ZONEAMENTO CLIMÁTICO PARA A CULTURA DA

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Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia
CONTECC’ 2015
Centro de Eventos do Ceará- Fortaleza -CE
15 a 18 de setembro de 2015
ZONEAMENTO CLIMÁTICO PARA A CULTURA DA MANDIOCA (Manihot
esculenta Crantz) NO ESTADO DO CEARÁ
JACKSON TEIXEIRA LOBO1 *, WITALO DA SILVA SA LES2 ,
DJANE FONSECA DA SILVA 3
1
2
Discente Agronomia, UFCA, Crato-CE.Fone: (88) 99266-2592, [email protected] m
Discente Agronomia, UFCA, Crato-CE. Fone: (88) 99962-1046, [email protected] m
3
Meteorologista, Dra., Professora UFCA, Crato-CE. d [email protected] r
Apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia– CONTECC’2015
15 a 18 de setembro de 2015- Fortaleza-CE, Brasil
RESUMO: Foi-se escolhida para a realização do zoneamento climático do Ceará a cultura da
mandioca, pela sua grande importância econômica para o Estado, com o intuito de avaliar a aptidão
climática das áreas para a produção desta cultura. Por esse motivo, o objetivo deste trabalho foi
realizar um zoneamento climático para o cultivo da mandioca no Estado do Ceará, baseado em
variáveis climáticas e com as exigências da cultura. Os dados utilizados são referentes ao período
compreendido de 1961 a 2010 das estações meteorológicas cearenses pertencentes ao Instituto
Nacional de Meteorologia – INMET. As médias climatológicas das variáveis meteorológicas das
estações foram “plotadas” em mapas de distribuição espacial confeccionados no software Surfer
versão 7.0, utilizando o método de Kriging. Os dados de produtividade da mandioca do Ceará foram
correlacionados com os dados da precipitação do Estado, para verificar a influência climática sobre a
produção da cultura nas regiões cearenses. As mesorregiões Norte e Metropolitana de Fortaleza são as
regiões que mais apresentaram características ideais ao cultivo da mandioca.
PALAVRAS–CHAVE: Correlação, influência climática, produtividade.
ZONING CLIMATE FOR CULTURE CASSAVA (Manihot esculenta Crantz) IN CEARÁ
STATE
ABSTRACT: Gone was chosen for the realization of the climate of Ceara zoning of Cassava plants
by their great economic importance to the state, in order to assess the climatic suitability of areas for
the production of this crop. Therefore the objective of this work was to climatic zoning for the
cultivation of Cassava in the Ceará state based on climatic variables and with the requirements of the
culture. The data used refer to the period from 1961 to 2010 from weather stations Ceará belonging to
the National Institute of Meteorology - INMET. The climatological averages of meteorological
variables of the stations were "plotted" in spatial distribution maps made in Surfer version 7.0 software
using the Kriging method. The Ceará productivity data were correlated with the data of the State
precipitation to verify the climatic influence on the culture of production in Ceará regions. The
mesoregions North and Metropolitan of Fortaleza are the regions that showed ideal characteristics for
growing Cassava.
KEYWORDS: Correlation, climate influence, productivity.
INTRODUÇÃO
O Programa de Zoneamento Agrícola foi implantado em 1995 pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA). A partir daí iniciaram-se várias pesquisas e projetos semelhantes
no Brasil objetivando a redução dos riscos climáticos na agricultura (Filho et al., 2005).
A variabilidade espaço-temporal de longas séries meteorológicas se configuram como objeto
de conhecimento, com o intuito de auxiliar na escolha de períodos e áreas mais propícias ao cultivo de
determinada cultura em função das exigências climáticas da mesma, podendo fornecer dados
importantes para a minimização das perdas agrícolas por determinar as áreas economicamente e
climatologicamente aptas a determinadas culturas, etc (Blain, 2009).
A cultura da mandioca (Manihot esculenta Crantz) exerce importante papel econômico, social
e cultural no Brasil. Em 2012, a produção de raízes de mandioca no Brasil foi de 23,4 milhões de
toneladas, com produtividade de 13,7 t ha -1 ; as regiões Norte, Nordeste e Sul foram as maiores
produtoras com 7,7; 6; e 5,6 milhões de toneladas, respectivamente (IBGE, 2013).
Na região Nordeste do Brasil uma das principais justificativas para a baixa produtividade da
mandioca é a deficiência hídrica, podendo a produção de raízes sofrer redução de até 62 % se o
estresse ocorrer entre 30 e 150 dias após o plantio (Fukuda & Iglesias, 1995).
Desta forma, o presente trabalho surge como um instrumento de pesquisa, contendo
informações sobre as necessidades climáticas da cultura da mandioca, objetivando trazer informações
para o zoneamento climático do cultivo desta cultura no Estado da Ceará.
MATERIAL E MÉTODOS
O Estado do Ceará é localizado na Região Nordeste do Brasil, e tem por limites o Rio Grande
do Norte e Paraíba a leste, o Oceano Atlântico a norte e nordeste, Pernambuco a sul e Pia uí a oeste.
Sua área total é de 146.348,30 km², o que corresponde a 1,7% do território nacional ou 9,37% da área
do Nordeste (CEARÁ, 2008).
A área de estudo, o Estado do Ceará, se localiza entre os paralelos de 2,5° S e 10° S e os
meridianos de 34° W e 42° W, onde estão inseridas sete mesorregiões de acordo com o IBGE (2010):
Centro Sul, Norte, Metropolitana de Fortaleza, Jaguaribe, Noroeste, Sertões e Sul.
Os indicadores climáticos utilizados para elaboração do zoneamento da cultura da mandioca
foram propostos pela Embrapa Mandioca e Fruticultura (2003); e demonstra as condições ideais,
toleráveis e não indicadas para o crescimento e desenvolvimento satisfatório desta espécie, conforme
descritos na Tabela 1.
Tabela 1. Indicadores climáticos para a cultura da Mandioca
Faixas de Aptidão
Fatores climáticos
Ideal
Tolerável
Não Indicado
Faixa Térmica (°C)
20 – 27
16 - 38
<15
>38
Precipitação (mm/ano)
1.000 - 1.500
300 – 4.000
< 300
> 4.000
Fonte: EMBRAPA, 2003.
Para a realização do zoneamento climático do Estado do Ceará destinado ao cultivo da
mandioca, elaborou-se um banco de dados com os valores históricos observados da temperatura média
anual e precipitação média anual no período compreendido entre 1961 e 2010, das 12 estações
meteorológicas convencionais dos municípios cearenses: Fortaleza, Acaraú, Sobral, Crateús,
Quixeramobim, Guaramiranga, Morada Nova, Campos Sales, Tauá, Barbalha, Iguatu, Jaguaruana,
pertencentes ao Instituto Nacional de Meteorologia – INMET.
Com as médias climatológicas das variáveis meteorológicas de todas as estações, utilizou-se o
software Surfer versão 7.0 para produzir os mapas de distribuição espacial, a partir do método de
Kriging. Esses mapas foram utilizados para apontar as áreas aptas ou não para o cultivo de acordo com
as exigências da mandioca.
Os dados relacionados à produtividade da mandioca foram obtidos no site do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) para um período de 22 anos (1990 a 2012), analisando o
rendimento médio da produção (Kg/ha) no estado do Ceará.
Esses dados de produtividade da mandioca foram correlacionados com os dados da
precipitação do Ceará, para verificar a influência climática sobre a produção da cultura nas
mesorregiões cearenses. As correlações lineares foram realizadas por meio do software SPSS versão
11.0, utilizando o método de regressão linear simples e Stepwise.
Após as correlações, utilizou-se o teste de significância de T-Student para apontar se os
valores das correlações apresentam significância estatística ou não, mediante o tamanho da amostra
analisada.
O teste de significância de T-Student é bastante utilizado (Castro, 2002; Da Silva, 2009), e
pode ser calculado pela fórmula:
tc= t/√(n – 2) + t2
(1)
Em que: tc = valor do percentil e c é o grau de liberdade. Usou-se
percentil tabelado de acordo com υ (n-1); n é o número de dados.
c
= 0,95 ou 95%; t = valor do
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisando o mapa da distribuição espacial da precipitação total anual no Estado do Ceará,
(Figura 1A) verificou-se que as mesorregiões Norte e Metropolitana de Fortaleza são ideais para o
cultivo da mandioca. Todo o Ceará possui precipitações que se adéquam nos padrões toleráveis pela
cultura, apresentando a menor precipitação de aproximadamente 500 mm nas regiões Sul e Noroeste.
Para essas regiões recomenda-se realizar o plantio nos meses de maior oferta de água, para que não
ocorra déficit hídrico nos primeiros cinco meses de cultivo, período de estabelecimento da cultura.
Figura 1. Distribuição espacial da precipitação (mm) total anual (A) e média anual de temperatura (°C)
(B) para o Estado do Ceará
Fonte: Elaborado pelos autores.
Segundo a EMBRAPA (2003) no Estado do Pará, o plantio da mandioca acontece em dois
períodos climáticos: no início das chuvas, ou seja, no final do mês de dezembro ou início de janeiro,
conhecido como “plantio de inverno”; e o “plantio de verão” no final dos meses de maio e junho. O
plantio de “verão”, de acordo com relato dos agricultores minimiza a necessidade de capinas e a
incidência de doenças como a podridão radicular, em consequência da redução do índice de chuvas.
Quanto à variável temperatura (Figura 1B), todas as regiões apresentam valores que se
enquadram na faixa considerada tolerável pela cultura, sendo a região Norte a mais próxima do ideal.
Plantas de mandioca podem manter o crescimento vegetativo e a produção de biomassa sob
temperaturas altas (40 ºC) desde que a umidade do solo esteja adequada, contudo a exportação da
sacarose das folhas e a síntese de amido nas raízes são prejudicadas. Em condições de déficit hídrico
verifica-se uma redução do crescimento da parte aérea, sendo o crescimento de folhas e hastes mais
lesado comparado ao crescimento de raízes (Gabriel et al., 2014).
Após a avaliação da análise de dispersão não se verificou significância estatística entre a
correlação da precipitação com a produtividade, demonstrando que as variações nos índices
pluviométricos no período observado, não exerceram influência significativa na produtividade da
cultura (Figura 2). Confirmando os resultados de El-Sharkawy et al. (1989), onde este cita a grande
resistência da mandioca à deficiência hídrica.
Figura 2. Análise de dispersão com linha de tendência linear para a produtividade (Kg/ha) da
mandioca em função da precipitação no estado Ceará.
Fonte: Elaborado pelos autores.
CONCLUSÕES
Considerando as variáveis precipitação e temperatura, as mesorregiões Norte e Metropolitana
de Fortaleza são as regiões ideais ao cultivo de mandioca, sendo, portanto essas as mesorregiões mais
recomendadas ao seu cultivo. Porém, todas as mesorregiões cearenses mostraram-se aptas à
exploração dessa cultura.
REFERÊNCIAS
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agricultura e abastecimento do estado de São Paulo. Revista Brasileira de Meteorologia, v.24, n.1,
p.12-23, 2009.
Castro, C. A. C. Interações Trópicos-Extratrópicos na escala de tempo intra-sazonal durante o verão
austral e seus efeitos na América do Sul. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São Paulo,
2002. Dissertação de Mestrado.
CEARÁ. Assembléia Legislativa do Estado do Cenário Atual dos recursos hídricos do Ceará /
Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos, Assembléia Legislativa do Estado do Ceará;
Eudoro Walter de Santana (Coordenador). – Fortaleza: INESP, 174p. : il. – (Coleção Pacto das
Águas), 2008.
Da Silva, D. F.; Análise de aspectos climatológicos, agroeconômicos, ambientais e de seus efeitos
sobre a bacia hidrográfica do rio Mundaú (AL e PE). Universidade Federal de Campina Grande,
Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, 2009. Tese (Doutorado em Recursos Naturais).
El-Sharkawy, M. A.; Cock, J. H.; Porto, M. C. M. Características fotossintéticas da mandioca
(Manihot esculenta Crantz). Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, v.1, n.2, p.143-154, 1989.
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http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mandioca/mandioca_para/index.htm.
Acesso em: 25 de maio de 2015.
Filho, T. K.; Assad, E. D.; Lima, P. R. S. R. Regiões pluviometricamente homogêneas no Brasil.
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Fukuda, W. M. G.; Iglesias, C. Desenvolvimento de germoplasma de mandioca para as condições
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Gabriel, L. F.; Streck, N. A; Uhlmann, L. O.; Sillva, M. R. da; Silva, S. D. da. Mudança climática e
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IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2010. Disponível em:
http://www.sidra.ibge.gov.br.. Acesso em: 02 de Abril de 2015.
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