Potencial Elétrico Evandro Bastos dos Santos 14 de Março de 2017 1 Energia Potencial Elétrica Vamos começar fazendo uma analogia mecânica. Para um corpo caindo em um campo gravitacional ~g , a partir de uma altura hi até uma altura hf , a diferença de energia potencial gravitacional entre os dois pontos será hf Z Uf − Ui = − m~g · d~l. (1) hi Fazendo o produto escalar(~g · d~l = gdl cos π) e resolvendo a integral, temos que Uf − Ui = mgh, (2) que é nosso resultado conhecido para a energia potencial gravitacional. No caso do campo elétrico temos uma situação análoga hf Z Uf − Ui = − ~ · d~l. qE (3) hi em que trocamos o campo gravitacional pelo campo elétrico e a massa pela carga elétrica. É importante lembrar que a integral acima é uma integral de linha, porém como o campo elétrico (assim como o campo gravitacional) é conservativo, para essa integral não importa o caminho. Então escolhendo o melhor caminho (linha reta) e fazendo que Ui = 0 no infinito, pois no infinito a carga elétrica está livre de campo (E ltimes r12 ), temos que Z r ~ · d~l. qE U (r) = − (4) ∞ que é interpretado como a energia necessária para trazer a carga de um ponto muito distante até um ponto ~r próximo. Se for entre duas cargas pontuais, temos que: U (r) = 1 qq0 4πε0 r (5) Exemplo: Um elétron está posicionado em uma região do espaço. Qual o trabalho necessário para trazer um pósitron (q=+e) do infinito até a posição de 2m de distância? Expresse sua resposta com a melhor unidade ou subunidade que se adequar ao valor final. 1 1.1 Sistema de partículas Assim como vimos na força elétrica, quando temos diversas cargas (q1 , q2 , q3 , ..., qn ) gerando um campo elétrico, que faz uma força sobre uma carga q0 , teríamos a força sobre ela sendo: F~0 = n 1 X qi q 0 4πε0 i=1 (ri − r0 )2 (6) E o campo elétrico nesse ponto, seria: ~ E(r) = n qi 1 X 4πε0 i=1 (ri − r)2 (7) No caso da energia potencial elétrica, vale a mesma relação, sendo portanto a energia de interação entre n partículas, ~ = U 2 n 1 X qi q0 . 4πε0 i=1 (ri − r0 ) (8) Potencial Elétrico O potencial elétrico nos ajudará no cálculo do campo elétrico, pois eles estão intimamente ligados. Sendo, por vezes, mais fácil calcular o potencial elétrico e em seguida o campo elétrico a partir dele. Imagine um campo elétrico gerado por uma carga Q, ao ser colocada um carga de prova q em seu espaço de atuação podemos perceber que, conforme a combinação de sinais entre as duas cargas, esta carga q, será atraída ou repelida, adquirindo movimento, e consequentemente Energia Cinética. Lembrando da energia cinética estudada em mecânica, sabemos que para que um corpo adquira energia cinética é necessário que haja uma energia potencial armazenada de alguma forma. Quando esta energia está ligada à atuação de um campo elétrico, é chamada Energia Potencial Elétrica ou Eletrostática, simbolizada por Ep . Ep = KQq r (9) A unidade usada para a energia potencial é o joule (J). Pode-se dizer que a carga geradora produz um campo elétrico que pode ser descrito por uma grandeza chamada Potencial Elétrico (ou eletrostático). De forma análoga ao Campo Elétrico, o potencial pode ser descrito como o quociente entre a energia potencial elétrica e a carga de prova q. Ou seja: V = Ep q (10) V = KQ r (11) Logo 2 A unidade adotada, no SI para o potencial elétrico é o volt (V), em homenagem ao físico italiano Alessandro Volta, e a unidade designa Joule por coulomb (J/C). Quando existe mais de uma partícula eletrizada gerando campos elétricos, em um ponto P que está sujeito a todas estes campos, o potencial elétrico é igual à soma de todos os potenciais criados por cada carga, ou seja: V = V1 + V2 + V3 + ... + Vn 2.1 (12) Superfícies Equipotenciais Uma maneira muito utilizada para se representar potenciais é através de equipotenciais, que são linhas ou superfícies perpendiculares às linhas de força, ou seja, linhas que representam um mesmo potencial. Para o caso particular onde o campo é gerado por apenas uma carga, estas linhas equipotenciais serão circunferências, já que o valor do potencial diminui uniformemente em função do aumento da distância (levando-se em conta uma representação em duas dimensões, pois caso a representação fosse tridimensional, os equipotenciais seriam representados por esferas ocas, o que constitui o chamado efeito casca de cebola, onde quanto mais interna for a casca, maior seu potencial). Figura 1: Linhas equipotenciais Um resultado interessante é que se todas as cargas em um condutor estão em repouso, e como já vimos elas vão pera a superfície, então essa superfície é uma equipotencial. 2.2 Diferença de Potencial Considere dois pontos de um campo elétrico, A e B, cada um com um posto a uma distância diferente da carga geradora, ou seja, com potenciais diferentes. Se quisermos saber a diferença de potenciais entre os dois devemos considerar a distância entre cada um deles. 3 Figura 2: Diferença de potencial entre pontos Então teremos que sua tensão ou d.d.p (diferença de potencial) será expressa por U e calculada por: U = V1 − V2 KQ KQ − U= r1 r2 3 (13) (14) Cálculo do Potencial Elétrico Sendo o potencial elético para uma distribuição discreta dado por U q0 (15) n 1 X qi q0 . 4πε0 i=1 (ri − r0 ) (16) V = em que ~ = U então o potencial elétrico é simplesmente V = n 1 X qi . 4πε0 i ri (17) Porém se as cargas estiverem distribuídas infinitesimalmente é conveniente escrever 1 V = 4πε0 Z dq r (18) que é muito parecido com o que vimos para o campo elétrico. Como o integrando tem um grau menor do que no caso do campo elétrico, esse cálculo pode ser ligeiramente mais fácil. 4 3.1 Potencial Elétrico a partir do Campo Elétrico Nosso objetivo, no entanto, é calcular o potencial elétrico a partir do campo elétrico. Se a força sobre uma carga q0 é dada por ~ F~ = q0 E. (19) O trabalho dessa força entre dois pontos a e b é b Z F~ · d~l Wa→b = a Z b ~ · d~l. qE Wa→b = (20) (21) a Como o trabalho entre dois pontos é a diferença de energia entre eles, temos que Wa→b = Va − Vb . q0 (22) Então b Z ~ · d~l E Va − Vb = (23) a ~ age na é a diferença de potencial entre os pontos a e b, quando um campo elétrico E N região do espaço. Perceba, portanto, que o Volt é C m. No caso de um elétron em uma região de potencial 1V, terá sua energia como sendo U = qV U = 1.6 · 10 C · 1V −19 (24) (25) pode ser escrito simplesmente como U = 1eV (um elétron-volt). Portanto a unidade eV é unidade de energia! ~ = 1.5 · 107 îV /m. Exemplo: Considere um próton, em uma região de campo elétrico E Calcule: (a) A força sobre o próton. (b) O trabalho do campo sobre o próton, para levar do ponto A(0,0) até o ponto B(3m,3m) (c) A ddp entre os pontos A e B. 4 Gradiente de Potencial Já vimos que Z Va − Vb = b ~ · d~l. E (26) a Queremos, agora, determinar o campo elétrico a partir do potencial conhecido. A variação de potencial pode ser escrita como 5 b Z Va − Vb = dV. (27) ~ · d~l. E (28) a Então Z b b Z dV = a a Portanto, ~ · d~l. dV = E (29) dV = −(Ex dx + Ey dy + Ez dz). (30) Calculando o produto escalar Por exemplo, se não há dependência com y e z, temos que dV = −Exdx ∂V Ex = − ∂x (31) (32) Para y e z temos formas análogas. ∂V ∂y ∂V Ez = − ∂z Ey = − (33) (34) Então ~ =− E ∂V ∂V ∂V , , ∂x ∂y ∂z , (35) portanto, ~ = −∇V. E Ou seja, o campo elétrico é o gradiente do potencial elétrico. 5 Exercícios Halliday 8ed: 3, 2, 14, 15 Halliday 9ed: 1, 2, 12, 17 6 (36)