Uso de radiação ultravioleta no preparo de amostra: princípios e aplicações ANDREA CAVICCHIOLI INSTITUTO DE QUÍMICA – USP – SÃO PAULO V Workshop sobre preparo de amostra, São Paulo, 19/10/2004 Conteúdo deste seminário: 1. Considerações sobre o pré-tratamento de amostras 2. Apresentação da digestão por irradiação UV 3. Exemplos de aplicações: passadas (procedimentos bem estabelecidos) presentes (situação atual ) “futuras” (desenvolvimentos recentes) Pré-tratamento: o que é isso? “Conversão da amostra numa forma em adequada para que Determinação de proteínas danificadas sangue humano a análise Krug,da II exposição Workshop sobre preparo como proceda” marcadores (F. biológicos a hidrocarbonetos de amostras, Piracicaba,aromáticos 1998) (R. Hanway, A. Cavicchioli e P. Farmer, Biomarkers, 2000. DIÁLISE PRECIPITAÇÃO PROTEíNA HIDRÓLISE •ESTADO FÍSICO da amostra deve ser compatível com a 4 h.analítica utilizada 4 h. 24 h. técnica EFS PRÉ-CONC. HPLC (SEMI PREP) •COMPOSI0,5 ÇÃO amostra deve0,25 ser apropriada h. QUÍMICA da12 h. h. para o objetivo analítico (tipo de analito, limite de detecção, precisão e exatidão) GC-MS HPLC (ANALíTICO) DERIVATIZAÇÃO 0,25 h. 0,5 h. 2 min. OTIMIZAÇÃO DO MÉTODO: 6 MESES 0,1% •Solubilização •Purificação •Transferência de meio •Pré-concentração/diluição •Derivatização UV •Separação extração cromatografia diálise distilação etc. •Decomposição ENERGIA TÉRMICA (via seca/úmida - sistemas abertos/fechados) SONOLÍTICA (ultra-som) ELETROQUÍMICA RADIANTE (microondas, UV, IV, Raios-X) DECOMPOSIÇÃO NO PRÉ-TRATAMENTO DE AMOSTRAS (abertura ou digestão): •Serve tanto para solubilizar como para purificar •Para purificar, é uma abordagem menos sofisticada que as técnicas cromatográficas •É um procedimento característico da análise de espécies inorgânicas Æ destruição de espécies orgânicas •Freqüentemente visa a determinação do conteúdo total de elementos individuais, sendo também uma ferramenta útil para estudos de especiação PROCESSOS DE DERIVATIZAÇÃO Conversão quantitativa de um analito em uma forma química mais apropriada para a detecção EXEMPLOS •Complexos coloridos em espectrofotometria no visível •Formação de hidretos para detecção em AAS (Sn, As, Sb) •Formação de espécies eletroativas (voltametria etc.) •Formação de espécies voláteis para GC Fontes FONTES Lâmpadas de descarga de vapores de mercúrio (lâmpadas de mercúrio) Ar Hg TIPO DE LÂMPADA PRESSÃO (torr) DIMENSÕES EMISSÃO BAIXA PRESSÃO (60 W) 10-3 – 101 1m 15-40 mm 254 nm MÉDIA PRESSÃO (400-600 W) 103 10-50 cm 10-40 mm UV + Vis ALTA PRESSÃO (1000-2000 W) 104 10-50 cm 10-40 mm ” ESPECTRO DE EMISSÃO DE LÂMPADA DE Hg DE BAIXA PRESSÃO λ (nm) ESPECTRO DE EMISSÃO DE LÂMPADA DE Hg DE MÉDIA PRESSÃO λ (nm) FONTES LAMPADAS DE BAIXO CUSTO (Aguiar e Gutz, PRÉ-TRATAMENTO POR IRRADIAÇÃO UV: REATORES Batch Modelo Metrohm Lâmpada UV 500/1000 W Tubos de quartzo Resfriamento com ar/água T=60 – 90 °C PRÉ-TRATAMENTO POR IRRADIAÇÃO UV: REATORES Sistema em fluxo Vários modelos Serpentina de quartzo ou PTFE ESTEQUIOMETRIA DA MINERALIZAÇÃO R-H Æ CO2 + H2O (SO42-, PO43-, NO3-) O2 + 4 H+ Æ 2 H2O NO3- Æ S2O82- Æ H2O2 Æ O3 Æ Et – OH = 19.8 eV Ph – OH = 12 eV CH3 – H = 4,5 eV 31 6,9 40 180 4,9 253 2,8 3,1 eV 365 400 nm R1 hν R1* + O2 R1• + O2 O2 hν 2 O + O2 RO2• R2 1O 2 O3 + H2O hν H2O2 + O2 hν O2- • HO• EXEMPLOS EXTRAÇÃO DE HIDROGÊNIO ADIÇÃO - ELIMINAÇÃO EXEMPLOS HYDROXILAÇÃO SEQÜENCIAL– ABERTURA ANEL AROMÂTICO DIGESTÃO UV: VANTAGENS... •É realizada em condições de T e P relativamente baixas •É facilmente implementada em fluxo •Pode ser realizada sem adição de reagentes (reduz problemas de contaminação) ... E DESVANTAGENS •Só para amostras liquida •Não é muito agressiva ou abrangente quanto ao tipo de amostra Digestão de amostra: Microondas vs UV Microondas Eficácia Abrangência Segurança Praticidade Perdas e Contaminação UV HISTÓRICO DO PRÉ-TRATAMENTO POR IRRADIAÇÃO UV (UMA ORGANIZAÇÃO SIMPLIFICADA): PASSADO: PROCEDIMENTOS BEM ESTABELECIDOS, EQUIPAMENTOS COMERCIAIS (digestão em batch, analisadores de C, P, N totais ). 1970 – 1995 PRESENTE: NOVAS TENDÊNCIAS AINDA EM FASE EXPERIMENTAL (técnicas de digestão em fluxo) 1995 – 2000 FUTURO: DESENVOLVIMENTOS E CONTRIBUIÇÕES MAIS RECENTES. 2001 PASSADO NATURE: 1966 PHOTO-OXIDATION OF ORGANIC MATTER IN SEA WATER BY UV RADIATION: ANALYTICAL AND OTHER APPLICATIONS F.A.J. Amstrong, P.M. William and J.Strickland Digestão em batch de amostras de água lag rios água os va u h c de água potável ne v orvalho e a águ amostras estuarinas ar m de ’70 - ’80 Digestão em batch de amostras de água DETERMINAÇÃO DE METAIS PESADOS (Zn(II), Cd(II), Pb(II), Cu(II), Ni(II) e Co(II)) EM ÁGUAS NATURAIS E EM EFLUENTES URBANOS Decomposição de matéria orgânica responsável pela complexação de metais pesados 30 min a 65 °C Zn Pb UV UV Cd UV Cu UV (V. Pfund, p. Rach, D. Saur, R. Neeb, Euroanalysis, Paris, 1987) Digestão em batch de amostras de água Especiação de Cd(II) em água de mar Sinal antes da digestão Cd(II)livre Cd(II)org Tempo (min) (E. Helmers. Fresenius J. Anal. Chem., 1994, 350, 62 Digestão em batch de amostras de água Influência dos parâmetros experimentais Intensidade a: 1000 W b: 500 W Temperatura a: 72 °C b: 56 °C c: 37 °C Concentração Adição de H2O2 6x50 µL Diluição a: 1:5 b: 1:1 2x150 µL 3x100 µL (D. Saur, V. Gemmer e R. Neeb, Metrohm Monograph, 1989) Digestão em batch de matrizes biológicas INVESTIGATION OF THE COMPLETENESS OF DIGESTION PROCEDURES PRIOR TO VOLTAMMETRIC TRACE METAL ANALYSIS OF OLIVE LEAVES Determinação voltamétrica de metais pesados em folhas de oliveira. Via úmida (HNO3/H2O2) + UV (3-7 h) i 2 µA 0h 0,2 µA 3h 50 nA 7h Pb Cu 0 UV Zn -1 E (J. Hertz e R. Pani, Fresenius Z. Anal. Chem., 1987, 328, 487) Digestão em batch de matrizes complexas Cuidados no uso de H2O2 com técnicas eletroanalíticas i UV com H2O2 UV sem H2O2 sem digestão E (V) -1 0 (M.Vega et al., Fresenius J. Anal. Chem., 1994, 350, 139) Especiação em águas naturais - tratamentos em batch PRECONCENTRATION OF CHROMIUM(III) FROM SEA-WATER BY ADSORPTION ON SILICA AND VOLTAMMETRIC DETERMINATION •Necessidade de determinar de Cr(III) para avaliar a razão Cr(III)/Cr(VI) •Pré-concentração de Cr(III) em partículas de sílica em pH 7-9 •Redissolução de Cr(III)ads e conversão para Cr(VI) por irradiação UV •Análise de Cr(VI) por CSV Cr(III) Cr(III) UV Cr(VI) Cr(III) CSV Cr(III) (M. Boussemart e C.M.G. van den Berg, Analyst, 1994, 119, 1349) Especiação em águas naturais - tratamentos em batch DETERMINATION OF SELENIUM IN FRESHWATERS BY CATHODIC STRIPPING VOLTAMMETRY AFTER UV IRRADIATION UV Se(VI) Æ Se(IV) ORGÆ CO2 + H2O Determinação por CSV (Cu2Se) UV: 600 W 60 min + 45 min em presença de matéria orgânica (G. Mattsson, L. Nyholm, A. Olin e U. Örnemark, Talanta, 1995, 42, 817) Determinação de Carbono Orgânico Total (on-line) Skalar TOC Analyzer SK-12 UV 1993 K2S2O8 PRESENTE Digestão on-line de amostras de água Digestão on-line de amostras de água (C.M.G.van den Berg et al., Anal. Chim.Acta, 1997, 346, 101) (L. Campos, Quim. Nova, 2001, 24, 257) Digestão on-line de amostras de água •Possibilidade de automação e monitoramento in situ (p.e. em embarcações, campanhas de amostragem- análise sem necessidade de armazenamento) •Com a redução do volume de amostra, os tempos de digestão foram reduzidos para poucos minutos (no caso de amostras de mar) •Uso de bobinas de PTFE com redução dos custos e possibilidade de equipamentos artesanais Digestão on-line de amostras de água “Desenvolvimento de métodos eletroanalíticos envolvendo processos catalíticos e sua extensão à análise por injeção em fluxo” Uso de fontes de UV de média pressão obtidas de lâmpadas convencionais de iluminação pública (M.A.S. Aguiar,Tese de doutoramento, IQ-USP 2000) Determinação de Fósforo Total (on-line) Conversão de substratos orgânicos modelo contendo P para PO43- (detecção espectrofotométrica) A=ácido fítico B=tripolifosfato A A B B A B (R.L.Berson et al., Anal. Chim. Acta, 1995, 326, 29) Especiação de Nitrogênio (on-line) Determinação de nitrito, nitrato e N orgânico total em efluentes urbanos NO2- NO2- + NO3- + NT 1)Griess NO2- + NO31)NO3-ÆNO22)Griess NO2- + NO3- + NT NO2- + NO3NO2- 1)UV 1)NO3-ÆNO22)Griess (V.Cerdà et al., Analyst, 1996, 121, 13) Digestão em batch de amostras complexas - acoplamento com cromatografia de íons SAMPLE PRETREATMENT BY UV PHOTOLYSIS FOR THE ION CHROMATOGRAPHIC ANALYSIS OF PLANT MATERIAL Folhas etc. Material finamente triturado: UV, 500 W (H2O2 e/ou HNO3), 85 °C 60-120 min Fe3+ mAU Cu2+ Ni2+ Co2+ min (P.L. Buldini, S. Cavalli e A. Mevoli, J. Chromat., 1996, 739, 167) Digestão on-line e acoplamento com HPLC INTERFACING HPLC AND COLD VAPOUR AAS WITH ONLINE UV IRRADIATION FOR THE DETERMINATION OF ORGANIC MERCURY COMPOUNDS •Separação cromatográfica de compostos orgânicos de Hg (Hg, CH3Hg, C2H5Hg e PhHg). • Destruição dos compostos orgânicos •Formação de hidreto e determinação por Absorção Atômica (H.F.Schöler, J. Chrom., 1994) ATOM CELL HYDRIDE NaBH4 GENERATOR UV COIL HCl HPLC SAMPLE INJECTOR Digestão on-line e acoplamento com HPLC 4 3 2 •Volume de amostra= 20 µL 1 • Limide de detecção: ng •Tempo de residência= 5 min •UV: 8W, baixa pressão 1: Hg2+ 2: C6H5Hg+ 3: C2H5Hg+ 4: CH3Hg+ min O 1O Ret. Time 2O Digestão on-line e acoplamento com HPLC SPECIATION DETERMINATION OF ARSENIC IN URINE BY HPLC HGAAS WITH ONLINE UV PHOTOOXIDATION •Amostras reais complexas •Separação cromatográfica de 6 compostos orgânicos de As. • Destruição dos compostos orgânicos por UV/K2S2O8/NaOH •Determinação por HGAAS (D.L.Tsalev, Analyst, 1998) Digestão on-line e acoplamento com HPLC Outras contribuições: •Sistema automático para especiação de Sn em águas naturais •Determinação de iodo urinário para diagnóstico clínico FUTURO Digestão em sistema acoplados microondas-UV •“Reatores para digestão com efeito combinado UV+microondas •Electrodless” Cd lamps, lâmpadas UV ativadas por microondas •Testado na análise de leite desnatado (Cd, Fe, Cu, Pb): digestão 5 vezes mais eficiente se comparado com UV convencional (D. Floriam e G. Knapp, Anal. Chem., 2001, 73, 1515) Digestão fotocatalitica em presença de suspensões de TiO2 •Baseado no uso do catalizador fotoquímico (TiO2) para promover o processo de oxidação •O TiO2 forma uma fina suspensão com aspecto leitoso (catálise heterogênea) •Adequado só para detectores que toleram a presença das partículas de TiO2 (detectores eletroquímicos) (A. Cavicchioli e I.G.R.Gutz, Anal. Chim. Acta, no prelo) BANDA DE CONDUÇÃO λ ≤ 384 nm BANDA DE VALÊNCIA e-BV O2Æ O2•- + e- +2H+ Æ H2O2 ÆHO• Mn+ ÆM 3.23 eV (384 nm) h+ BV TiO2 (anatase) ORG Æ ••• Æ CO2 + H2O HO- Æ HO• •Proporciona nítida aceleração em relação à fotólise convencional •Testado em amostras modelo CdEDTA e em algumas matrizes reais contendo EDTA (detergentes) •Compatível com voltametria efetuada em MDE Altura do sinal analítico (%) Digestão fotocatalítica em presença de suspensões de TiO2 100 b a com TiO2 sem TiO2 50 0 0 600 Tempo de digestão(s) 1200 PÓS-TRATAMENTO DE AMOSTRA POR IRRADIAÇÃO UV A CLEAN ANALYTICAL METHOD FOR THE SPECTROPHOTOMETRIC DETERMINATION OF FORMETANATE INCORPORATING AN IN-LINE MICROWAVE ASSITED HYDROLYSIS STEP M. J. Escuriola, A.Morales-Rubio, M. de la Guardia, Anal. Chim Acta, 1999, 390, 147 REFERÊNCIAS Entrar em contato comigo B 2 Sup. Sala 257 [email protected] AGRADECIMENTOS •Dissolução “... uma amostra sólida, líquida ou gasosa é dissolvida em líquidos adequados em baixas temperaturas” •Abertura “... quando a dissolução é a conseqüência de um processo de decomposição em altas temperaturas” R. Anderson, Sample Pretreatment and Separation, J. Wiley, Chichester, 1991 Emissão de lâmpada de média pressão Emissão de lâmpada de baixa pressão PRÉ-TRATAMENTO POR IRRADIAÇÃO UV: REATORES Batch (L. Mart, H.W. Nürnberg e P. Valenta, Fresenius Z. Anal. Chem., 1980, 300, 350)