Magnetismo Vanderlei S. Bagnato – Professor do IFSC-USP UM PROGRAMA DE COOPERAÇÃO ENTRE A UNIVERISDADE DE SÃO PAULO E A UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 1 Magnetismo Os chamados fenômenos magnéticos são conhecidos desde a antiguidade. Dizem que os antigos chineses já se orientavam por meio de pedras suspensas de magnetita. Elas sempre pareciam indicar uma direção fixa. O chamado magnetismo tem sua origem inicial com os ímãs naturais feitos com óxido de ferro, que pareciam atrair pedaços de ferro, limalhas ou mesmo se orientar espontaneamente na superfície da terra quando suspensos. Se experimentarmos um pouco com dois ímãs, veremos que eles têm duas regiões distintas, que se comportam como se fossem polos. Regiões do mesmo polo se repelem, enquanto regiões de polos contrários se atraem. Devido a esse comportamento e ao fato de que cada um destes ímãs isolados se orienta na superfície terrestre, convencionou-se chamar um dos polos de norte e o outro de sul. Sempre se soube que havia algo em comum com essas situações, mas não havia boa explicação. Outra observação importante é que nenhum polo pode existir isoladamente. Quando tomamos um ímã natural e o dividimos ao meio, nascem dois pequenos ímãs e não dois polos separados do ímã original. Isso mostra que, na verdade, temos ali um contínuo de pequenas porções de dois polos, e quando cortamos, a situação permanece a mesma, apenas de tamanho modificado pelo corte. Esse é um indicativo de que, em nível microscópico, essa propriedade deve ocorrer no material. Muitos pesquisadores, ao longo da história, se interessaram por esse fenômeno e procuram explicá-lo. Um dos experimentos intrigantes que se podia fazer, diz respeito a colocar um ímã sob um papel, e espalhar limalhas de ferro sobre o papel. Observa-se que as limalhas se orientam de uma forma interessante, formando um padrão de linhas que se fecham nelas mesmas. Automaticamente, essas linhas foram associadas com a causa da ação provocada por um ímã sobre um pedaço de ferro ou mesmo sobre outro ímã. Ao redor de um ímã existe uma propriedade no espaço capaz de orientar as limalhas de ferro. Essa propriedade é denominada de campo magnético. Em analogia com a eletricidade, o campo magnético é para o magnetismo, aquilo que o campo elétrico é para a eletricidade, embora, em princípio, sejam de naturezas diferentes. A determinação das propriedades desse campo magnético, e de como ele surge, é o objetivo principal do magnetismo. 2 Figura 1: Espectro magnético de um ímã em forma de barra Em termos de substâncias, que têm a ver com magnetismo, pode-se classificar os materiais da seguinte forma: Materiais ferromagnéticos: são aqueles que apresentam a capacidade de se transformar em ímãs, quando na presença de outro. Exemplos são ferro, cobalto, níquel etc. Normalmente, essas substâncias são atraídas por um ímã. Substâncias paramagnéticas: correspondem àquelas que praticamente não são imantadas na presença de um ímã. Exemplos dessa categoria são madeira, plástico, papel etc. Substâncias diamagnéticas: se imantam em sentido contrário àquele do ímã que se coloca em sua vizinhança. Normalmente, essas substâncias são repelidas por um ímã permanente. Exemplos são o ouro, prata, cobre, chumbo etc. Todas essas propriedades estão associadas com características que ocorrem em nível atômico. A forma com que os elétrons estão distribuídos no átomo é que acabam dando as características a esses metais e demais substâncias. 3 Há mais de dois séculos, o dinamarquês H. Oersted notou que quando passamos corrente elétrica por um fio, em sua redondeza, um ímã permanente é orientado, como ocorre na redondeza de outro ímã. Imediatamente, Oersted notou que a corrente elétrica pode produzir no espaço as mesmas características originadas na redondeza de um ímã permanente. Com isso, verificou-se que campos magnéticos podiam ser produzidos por correntes elétricas circulando em condutores. Figura 2: Hans Christian Oersted Essa descoberta foi o início da conexão entre os fenômenos magnéticos e elétricos. Desse modo, começou-se uma era diferente no estudo do magnetismo, pois, com a corrente elétrica, seria possível investigar esse fenômeno de forma mais controlada. Bobinas e solenoides começaram a ser desenvolvidas e aplicadas. Inicia-se a era das aplicações dos fenômenos magnéticos que, com as descobertas de Faraday, dá origem aos motores e aos dínamos. Tais experimentos também foram muito importantes ao possibilitarem o Figura 3: Michael Faraday desenvolvimento de instrumentos de medição, permitindo ainda mais o avanço do conhecimento nessa área. Ao invés de apenas usar os magnetos naturais, o homem passou a produzi-los de forma controlada e a entender como o campo age sobre as cargas, e sobre as correntes. Esse conhecimento foi o passo inicial para o sucesso da telecomunicação moderna que começou com o telefone. A presença do magnetismo em nossa vida é muito maior do que nossos olhos são capazes de observar. Em quase todos os aparelhos, em quase todos os aplicativos eletrônicos modernos, um pouco ou muito de magnetismos está presente. Além de tudo, é graças ao magnetismo que podemos ter a grande geração de eletricidade de que precisamos para a vida moderna. 4