Documentos ISSN 0102-0110 Junho, 2006 179 UTILIZAÇÃO E MANUNTENÇÃO DO LABORATÓRIO DE QUÍMICA DE PRODUTOS NATURAIS (LPN) DA EMBRAPA RECURSOS GENÉTICOS E BIOTECNOLOGIA ISSN 0102 0110 Junho, 2006 Recursos Genéticos e Biotecnologia Documentos 179 UTILIZAÇÃO E MANUNTENÇÃO DO LABORATÓRIO DE QUÍMICA DE PRODUTOS NATURAIS (LPN) DA EMBRAPA RECURSOS GENÉTICOS E BIOTECNOLOGIA Tânia da Silveira Agostini Costa Roberto Fontes Vieira Brasília, DF 2006 Exemplares desta edição podem ser adquiridos na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Serviço de Atendimento ao Cidadão Parque Estação Biológica, Av. W/5 Norte (Final) – Brasília, DF CEP 70770-900 – Caixa Postal 02372 PABX: (61) 448-4600 Fax: (61) 3403624 http://www.cenargen.embrapa.br e.mail:[email protected] Comitê de Publicações Presidente: Sergio Mauro Folle Secretário-Executivo: Maria da Graça Simões Pires Negrão Membros: Arthur da Silva Mariante Maria de Fátima Batista Maurício Machain Franco Regina Maria Dechechi Carneiro Sueli Correa Marques de Mello Vera Tavares de Campos Carneiro Supervisor editorial: Maria da Graça S. P. Negrão Normalização Bibliográfica: Maria Iara Pereira Machado Editoração eletrônica: Maria da Graça S. P. Negrão Fabrício Lopes dos Reis Rodrigues 1ª edição 1ª impressão (2006): Todos os direitos reservados. A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo o em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610) C 837 Costa, Tânia da Silveira Agostini Utilização e manutenção do laboratório de química de produtos naturais (lpn) da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia / Tânia da Silveira Agostini Costa, Roberto Fontes Vieira. – Brasília, DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2006. 15 p. (Documentos / Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 0102 – 0110; 179). 1. Laboratório de química - produtos naturais - Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. I. Vieira, Roberto Fontes. II. Título. III. Série 542.1 – CDD 21. AUTORES Tânia da Silveira Agostini Costa Pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Caixa Postal 02372, Brasília, DF, 70.770-900, Brasília, DF. E-mail: [email protected]; Roberto Fontes Vieira Pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Caixa Postal 02372, Brasília, DF, 70.770-900, Brasília, DF. E-mail: [email protected] SUMÁRIO RESPONSABILIDADES ................................................................................................................. 6 ACIDENTES MAIS COMUNS ENVOLVENDO LABORATÓRIOS DE ALIMENTOS ................... 7 RECOMENDAÇÕES GERAIS ....................................................................................................... 7 ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS QUÍMICOS ....................................................................... 8 MANUSEIO DE REAGENTES E SOLVENTES ............................................................................ 8 ÁLCALIS ....................................................................................................................................... 15 PRODUTOS QUÍMICOS INCOMPATÍVEIS PARA FINS DE ARMAZENAGEM .......................... 9 USO DE EQUIPAMENTOS............................................................................................................ 9 DERRAMAMENTOS ACIDENTAIS DE PRODUTOS QUÍMICOS .............................................. 10 PROCEDIMENTOS EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA ......................................................... 11 TOXICIDADE DE ALGUNS PRODUTOS QUÍMICOS USADOS EM LABORATÓRIO .............. 14 SOLVENTES ORGÂNICOS. ........................................................................................................ 14 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 15 UTILIZAÇÃO E MANUNTENÇÃO DO LABORATÓRIO DE QUÍMICA DE PRODUTOS NATURAIS (LPN) DA EMBRAPA RECURSOS GENÉTICOS E BIOTECNOLOGIA _______________________________________ Tânia da Silveira Agostini Costa Roberto Fontes Vieira Objetivo do laboratório: executar a extração, separação, identificação e quantificação de substâncias portadoras de propriedades funcionais presentes em recursos genéticos nativos ou adaptados ao clima e ao solo brasileiros. Usuário: pesquisador, técnico de laboratório, assistente de pesquisa, laboratorista, auxiliar de laboratório, estagiário, visitante, bolsista. RESPONSABILIDADES Responsável técnico pelo laboratório: 1) providenciar a aquisição de equipamentos, reagentes, vidrarias e demais insumos necessários às atividades do laboratório; 2) providenciar o conserto de equipamentos e a manutenção das instalações do laboratório; manter atualizada a memória do laboratório. Auxiliar de pesquisa, técnico de laboratório e laboratorista: 1) executar as tarefas previstas no plano de cargo e salários; 2) observar o cumprimento da presente norma; 3) controlar o uso de reagentes e equipamentos; 4) informar ao responsável técnico do laboratório a situação dos equipamentos, a disponibilidade de reagentes, vidrarias, equipamentos e condições de segurança e demais materiais; 5) registrar no livro memória as análises efetuadas. Usuários: 1) observar o cumprimento da presente norma; 2) registrar as análises efetuadas no livro memória; 3) anotar no fichário a quantidade dos reagentes utilizados. Líder do projeto: 1) incluir na memória de cálculo do projeto os reagentes e equipamentos e manutenções necessárias para a execução das análises previstas; 2) providenciar o treinamento do usuário em técnicas e métodos que não sejam rotina do laboratório. ACIDENTES MAIS COMUNS ENVOLVENDO LABORATÓRIOS DE ALIMENTOS (ASSOCIAÇÃO..., 1995) Os acidentes são mais comuns nos laboratórios de físico-química (80%) do que nos de microbiologia (20%), devido ao tipo de atividade que envolve o maior uso de substâncias potencialmente perigosas e de vidrarias de diversos tipos; Do total de acidentes, as queimaduras ocorrem em maior porcentagem (50%), seguidas de ferimentos por corte (30%) e de pequenos incêndios em bancadas (10%), além de outros (10%); Do total de acidentes por queimaduras e por cortes, 90% e 60% deles, respectivamente, ocorrem em laboratórios de físico-química e 10% e 40%, respectivamente, em laboratórios de microbiologia; Um levantamento de causas dos diversos acidentes mostrou que 95% deles ocorrem por imperícia dos técnicos e 5% por problemas de manutenção de vidrarias e equipamentos, reafirmando a importância do treinamento. RECOMENDAÇÕES GERAIS (ASSOCIAÇÃO..., 1995; UNICAMP, 1997) CUIDADOS PESSOAIS É obrigatório o uso de avental (jaleco) por todos os usuários do laboratório; os aventais de laboratório devem ser usados fechados; Os calçados dos usuários devem ser, preferencialmente, fechados; Objetos pessoais, como casacos, bonés, guarda chuvas, bolsas, etc. devem ser guardados em armários ou gavetas fora do laboratório; Pessoas com cabelos compridos deverão prendê-los; Lentes de contacto não devem ser utilizadas em laboratórios, pois podem ser danificadas por produtos químicos e causar lesões graves nos olhos; Os aventais de laboratório, luvas, máscaras ou outras vestimentas NÂO devem ser utilizados quando deixar o laboratório para áreas públicas ou lugares onde alimentos estiverem sendo consumidos; Alimentos, doces, gomas de mascar e bebidas devem ser guardados e consumidos fora do laboratório; NUNCA leve as mãos às bocas ou aos olhos quando estiver manuseando produtos químicos; NUNCA comer ou beber material para análise de laboratório; é PROIBIDO testar amostra ou reagentes pelo gosto e os odores devem ser verificados com muito cuidado; É PROIBIDO fumar no laboratório; Não executar ações que possam envolver risco, quando estiver sob tensão emocional; Não carregar volumes em excesso ou que possam obstruir a visão; usar um carrinho para o transporte de volumes maiores; Não brincar durante o trabalho no laboratório, para evitar distração; Programar as atividades com os colegas de laboratório para evitar a ocorrência de eventos incompatíveis no mesmo local; Receber visitas apenas fora do recinto do laboratório, pois elas não conhecem as normas de segurança, não estão adequadamente vestidas e causam distração; Não é permitida a presença de crianças em laboratório; Proibido trabalhar sozinho, depois da hora de expediente. MANUSEIO DE REAGENTES E SOLVENTES Os reagentes de uso comum, bem como os de uso restrito, somente poderão ser utilizados mediante solicitação expressa ao pesquisador responsável pela aquisição ou ao responsável técnico do laboratório; Conhecer por completo os métodos e o grau de periculosidade de todos os reagentes manipulados no laboratório; Transportar COM SEGURANÇA os frascos de reagentes e solventes, utilizando sempre bandejas e carrinhos apropriados para maiores volumes; manusear CUIDADOSAMENTE os frascos de reagentes e solventes; Obrigatório o uso de óculos de proteção e capela de exaustão para as operações com produtos tóxicos e voláteis; Obrigatório o uso de óculos de proteção sempre que for usar as capelas ou em outras situações potencialmente perigosas; Não abrir desnecessariamente frascos de reagentes voláteis e tóxicos na bancada e fora da capela; As substâncias inflamáveis devem ser manuseadas em locais distantes de fontes de aquecimento; O uso de pipetadores é requerido, sempre que se usar pipetas; NUNCA retorne reagentes aos frascos originais, mesmo que não tenham sido utilizados; reserve-os em um frasco a parte, devidamente identificado; OBRIGATÓRIO o uso de RÓTULOS de identificação em todos os frascos de reagentes e de amostras estocados: 1) nome da substância estocada, 2) concentração, 3) data de preparo, 4) nome do analista que preparou. Frascos não rotulados serão descartados; Verificar os prazos de validade das soluções e encaminhar as vencidas para o descarte, após confirmação com o responsável pelo laboratório; Sinais de advertência devem ser utilizados quando condições perigosas puderem ocorrer. ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS QUÍMICOS Todos os produtos armazenados devem estar devidamente rotulados. Frascos não identificados serão descartados; Verificar os prazos de validade dos produtos e encaminhar os vencidos para o descarte, após confirmar esta ação com o responsável técnico pelo laboratório; Os produtos corrosivos, ácidos e bases, devem ficar em armários e prateleiras próximos do chão, se possível com exaustão; o mesmo pode-se dizer para os inflamáveis e explosivos, que devem manter grande distância em metros de produtos oxidantes; Peroxidáveis 1. São produtos que armazenados na presença de oxigênio podem formar peróxidos, que podem ser notados pelo surgimento de sólidos nos líquidos; exemplos de peroxidáveis: éter etílico e isopropílico, tetraidrofurano, dioxano, ciclo-hexano, estireno, etc.; Peroxidáveis 2. Ao abrir o frasco, anotar a data de abertura e estocar convenientemente em local escuro e fresco; após muitos meses de armazenamento, descartar, prevendo possíveis explosões; nunca descartar junto com outros produtos químicos. PRODUTOS QUÍMICOS INCOMPATÍVEIS PARA FINS DE ARMAZENAGEM Líquidos inflamáveis: incompatível com ácido nítrico, nitrato de amônio, peróxidos, óxido de cromo VI, flúor, cloro, bromo e hidrogênio; Hidrocarbonetos: incompatível com ácido crômico, flúor, cloro, bromo e peróxidos; Ácido acético: incompatível com peróxidos, ácido nítrico, ácido crômico, ácido perclórico, permanganatos e etilenoglicol; Ácido sulfúrico: incompatível com cloratos, percloratos, permanganato de potássio e seus sais; Ácido nítrico concentrado: incompatível com líquidos e gases inflamáveis, ácido acético, ácido cianídrico, anilinas, ácido crômico, óxidos de cromo VI e sulfeto de hidrogênio; Amônia anidra: incompatível com mercúrio, iodo, cloro, hipoclorito de cálcio, bromo e ácido fluorídrico; Anidrido acético: incompatível com ácido perclórico; Carvão ativo: incompatível com dicromatos, permanganatos, ácido nítrico, ácido sulfúrico e hipoclorito de cálcio; Cianetos: incompatíveis com ácidos; Cobre metálico: incompatível com acetileno e peróxido de hidrogênio; Iodo: incompatível com hidróxido de amônio, acetileno e hidrogênio. USO DE EQUIPAMENTOS Não use nenhum equipamento em que não tenha sido treinado ou autorizado a utilizar; o usuário deverá instrui-se antes de usar os equipamentos, procurando o responsável técnico pelo laboratório e atentando para as orientações contidas nos POPs; O usuário informará com antecedência mínima de 48 horas, a necessidade de uso de equipamentos; CERTIFIQUE-SE DA TENSÃO DE TRABALHO DA APARELHAGEM antes de conectá-la à rede elétrica; quando não estiverem em uso, os aparelhos devem permanecer desconectados; O usuário deverá anotar as informações solicitadas nos formulários adequados para cada equipamento; em caso de constatação de avarias, o usuário deverá comunicar ao responsável técnico do laboratório para que tome as devidas providências; O usuário deverá limpar os equipamentos e os acessórios, após o uso; Obrigatória a inspeção periódica (quinzenal) do conjunto de chuveiro de emergência / lava olhos, que é responsabilidade do técnico de laboratório. ORGANIZAÇÃO E LIMPEZA DO LABORATÓRIO É obrigação dos funcionários, estagiários, bolsistas e visitantes manter o laboratório limpo e em ordem; Cada usuário do laboratório é responsável pela limpeza de sua bancada e da vidraria utilizada; os experimentos devem ser programados para que haja tempo suficiente para a limpeza da bancada e da vidraria; As bancadas devem ser organizadas e não apresentar papéis, reagentes e vidrarias desnecessários; NUNCA descartar solventes e ácidos em pias; o descarte deve ser feito em recipientes apropriados e devidamente rotulados para cada tipo de descarte; Vidrarias utilizadas devem ser esvaziadas das soluções e solventes e enxaguadas com água corrente antes de serem depositadas na bacia com água de limpeza; Nunca deixar vidrarias usadas sobre as bancadas do laboratório; As vidrarias que forem depositadas na bacia com água de limpeza DEVEM SER LAVADAS DENTRO DE 48 HORAS, no máximo; A água de limpeza deve ser preparada com detergente neutro 1% e ser renovada duas vezes por semana ou mais, conforme a necessidade; O ENXÁGÜE DA VIDRARIA DEVE SER RIGOROSO, para evitar futuros problemas durante a análise; a última água de enxágüe deve ser destilada; As VIDRARIAS SECAS DEVEM SER GUARDADAS COM TAMPAS próprias e/ou de papel alumínio ou com a boca voltada para baixo, conforme o caso, para evitar depósitos de poeira; Vidrarias lascadas ou trincadas devem ser descartadas; Todo derramamento de produtos e reagentes deve ser limpo imediatamente, protegendose, se necessário; ácidos e bases fortes devem ser neutralizados antes da limpeza; No caso de derramamento de líquidos inflamáveis, produtos tóxicos ou corrosivos, interromper imediatamente o trabalho, avisar as pessoas próximas sobre o acidente e efetuar ou solicitar a limpeza imediatamente, conforme o procedimento específico para esta situação descrito a seguir. DERRAMAMENTOS ACIDENTAIS DE PRODUTOS QUÍMICOS Além da exposição crônica, caracterizada pela alta volatilidade dos solventes acima citados, temos outro tipo de exposição provocada pelo derramamento ou quebra acidental do recipiente de contenção. Este tipo de acidente leva a uma exposição aguda a quem estiver nas proximidades no momento do acidente e a uma exposição continuada após o acidente, pois certamente parte do solvente se infiltrará no piso e lentamente se dispersará pelo ambiente nos dias seguintes. Recomendações: 1. Nos casos de maior impacto, recomenda-se ventilar a área e limitar a circulação naquele dia. 2. Comunicar o responsável pelo laboratório; 3. Proteger-se com máscara de respiração, luvas, óculos e outros EPIs adequados; 4. Apagar as chamas; 5. Desligar aparelhos, aquecedores elétricos, estufas, muflas, etc.; 6. Permitir exaustão e/ou ventilação do ambiente; 7. Utilizar materiais para contenção de derramamentos de ácidos [Ca(OH)2] ou de solventes [AREIA SECA, vermiculite, terra diatomácea, carvão ativo ou mesmo terra seca, de preferência sem matéria orgânica; papel toalha ou tecido de algodão podem ser empregados para absorção de pequenos volumes de solventes]. 8. Remover com uma pá a massa resultante, colocando-a em caixas ou bombonas plásticas com tampa, em caso de solventes orgânicos, ou em recipientes metálicos convenientes, caso o produto reaja ou dissolva o plástico. 9. Providenciar a limpeza do local e deixar ventilar até não se ter mais vapores residuais no ar. PROCEDIMENTOS EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA QUEIMADURAS. Lesões na pele ocasionadas por agentes físicos (fogo, eletricidade, radiações) ou químicos (acidos, soda ou potassa cáustica, solventes). Todas as queimaduras devem ser examinadas por um médico ou enfermeiro com urgência, excetuando-se os casos em que a pele esteja apenas avermelhada e se trate de pequena área queimada. Quanto maior a extensão, maior risco corre o acidentado. QUEIMADURAS TÉRMICAS DE PEQUENA EXTENSÃO Não fure as bolhas; Evite tocar com as mãos a área queimada; Lave com água a área queimada; Ponha sobre a queimadura: a) uma gaze ou pano limpo embebido numa solução de bicarbonato de sódio, enfaixando frouxamente; ou b) passe vaselina esterilizada sobre as partes queimadas, cobrindo com gaze ou pano limpo; ou c) pincele a queimadura com água boricada, cobrindo com gaze ou pano limpo. QUEIMADURAS TÉRMICAS DE MÉDIAS E DE GRANDES EXTENSÕES Deite a vítima; Coloque a cabeça e o tórax da vítima em plano inferior ao resto do corpo. Se possível levante suas pernas; Se a vítima estiver consciente, dê bastante líquido para beber (nunca bebidas alcoólicas); Dê medicação contra a dor; Coloque um pano limpo sobre a superfície queimada; Recursos médicos urgentes, se possível em ambulância. Não demore! QUEIMADURAS DE PEQUENA EXTENSÃO, POR AGENTES QUÍMICOS Lave lentamente com grande quantidade de água; Cubra com gaze ou pano limpo; Dependendo da parte atingida (olhos, face, boca, órgãos genitais, etc) procure logo um médico; Não usar pomadas para queimaduras com calor ou fogo. QUEIMADURAS DE MÉDIA E GRANDE EXTENSÕES, POR AGENTES QUÍMICOS Lave a área atingida com bastante água; Aplique jato de água, enquanto retira as roupas da vítima; Coloque a cabeça e o tórax da vítima em plano inferior ao resto do corpo. Se possível levante suas pernas; Se a vítima estiver consciente, dê bastante líquido para beber (nunca bebidas alcoólicas); Dê medicação contra a dor; Não aplique bicarbonatos, ungüentos ou outras substâncias em queimaduras externas; Não retire corpos estranhos ou graxas das lesões; Não fure as bolhas; Não toque com as mãos. QUEIMADURAS NOS OLHOS Lavar os olhos com água abundante; se possível, com soro fisiológico durante vários minutos; Vendar os olhos com uma gaze ou pano limpo; Levar ao médico com a possível urgência. FERIMENTOS LEVES Lavar as mãos com água e sabão, antes de fazer o curativo; Lavar a parte atingida com água e sabão, removendo, do local, eventuais corpos estranhos, como terra, fragmentos de vidros etc.; Colocar água oxigenada sobre o ferimento; Cobrir o local com gaze esterilizada, não deixando o ferimento aberto. FERIMENTOS PROFUNDOS COM HEMORRAGIA Estancar a hemorragia, mantendo o membro atingido em elevação e comprimir o local com gaze esterilizada ou pano limpo até parar a hemorragia; Se a compressa não for suficiente para estancar a hemorragia, aplicar um torniquete: passar uma faixa de algodão; a seguir, uma faixa de pano sobre a de algodão e dar meio nó; colocar um pedaço de madeira e dar outro nó com as pontas do pano; girar o pedaço de madeira vagarosamente, comprimindo o suficiente, até parar o sangramento; afrouxar o torniquete a cada dez minutos. É importante marcar no relógio o início da compressão e verificar frequentemente se as extremidades dos dedos estão arroxeadas ou frias; Proceder como indicado em ferimentos leves. HEMORRAGIAS EM GERAL Use uma compressa limpa e seca (de gaze, pano ou lenço limpo); Coloque a compressa sobre o ferimento e pressione com firmeza; Use atadura, uma tira de pano, gravata ou outro recurso que tenha a mão para amarrar a compressa mantê-la bem firme no local; Caso não disponha de uma compressa, feche a ferida com o dedo ou comprima com a mão, evitando uma hemorragia abundante; Calque fortemente, com o dedo ou com a mão de encontro ao osso, nos pontos de pressão, onde a veia ou a artéria são mais fáceis de se encontrar. INCÊNDIOS Principais causas: 1) equipamentos elétricos mal conservados, mal operados ou conectados em rede elétrica errada; 2) sobrecarga da rede elétrica por conectar vários aparelhos, sendo que a fiação não suporta; 3) operação indevida com líquidos inflamáveis e/ou cilindros de gás; 4) estocagem de líquidos inflamáveis e voláteis em refrigeradores cujo sistema elétrico de partida produza faíscas. Controle 1) Solventes e outros produtos que queimam somente na superfície e não deixam resíduos: o controle pode ser feito por abafamento e por pó químico; 2) Equipamentos elétricos energizados, como motores e quadros de distribuição: controle com extintores de pó químico seco; desligar a corrente; 3) Materiais de fácil combustão e que deixam resíduos, como tecidos, madeiras, papéis etc.: neste caso utilizar água e espuma; se o fogo estiver no início, pode-se utilizar pó químico seco. TOXICIDADE DE ALGUNS PRODUTOS QUÍMICOS USADOS EM LABORATÓRIO (ASSOCIAÇÃO..., 1995; ZANCANARO JUNIOR, 2003). ÁCIDOS. A intensidade da ação corrosiva de um ácido sobre a pele, mucosa, olhos, tecidos do trato respiratório e digestivo depende da natureza do ácido, da sua concentração e do tempo de contacto. Os ácidos se tornam muito perigosos em contato com os olhos. Além disso, eles apresentam reatividade com metais, produtos alcalinos como cimento, cal, etc. Ácido acético. Causa irritação, queimaduras, lacrimação e conjuntivites, quando concentrado. Causa corrosão dos dentes. Causa irritação das mucosas, quando inalado. Pode causar quadro agudo com morte por edema pulmonar, sob exposição elevada. Pode formar misturas explosivas com o ar, produzindo incêndios. Ácido clorídrico. Os vapores são irritantes das vias respiratórias. Ácido fosfórico. Corrosivo para a pele, olhos e mucosas. Libera vapores tóxicos com aquecimento. Ácido nítrico. Vapores são irritantes das vias respiratórias, com ação sobre os pulmões até causar edema pulmonar. Na pele, causa queimaduras graves. Sob aquecimento pode gerar gases tóxicos e inflamáveis. Ácido sulfúrico. Vapores provocam irritação das mucosas, corrosão dos dentes, dificuldade para respirar, bronquite, edema na laringe e pulmões e perda de sentido. Na pele, soluções diluídas causam dermatites irritativas e soluções concentradas causam alterações e destruição dos tecidos. SOLVENTES ORGÂNICOS. Acetato de etila e clorofórmio. Induz a sonolência e consequentemente aumenta o rico de acidentes por distração. Acetonitrila. Venenosos. Pode ser fatal se ingerido, inalado ou absorvido pela pele. O cantacto pode causar queimaduras na pele e nos olhos. Há risco de envenenamento. Álcool metílico ou metanol. Ação direta no nervo ótico. A exposição crônica, especialmente oral, pode causar cegueira. Benzeno. A intoxicação crônica pode causar lesões na medula óssea, órgão reprodutor do sangue, anemia, leucopenia, alteração no tempo de coagulação. O efeito tardio pode provocar anemia aplástica/leucemia. Clorofórmio, diclorometano, dissulfeto de carbono e tetracloreto de carbono. Volatilizam-se mesmo através de frascos tampados. São cancerígenos e lesam irreversivelmente o sistema nervoso central. O clorofórmio, quando armazenando por período superior ao indicado, forma dioxina no espaço livre sobre o líquido que volatiliza para o ambiente toda vez que o frasco é aberto. Na presença de luz forma fosfogênio. A dioxina e o fosfogênio são classificados como de periculosidade máxima. Éter etílico, acetona, metanol e pentano. Atravessam a tampa de vedação e acumulamse em locais pouco ventilados, aumentando o risco de explosões. Éter etílico, éter isopropílico e dioxano. Formam peróxidos que explodem expontaneamente, sem a necessidade de faíscas. N-hexano. A intoxicação aguda produz o aparecimento de sinais nervosos que começam com euforia, levando a vertigem, paralisis das extremidades e perda da consciência. A intoxicação crônica provoca alterações cutâneas e neuropatia. Piridina e outros solventes nitrogenados. Diminuem a ereção e o desejo sexual masculino. Tolueno. A intoxicação crônica apresenta uma ação narcótica maior do que o benzeno e caracteriza-se por enxaqueca, debilidade generalizada, falta de coordenação, náusea, falta de apetite, lesões no sistema nervoso central e periférico. Disfunção menstrual na mulher. Danos no canal auditivo. Xilenos (o, m, p, dimetilbenzenos). A intoxicação crônica caracteriza-se por cefaléia, irritabilidade, fadiga, sonolência durante o dia, transtornos do sono à noite e sinais de deterioração do sistema nervoso. ÁLCALIS Hidróxido de amônio. A inalação provoca irritação das vias respiratórias; a exposição intensa provoca broncopneumonia e morte; em contato com a pele, provoca irritação e queimadura; nos olhos, provoca opacidade da córnea e do cristalino. Hidróxido de sódio. A inalação provoca danos no aparelho respiratório, podendo chegar a pneumonite grave; provoca corrosão em todos os tecidos; em contato com os olhos, causa opacidade na córnea, edema pronunciado e ulcerações que podem levar a cegueira. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PROFISSIONAIS DA QUALIDADE DE ALIMENTOS. Boas práticas para laboratório: segurança. Campinas: Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos, 1995. 42 p. (Série Qualidade. Manual). ZANCANARO JUNIOR, O. Derramamentos de solventes orgânicos. Jornal ANBio, n. 10, p. 10, 2003. UNICAMP. Chemkeys: Normas de Segurança do Instituto de Química da Unicamp, 1997. Disponível em: <http://chemkeys.com/abr_99/assuntge/segurança/normassegiq.htm>. Acesso em: 14 jul. 1999.