História e Cultura das Artes

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História e Cultura das Artes
João Almeida
Nº 7
11º D
Construção de Planta Centrada em Itália:
Um dos ideais perseguidos pelos grandes arquitetos é o da planta centrada. Ao
contrário da cruz latina tradicional das obras-primas da arquitetura gótica, os homens
do Renascimento vêm na cruz grega um ideal sempre sonhado e várias vezes realizado.
A planta centrada não seria uma novidade do Renascimento, mas uma retoma
duma forma já anteriormente utilizada tendo em conta o homem como o centro. Com
efeito, a arquitetura cristã já tinha praticado através de Santa Sophia de
Constantinopla e outros exemplos de igrejas centradas, em forma de cruz grega, com
os braços iguais, na área da influência Bizantina.
Por volta de 1450, León Battista Alberti escreve “De Re Aerdificatória”, obra de
repercussão imensa que teria grande influência nas ideias da época. Em torno dos
conceitos de Alberti, tanto na igreja centrada, quanto no estudo das proporções
humanas e na sua aplicação à arquitetura, reuniram-se grandes figuras, como Luca
Pacioli, e seu tratado De Divina Proporcione , ilustrado por Leonardo.
A planta centrada foi importante pois determina um espaço interno. A igreja vai
ascendendo, sendo coroada pela cúpula. A cúpula, no Renascimento, constitui o
coroamento final da composição, marcada com arte interna e externamente,
encerrando um espaço preciso e inteligível, destaca-se a Catedral de Santa Maria del
Fiore em Florença e São Pedro em Roma.
Estas construções são compostas por variados elementos dando efeito emotivo
e grandioso. O teto elevado e elaborado com elementos de escultura dá uma
dimensão do infinito; as janelas permitem a penetração da luz de modo a destacar as
principais esculturas; as colunas transmitem uma impressão de poder e de movimento.
No Renascimento destaca-se a construção de Donato Bramante, a capela de São Pedro
em Montorio localizado em Roma, construída a pedido do Papa Júlio II em 1502. A
construção da cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore, em Florença, por
Brunelleschi (1377-1446) é também um importante exemplo deste tipo de construção.
Os arquitetos destas obras são bastantes, sendo Brunelleschi um dos mais
conhecidos. Construiu a “Sacristia Velha” e a capela Pazzi, ambas primeiras
construções deste tipo. Brunelleschi inventou um novo método de construção que
combinou técnicas de alvenaria e da arquitetura medieval, eliminando o escoramento
que praticamente inviabilizava a realização do domo.
Miguel Ângelo prende-se totalmente à estruturação clássica formada por
partes autónomas. Contrastes entre a figura central, erguida, e as formas adjacentes,
alongadas, foram enormemente aumentadas.
Bramante usa uma superposição de três pisos que constitui um todo
absolutamente fechado, porém, nos pisos, as saliências angulares, as janelas e as
superfícies da parede são elementos claramente isolados. Vai alternando entre o largo
e o estreito.
Construção Axial em Itália:
A construção de planta centrada remete para a conceção do homem como o
centro. No entanto, as necessidades litúrgicas de uma igreja “obrigavam” a que a
mesma fosse de construção axial. Em Itália há várias igrejas do período renascentista
que tiveram uma construção axial:
Santo Spirito: O traçado da igreja de S. Spirito pode ter tido por uma
interpretação aperfeiçoada de San Lorenzo: os quatro braços do cruzeiro são iguais, a
nave principal é distinguida das colaterais apenas pelo seu maior comprimento e toda
a estrutura parece envolvida pela sequência contínua de naves e capelas. Estas
constituem o traço mais surpreendente de S. Spirito. Brunelleschi, que rejeitou sempre
a abside (capela-mor) utilizou-a para exprimir com maior dinamismo a relação entre o
espaço interior e os seus Emites (a parede aprece dilatar-se para fora sob pressão
desse espaço).
Sant’ Andrea: Obra implantada na cidade de Mântua em Itália. É um conjunto
de linhas simples e grandiosas, tornando-a uma edificação imponente, robusta.
As compridas paredes laterais possuem na sua composição aberturas como os nichos e
as janelas. Em termos de interior segue uma divisão interna diferente das demais
basílicas, pois não possui uma nave lateral contínua, mas seccionada por nichos que
servem de pequenas capelas. Nave central extensa com vãos laterais mais estreitos,
com as três aberturas: a porta, o nicho e as janelas. Tem em todo o seu segmento a
abóboda de berço, que se finda no encontro com a cúpulaPossui apenas duas saídas,
sendo uma na fachada principal e a outra num dos extremos do transepto. Possui um
pequeno tipo de transepto também em sua entrada, sendo este na área externa à
basílica, mas coberto por abóbodas que formam uma galeria.
San Salvatore: Os arquitetos Giorgio Spavento e Tulio Lombardo empregaram a
planta de cruz latina coberta por cúpulas. Na nave central a cobertura tem três cúpulas
com cada uma delas assente em quatro pilares.
Il Redentore: O organismo comporta uma nave única, com um presbitério de
três absides. A nave apresenta três profundas capelas decada lado, mas não há naves
laterais.
Il Gesú: Esta era a principal igreja da Companhia de Jesus implantada na cidade
de Roma, construída segundo um plano longitudinal que pudesse albergar o maior
número de pessoas possível, combinando uma planta centrada da época renascentista
e uma planta longitudinal da época medieval, num edifício que respondia às normas e
disposições artísticas saídas da Contrarreforma, e que oferecia uma disposição interior
simples e luminosa. Interiormente a igreja apresenta na nave, na cúpula e na abside
pinturas da autoria de Baciccio e no lado esquerdo do transepto estão guardadas as
ossadas de Santo Inácio de Loyola.
As fachadas destas igrejas também apresentam características bastante
parecidas. Baseiam-se, grosso modo, num único esquema: frentes colossais de um
templo clássico fecham a nave central, enquanto as ordens menores, que sustentam
um setor de tímpanos, fecham as naves laterais. O esquema dessa elevação pode
configurar-se como a sobreposição de duas frentes de templo, uma maior e uma
menor.
Construção Axial em Espanha:
Em Espanha estávamos na altura dos descobrimentos, da expansão marítima.
Tendo um gosto bastante exagerado, em Espanha surge o plateresco. Um estilo
artístico ornamental, empregado especialmente na arquitetura, que surgiu em
Espanha durante o Renascimento, desenvolvendo-se no período barroco, e cuja
característica é a desfiguração dos cânones clássicos pelo acréscimo de vários
elementos de decoração.
A primeira catedral renascentista espanhola foi construída em Granada cria
uma rutura com o plateresco. Esta catedral abriu caminho para outras igrejas e
catedrais, que foram construídas em tempos posteriores. A sua magnitude, a
decoração interna e os estilos arquitetónicos da Catedral de Granada tornam este
edifício num sitio esplêndido para ver e poder desfrutar. Diego de Siloé traçou em
1529 as linhas renascentistas de todo o edifício sobre os alicerces góticos, com nave à
volta do abside, e cinco naves.
Quando em 1563 se inicia a construção do Escorial, a arquitetura renascentista
em Espanha ganha um novo fôlego. O arquiteto responsável foi Juan Bautista de
Toledo, mas à morte deste em 1567 a obra é entregue a Juan de Herrera, que a
finalizou em 1584. Mais tarde foi ampliado com a criação de um mosteiro para
albergar monges jerónimos tornando-se no maior mosteiro de Espanha. A basílica
inspira-se em São Pedro de Roma. À direita e à esquerda da capela-mor encontram-se
os cenotáfios de Carlos V e de Filipe II. Debaixo do coro encontra-se o panteão real,
iniciado em 1617 e finalizado em 1645, de planta octogonal, onde descansam 26
soberanos.
Construção Axial em Portugal:
Em Portugal muitas das igrejas de Diogo Torralva são de puro estilo
renascentista italiano. Tal facto está presente na Igreja da Graça em Évora e nos
claustros do Convento da Ordem de Cristo em Tomar. Na Igreja da Graça os volumes
recortados em granito da igreja de Nossa Senhora da Graça reúnem elementos
renascentistas e maneiristas, que refletem o ambiente humanista que então se vivia
em Évora, revelando simultaneamente, a importância capital desta obra no panorama
artístico nacional, por ter desempenhado um papel primordial na adesão do gosto
régio à arquitetura do humanismo. A igreja destaca-se no conjunto conventual pela
sua fachada maneirista, com galilé inserida de forma original e com as quatro
esculturas de grandes dimensões em granito. Já o claustro do Convento de Cristo é um
dos melhores exemplos do Renascimento puro em Portugal. O claustro com arcadas
tem dois andares com diferentes ordens sobrepostas, dórico e jônico.
No final do séc. XVI as igrejas apresentam mais traços barrocos. A Igreja de S.
Vicente de Fora em Lisboa ilustra tal facto. Esta igreja e convento de traça maneirista
foi construído em finais do século XVI, segundo projeto de Filippo Terzi, com
intervenção posterior de Diego de Herrera, arquiteto do Escorial. Na fachada portas
janelas e nichos distribuem-se de forma simétrica. No interior são de destacar os
azulejos inspirados em La Fontaine.
Construção Axial na Alemanha:
Na Alemanha, a influência renascentista italiana introduziu-se lentamente. A
construção alemã mantinha-se fiel à tradição gótica, mas ainda assim os edifícios da
primeira metade do século XVI apresentam uma rica superestrutura ornamental, com
motivos decorativos renascentistas. Apesar da arquitetura alemã se manter vinculada
ao passado gótico, vários dos seus artistas foram capazes de afundir a herança
medieval com a nova estética. Nas igrejas mantêm-se as linhas góticas tradicionais. Só
muito mais tarde os artistas alemães, em contatos com os italianos aprenderam a
assimilar o Renascimento. O Renascimento Alemão não tem um aspeto colossal, os
seus métodos limitam- se aos agrupamentos artísticos e ao tratamento de detalhes.
Dividiu-se em 3 períodos: primeiro período é aquele em que fizeram adições do
Renascimento às estruturas góticas; Renascimento médio, já menos gótico, com
inúmeras edificações municipais; Barroco, quando usaram todas as ordens em muita
combinações.
A Igreja de São Miguel em Munique é a maior renascentista da região, sofreu
forte influência da arquitetura barroca e assim apresenta características de
rebuscamento e beleza típicas.
Construção Axial em França:
Se na Alemanha as igrejas renascentistas são raras, em França são-no ainda
mais. As igrejas tinham uma traça gótica revestidas de elementos renascentistas. Tal
como na igreja de St. Michel. Uma fachada de origem gótica que foi embelezada com
elementos renascentistas. Ou na Igreja de St. Etienne du Mont que exibe uma fachada
clássica com diversos elementos maneiristas.
Construção Axial nos Países Baixos:
Juntamente com a Itália, os países baixos foram um importante polo do
capitalismo comercial, possuindo ainda uma vida urbana desenvolvida e um mercado
que poderia consumir obras de arte. Entretanto, a força da tradição gótica no local
dificultou bastante sua assimilação da Renascença Italiana. Costuma-se dizer que isso
só foi possível no país graças à figura do alemão Dürer, que passou um período de sua
vida na Antuérpia, cidade que se tornou o centro cultural da Holanda.
Também nestes países as Igrejas totalmente renascentistas são raras.
Inaugurada em 1631 e concebida a partir das plantas do arquiteto Hendrick de Keyser,
a Westerkerk é um edifício de estilo Renascentista Culminando a 85 metros de altura,
seu campanário domina Amsterdão. A basílica tem 3 naves e 2 transeptos. Até ao séc.
XVII as igrejas continuaram a ter uma traça gótica.
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