Arauto do Amor (Iva Tai/Manaus-AM) Iva Tai Arauto do Amor A esmo todo encanto se perde, quando do coração adorado verte-se fel. E dos lábios desejados se houve a descrença, a inegável ausência da fé. Vem fogo devorador! E a charrua alada lavra a terra, de toda a herança do desdém. Em voracidade de palavras, algures lançadas ao vento, em chuva que nutre e semeia. Alma incrédula, desperta! O tosco sorriso que meneias, denuncia tua postura enganadora. Teu toque escarnando a pele, faz brotar o fluido escarlate em dor lenta e visceral. 1 E de minhas pupilas dilata a razão cruel. Defines e definhas o sentimento uno, feito leite escasso e azedo, que ofereces com receios. Não faças assim... Este prodígio é da serpente, chaga humana das vaidades, ávida pelas lamúrias sôfregas dos corpos banalizados. Segue! Se permita! Receba do coração febril a raiz do verdadeiro mel. Juncado por eras... Preste a fenecer para dar vida as magnólias silvestres. A esta tua crença, renegues! Não há couraça no amor. A ave cristalina nasce no sorvedouro dos laços, em cântaros balizados pela ternura. No naufrágios dos sentidos torpes, em favor da avidez cândida da variedade na unidade, e da unidade na variedade. A pomba é ave translúcida, e faz seu ninho no coração das eras. É o amor muito além 2 de dois corpos em ânsias. É muito mais que chagas abertas e lacrimosas, ou foices em rebentos desatinados. O amor é um mergulho em si mesmo, transbordando para outrem. Um divisor que soma as partes, calêndula tranqüila dos dias, mãos calejadas que ajudam, olhos que se procuram, e sorrisos que encantam a vida. Creias, e aceite o presente divino! Iva Tai Obra original disponível em: http://www.overmundo.com.br/banco/arauto-do-amor-iva-taimanaus-am 3