UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Murilo Zucato de Oliveira CRANIOMETRIA TRIDIMENSIONAL COM A UTILIZAÇÃO DO TOMÓGRAFO COMPUTADORIZADO VOLUMÉTRICO (TCFC) CURITIBA 2009 CRANIOMETRIA TRIDIMENSIONAL COM A UTILIZAÇÃO DO TOMÓGRAFO COMPUTADORIZADO VOLUMÉTRICO (TCFC) CURITIBA 2009 CRANIOMETRIA TRIDIMENSIONAL COM A UTILIZAÇÃO DO TOMÓGRAFO COMPUTADORIZADO VOLUMÉTRICO (TCFC) Monografia apresentada ao curso de Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia. Orientadora Profa. Paula de Moura CURITIBA 2009 TERMO DE APROVAÇÃO Murilo Zucato de Oliveira CRANIOMETRIA TRIDIMENSIONAL COM A UTILIZAÇÃO DO TOMÓGRAFO COMPUTADORIZADO VOLUMÉTRICO (TCFC) Esta monografia foi julgada aprovada pela banca examinadora para a obtenção do grau de Especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 12 de Janeiro de 2009. Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia Universidade Tuiuti do Paraná ____________________________________________________ Profa. Paulo da Moura _____________________________________________________ Profa. Mestre Ligia Aracema Borsato _____________________________________________________ Profa Mestre. Ana Claudia Galvão de Aguiar Koubik DEDICATÓRIA À minha família, simplesmente pela confiança de toda uma vida. AGRADECIMENTOS A Deus, que sempre nos ilumina e orienta nossos caminhos em todos os momentos. Aos meus colegas de curso, pela amizade e pelos conhecimentos compartilhados. Em especial as professoras Paula de Moura, Ana Claudia Koubik e Ligia Borsato, pela dedicação e acontecer. empenho em fazer o curso SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS .................................................................. vii LISTA DE TABELAS ................................................................. viii RESUMO ...................................................................................... ix ABSTRACT .................................................................................. x 1 INTRODUÇÃO.......................................................................... 11 1.1 OBJETIVOS .......................................................................... 13 1.1.1 Objetivo geral ..................................................................... 13 1.1.2 Objetivo específico ............................................................. 13 2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................... 14 2.1 CEFALOMETRIA RADIOGRÁFICA ...................................... 14 2.1.1 Histórico .............................................................................. 14 2.1.2 Conceituação ....................................................................... 15 2.1.3 Aplicações da Cefalometria Radiográfica ............................ 16 2.2 TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA ................................. 18 2.2.1 Entendendo essa nova tecnologia ...................................... 18 2.3 TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA TRADICIONAL ........ 20 2.3.1 Componentes do aparelho e aquisição de imagem ............ 20 2.4 TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE FEIXE CÔNICO (TCFC) ......................................................................................... 25 2.4.1 Componentes do aparelho e aquisição de imagem ........... 25 2.4.2 Aplicações clínicas de interesse ortodôntico ...................... 29 2.5 CRANIOMETRIA 3D ............................................................... 32 3 DISCUSSÃO ............................................................................ 37 4 CONCLUSÕES ........................................................................ 39 REFERÊNCIAS ........................................................................... 40 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – ESTUDO SOBRE O CRESCIMENTO DA FACE HUMANA .... 16 FIGURA 2 – APARELHO DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA TRADICIONAL................................................................................................ 20 FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO INTERIO DO GANTRY ..... 21 FIGURA 4 – PRODUÇÃO DE ARTEFATOS NA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA TRADICIONAL ........................................................ 22 FIGURA 5 – SCOLT COM DETERMINAÇÃO DOS CORTES AXIAIS PARA MANDÍBULA E MAXILA................................................................................. 23 FIGURA 6 – RECONSTRUÇÃO MULTIPLANAR EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA TRADICIONAL......................................................... 23 FIGURA 7 – APARELHOS DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE FEIXE CÔNICO............................................................................................. 25 FIGURA 8 – COMPARAÇÃO GRÁFICA DO TOMÓGRAFO TRADICIONAL COMO O TOMÓGRAFO DE FEIXE CÕNICO................................................ 26 FIGURA 9 – IMAGEM BASE DA CABEÇA DO PACIENTE – RAW DATA ... 27 FIGURA 10 – RECONSTRUÇÃO TRIDIMENSIONAL (3D) EM TCFC ......... 27 FIGURA 11 – IMAGENS EQUIVALENTES A RADIOGRAFIA PANORÂMICA E AO CEFALOGRAMA LATERAL DOS LADOS ESQUERDO E DIREITO...30, 31 FIGURA 12 – TELA DE ANÁLISE CRANIOMÉTRICA .................................. 33 FIGURA 13 – PONTOS DENTÁRIOS MARCADOS SOBRE OS DENTES VIRTUAIS...................................................................................................... . 33 FIGURA 14 – ESPAÇOS ARTICULARES E ANATOMIA DA ATM .............. 34 FIGURAS 15,16 - MENSURAÇÕES.............................................................. 35 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – QUADRO COMPARATIVO ENTRE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA TRADICIONAL E TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE FEIXE CÔNICO ................................ 29 RESUMO A cefalometria radiográfica tradicional utiliza imagens 2D de estruturas 3D para realizar marcação de pontos cefalometricos assim como realizar mensurações lineares e angulares, esse fato gera projeções e sobreposições de estruturas bilaterais magnificadas de maneira diferente, pois estão em profundidades diferentes em relação ao filme radiográfico. A craniometria 3D permite a marcação destes pontos em cortes tomográficos nos diferentes planos (axial, sagital, coronal etc.), assim como no crânio e dentes “virtuais” (projeção de intensidade máxima). Dessa forma permite, tanto a marcação dos pontos cefalométricos como as mensurações angulares e lineares, com uma maior acurácia. O objetivo do presente trabalho é apresentar a craniometria 3D com a utilização do tomógrafo volumétrico (TCFC), como uma nova técnica de análise dento esquelética e facial utilizadas pelos ortodontistas, assim como algumas diferenças em relação a cefalometria radiográfica tradicional. Conclui-se que as medições em cefalometrias radiográficas tradicionais são realizadas em imagens bidimensionais de estruturas tridimensionais, e acabam não refletindo a realidade, já na craniometria 3D a visualização dos pontos anátomo radiológicos e dentários podem ser realizados em janelas, como os três cortes principais (axial, coronal e sagital), bem como diretamente na reconstrução volumétrica tridimensional, eliminando dessa forma magnificações diferentes, projeções e sobreposições de estruturas, possibilitando a marcação ter uma maior acurácia. Palavras chave: craniometria 3D, tomografia volumétrica de feixe cônico, cefalometria radiográfica tradicional. ABSTRACT The traditional radiographic cephalometry uses images 2D, with 3D structures, to accomplish the marking of cephalometric points, as well as performing linear and angular measurements; such fact generates projections and superpositions of bilateral structures magnified in a different way, because they are in different depths in relation to the radiographic film. The 3D craniometry allows the marking of these points in tomographic cuts in different plans (axial, sagital, coronal, etc.), as well as in the cranium and virtual teeth (maximum intensity projection). Therefore it brings more accuracy to both the marking of cephalometric points and the angular and linear measurements. The purpose of this work is to present the 3D craniometry with the use of a volumetric tomoghaph (CTCB), as a new technique of analysis dental skelectical and facial used by orthodontists, as well as some differences in relation to the traditional radiographic cephalometry. Therefore the conclusion is that the measurements in traditional radiographic cephalometries are made in bidimensional images with tridimensional structures, and end up not showing the reality, while in 3D craniometry the visualization of anatomo radiological and dental points can be obtained in windows, like the three main cuts (axial, coronal and sagital), as well as directly in tridimensional volumetric reconstruction, eliminating different magnifying, projections and superpositions of structures, making possible to the marking to have greater accuracy. Keywords: 3D Craniometry; Conic beam volumetric tomography; Traditional radiographic cephalometry. 11 1 INTRODUÇÃO A radiologia presencia uma constante revolução, desde a descoberta dos raios-x por Roentgen, em 1895. Novas tecnologias abrem outros horizontes. As variações de angulações propostas por Clark e o desenvolvimento da radiografia panorâmica por Paaetero direcionaram para diferentes aplicações dos raios-X na odontologia. Recentemente, a tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) introduziu a terceira dimensão na odontologia, beneficiando especialidades que até então não usufruíam da TC médica por falta de especificidade. (BUENO et al., 2007) A cefalometria é uma ferramenta clínica e de pesquisa, essencial na ortodontia. Ela tem sido usada a décadas para obter medidas absolutas e relativas do esqueleto crânio-facial. Cefalogramas laterais são radiografias bidimensionais (2D) usadas para descrever estruturas tridimensionais. Consequentemente, os cefalogramas possuem limitações inerentes como um resultado de distorção e magnificação diferencial do complexo craniofacial. Isso pode levar a erros de identificação e redução da precisão da medida. (KUMAR et. al, 2008) De acordo com Bueno (2007), a técnica de produção de imagens tridimensional está se tornando cada vez mais popular e tem aberto novas possibilidades para o diagnóstico ortodôntico e análise de tratamento. Hoje a tomografia computadorizada de feixe cônico permite a visualização de uma imagem tridimensional, em que um novo plano é adicionado: a profundidade. Sua aplicação clínica, com elevada acurácia, se direciona a quase todas as áreas da odontologia – Cirurgia, Implantodontia, DTM, Periodontia, Endodontia, Diagnóstico por Imagem, e mais recentemente a Ortodontia em seus vários segmentos. A visão real da associação destes indicadores aos aspectos clínicos projeta a quarta dimensão, marcada pela necessidade de tempo e espaço. Este trabalho pretende realizar uma introdução à craniometria tridimensional (3D) iniciando pela revisão do percurso histórico da cefalometria radiográfica tradicional, abordando as tecnologias de aquisição de imagem 12 (Tomografia computadorizada convencional e Tomografia computadorizada volumétrica de feixe cônico), assim como algumas diferenças em relação a cefalometria radiográfica tradicional, através de revisão da literatura específica disponível. 13 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 OBJETIVO GERAL - Demonstrar , por meio da revisão de literatura, o histórico da cefalometria abordando radiográfica as tradicional tecnologias de e da craniometria aquisição de tridimensional, imagens, Tomografia Computadorizada Tradicional (Fan Beam) e Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico (Cone Beam) 1.1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO - Introdução a Craniometria Tridimensional com a utilização do tomógrado computadorizado de feixe cônico 14 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 CÉFALOMETRIA RADIOGRÁFICA 2.1.1 Histórico A cefalometria radiográfica dos dias de hoje pode ser considerada um produto da evolução dos estudos arqueológicos e antropométricos. No que se refere aos estudos dos ossos, houve a necessidade da padronização da comunicação entre Arqueologia e Antropometria, de forma que as descrições se tornassem mais precisas e possibilitassem comparações objetivas da morfologia óssea. Surgiram então os procedimentos de mensuração dos ossos, a osteometria, sendo que a mensuração específica dos ossos do crânio constitui a craniometria. A cefalometria por sua vez, consiste na mensuração da cabeça, incluindo os tecidos moles de revestimento. Leonardo da Vinci (1452-1519) desenhou figuras de rostos humanos nas quais traçava linhas retas entre diferentes pontos unindo estruturas anatômicas homólogas. As variações de tais linhas denotavam os desvios nas estruturas faciais ou assimetrias. (ÁGUILA, 1997) A primeira tentativa de medir a área facial foi realizada por Camper (1768). No século XIX, Broca (1824-1880) desenvolveu o 1º craniostato, um dispositivo que, feito basicamente de madeira, tinha por finalidade posicionar os crânios previamente as mensurações, visando resultados passíveis de reprodução. A estrutura facial foi dividida em duas categorias, segundo Pritchard (1843), de acordo com a projeção do perfil: prognata e retrognata. Posteriormente começaria a tentativa para a orientação do crânio segundo um plano horizontal, adotando-se definitivamente o proposto por Von Ihering em 1872, embora não tenha sido aceito até 1884, que definiu um plano o qual se estendia das bordas inferiores das órbitas, até o centro dos meatos acústicos externos. A associação dos craniologistas de Frankfurt modificou a definição de Von Iheirng, de modo que na região posterior o plano passasse pelo limite posterior dos meatos acústicos externos. Este plano passou a ser denominado Plano Horizontal de Frankfurt. (Segundo Moorrees, 1985, citado em AGUILA,1997) Em 1896, apenas um ano após Roentgen ter descoberto os Raios X, Welcker foi o primeiro a destacar a utilidade da radiografia no estudo do perfil. 15 No entanto, foi Paccini (1922) o primeiro a padronizar as imagens radiográficas e utilizar o termo cefalometria, como ainda o conhecemos, colocando os indivíduos a uma distância de 2 metros do aparelho de raios X. Em seu trabalho Antropometria radiográfica do crânio atribuiu grande valor à radiografia para estudo do crescimento humano, sua classificação e suas alterações. O ano de 1931 representa um marco na história da cefalometria radiográfica. Neste ano Hofrath (Dusseldorf) publicaram, simultaneamente, artigos e Broadbent (Cleaveland) descrevendo os dois primeiros cefalostatos para a utilização em cefalometria radiográfica. Estes dispositivos permitiram estabilizar, de um modo passível de reprodução, a posição da cabeça em relação à fonte de raios X e ao filme, antes das exposições. Iniciava-se, então, o caminho para o desenvolvimento da cefalometria radiográfica. (AGUILA, 1997) 2.1.2 Conceituação A cefalometria radiográfica corresponde às mensurações da imagem radiográfica da cabeça (ossos, dentes, tecidos moles), projetando toda a morfologia em um único plano, facilitando, assim, os procedimentos de mensuração. Cefalograma de perfil pode ser definido como uma imagem bidimensional de uma estrutura tridimensional, que se baseia na identificação de pontos dos tecidos duros e moles, para a descrição morfológica da face e da dentição, bem como para identificação de anomalias dentárias e esqueléticas. Em ortodontia, as avaliações cefalométricas são, normalmente, mais restritas, envolvendo, mais especificamente, a base de crânio e a face. No que se refere à base do crânio, usualmente se analisa sua porção anterior. Em relação à face, atenção especial é voltada à maxila, à mandíbula e aos dentes. Além do esqueleto cefálico, são ainda realizadas mensurações nos tecidos moles da face, especialmente em relação ao desenho do perfil facial.(ÁGUILA, 1997) Finalmente as radiografias cefalométricas permitem avaliar as relações dos ossos da face com o perfil tegumentar e, consequentemente, até que ponto as estruturas dento esqueléticas contribuem para harmonia ou 16 comprometimento estético do perfil tegumentar, ou ao contrário, em que nível a estrutura tegumentar e capaz de atenuar um comprometimento do equilíbrio do posicionamento do esqueleto cefálico. Durante cinco anos os pesquisadores do Bolton Study (EUA) acumularam quantidade considerável de películas cefalométricas ou telerradiografias, como também foram denominadas. Esse material foi investigado pelo anatomista T. Wingate Todd, em 1936, e pelo próprio Broadbent, em 1937, o que permitiu a determinação, de maneira mais precisa, da forma e do crescimento da face humana (figura 1). (VILELLA, 2001) Figura 1: Estudo sobre o crescimento da face humana, realizada por Broadbent, baseada nas radiografias cefalométricas da coleção do Bolton Sudy 2.1.3 Aplicações da cefalometria radiográfica -Diagnóstico ortodôntico: sentido predominante do crescimento facial (vertical ou horizontal); posição antero-posterior dos maxilares em relação ao crânio, inclinações dentárias (vestíbulo-língual: dentes anteriores e mésio-distal: dentes posteriores); relação intermaxilar; desenho do perfil tegumentar; interrelação dos perfis ósseo e tegumentar. -Reavaliação durante e após o tratamento (alterações decorrentes do tratamento ou do binômio crescimento/tratamento); mensurações seriadas; sobreposições (total ou parcial). 17 -Estudo do crescimento craniofacial; sobreposição de radiografias cefalométricas seriadas obtidas em intervalos anuais (estudo longitudinal). Dois aspectos principais tornam importante a utilização da cefalometria radiográfica em Ortodontia: o fato da imagem radiográfica obtida nas radiográficas cefalométricas representar como que o elo de união entre o diagnóstico clínico do perfil facial e a avaliação do posicionamento dentário observado nos modelos de gesso, e por proporcionarem uma avaliação ímpar das inclinações dos dentes na maxila e na mandíbula. (Apostila da Área de Ortodontia da Fop/Unicamp, 1999) 18 2.2 TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA O estudo por imagens – imagenologia – tem evoluído aceleradamente nas ultimas décadas nas ciências da saúde. Na odontologia só mais recentemente passou-se a explorar esse terreno fértil das imagens obtidas através de radiografias digitais, Tomografia Computadorizada (TC), Tomografia Computadorizada corrigida (TCC), ressonância magnética (IRM), porém de maneira tímida e incipiente, como por exemplo, no diagnóstico de Disfunções Temporomandibulares, Implantodontia, Cirurgia e por último Ortodontia. (GRIBEL, 2005) A radiologia presencia uma constante revolução, desde a descoberta dos raios X por Roentgen em 1895. Novas tecnologias abrem outros horizontes. As variações de angulações propostas por Clarck e o desenvolvimento da radiografia Panorâmica por Paaetero direcionaram para diferentes aplicações dos raios X na odontologia. Hoje a tomografia computadorizada Cone Beam (CTCB) permite uma visualização de uma imagem tridimensional, em que um novo plano é adicionado, a profundidade. Sua aplicação clínica, com elevada acurácia, se direciona a quase todas as áreas da odontologia – Cirurgia, Implantodontia, Ortodontia, Endodontia, Periodontia, Distúrbio Temporomandibular e Diagnóstico por imagens. A visão real da associação destes indicadores aos aspectos clínicos, projeta a quarta dimensão, marcada pela necessidade de tempo e espaço. (BUENO, et. al. 2007) 2.2.1 Entendendo essa nova tecnologia O que é tomografia computadorizada? Trata-se de um método de diagnóstico por imagem que utiliza a radiação X e permite obter uma secção do corpo humano em qualquer um dos três planos do espaço, dessa maneira podemos enxergar todas as estruturas em camadas, principalmente os tecidos mineralizados com admirável definição. 19 Devido às dificuldades na obtenção de informações de diagnósticos com o uso de radiografias convencionais, a tomografia computadorizada começa também ser muito requisitada nas áreas de implantodontia, diagnóstico bucal, cirurgia e ortodontia. Tanto a tomografia convencional quanto a tomografia de feixe cônico, permite imagens em cortes da região dentomaxilofacial, no entanto só tem em comum a utilização da radiação X. (GARIB et. al. 2007) 20 2.3 TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA TRADICIONAL Iniciou-se na década de 70 desenvolvida pelo inglês Hounsfield e pelo americano Comark, que juntos ganharam o prêmio Nobel de Medicina em 1979. O 1° aparelho foi instalado em Londres e gast ava 4,5 minutos para escanear uma fatia e mais 1,5 minutos para construir a imagem no computador. Os aparelhos atuais acomodam o corpo todo e levam cerca de 1 segundo para reproduzirem uma secção. (GARIB, et. al.2007) 2.3.1 Componentes do aparelho e aquisição de imagem 1 Gantry – em seu interior localizam-se o tubo de raios-X e o anel de detector de radiação formado por cristais de cintilação. 2 Mesa – onde se acomoda o paciente e esta se movimentam para o interior do gantry durante o exame 3 Computador – reconstrói a imagem a partir de informações adquiridas no gantry. (Figura 2) O feixe de raios-X emitido é estreito (colimado) em forma de leque na tomografia computadorizada convencional. (Figura 3) (GARIB, et. al. 2007) Figura 2- Aparelho de Tomografia Computadorizada Tradicional: A)gantry e mesa B) Computador 21 Figura 3: Representação gráfica do interior do gantry, onde o tubo de raio-x gira em torno do paciente, emitindo um feixe colimado de raios-x em forma de leque, direcionado ao anel estacionário de detectores. No interior do gantry o tubo de raios-X gira dentro do anel estacionário de receptores. Por meio de múltiplas projeções de 360° ao redor do paciente os receptores registram uma série de valores de atenuação de raios-X, dependendo da absorção dos tecidos atravessados pelo feixe, estes múltiplos coeficientes de atenuação são submetidos a complexos cálculos matemáticos pelo principio da matriz permitindo ao computador reconstruir a imagem de uma secção do corpo humano. Nos aparelhos atuais a mesa com o paciente se movimenta simultaneamente á rotação do tubo de raios-X, determinando uma trajetória helicoidal da fonte de raios-X em torno do paciente o que provê a denominação de tomografia computadorizada helicoidal ou espiral. Fato esse que melhora a qualidade de imagem e diminui o tempo de exposição. Multislice – capazes de adquirir 4 a 16 fatias de imagem a cada giro de 360°. A imagem compõe-se unitariamente pelo pixel, cada um dos quais apresenta um número que traduz a densidade tecidual ou seu poder de atenuação da radiação. Tais números conhecidos como escala Hunsfield, varia de -1000 (densidade do ar), a +1000 (densidade da cortical óssea), passando pelo zero (densidade da água). Na escala Hounsfield, considera-se que a água apresenta uma densidade neutra na imagem tomográfica. Ex: Tumor possui alta densidade tecidual na região e alto valor numérico na escala. Cisto possui número próximo a zero, já que o fluido cístico compõe-se predominantemente de água. Voxel – é a menor unidade de imagem na espessura do corte varia de 0,5 a 0,2 dependendo da região a ser escaneada e da qualidade de imagem desejada. As analisem quantitativas em tomografia computadorizada demonstram grande acurácia e precisão, ou seja, se aproxima da dimensão real do objeto estudado.(GARIB, et. al. 2007) 22 Possui alta sensibilidade e especificidade, isto é, nas análises qualitativas da imagem os índices de falso negativo e falso positivos são muito baixos respectivamente. A boa resolução da imagem da tomografia computadorizada deve-se ao grande poder de contraste da técnica, já que pequenas diferenças na densidade tecidual podem ser percebidas e traduzidas em mais de 5000 tons de cinza em cada pixel. Comparando a T.C. atuais reconhecem diferenças de densidade de menos de 0,5% enquanto nas técnicas radiográficas somente é reconhecidos o mínimo de 10% , além disso, o fator de magnificação existente nas radiografias não existe na T.C., ou seja, reproduz o tamanho real do objeto escaneado.(KUMAR,2008) No entanto quando a borda de uma estrutura se inicia no meio de um pixel os tons de cinza desse pixel equivalerá á média dos coeficientes de atenuação de raios-x, prejudicando a nítida visualização da borda da estrutura. Na presença de metal, como as restaurações dentárias metálicas, a tomografia computadorizada pode criar artefatos na forma de raios na imagem (fig. 4).(GARIB, et. al. 2007) Figura 4: Artefatos produzidos na imagem de TC tradicional por restaurações metálicas Para padronizar a posição da cabeça no tomógrafo utilizam-se linhas luminosas perpendiculares entre si, o paciente fica deitado com o plano de Camper perpendicular ao solo e os dentes desocluidos. A primeira imagem obtida assemelha-se a uma telerradiografia de norma lateral e chama-se 23 escanograma ou scout. Nessa imagem o técnico seleciona a região que será escaneada assim como determina a inclinação dos cortes axiais. (figura 5). Figura 5: A) Scout com determinação da direção dos cortes (axiais) para maxila. B) Scout com determinação da direção dos cortes (axiais) para mandíbula. As imagens originais obtidas na tomografia computadorizadas tradicionais são usualmente no sentido axial. A partir dessa imagem o computador á capaz de reconstruir os cortes axiais originais obtendo imagens em outros planos do espaço, como os planos coronal e sagital (reconstrução multiplanar). (Figura 6) 24 Figura 6: Reconstrução multiplanar em TC tradicional: A) Desenho esquemático de cortes nos três planos de espaço. B) Reconstrução multiplanar. As vantagens da T.C. são: Eliminar as sobreposições, excelente resolução, possibilidade de reconstrução em todos os planos (axial, sagital, coronal e oblíquo), e em terceira dimensão. A dose de radiação é indiscutivelmente mais alta se comparadas às tomadas radiográficas convencionais, porém difícil avaliar o quanto mais, pois varia de acordo com a área escaneada, espessura do corte, ajuste do aparelho (quilovoltagem e miliamperagem) e tipo de aparelho. (GARIB, et. al. 2007) 25 2.4 TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE FEIXE CÔNICO (TCFC) Surgiu no final da década de 90 na Itália (Mozzo – 1998) denominado Newton 9000, tem como característica grande acurácia. Consiste em um tomógrafo pequeno e de menor custo, comparado-o com o tomógrafo tradicional, especialmente indicado para a região maxilofacial. Produz imagens tridimensionais dos tecidos mineralizados maxilofaciais com mínima distorção e dose de radiação significantemente reduzida em comparação a T.C. tradicional. (SCARF et. al. 2006) 2.4.1 Componentes do aparelho e aquisição de imagem O aparelho de TC de feixe cônico é muito compacto e assemelha-se ao aparelho de radiografia panorâmica. Geralmente o paciente é posicionado sentado, mas em alguns aparelhos acomoda-se o paciente deitado. (Figura 7) (GARIB et. al, 2007) Figura 7 – Aparelhos de tomografia computadorizada de feixe cônico. A) Aparelho da marca comercial I-Cat, Imaging Sciences International, Hatifield, Pensylvania, EUA (www.imagingsciences.com). B) Aparelho da marca comercial NewTom-9000, (www.grverona.it). Quantitave Radiology, Verona, Itália 26 Possui dois componentes principais: A fonte ou tubo de raios-X e um detector de raios- X. Estes dois componentes ficam posicionados em extremos opostos da cabeça do paciente: a fonte ou tubo de raios-X, que emite um feixe em forma de cone, e um detector de raios- X. (Figura 8) (SCARF,2006) Figura 8: Comparação gráfica do tomógrafo tradicional (A) e do tomógrafo de feixe cônico (B), com a fonte e o detector de raios-X. O sistema tubo detector realiza somente 1 giro de 360° em torno da cabeça do paciente e a cada determinado grau de giro (geralmente a cada 1 grau) o aparelho adquiri uma imagem base da cabeça, muito semelhante a uma telerradiografia de norma lateral sob diferentes ângulos ou perspectivas. (Figura 9) 27 Figura 9: Imagens base da cabeça do paciente, geradas durante o exame de TC de feixe cônico – raw data Ao término do exame, essa seqüência de imagens base (raw data) é reconstruída para gerar a imagem volumétrica em terceira dimensão. Os programas de TC de feixe cônico, igualmente à TC tradicional, permitem a reconstrução multiplanar do volume escaneado, ou seja, a visualização de imagens axiais , coronais, sagitais e oblíquas, assim como a reconstrução 3D. (Figura 10) Figura 10 : Reconstrução tridimensional (3D) em tomografia computadorizada de feixe cônico. O tempo de exposição varia de 10 a 70 segundos, porém o tempo de exposição efetivo aos raios-X é bem menor, em torno de 3 a 6 segundos. Não 28 necessitam de uma workstation como a T.C. tradicional, os programas de reconstrução e edição de imagens podem ser instalados em computadores convencionais. O operador seleciona os cortes axiais a partir de uma visão lateral da cabeça, semelhante ao scout, e a partir do corte axial se obtém os cortes secundários coronais, sagitais, ortorradiais ou trans axiais, 3D e bidimensionais convencionais. Sob todas as imagens o software permite mensurações lineares e angulares assim como colorir estruturas de interesse como o canal mandibular, por exemplo. Na tomografia computadorizada de feixe cônico o voxel é chamado isométrico, ou seja, apresenta altura, largura e profundidade de iguais dimensões. Na imagem gerada pode-se distinguir esmalte, dentina, cavidade pulpar cortical alveolar, os artefato produzidos por restaurações metálicas são bem menos significantes que na T.C. tradicional. (GARIB et. al. 2007) -Dose de radiação A evolução tecnológica nessa área permitiu avanços também na redução de radiação ionizante a que são submetidos os pacientes. Varia dependendo da marca do aparelho e com as especificações técnicas selecionadas durante a tomada (campo de visão, tempo de exposição, miliamperagem, quilovoltagem etc.). As máquinas modernas de TC Cone Beam (TCCB) realizam uma varredura completa da face em poucos segundos, reduzindo o tamanho da área irradiada através da colimação do feixe de raiosX primário à área de interesse, dando ao paciente uma dose efetiva de 100mSv, comparando com cerca de 2000mSv de uma varredura de TC Fan Beam (TC tradicional) e assemelha-se a quantidade de radiação de uma periapical de boca toda, equivalente de 4 a 15 vezes maior que a dose de uma panorâmica. (CEVIDANES et. al. 2005) As Principais diferenças entre os métodos são compiladas na tabela 1: 29 (GARIB, et. al. 2007) 2.4.2 Aplicações clínicas de interesse ortodôntico 1-avaliação do posicionamento tridimensional de dentes retidos e sua relação com os dentes e estruturas vizinhas; 2- avaliação do grau de reabsorção radicular de dentes vizinhos a caninos retidos; 3- visualização das tábuas óssea vestibular e lingual e sua remodelação após movimentação dentária; 4- avaliação das dimensões transversas das bases apicais e das dimensões das vias aéreas superiores; 5- avaliação da movimentação dentária para região de osso atrésico, ou com invaginação do seio maxilar; 6- avaliação de defeitos e enxertos ósseos na região de fissuras labiopalatais; 7- análise quantitativa e qualitativa do osso alveolar para colocação de minimplantes para ancoragem ortodôntica; 8- medição do exato diâmetro mésio distal de dentes permanentes não irrompidos para avaliação da discrepância dente-osso na dentadura mista; 9- avaliações cefalométricas. (KAU et. al. 2005) 30 As indicações das imagens tomográficas tridimensionais em Ortodontia surgem da necessidade de responder a uma questão específica dentro de um planejamento ortodôntico e que, para isto, necessita de imagens com maior nível de detalhamento. (GADELHA et. al. 2007) Com a tecnologia CBCT todas as possíveis radiografias podem ser feitas em menos de um minuto. O ortodontista agora possui a qualidade diagnóstica dos perapicais, das panorâmicas, dos cefalogramas e radiografias oclusivas, e das séries ATM à sua disposição, junto com visualizações que não podem ser produzidas por máquinas de radiografia regulares como as visualizações axiais, e cefalogramas separados para os lados esquerdo e direito (Figura 11). (KAU, et. al. 2005) A (RADIOCENTER CURITIBA) 31 C B (RADIOCENTER CURITIBA) Figura 11: A) Imagem equivalente a radiografia panorâmica. B,C) Imagens equivalentes ao cefalograma tradicional, ambos os lados, direito e esquerdo, podem ser analisados e traçados separadamente, ou pode ser criada uma imagem única, como no cefalograma radiográfico, pela sobreposição dos lados direito e esquerdo. 32 2.5 CRANIOMETRIA 3D Em mais de meio século, as radiografia cefalométricas obtidas em norma lateral e frontal póstero-anterior (PA), assim como as radiografias “panorâmicas” (PAN) têm sido padrão como exame complementar em diversas especialidades odontológicas. Porém, as medições em cefalometrias tradicionais são realizadas em imagens 2D de estruturas 3D, no caso face e crânio humanos. As medições não refletem a realidade uma vez que há projeções e sobreposições de estruturas bilaterais, magnificadas de maneira diferente, com conseqüente dificuldade para a marcação de pontos cefalométricos mesmo quando se empregam um sistema de análise cefalométrica computadorizada. As distorções na localização de estruturas bilaterais acontecem em virtude da diferença de profundidade dos campos avaliados. Isso pode levar a erros de identificação e redução da precisão da medida.( Legravere, 2005). De maneira geral as imagens 3D geradas a partir dos dados obtidos durante o exame, podem ser projetadas em um película ou filme ou ainda na tela de um computador. O T.C. Cone Beam tem como principal objetivo a visualização dos tecidos duros Estas imagens podem servir de orientação para obtenção de cópias físicas em gesso, acrílico ou cera, que são “impressas” ou esculpidas por impressoras especiais, num processo conhecido como prototipagem rápida e que auxilia algumas áreas da medicina e odontologia como implantodontia, cirurgia ortognática, reconstruções faciais e ortodontia. Os dados crus podem ser arquivados no formato de imagem DICOM, padronizado na medicina ao redor do mundo – são imagens JPG da área da saúde - e que podem ser importadas por vários sistemas e softwares independentes como InVivoDental, InVesalius, Dolphin, etc. onde então servem de base para a execução de uma avaliação craniofacial tridimensional. Esta avaliação se inicia, geralmente, pela determinação de planos anatômicos de referência, tais como Camper, Frankfurt, Sagital Mediano, Coronal (Ortogonal a Camper e ou a Frankfurt, etc.) e pela marcação dos pontos anátomoradiológicos (figuras 12 e 13), que podem ser visualizados em janelas como os três cortes de praxe (Axial, Coronoal e Sagital), bem como no crânio “virtual”, obtido pela reconstrução volumétrica tridimensional. (GRIBEL et. al. 2005) 33 Figura 12: Tela de análise craniométrica. Os pontos anatômicos podem ser marcados sobre reconstruções 3D em qualquer posição ou diretamente nas imagens de qualquer um dos cortes obtidos pela tomografia. Os planos de referência são identificados e orientam a localização espacial dos dentes e ossos. Figura 13: Pontos dentários são também marcados sobre os dentes virtuais e/ou sobre os cortes tomográficos. Assim podem ser calculados o perímetro dos arcos dentários, as dimensões transversais, angulações e inclinações axiais, além da posição precisa de cada elemento dental em relação aos planos de referência no crânio e face. 34 Esse é o procedimento inicial utilizado no Protocolo “compass” desenvolvido por Gribel (2005) e equipe, no qual uma avaliação craniofacial extensa é realizada, onde a simetria facial é avaliada, os desvios horizontais, sagitais e verticais da mandíbula e do plano oclusal são identificados, além das relações entre base do crânio, maxila e mandíbula nos três planos do espaço. As inclinações, angulações e posições dentárias podem ser analisadas em profundidade, contribuindo para um diagnóstico seguro e eficaz da má oclusão nos seus componentes esqueletais, dentais e também articulares, uma vez que as articulações temporomandibulares (ATM) podem ser visualizadas e os espaços articulares analisados (figura 14). Figura 14: Os espaços articulares e a anatomia da ATM podem ser acessados no crânio virtual e nos cortes tomográficos. Observe neste exemplo como as inclinações dos tubérculos auriculares das ATM apresentam forma e inclinações diferentes, bem como as cabeças da mandíbula se apresentam com dimensões e formas diferentes, relacionadas no caso, com a mordida cruzada posterior e a mastigação predominantemente do lado esquerdo, lado cruzado. Uma vez determinados esses planos e pontos, são realizadas as medições lineares e angulares, utilizando as ferramentas presentes no próprio sistema computadorizado, com precisão e acuidade de centésimos de milímetros 35 (figuras 15 e 16), podendo ser mensurados em cortes axiais as distâncias pósteros-anteriores, desde o plano coronal até pontos utilizados em vários tipos de cefalometria como Bimler, Macnamara, Rickets e outros. Figura 15 e 16: Medições são obtidas levando em conta os pontos e planos de referência. Esse protocolo de avaliação das imagens tomográficas visa ampliar as possibilidades de observação das cefalometrias 2D, em norma lateral e frontal PA, utilizadas como exames complementares. Além das medições relativas à estrutura óssea, também é possível realizar-se avaliações de tecidos moles em 3D, tanto pata tegumento (Análise Facial 3D) quanto para formas, volumes e características dos músculos da face e das vias aéreas superiores. A localização precisa da mandíbula no contexto craniofacial é essencial, por exemplo, nos casos de desvios de linha média (DLM) em mordidas cruzadas unilaterais posteriores ou em Classes II subdivisão e Classes III subdivisão. A origem do DLM pode estar presente nos dentes da maxila, nos dentes da mandíbula, no desvio da maxila ou de toda a mandíbula, ou ainda na combinação dessas possibilidades . Quando é identificado desvio mandibular, isso implica na correção do desvio mandibular, quer seja de maneira ortopédica ou cirúrgica, e não na compensação ou camuflagem através do movimento dental puro. Quando o DML está identificado como proveniente de desvios dentais, indica-se a 36 correção através dos movimentos ortodônticos. O diagnóstico diferencial nestes e em outros casos é, portanto, fundamental. Uma avaliação craniofacial tridimensional pode contribuir para o diagnóstico mais preciso de más oclusões, assim como permite a observação e a mensuração de espaços articulares da ATM, fator importante também no planejamento de correções ortopédicas funcionais, ortodônticas, cirúrgicas e protéticas. (LEGRAVERE, 2006) 37 3 DISCUSSÃO Segundo VILLELA (2001), cefalograma radiográfico de perfil pode ser definido como uma imagem bidimensional de uma estrutura tridimensional, que se baseia na identificação de pontos dos tecidos duros e moles, para a descrição morfológica da face e dentição, bem como para a identificação de anomalias dentárias e esqueléticas. E que cefalometria radiográfica corresponde as mensurações da imagem radiográfica da cabeça (ossos, dentes, tecidos moles), projetando toda a morfologia em um único plano, o que facilitaria assim, os procedimentos de mensuração. LEGRAVERE;MAJOR (2005), se referindo a craniometria tridimensional, relatam o oposto, segundo os autores, as medições me cefalometrias radiográficas tradicionais, são realizadas em imagens 2D de estruturas 3D, no caso face e crânio humanos, as medições não refletem a realidade uma vez que há projeções e sobreposições de estruturas bilaterais magnificadas de maneira diferente, com conseqüente dificuldade para a marcação dos pontos cefalométricos, mesmo quando se empregam um sistema de análise cefalométria computadorizada, e ainda que, as distorções na localização de estruturas bilaterais acontecem em virtude da diferença de profundidade dos campos avaliados, podendo levar a erros de identificação e redução da precisão da medida. Para GRIBEL (2005) uma avaliação crâniofacial tridimensional pode contribuir de maneira decisiva para um diagnóstico seguro e eficaz da má aclusão, principalmente em casos de difícil diagnóstico, nos seus componentes esqueletais, dentais e também articulares, uma vez que as articulações temporomandibulares (ATM) podem ser visualizadas e os espaços articulares analisados, fator importante também no planejamentos de correções ortopédicas funcionais, ortodônticas, cirúrgicas e protéticas Para SCARF (2006), apesar do costume de se utilizar as tradicionais imagens bidimensionais das telerradiografias, com o surgimento das imagens cefalométricas 3D outros desafios irão surgir, pois se trata de uma nova abordagem diagnóstica, agora com imagens simulando com precisão todos os detalhes anatômicos que antes eram em alguns momentos “meras 38 suposições”. Ainda segundo o autor, as possibilidades da cefalometria convencional se tornam restritas se comparadas com as atuais imagens volumétricas, porém ainda serão usadas de forma comparativa durante muitos anos, pois a maioria dos estudos existentes até hoje foram feitos em telerradiografias bidimensionais. Para KAU(2005) a craniometria tridimensional utilizando a tomografia computadorizada de feixe cônico se torna necessária quando o resultado fornecido por ela poderá acarretar em mudança de diagnóstico clínico, com conseqüente mudança no plano de tratamento e por sua vez no resultado final alcançado, visto que os cefalogramas convencionais possuem alterações de magnificação e alguns pontos cefalométricos se tornam extremamente difíceis de serem corretamente alcançados, ficamos muitas vezes reféns de suposições o que certamente diminui a acurácia da cefalometria convencional quando comparada a craniometria tridimensional já que os pontos são identificados de maneira mais fiel aumentando a precisão do diagnóstico naqueles casos mais delicados em que mínimos fatores alteram o diagnóstico final, plano de tratamento e enfim resultados alcançados. 39 4 CONCLUSÕES A partir da revisão de literatura em relação aos objetivos, pode-se concluir que: As medições em cefalometrias radiográficas tradicionais são realizadas em imagens bidimensionais de estruturas tridimensionais (face e crânio humanos) e acabam não refletindo a realidade, uma vez que há projeções e sobreposições de estruturas bilaterais, magnificadas de maneira diferentes, dificultando a demarcação de alguns pontos cefalometricos os tornando algumas vezes meras suposições. Na craniometria 3D a visualização e marcação dos pontos anátomoradiológico e dentários podem ser realizadas em janelas, como os três cortes principais (axial, coronal e sagital), bem como diretamente no crânio “virtual” (projeção de intensidade máxima) obtido pela reconstrução volumétrica tridimensional. Cefalogramas tradicionais ortogonais, ou individualizados para cada lado podem também ser criados, eliminando dessa forma magnficações diferentes, projeções e sobreposições de estruturas, possibilitando a marcação ter uma maior acurácia. A craniometria 3D é uma técnica recente, que está se tornando cada vez mais popular entre os ortodontistas, e pelas vantagens que oferece, principalmente em casos de difícil diagnóstico, vai ser cada vez mais compreendida e requisitada por eles de tal forma que esse processo se tornará inevitável. 40 REFERÊNCIAS AGUILA, F. J. Manual de Cefalometria. São Paulo. Ed Santos, 1997 Apostila da Área de Ortodontia da Fop/Unicamp, 1999 BUENO, M. 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