral, e de cada formação social em particular, porque é nele que é produzido o “conteúdo material da riqueza qualquer que seja a forma social desta”. Não há qualquer indício, por mais tênue, de que algo diferente estaria ocorrendo, mesmo nos setores econômicos mais desenvolvidos” (LESSA, 2011b, p. 345) [...] Não há hipótese de alteração de qualquer categoria fundamental de Marx, como a de trabalho, meis de produção, classes sociais, entre outras, sem que sejamos forçados a elaborar toda uma nova estrutura conceitual que substitua por completo o universo categorial marxiano. Tentar alterar apenas uma de suas categorias fundamentais, mantendo todo o resto, implica em infindáveis e insuperáveis contradições. Esta tem sido a experiência de toda a história do marxismo: podemos chegar à conclusão de que Marx não é mais o fundamental para a compreensão do real e adotarmos outros referenciais teóricos inteiramente distintos. Mas manter Marx, alterando “apenas” sua categoria trabalho, é um empreendimento fadado ao fracasso desde o seu início. E fracasso em duplo sentido. As teorizações serão, sempre, autocontraditórias, isto é, não terão sequer a coerência lógica necessária para terem o estatuto de ciência. E, por outro lado, não serão capazes de explicar o mundo em que vivemos, ao contrário das categorias que pretendem substituir. (LESSA, 2011b, p. 346 grifo nosso) Não devemos velar as mudanças do mundo em que vivemos, como também não devemos ceder ao empirismo e permitir que o impacto de algumas mudanças que, no curto prazo e de uma perspectiva pontual, parecem muito mais impressionantes do que no médio e longo prazos nos conduzam a uma visão desfocada da realidade. (LESSA, 2011b, p. 346) contribuições das obras de autores marxistas que, ao nosso ver, são dignos de confiança. Conforme Jimenez et al (s/d, p. 2, grifo nosso): Em contrário às interpretações de caráter economicista, determinista, positivista e dogmático da obra marxiana fundadas no imperialismo gnosiológico ou epistêmico que têm dominado a marxiologia, partimos, em suma, do princípio de que Marx instituiu um novo limiar de racionalidade, lançando os fundamentos de uma ontologia do ser social, portadora de uma concepção radicalmente nova e superior de compreender o mundo e, portanto, de fazer ciência e filosofia, reiterando, nessa trilha, a alegativa de Fortes (s/d, p. 2), de que “Contra o predomínio manipulatório a que se viu reduzida a ciência no mundo do capital, a ontologia [marxiana] recoloca o problema filosófico essencial do ser e do destino do homem”. Desta forma, a conditio sine qua non para a compreensão da totalidade da organização social capitalista, em Marx (1997), é a de que somos seres historicamente determinados pelas condições materiais de existência e consequentemente pelo desenvolvimeto das forças de produção – ou forças produtivas – , isto é, nossa forma de vida e organização social é determinada por uma atividade que distancia o homem dos outros animais e estabelece uma larga dicotomia entre o ser biológico e o ser social, tal categoria fundante é denomidada de trabalho (LUKÁCS, 1979; LESSA, 1996; 2001; 2002; 2007; 2011a; 2011b; TONET, 2002; 2005; DUARTE, 2000; 2001) e é por meio deste que nós, homens, interferimos nas condições materiais de existência e promovemos, portanto, o desenvolvimento das forças de produção. O homem tem em suas condições materiais objetivas a necessidade e a possibilidade de modificá-las, portanto, este homem torna-se, concomitantemente, o sujeito histórico do processo de tranformação da natureza, o homem é o demiurgo do real. Neste preciso sentido, o homem constrói a sua própria natureza, sua organização social, isto é, o homem é o demiurgo de sua história, transforma a sua natureza enquanto é tranformada por ela neste processo que gera sempre novas necessidades e possibilidades, produzindo, desta forma, novos nexos causais no processo teleológico8. Tal modificação – ou tranformação – é possível através da categoria fundante do ser social, reiteramos, o trabalho. Destarte, a afirmação de que a categoria do trabalho é a “protoforma da atividade humana” (LUKÁCS, [197?]a; LESSA, 1996 apud ARAÚJO, 2007, p. 100) se mostra como uma contribuição da obra lukacsiana que nos leva a concluir que esta categoria é de salutar 8 Isso significa dizer que, num processo de complexificação contínua e dinâmica, o trabalho, põe incessantemente novas necessidades, para cuja resolução, surgem e se desenvolvem os diferentes complexos sociais que configuram a práxis humana, com todos os seus contraditórios desdobramentos. Nesse complexo de relações, se tece a substância do ser social, tão bem explicitada na formulação lukacsiana, como um complexo de complexos. Convém não se perder de vista que cada um dos demais complexos sociais mantém com o trabalho, uma relação de dependência ontológica e de autonomia relativa e, só assim, poderia assumir sua função própria no processo de reprodução social. Os diferentes complexos mantêm, por fim, com o trabalho, uma relação de determinação recíproca, influenciando-se mutuamente, sob o primado da totalidade. (JIMENEZ et al, s/d, p. 7 grifo nosso) importância para a “compreensão do método como processo de investigação e exposição do seu resultado.” (Id. ibid., p. 100). Araújo (2007, p. 99, grifo nosso), assim se posiciona sobre a categoria trabalho: Nessa perspectiva, compreende-se o trabalho como categoria fundante do ser social, pois é pela sua mediação que o processo de hominização/humanização se realiza. Além disso, estamos diante de uma categoria central no processo de análise das relações sociais, de compreensão da própria sociedade, pois é por intermédio do trabalho que os homens garantem a sua existência enquanto seres sociais. Concordamos com Chauí (1997) quando a autora postula que a filosofia marxista recebe a determinação de materialismo porque para o homem são as condições materiais de existência – e isso inclui as suas relações de produção – que determinam a forma de ser e de pensar sobre a realidade posta. Ainda apoiando-nos na autora, a filosofia marxista é histórica porque política e sociedade jamais se originaram de vontades divinas ou ordem naturais – para sermos ainda mais aguçados em nossa exposição, entendemos que tampouco seguem a lógica durkheimniana e/ou weberiana – , muito pelo contrário, dependem da atividade humana historicamente datada, tendo, portanto, os próprios homens como sujeitos de sua história. Ao produzir, através do trabalho, a riqueza material da humanidade tranformando a natureza, ou as suas condições materiais de existência, os homens contribuem, concomitantemente, com o desenvolvimento histórico da organização social e para o progresso da humanidade. Tal desenvolvimento mantém uma relação mútua com as mudanças qualitativas observadas nas relações das estruturas econômicas, sociais, políticas, culturais e, obviamente, as forças de produção. O resultado deste complexo é a geração de uma formação social que é composta por um conjunto de relações de produção e um sistema de ideias e relações ideológicas. (MARX & ENGELS, 1979) Com efeito, o método materialista histórico e dialético tem como principal categoria de investigação o trabalho – protoforma da atividade humana – e encontra no desvelamento da formação social – que portanto, mantém uma relação de proximidade com as estruturas econômicas e ideológicas – de uma determinada organização de sociedade o lócus do seu material de estudo. Soares (2007, p. 39, grifo nosso), nos mostra que: Para o materialismo histórico, o conflito entre objetividade e subjetividade é uma construção própria das relações sociais alienadas. De acordo com Lukács (1978), não podemos cair em particularismos objetivos ou subjetivos, pois, no plano ontológico, objetividade e subjetividade não se contrapõem, mas ao contrário, interpenetram-se na constituição da vida social. Reiteramos neste momento que, Marx não opõe indivíduo e sociedade, o homem é o ser social, que possui no trabalho suas plenas condições de produzir toda a sua riqueza material, tornando, desta forma, sua atividade – o trabalho – criativa, coletiva e transformadora no sentido de atender às necessidades humanas. (MARX, 2004 apud SOARES, 2007) Contudo, neste esforço para expor a categoria fundante do ser social e seus desdobramentos teóricos em breve texto, nos limitamos aqui, devido à isiguidade e à brevidade do trabalho, a tentar mostrar o lócus da categoria trabalho – bem como exposto acima – , categoria esta que se torna a condição primordial para a análise do método marxiano e, consequentemente, para a compreensão da totalidade social de nossa organização social capitalista em tempos de crise estrutural do capital. 2. À guisa de conclusão Tal como podemos perceber neste breve estudo, o marxismo nos fornece subsídeos irretorquíveis de que é possível “penetrar nas mais profundas determinações da complexidade social para compreender como o ser social pode se constituir como um ser propriamente humano” (JIMENEZ & SOARES, 2007, p. 78 grifo nosso). O método elaborado pelo filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) conhecido como materialismo hostórico e dialético – e portanto, pressuposto basilar para o marxismo – é uma poderosa ferramenta de compreensão e análise das contradições que permeiam a atual forma de organização social da humanidade pautada no modo de produção capitalista. Sendo assim, tais fundamentos da obra de Karl Marx, acima expostos em brevidade, coadunam também com a obra do filósofo húngaro György Lukács que, por sua vez, fundamenta sua análise na ontologia do ser social. A partir dos fundamentos ontológicos elaborados por estes dois grandes filósofos é possível, sem sombra de dúvidas, obter a compreensão de qualquer fenômeno social. Contudo, entendemos que tais pressupostos ontológicos são de salutar importância para a compreensão do método chamado de materialismo histórico e dialético e, consequentemente, para análise e compreensão da crise estrutural do capital (MÉSZÁROS, 2000) que assola a atual forma de sociabilidade da humanidade e que tende a se agravar cada vez mais em suas contradições produzidas pela sua auto-reprodução, haja vista seu caráter incontrolável. Destarte, entendemos também que tais afirmações acima feitas incidem sobre a questão do problema da transição para o socialismo que ainda não está tão clara tal como achássemos que estivesse e tampouco parece ser um caminho a ser atingido tão somente através da soma de reformas proclamadas hoje nos discursos de diversos partidos ditos socialistas/comunistas e nos ideais dos pós-modernistas/pós-estruturalistas. Referências Bibliográficas ARAÚJO, L. B. de C. Notas sobre a contribuição da categoria trabalho no processo de investigação e exposição. In. VÁRIOS AUTORES. Contra o pragmatismo e a favor da filosofia da práxis: Uma coletânea de estudos classistas / Susana Jimenez, Rômulo Soares, Maurilene do Carmo, Cristiane Porfírio (Organizadores) – Fortaleza: EDUECE, 2007. p. 97106. BERNARDO, J. Transicionalização do capital e fragmentaçãoo dos trabalhadores. São Paulo: Boitempo, 2000. CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 9ª ed. São Paulo: Editora Ática, 1997. DUARTE, Newton. Vigotski e o “aprender a aprender”: crítica às apropriações neoliberais e pós-modernas da teoria vigotskiana. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2001. FUKUYAMA, F. The end of history and the last man. Nova York: Free Press, 1992. GORZ, A. (Orgs.) Crítica da divisão do trabalho. São Paulo: Martins Fontes, 1980. JIMENEZ, M. S. V.; SOARES, R. Marxismo versus teoricismos e ativismos. In. VÁRIOS AUTORES. Contra o pragmatismo e a favor da filosofia da práxis: Uma coletânea de estudos classistas / Susana Jimenez, Rômulo Soares, Maurilene do Carmo, Cristiane Porfírio (Organizadores) – Fortaleza: EDUECE, 2007. p. 63-80. _________________.; COSTA, Frederico; MORAES, Betânia; SEGUNDO, Maria das Dores Mendes; GONÇALVES, Ruth Maria de Paula; JOVINO, Wildiana; BRAGA, Samara Almeida Chaves. A ontologia marxiana e a pesquisa educacional: Pressupostos teóricos e exigências metodológicas. s/d. Disponível em http://www.4shared.com/office/8h- eUO58/artigo_a_ontologia_marxiana_e_.html acesso em 2 de julho de 2012 às 19:14hs LOJKINE, J. A revolução informacional. São Paulo: Cortez, 1995. LESSA, S. A ontologia de Lukács. Maceió: EdUFAL, 1996. ________. O método. Fortaleza: UFC, 2001. (Mimeografado). ________. Mundo dos homens. São Paulo : Boitempo, 2002. ________. Trabalho e proletariado no capitalismo contemporâneo. São Paulo: Cortez, 2007. ________. Introdução à filosofia de Marx / Sérgio Lessa, Ivo Tonet. 2. ed. São Paulo – Expressão Popular, 2011a. ________. Trabalho e proletariado no capitalismo contemporâneo / Sérgio Lessa. 2. ed. São Paulo : Cortez, 2011b. LUKÁCS, G. Ontologia do ser social: os princípios ontológicos fundamentais de Marx. São Paulo: Liv. Ed. Ciêncas Humanas, 1979. MALLET, S. La nouvelle classe ouvrière. Paris: Éditions du Sueil, 1963. MARX, K. O método da economia política. São Paulo: IFCH/UNICAMP, 1997. _________. O Capital. Rio de Janeiro, L. 1, v. 1, 1975. _________; ENGELS, F. A Ideologia Alemã. 2ª ed. São Paulo: Livraria e Editora Ciências Humanas, 1979. ____________________. Manifesto do partido comunista. 2. ed. São Paulo: Editora Instituto José Luís e Rosa; Sunderman, 2008. MÉSZÁROS, István. A crise estrutural do capital. In: Outubro. no. 4. São Paulo: Xamã, março, 2000. _________________. Beyond capital. London: The Merlin Press, 1995. _________________. Para além do capital. São Paulo: Boitempo/Ed. Da Unicamp, 2002. MORAES, B. M. O estatuto ontológico da obra marxiana: Pensando em Chasin. In. VÁRIOS AUTORES. Contra o pragmatismo e a favor da filosofia da práxis: Uma coletânea de estudos classistas / Susana Jimenez, Rômulo Soares, Maurilene do Carmo, Cristiane Porfírio (Organizadores) – Fortaleza: EDUECE, 2007. p. 81-96. NAGEL, J. Trabalho colectivo e trabalho improdutivo na evolução do pensamento marxista. Lisboa: Ed. Prelo, 1979. NEGRI, A. Marx beyond Marx. EUA/Inglaterra: Autonomedia/Pluto Press, 1991. PIORE, M.; SABEL, C. The second industrial divide. Nova York: Basic Books, 1984. POULANTZAS, N. Classes in contemporary capitalism. Londres: Verso, 1995. SAVIANI, D. O trabalho como princípio educativo frente as novas tecnologias. In: FERRETI, C. J. et al (Orgs.) Tecnologias, trabalho e educação. Rio de janeiro: Vozes, 1994. ___________. Pedagogia histórico-crítica. 7. ed. Campinas: Autores Associados, 2000. ___________. A materialidade da ação pedagógica e os desafios da pedagogia históricocrítica. In: Pedagogia histórico-crítica. 9. ed. Campinas: Autores Associados, 2003. ___________. Pedagogia histórico-crítica. 9. ed. ampl. Campinas: Autores Associados, 2005. SCHAFF, A. A sociedade informática. São Paulo: Unesp, 1990. SILVA, S. A. da & SILVA, S. C. Trabalho docente e precarização do ensino superior do Ceará. In. VÁRIOS AUTORES. Contra o pragmatismo e a favor da filosofia da práxis: Uma coletânea de estudos classistas. Susana Jimenez, Rômulo Soares, Maurilene do Carmo, Cristiane Porfírio (Organizadores) – Fortaleza: EDUECE, 2007, p. 293-308. SOARES, R. Apontamentos críticos contra o pragmatismo e a favor da filosofia da práxis. In. VÁRIOS AUTORES. Contra o pragmatismo e a favor da filosofia da práxis: Uma coletânea de estudos classistas / Susana Jimenez, Rômulo Soares, Maurilene do Carmo, Cristiane Porfírio (Organizadores) – Fortaleza: EDUECE, 2007. p. 29-46. TONET, I. Sobre o socialismo. Curitiba – PR: HD Livros editora, 2002. ________. A educação numa encruzilhada. Educação (UFAL), Maceió - AL, v. 19, p. 3353, 2003. ________. Em defesa do futuro / Ivo Tonet. – Maceió: EdUFAL, 2005.