Cirurgia de Estômago e Duodeno na Divisão de Cirurgia

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Cirurgia de Estômago e Duodeno na Divisão de Cirurgia Digestiva da FMRP-USP
O desenvolvimento do setor de estômago e duodeno representou uma etapa
importante na história da Divisão de Cirurgia Digestiva, sobretudo com os trabalhos do
Prof. Dr. Reginaldo Ceneviva no tratamento da doença péptica nas décadas de 60, 80 e
90 (1-6). Atualmente, com a redução nas indicações cirúrgicas para esse tipo de doença,
nos dedicamos principalmente ao tratamento das neoplasias gástricas. No Brasil, o
Ministério da Saúde estimou 21800 novos casos de câncer gástrico para o ano de 2008.
Este tumor representa a quarta neoplasia mais prevalente e a segunda causa mais
frequente de morte por câncer no mundo (7).
Nossos esforços conjuntos com o setor de endoscopia digestiva visam favorecer
o diagnóstico precoce das neoplasias gástricas. Com esse objetivo, desenvolvemos
protocolos junto aos níveis básicos de atenção à saúde em nossa região para facilitar o
direcionamento dos casos. A participação do serviço de endoscopia também é crescente
no tratamento das neoplasias precoces através de mucosectomia (8) e da crescente oferta
de recursos para paliação da obstrução e sangramento dos tumores gástricos, como a
alcoolização, fotocoagulação, tunelização com Nd:yag laser, eletrocoagulação com
plasma de argônio, endopróteses, quimioterapia intra-lesional e terapia fotodinâmica
(9).
A linfadenectomia sistemática da escola japonesa (10) está sendo empregada em
nosso serviço há muitos anos. A colaboração com o setor de imagens médicas e
patologia clínica cria condições para o aperfeiçoamento do rigor oncológico e da
indicação precisa das dissecções linfonodais. Em breve publicaremos os resultados
recentes desse tratamento em nossa instituição.
Assim como os métodos endoscópicos, a laparoscopia vem ganhando terreno no
tratamento das doenças benignas do estômago e duodeno. A cirurgia por vídeo já é
consagrada como um dos métodos mais efetivos para estadiamento do câncer gástrico
(11) e em casos selecionados pode ser utilizada para o tratamento cirúrgico curativo sem
comprometer a radicalidade oncológica (12), porém mais estudos são necessários para
validar sua eficácia terapêutica a longo prazo (13). Em nosso serviço, há inúmeros
casos de doenças benignas tratadas por esta via de acesso. Estamos organizando um
protocolo de estadiamento laparoscópico do câncer gástrico e com base nos estudos
mais recentes, selecionaremos pacientes para a proposta curativa.
O advento da cirurgia trans-luminal através de orifícios naturais (N.O.T.E.S.)
oferece novas perspectivas ao tratamento do câncer gástrico. A ressecção endoscópica
que hoje contempla apenas tumores in situ e em estadio T1 com baixo risco de
metástase pode ter suas indicações ampliadas se pudermos contar com um melhor
estadiamento e as técnicas endoscópicas já disponíveis (14).
A colaboração com a Oncologia Clínica e Radioterapia abriu novas perspectivas
de tratamento e investigação em Câncer Gástrico. Observamos aumento na sobrevida e
melhora na qualidade de vida de nossos pacientes com a maior aproximação desses
profissionais à nossa equipe.
O grupo da Cirurgia de Estômago e Duodeno também conta com a participação
dos profissionais de enfermagem, nutrição, psicologia e serviço social, desenvolvendo o
trabalho assistencial diário e reuniões semanais com familiares de pacientes. A
abordagem multidisciplinar possibilita um modelo integral de assistência e maior
humanização.
Com
a
instalação
do
sistema
de
triagem
on-line
da
DRS-13
(www.hcrp.fmrp.usp/webagendahc) em 2009, aprimoramos a comunicação do nosso
centro de referência com as unidades básicas, distritais e hospitais de menor
complexidade. Isso favorece a alocação racional dos recursos do sistema de saúde e
contribuído para o gerenciamento da crescente demanda do câncer gástrico em nosso
centro.
É seguindo a vanguarda da tecnologia, sem descuidar do rigor técnico, com uma
visão multidisciplinar e humana que a cirurgia de estômago e duodeno no HCRP
avançará nos próximos anos. No contexto de um hospital universitário e centro de
referência, estamos trabalhando este modelo assistencial para favorecer ainda mais o
desenvolvimento da pesquisa e do ensino médico.
Referências
1. Castelfranchi PL, Ceneviva R, Modena JL. Assessment of segmental gastrectomy in the
treatment of gastric ulcer. Chirurgie. 1977;103(10):873-81.
2. Ceneviva R. Segmental gastrectomy associated with superselective vagotomy in the
treatment of duodenal ulcer. AMB Rev Assoc Med Bras. 1978 Sep;24(9):301-2.
3. De Oliveira RB, Ceneviva R, Troncon LEA, Castro e Silva O Jr, Meneghelli UG. The
effect of a segmental gastrectomy with proximal gastric vagotomy on gastric secretion
and gastric emptying.. Br J Surg. 1984 Jun;71(6):431-4.
4.
De Andrade JI, Troncon LEA, Ceneviva R Enterogastric reflux after partial
gastrectomy: comparative study of Billroth I and Billroth II anastomoses. AMB Rev
Assoc Med Bras. 1987 Nov-Dec;33(11-12):219-22.
5. Sousa JE, Troncon LE, Andrade JI, Ceneviva R. Comparison between Henley jejunal
interposition and Roux-en-Y anastomosis as concerns enterogastric biliary reflux levels.
Ann Surg. 1988 Nov;208(5):597-600.
6. Watanabe LM, Andrade JI, Neto FF, Ceneviva R.Morphologic changes of the lesser
gastric curvature after segmental gastrectomy associated to proximal gastric vagotomy.
Experimental study in dogs. Rev Assoc Med Bras 2000, 46(2):126-33.
7. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de
Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância de Câncer. Estimativas 2008:
Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro:INCA, 2007:31-32.
8. Módena JLP, Endoscopia Gastrointestinal Terapêutica, Cap. 82 – SOBED – SP – 2006
– Tecmed.
9. Módena JLP, Endoscopia Gastrointestinal Terapêutica, Cap. 83 – SOBED – SP – 2006
– Tecmed.
10. Japanese Gastric Cancer Association, Japanese Classification of Gastric Carcinoma 2nd English Edition. Gastric Cancer 1998 1:10-24.
11. Blackshaw GR, Barry JD, Edwards P, Allison MC, Thomas GV, Lewis WG.
Laparoscopy signinficantly improves the perceived preoperative stage of gastric cancer.
Gastric Cancer. 2003;6(4):225-9.
12. Strong VE, Devaud N, Karpeh M. The role of laparoscopy for gastric surgery in the
west. Gastric Cancer. 2009; 12(3):127-31.
13. Song KY. The current status and future perspectives of laparoscopic surgery for gastric
cancer. Korean Journal of Gastroenterology. 2009,Oct; 50(4):233-41.
14. Asakuma M, Nomura E, Lee SW, Tanigawa N. Ancillary N.O.T.E.S. procedure for
early stage gastric cancer. Surgical Oncology 2009 Jun; 18(2):157-61
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