MARX, Karl. Nova Gazeta Renana. [Apresentação e tradução: Lívia Cotrim]. São Paulo: Educ, 2010 (612 p.) Após tantos anúncios fúnebres, a obra de Marx continua viva e gozando de boa saúde. Nesses tempos de globalização e domínio do capital financeiro, a presença acachapante do capital em todo o planeta tornou-se tão evidente que até adversários tradicionais do marxismo recorrem a O Capital para tentar entender os abalos que volta e meia sacodem a economia capitalista. Hoje, a economia mundial, como uma totalidade, tornou-se enfim visível graças aos recursos da informática e à hegemonia do capital financeiro. Na contramão da história, contudo, firmouse o pensamento pós-moderno, celebrando a fragmentação e a anulação do referente. Contra essa vaga irracionalista, os estudiosos sérios voltaram a debruçar-se sobre as implicações ontológicas da obra de Marx como antídoto para travar o bom combate. O livro que o leitor tem em mãos nos apresenta outro momento da obra marxiana: aquele em que o autor participa diretamente da ação política revolucionária e reflete sobre ela. As páginas da Nova Gazeta Renana, apresentam o desenrolar da revolução e da contra-revolução de 1848-9. As particularidades da Alemanha e da França, as relações entre luta política e luta social, revolução burguesa e revolução proletária, são temas que ligam a atividade do jornalista com a do historiador. A importância desses textos, realçada pelo trabalho pioneiro de Fernando Claudin, reaparece agora, para o público brasileiro, graças ao trabalho meticuloso de Lívia Cotrim, que, além da tradução, escreveu uma primorosa apresentação. Esse alentado volume, sem dúvida, é um feito editorial da EDUC. Obra de referência destinada a ter boa acolhida entre os historiadores e o público interessado em conhecer o pensamento de Marx. Celso Frederico Professor da ECA-USP [Texto da orelha] 162