UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM LETÍCIA REJANE SILVA EPIDEMIOLOGIA DA INFECÇÃO PELO HIV/AIDS EM MULHERES ATENDIDAS EM HOSPITAIS DE REFERÊNCIA DE GOIÂNIA-GOIÁS: USO DE TÉCNICA DE RELACIONAMENTO DE BASES DE DADOS GOIÂNIA, 2011 TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás (UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG), sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data. 1. Identificação do material bibliográfico: [ x ] Dissertação [ ] Tese 2. Identificação da Tese ou Dissertação Autor (a): Letícia Rejane Silva E-mail: [email protected] Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [ x ]Sim [ ] Não Vínculo empregatício do autor Agência de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás País: Brasil UF: GO Sigla: FAPEG Título: Epidemiologia da infecção pelo HIV/aids em mulheres atendidas em hospitais de referência de Goiânia-Goiás: uso CNPJ: de técnica de relacionamento de bases de dados Palavras-chave: SIDA, HIV, mulheres, relacionamento de banco de dados Título em outra língua: Epidemiology of HIV infection in women attending referral hospitals in Goiânia - Goiás: use of technique of linkage databases Palavras-chave em outra língua: Área de concentração: AIDS, HIV, women, database linkage A Enfermagem no cuidado à saúde humana Data defesa: (dd/mm/aaaa) 13/05/2011 Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Orientador (a): E-mail: Profª Drª Sandra Maria Brunini de Souza [email protected] Co-orientador (a):* E-mail: *Necessita do CPF quando não constar no SisPG 3. Informações de acesso ao documento: Liberação para disponibilização? 1 [ x ] total [ ] parcial Em caso de disponibilização parcial, assinale as permissões: [ ] Capítulos. Especifique: __________________________________________________ [ ] Outras restrições: _____________________________________________________ Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF ou DOC da tese ou dissertação. O Sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos contendo eletronicamente as teses e ou dissertações, antes de sua disponibilização, receberão procedimentos de segurança, criptografia (para não permitir cópia e extração de conteúdo, permitindo apenas impressão fraca) usando o padrão do Acrobat. ________________________________________ Assinatura do (a) autor (a) Data: ____ / ____ / _____ 1 Em caso de restrição, esta poderá ser mantida por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Todo resumo e metadados ficarão sempre disponibilizados. LETÍCIA REJANE SILVA EPIDEMIOLOGIA DA INFECÇÃO PELO HIV/AIDS EM MULHERES ATENDIDAS EM HOSPITAIS DE REFERÊNCIA DE GOIÂNIA-GOIÁS: USO DE TÉCNICA DE RELACIONAMENTO DE BASES DE DADOS Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Área de concentração: A Enfermagem no cuidado à saúde humana Linha de pesquisa: Prevenção, controle e epidemiologia das infecções associadas à cuidados em saúde e das doenças transmissíveis Orientadora: Profª Drª Sandra Maria Brunini de Souza GOIÂNIA, 2011 FOLHA DE APROVAÇÃO LETÍCIA REJANE SILVA EPIDEMIOLOGIA DA INFECÇÃO PELO HIV/AIDS EM MULHERES ATENDIDAS EM HOSPITAIS DE REFERÊNCIA DE GOIÂNIA-GOIÁS: USO DE TÉCNICA DE RELACIONAMENTO DE BASES DE DADOS Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás para a obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Aprovada em 13 de maio de 2011. BANCA EXAMINADORA: _________________________________________________ Profª Drª Sandra Maria Brunini de Souza – Presidente da Banca Faculdade de Enfermagem - Universidade Federal de Goiás _________________________________________________ Profª Drª Elucir Gir - Membro Efetivo, Externo ao Programa Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo _________________________________________________ Profª Drª Sheila Araújo Teles – Membro Efetivo Faculdade de Enfermagem - Universidade Federal de Goiás _________________________________________________ Profª Drª Renata Karina Reis - Membro suplente, externo ao Programa Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo _________________________________________________ Profª Drª Ruth Minamisava - Membro suplente Faculdade de Enfermagem - Universidade Federal de Goiás DEDICATÓRIA Aos meus pais, Jorgea e Antonio, que com muito amor souberam aceitar e incentivar incondicionalmente meu sonho. A minha amada irmã, Mírian Adriana, pela palavra amiga, incentivo e encorajamento. AGRADECIMENTOS A Deus por ter me confiado a vida e tantas outras bênçãos que a cada dia me proporcionam realização pessoal e profissional. A Ele, que realizou maravilhas em meu favor, minha fé e adoração. À minha família que soube entender minha ausência e que não mediu esforços para a concretização dos meus objetivos. Obrigada pelas orações e estímulo. A vocês, pai, mãe e maninha; dom de Deus em minha vida, amor incondicional. Ao meu namorado José Rafael pela paciência e compreensão. Obrigada por entender que a realização de meu sonho exigiria renúncias de ambos. À minha orientadora Profª Drª Sandra Maria Brunini de Souza pelo ensinamento e pela oportunidade de crescimento. Obrigada pelos tantos conselhos e por me ensinar que a vida tem valor inigualável e vai muito além daquele designado por nós. Meus sinceros agradecimentos pela consideração, amizade, carinho e confiança. Não esquecerei jamais suas sábias palavras. A você muita admiração e respeito. À Profª Drª Ruth Minamisava que com muita atenção e paciência contribuiu significativamente para finalização deste estudo. Obrigada pelas sugestões e por tantas horas dedicadas ao nosso trabalho. À Profª Drª Sheila Araujo Teles que possibilitou minha inserção na pesquisa e com muito carinho me acolheu entre os seus. Obrigada por acreditar na minha capacidade, pela confiança e oportunidade. Ao Profº Ms Marcos André de Matos, exemplo de perseverança e dedicação, obrigada pela amizade, apoio e motivação. À Profª Drª Márcia Maria de Souza pelo incentivo e colaboração. Ao NUCLAIDS - Núcleo de Ações Interdisciplinares em DST/HIV/Aids por tantas possibilidades e oportunidades que fundamentaram minha escolha de trabalho. À todas integrantes do NUCLAIDS que viabilizaram a realização deste trabalho, em especial as minhas amigas de projeto, Christiane, Dalila, Janine, Letícia e Érica, que se empenharam na interminável coleta de dados. Obrigada por tantas horas, tardes e dias dedicados ao cumprimento de nossas metas. Vocês fazem parte dessa conquista. Sou muito grata por tudo o que fizeram. Aos meus amigos e professores do NECAIH... Vocês também fazem parte da minha história. Ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem - Mestrado e Doutorado pela possibilidade de crescimento. A todos os professores do Programa, pelos ensinamentos prestados e por tantos momentos de crescimento pessoal e profissional. É uma honra aprender com vocês. Ao secretário do Programa de Pós-Graduação, Gabriel Peres de Oliveira, pelo auxílio, comprometimento e amizade. Sua a atenção e paciência foram muito importantes. Obrigada! Às minhas amadas amigas Divânia, Nayara e Adriana que me agraciaram com momentos inesquecíveis. Obrigada por tantas alegrias, pelo apoio, conselho e a companhia, enfim... por existirem em minha vida e serem verdadeiramente presentes de Deus em meu caminho. Às minhas amigas, Grécia Carolina, Karlla Antonieta e Nativa Helena... Vocês também são prova do cuidado de Deus em minha vida. É uma honra tê-las como amigas. À minha turma do mestrado: Ana Cássia, Ana Cristina, Claúdia, Divânia, Heliane, Karlla Antonieta, Karlla Morgana, Keyti, Laine, Larissa, Leidiene, Ludmilla, Maisa, Raphaela, Raquel, Sergiane, Sheila, Sílvia. Meninas... obrigada pelos bons momentos. Tenho orgulho de ter dividido meu crescimento com todas. Aos funcionários da Faculdade de Enfermagem. Vocês dão toque especial a essa faculdade. Obrigada pelo cuidado e disponibilidade. Aos enfermeiros do SAMU de Iporá; André, Fernando e Hérica, obrigada pelo apoio, compreensão e colaboração nas trocas dos plantões e adequação da escala de trabalho. Obrigada ainda a toda equipe deste serviço (técnicas, condutores, secretária, TARM e médicos) pela ajuda, incentivo e amizade. Meus mais sinceros agradecimentos. À Secretária de Saúde de Iporá, Dra Lucélia Borges de Abreu Ferreira, por valorizar e possibilitar meu aprimoramento profissional. Seu entendimento foi fundamental. À direção e funcionários do Hospital de Doenças Tropicais e Hospital Materno-Infantil pela cooperação e disponibilização dos registros. À Secretaria de Saúde do Estado de Goiás pela colaboração e disponibilização dos bancos de dados. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) pelo apoio financeiro. “Que poderei retribuir ao Senhor Deus, por tudo aquilo que Ele fez em meu favor?” Salmo 116, 12 SUMÁRIO LISTA DE GRÁFICOS LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE QUADROS LISTA DE TABELAS LISTA DE SIGLAS RESUMO ABSTRACT RESUMEN 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 18 2. REVISÃO DA LITERATURA............................................................................... 21 2.1. Biologia do HIV ................................................................................................... 22 2.2. Aspectos clínicos e critérios de definição de aids no Brasil ................................ 24 2.3. Epidemiologia da infecção do HIV/AIDS ............................................................. 27 2.3.1. A epidemia do HIV no mundo ...................................................................... 27 2.3.2. A epidemia do HIV no Brasil ........................................................................ 30 2.4. HIV em mulheres ................................................................................................ 31 2.5. Transmissão do vírus.......................................................................................... 33 2.6. Diagnóstico da infecção pelo HIV no Brasil ........................................................ 34 2.7. Terapia antirretroviral .......................................................................................... 36 2.7.1. Terapia antirretroviral para gestantes........................................................... 39 2.8. Prevenção........................................................................................................... 40 2.9. Sistemas de Informações em Saúde .................................................................. 42 2.9.1. Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN ....................... 43 2.10. Relacionamento probabilístico de dados...................................................... 44 3. OBJETIVOS........................................................................................................ 46 3.1. Geral ................................................................................................................... 46 3.2. Específicos ......................................................................................................... 46 4. METODOLOGIA ................................................................................................. 47 4.1. Delineamento do estudo ..................................................................................... 47 4.2. População alvo, local e período do estudo ......................................................... 47 4.3. Critérios de elegibilidade e de exclusão dos registros ........................................ 47 4.4. Coleta de dados .................................................................................................. 48 4.4.1. Fonte de informação .................................................................................... 48 4.5. Instrumentos de coleta de dados ........................................................................ 49 4.6. Variáveis do estudo ............................................................................................ 49 4.7. Linkage e validação dos bancos de dados ......................................................... 50 4.7.1. Preparação das fontes de informação.......................................................... 50 4.7.2. Construção do BDR-1 .................................................................................. 51 4.7.3. Formação do BDR-2 .................................................................................... 53 4.7.4. Formação do Banco Final ............................................................................ 54 4.8. Processamento e análise estatística dos dados ................................................. 55 4.9. Procedimentos éticos ......................................................................................... 55 4.9.1. Comitê de Ética ............................................................................................ 55 4.9.2. Sigilo dos dados coletados........................................................................... 55 4.9.3. Participantes da coleta de dados ................................................................. 56 4.10. Financiamento e Mecanismos gerenciais de execução ............................... 56 5. RESULTADOS ................................................................................................... 57 5.1. Descrição inicial dos dados ................................................................................ 57 5.2. Descrição da população do estudo ..................................................................... 61 5.2.1. 5.2.1.1. 5.2.2. Desenvolvimento de aids em um ano .......................................................... 65 Descrição das características relacionadas a aids ................................... 65 Descrição do tempo entre o diagnóstico da infecção pelo HIV e o desenvolvimento de aids ........................................................................................... 67 6. DISCUSSÃO....................................................................................................... 70 7. CONCLUSÕES ................................................................................................... 77 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 78 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 79 APÊNDICES.............................................................................................................. 93 ANEXOS ................................................................................................................... 97 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1. Razão de sexo segundo ano de diagnóstico de HIV e segundo ano de diagnóstico de aids entre pacientes atendidos em duas unidades de referência de Goiânia, no período de 2003-2008. Goiânia, 2010.................................................... 61 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Estrutura do HIV ........................................................................................ 23 Figura 2. Ciclo de vida do HIV .................................................................................. 25 Figura 3. Número estimado de pessoas vivendo com HIV no mundo ...................... 28 Figura 4. Fluxograma Mínimo para o Diagnóstico Laboratorial da infecção pelo HIV em indivíduos com idade acima de 18 (dezoito) meses ............................................ 35 Figura 5. Diagnóstico Rápido da infecção pelo HIV em situações especiais ........... 36 Figura 6. Algoritmo de relacionamento de banco de dados ..................................... 43 Figura 7. Fluxograma do processo de formação do BDR–1 ..................................... 52 Figura 8. Fluxograma do processo de formação do BDR–2 ..................................... 53 Figura 9. Fluxograma do processo de formação do Banco final............................... 54 Figura 10. Fluxograma dos passos para formação do banco final ........................... 59 Figura 11. Total de casos notificados ao SINAN e atendidos em duas unidades de referência de Goiânia, no período de 2003-2008, após linkage dos bancos. Goiânia, 2010. ......................................................................................................................... 60 Figura 12. Tempo para o desenvolvimento de aids em 12 meses segundo ano do diagnóstico de infecção pelo HIV. Goiânia, 2010 ...................................................... 67 Figura 13. Tempo para o óbito em 12 meses segundo ano do diagnóstico de infecção pelo HIV. Goiânia, 2010 .............................................................................. 68 Figura 14. Curva de Kaplan-Meier de sobrevida em um ano após o diagnóstico do HIV em mulheres segundo a primeira contagem de linfócitos T-CD4+. Goiânia, 2010 .................................................................................................................................. 69 LISTA DE QUADROS Quadro 1. Antirretrovirais disponíveis e distribuídos gratuitamente no Brasil ........... 38 Quadro 2. Lista de substituições de caracteres, letras e nomes efetuadas na padronização do campo nome_modificado em todos os bancos de dados .............. 51 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Número de prontuários excluídos do HDTI e HMIII segundo ano e motivo, no período de 2003 a 2008. Goiânia, 2010 ............................................................... 57 Tabela 2. Características das mulheres infectadas pelo HIV/aids atendidas em duas unidades de referência de Goiânia, no período de 2003-2008. Goiânia, 2010 ......... 63 Tabela 3. Doenças oportunistas identificadas em mulheres atendidas em duas unidades de referência de Goiânia, no período de 2003-2008. Goiânia, 2010 ......... 64 Tabela 4. Análise univariada e multivariada das características de 349 mulheres seguidas por um período de 12 meses após a data de diagnóstico do HIV segundo a presença ou não do desfecho aids. Goiânia, 2010 ................................................... 66 LISTA DE SIGLAS AIDS: Síndrome da imunodeficiência adquirida ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária AZT: Zidovudina BDR Banco de Dados Relacionados CDC: Center for Disease Control and Prevention DBF Data Base File DNA: Ácido Desoxirribonucléico DO: Doenças Oportunistas DST: Doenças Sexualmente Transmissíveis D4T: Estavudina FDA: Food and Drug Administration HIV/AIDS HIV: Vírus da Imunodeficiência Humana HIV-1: Vírus da Imunodeficiência Humana tipo 1 HIV-2: Vírus da Imunodeficiência Humana tipo 2 HSH Homens que fazem sexo com outros homens HTLV-III: Human T-cell lymphotropic virus-type III IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICTVdB: International Committee on Taxonomy of Viruses database IF: Inibidor de Fusão IN: Inibidores da Integrase IP/r: Inibidor da Protease reforçado com ritonavir LAV: Lymphadenopathy-associated vírus NIAID: National Institute of Allergy and Infectious Diseases NNRTI: Inibidores da Transcriptase Reversa não Análogos de Nucleosídeos NRTI: Inibidores da Transcriptase Reversa Análogos de Nucleosídeos PPD: Derivado de Proteína Purificada / Teste Intradérmico de Tuberculina RNA: Ácido Ribonucléico SAME: Serviços de Arquivo Médico SAE Serviço de Assistência Especializada SES: Secretaria da Saúde de Estado de Goiás SICLOM: Sistema de Controle Logístico de Medicamentos SI-CTA: Sistema de Informação dos Centros de Testagem e Aconselhamento SISCEL: Sistema de Controle de Exames Laboratoriais da Rede Nacional de Contagem de Linfócitos T-CD4+/CD8+ e Carga Viral SIM: Sistema de Informação de Mortalidade SINAN: Sistema de Informação de Agravos de Notificação SIV: Vírus da Imunodeficiência Símia SIVcpz: Vírus da Imunodeficiência Símian do Chimpanzé SIVsm: Vírus da Imunodeficiência Símian do Mangabey SPSS: Statistical Package for the Social Science TARV: Terapia Antirretroviral UNAIDS: Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids UDI Usuários de Drogas Injetáveis VDRL: Venereal Disease Research Laboratory WB/HIV-1: Western Blot para HIV-1 WHO: Organização Mundial de Saúde RESUMO Silva LR. Epidemiologia da infecção pelo HIV em mulheres atendidas em hospitais de referência em Goiânia-Goiás: uso de técnica de relacionamento de bases de dados [dissertação]. Goiânia: Faculdade de Enfermagem/UFG; 2011. 98p O objetivo deste estudo foi analisar o perfil clínico e epidemiológico de mulheres com diagnóstico de infecção pelo HIV sem tratamento antiretroviral prévio, atendidas em hospitais de referência do Estado de Goiás, localizados na capital. Estudo de coorte retrospectiva (2003-2008) com dados de prontuários e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Calculou-se o RR e respectivos intervalos de 95% de confiança em análise univariada e, HR em análise de riscos proporcionais de Cox multivariada, usando aids como desfecho. Curva de sobrevivência de Kaplan- Meier estratificada por subgrupos de CD4 (óbito e não óbito) e comparadas pela estatística de log-rank. Dentre os 3.244 casos notificados ao SINAN, 63% foram atendidos pelos hospitais de referência. Foram identificadas 1078 mulheres, com média de idade 34 anos e mediana de 32. A razão de sexo (H:M) foi de 1,6. Quase 2/3 das mulheres eram procedentes de outros municípios, 56% não eram casadas e 54% tinham menos de oito anos de estudo. Uso de drogas ilícitas foi referido por 57% das pacientes. Até 12 meses após o diagnóstico do HIV, 80% das mulheres desenvolveram aids e 80% apresentaram a primeira contagem de T-CD4+ inferior a 350 células/mm3. Doença oportunista no momento do diagnóstico do HIV foi registrada em 39% dos casos e a síndrome consuptiva foi a mais prevalente. Após análise multivariada, permaneceu associado ao desfecho aids após um ano do diagnóstico da infecção ser solteira (HR=1,32; IC95% 1,04 – 1,67; p=0,023). Ser usuária de droga (HR=0,72; IC95% 0,58 – 0,94; p=0.014) e ter sido diagnosticada em 2007 (HR=0,74; IC95% 0,60-0,91; p=0,003) foi fator de proteção para desenvolver aids por um período de seguimento de 12 meses quando comparada à população com diagnóstico de HIV entre 2003 e 2006. Conclui-se que o diagnóstico da infecção ainda é feito tardiamente para a maioria das mulheres, mas há menor risco de desenvolvimento de aids em mulheres com diagnóstico de HIV após o ano 2007. Palavras-chave: SIDA, HIV, mulheres, relacionamento de banco de dados RESUMEN Silva LR. Epidemiología de la infección por VIH en mujeres atendidas en hospitales de referencia en Goiânia-Goiás: uso de técnicas de relacionamiento de bases de datos [disertación]. Goiânia: Faculdade de Enfermagem/UFG; 2011. 98p El objetivo de este estudio fue analizar el perfil clínico y epidemiológico de las mujeres diagnosticadas con la infección por VIH sin tratamiento antirretroviral previo, atendidas en hospitales del Estado de Goiás, ubicados en la capital. Estudio de cohortes retrospectivo (2003-2008) con datos de registros médicos y del Sistema de Información de Agravios de Notificación. Se calculó el Riesgo Relativo (RR) y respectivos intervalos de 95% de confianza en el análisis univariado y Hazard Risk (HR) en análisis de riesgo proporcionales de Cox multivariado, utilizando SIDA como resultado. Curva de supervivencia de Kaplan-Meier estratificada por subgrupos de linfocitos CD4 (muerte, no la muerte) y en comparación con estadísticas de log-rank. Entre los 3.244 casos denunciados a SINAN, 63% fueron atendidos por los hospitales de referencia. Fueron identificados 1.078 mujeres, con edad media de 34 años y mediana de 32. La proporción de géneros (H: M) fue de 1,6. Casi 2/3 de las mujeres eran de otros condados, 56% no estaban casadas y 54% tenían menos de ocho años de estudio. El uso de drogas ilícitas he sido referido por 57% de las pacientes. Hasta 12 meses después del diagnóstico del VIH, 80% de las mujeres desarrollaron SIDA y 80% presentaron el primer conteo de células T-CD4 + con menos de 350 células/mm 3. Enfermedad oportunista en el momento del diagnóstico de VIH fue reportado en 39% de los casos y el síndrome de emaciación fue el más prevalente. Después del análisis multivariada, se mantuvo asociado con los resultados un año después del diagnóstico de la infección por ser soltero (HR = 1,32 95% 1,04 a 1,67, p = 0,023). Ser un usuario de drogas (HR = 0,72, p 95%: 0,58 a 0,94, = 0,014) y se le diagnosticó en 2007 (HR = 0,74, IC 95%: 0,60 a 0,91, p = 0,003) fue un factor protector para desarrollar SIDA por un período de seguimiento de 12 meses en comparación con la población diagnosticada con el VIH entre 2003 y 2006. Se concluye que el diagnóstico de infección aun es hecho demasiado tarde para la mayoría de las mujeres, pero hay menos riesgo de desarrollar SIDA en mujeres diagnosticadas con el VIH después del año 2007. Palabras-clave: SIDA, VIH, Mujeres, Vinculación de base de datos. ABSTRACT Silva LR. Epidemiology of HIV infection in women attending referral hospitals in Goiânia-Goiás: use of technique of linkage databases [dissertation]. Goiânia: School of Nursing / UFG; 2011. 98p The aim of this study was to analyze the clinical and epidemiological profile of HIVinfected women with no prior antiretroviral therapy attended at two reference hospitals of Goiás State, located in the capital. A retrospective cohort study (20032008) was conducted using data from medical records and Information System for Notifiable Diseases. The duration of follow-up was 12 months from HIV diagnosis. Cox proportional hazards and corresponding 95% confidence were used to identify the adjusted risk for aids. Kaplan-Meier survival analysis was performed and the logrank test was used to compare the subgroup of of CD4 (death, not death). Among the 3,244 cases reported to SINAN, 63% were seen by the referral hospitals. We identified 1078 women, mean age 34 years and a median of 32. The sex ratio (M: M) was 1.6. Almost two thirds of the women were from other counties, 56% were not married and 54% had less than eight years of study. Use of illicit drugs was reported by 57% of patients. Until 12 months after HIV diagnosis, 80% of women developed AIDS and 80% had the first count of CD4 + T-less than 350 cells/mm3. Opportunistic disease at diagnosis of HIV was reported in 39% of cases and wasting syndrome was the most prevalent. After multivariate analysis, remained associated with the outcome one year after AIDS diagnosis of infection being single (HR = 1.32 95% 1.04 - 1.67, p = 0.023). Being a user of drugs (HR = 0.72, 95% CI 0.58 to 0.94, p = 0.014) and was diagnosed in 2007 (HR = 0.74, 95% CI 0.60 to 0.91, p = 0.003) was a protective factor for developing AIDS for a follow-up period of 12 months when compared to the population diagnosed with HIV between 2003 and 2006. We conclude that the diagnosis of infection is still too late for most women, but there is less risk of developing AIDS in women diagnosed with HIV after the year 2007 Key-words: AIDS, HIV, women, database linkage 18 1. INTRODUÇÃO A síndrome da imunodeficiência adquirida (aids) ainda hoje continua impactando grupos sociais, em sua maioria já vulnerabilizados por condições sociais, culturais, econômicas e biológicas adversas (UNAIDS, 2008). Autoridades sanitárias e agências de fomento têm investido recursos financeiros, logísticos e tecnológicos para ampliar o acesso universal à prevenção, tratamento, cuidados e apoio aos doentes de aids e para deter e reverter a propagação da infecção pelo vírus da imunodeficiencia humana (HIV) (UNAIDS, 2010a). Muitas transformações no perfil da epidemia foram evidenciadas (FONSECA, BASTOS, 2007; MOORE, 2010; SULIGOI et al., 2010) e o termo grupos de risco perdeu seu caráter restritivo e expandiu a possibilidade de contágio pelo vírus a todas as pessoas. A feminização ganha destaque pelo fato de que as mulheres já respondem por metade do total de infecções no mundo (UNAIDS, 2010b). A maior vulnerabilidade da mulher ao HIV se deve a razões biológicas, sociais, culturais, questões de poder, dominação e violência o que explica essa situação desigual entre os sexos (GREIG et al., 2008; HEIKINHEIMO, LAHTEENMAKI, 2009). A detecção crescente de casos nesse grupo é preocupante, diante do fato que o aumento da transmissão nessa população reflete consequentemente na manutenção da epidemia pela transmissão vertical e heterossexual (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007a; TANG, NOUR, 2010). Buscar explicações dos condicionantes e determinantes da situação de saúde é primordial não somente para entender o curso da epidemia, mas também para elaborar políticas que atendam de forma eficaz as diferenças de cada localidade e de cada grupo populacional. Faz necessário então, o seguimento da doença na sociedade como uma estratégia oportuna de identificação de particularidades e que permita, assim, a elaboração de metas estruturadas e fundamentadas na realidade (NICHIATA, SHIMA, 1999; SANTOS et al., 2002). A vigilância epidemiológica da aids em nosso país é realizada a partir das notificações dos casos da doença ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), incluída na lista de doenças de notificação compulsória em 1986. Essa notificação permite uma resposta nacional à epidemia com base no total 19 de casos registrados e na história natural da doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005). Cabe aos serviços de saúde pública o diagnóstico precoce e o acompanhamento dos soropositivos além de ações que objetivem a prevenção de novos casos. Um serviço que presta assistência às pessoas vivendo com HIV/aids além de oferecer atendimento integral e de qualidade precisa fornecer subsídios para o monitoramento da epidemia por meio de repasse, aos sistemas de informações em saúde, de dados para a análise do perfil da doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). A notificação de casos da infecção pelo HIV vem ganhando atenção por considerar que a notificação rigorosa dos casos de aids é influenciada e dificultada por muitos fatores; que os casos notificados da doença relacionam-se a uma infecção passada e que o tratamento tem alterado significativamente o curso da epidemia. De tal forma, existe a necessidade de adequação das estratégias de prevenção e controle, que se apóiem em dados atuais e não em situações passadas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002; SOUZA, 2007). As informações que compõem as bases do SINAN nem sempre são completas e de boa qualidade. Essa situação pode ser constatada pela inconsistência dos dados e pelo elevado número de informações ignoradas o que compromete o diagnóstico epidemiológico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). O descaso com as informações, em particular com os dados secundários é uma realidade no Brasil (GUIMARÃES, 2000; FONSECA et al., 2002). Novas estratégias são criadas e implantadas objetivando aumentar a confiabilidade dos dados oriundos dos Sistemas de Informações. Uma alternativa é o uso da técnica de relacionamento de base de dados (linkage) que investiga e corrige a subnotificação de casos, além de permitir a recuperação de informações ignoradas, seja na coleta ou digitação destas (PINHEIRO, CAMARGO JR., COELI, 2006). Avaliar as informações em saúde permite repensar o valor dado a elas. Existe uma necessidade de sensibilização dos profissionais para a importância da caracterização dos aspectos epidemiológicos e comportamentais da população atendida, para que se possa então delinear aspectos culturais que desencadeiem práticas de risco para a infecção pelo HIV, de forma particular no Estado de Goiás. 20 Admitir as infecções pelo HIV aumentou a abrangência dos nossos resultados por somar mais casos a essa população. O uso do linkage em nosso estudo permitiu a recuperação de alguns dados não informados nos prontuários médicos e que puderam ser encontrados no SINAN, aumentando a qualidade e confiabilidade dos nossos achados. Como o linkage dos bancos relacionados à vigilância epidemiológica do HIV/aids é realizado em nível nacional (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010d), usar este método com bancos regionais que ainda não foram preparados e validados possibilita uma visão de como as informações em saúde são repassadas. Em se tratando da população feminina infectada pelo HIV, a carência de estudos voltados para o público em Goiás dificulta traçar estratégias e executar programas de promoção da saúde de forma eficaz, com vistas a contemplar as necessidades de saúde desse grupo. O conhecimento da realidade permitirá que enfermeiros e demais profissionais da saúde, responsáveis pelo monitoramento e avaliação dessas transformações, identifiquem as tendências da epidemia para a idealização, implantação e avaliação de estratégias objetivando a redução da incidência de novos casos e a melhor sobrevida dos já infectados. Dessa forma, através do desenvolvimento deste trabalho, a enfermagem poderá contribuir para o aprimoramento do sistema de vigilância epidemiológica do HIV/aids em nossa região, área de atuação dentro da saúde pública na qual, historicamente, os enfermeiros estão inseridos, e são considerados profissionais estratégicos na implementação dos serviços de vigilância epidemiológica de agravos à saúde. 21 2. REVISÃO DA LITERATURA Em 1981 o aparecimento de cinco casos de pneumonia por Pneumocystis carinii em homossexuais nos Estados Unidos alertou estudiosos para o surgimento de uma síndrome que ocasionava danos graves ao sistema imunológico dos doentes (CDC, 1981). Entre junho de 1981 e setembro de 1982 os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos da América (EUA) haviam contabilizado 593 casos da síndrome que passou a ser denominada Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids) com frequentes e periódicas atualizações em relação a definição de casos e ao número de indivíduos atingidos (CDC, 1982; JAFFE, BREGMAN, SELIK, 1983; SELIK, HAVERKOS, CURRAN, 1984; CDC, 1985). Inicialmente, os primeiros casos da doença se restringiam a homossexuais masculinos, usuários de drogas injetáveis (UDI) (ACEIJAS et al., 2004) e profissionais do sexo (BORBA, CLAPIS, 2006), os quais eram considerados vulnerabilizados devido aos comportamentos inseguros. Posteriormente, este cenário sofreu grandes transformações devido ao crescente número de casos da doença entre heterossexuais, acompanhado por uma expressiva participação das mulheres (GIR et al., 2004; QUINN, OVERBAUGH, 2005; CARVALHO, PICCININI, 2008; UNAIDS, 2009a). A epidemia acarretou retrocesso no desenvolvimento humano de algumas regiões, em especial do continente africano (PNUD, 2005) e os países mais afetados tiveram a expectativa de vida reduzida em torno de 20 anos; constataram redução no seu crescimento econômico enfraquecido e conseqüente aumento no nível de pobreza (UNAIDS, 2008). Na África Subsaariana região mais afetada pela epidemia é notável o impacto da epidemia do HIV nos lares, comunidades, empresas, serviços públicos e na economia. Nessa região, em 2008, aproximadamente 14,1 milhões de crianças perderam um ou ambos os progenitores em função da doença, alterando drasticamente a distribuição etária natural da população (UNAIDS, 2009a). Na Ásia, mesmo possuindo uma taxa de infecção menor do que a da África, o HIV gera uma perda de produtividade maior do que qualquer outra doença (UNAIDS, 2008). A introdução da terapia antirretroviral (TARV) mudou o curso natural da doença retardando a instalação das infecções oportunistas, com consequente aumento da 22 sobrevida e da qualidade de vida dos portadores do vírus (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005; QUINN, 2008). A relação etiológica da aids com um retrovírus data de 1983 quando o vírus foi isolado em um paciente que apresentava linfadenopatia generalizada. A princípio, o vírus foi denominado HTLV-III (human T-cell lymphotropic virus-type III) e LAV (lymphadenopathy-associated virus) (BARRÉ-SINOUSSI et al., 1983; GALLO et al., 1983; GALLO, MONTAGNIER, 1987; MONTAGNIER, 2002) alterado depois para a nomenclatura Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) (COFFIN et al, 1986), utilizada mundialmente até os dias atuais. A análise filogenética dos Lentivírus encontrados nos primatas africanos e daqueles responsáveis pela infecção em humanos possibilitou a reconstrução histórica da doença. Constatou-se ainda que o HIV-1 e HIV-2 estão relacionados à SIV (Simian Immunodeficiency Virus) diferentes o que ocasiona origens evolutivas diferentes (BARRÉ-SINOUSSI, 1996; HAHN et al., 2000). O HIV-1 está relacionado ao vírus SIVcpz isolado em chimpanzés (Pan troglodyte troglodyte) nativos do oeste da África equatorial (GAO et al., 1999; KEELE et al., 2006) e o HIV-2 está associado ao SIVsm, prevalente em macacos mangabey (Cercocebus atys) (HIRSCH et al., 1989; GAO et al., 1994). 2.1. Biologia do HIV O HIV pertence à família dos Retroviridae, gênero Lentivirus, com significativa variabilidade genética (ICTV, 2010). São conhecidos dois tipos do vírus: HIV-1 e HIV-2. Os dois tipos causam a aids, no entanto, o HIV-1 é o mais prevalente (MARLINK et al., 1994; LEVER, 2005). O HIV-2 mostrou-se difundido na África Ocidental, principalmente nos países de língua portuguesa (EHOLIE, ANGLARET, 2006). Medindo aproximadamente 100nm de diâmetro, o HIV possui em sua superfície externa uma membrana lipídica e glicoproteínas (gp41 e gp120) formando um envelope. A proteína gp120 possui sítio de ligação para os receptores celulares (Figura 1) (WYATT et al., 1998). Logo abaixo dessa membrana existe uma capa protéica, composta pela proteína p17 e o capsídeo viral formado pela proteína p24 (SIERRA, KUPFER, KAISER, 2005). Dentro do capsídeo viral são encontradas as duas moléculas de RNA associadas às enzimas: transcriptase reversa, integrase e 23 protease, como também as proteínas p9 e p6 (BARRÉ-SINOUSSI, 1996; GROTTO, PARDINI, 2006). O genoma do HIV possui aproximadamente 10kb e está organizado por 9 genes que codificam as proteínas estruturais (gag, pol e env) e não estruturais do HIV (tat, ver, nef, vif, vpu, vpr) (SABINO, SAÉZ-ALQUÉZAR, 1999). Figura 1. Estrutura do HIV Fonte: NIAID, 2009 (modificada) O HIV-1 é classificado em quatro grupos genômicos denominados de M (major), N (new), O (outlier) (SHARP et al., 2000) e o P (PLANTIER et al., 2009). O HIV-2 possui sete subtipos (LEMEY et al., 2003). O grupo M apresenta nove subtipos (A, B, C, D, F, G, H, J e K) e é responsável pela maioria das infecções em todo o mundo, enquanto os grupos N e O se restringem a casos originários da África Central (ROBERTSON et al., 2000). 24 O subtipo C é o mais prevalente dentre todos os subtipos do grupo M, respondendo por 50% de todos os casos no mundo. Para os subtipos A, B, D e G são encontradas prevalências aproximadas de 12%, 10%, 3% e 6%, respectivamente. Os subtipos F, H, J e K, responsáveis pela minoria das infecções, juntas assumem 0,94% dos casos (HEMELAAR et al., 2006). No Brasil o subtipo predominante é o B seguido dos subtipos C e F que têm sido identificados em algumas regiões do país (MARTINEZ et al., 2002; CAVALCANTI et al., 2007; QUEIROZ et al., 2007; SILVA et al., 2010a; SIMON et al., 2010). Em Goiás já foram identificados os subtipos B, C e F (CARDOSO, QUEIROZ, STEFANI, 2009; CARDOSO et al., 2010). 2.2. Aspectos clínicos e critérios de definição de aids no Brasil Retrovírus são vírus que intervêm na ordem lógica da informação genética ao utilizarem a enzima transcriptase reversa para converter o seu genoma RNA para uma dupla fita de DNA. Ao infectar os macrófagos na camada submucosa ele é transportado por essas células para os gânglios linfáticos, onde se replicam e se disseminam (LEVER, 2005). Uma vez ligado à célula, o núcleo viral é inserido no citoplasma da célula hospedeira, onde seu genoma RNA será transcrito em DNA de dupla fita por ação da enzima transcriptase reversa (Figura 2). A junção do novo genoma viral ao genoma da célula hospedeira no núcleo é facilitada pela enzima integrase. Após a integração à célula, o genoma viral inicia sua transcrição e produção de grande quantidade de RNA viral. No interior da célula, partes da estrutura viral serão formadas e um novo vírus constituído, que pela ação da enzima protease desintegrará e infectará novas células (MANAVI, 2006; KLIMAS, KONERU, FLETCHER, 2008). Após a expressão do HIV o aparecimento dos primeiros anticorpos anti-HIV é observado entre a 3ª e 5ª semana após a exposição. O período que decorre entre a infecção e a detecção de anticorpos é chamado de janela imunológica. A primeira manifestação clínica da doença é conhecida como infecção aguda ou síndrome retroviral aguda caracterizada por viremia e resposta imune intensa acompanhada de rápida queda na contagem de células T-CD4+. Os sintomas nessa fase se 25 assemelham aos de uma mononucleose, com uma duração média de duas semanas (FANALES-BELASIO et al., 2010). Figura 2. Ciclo de vida do HIV Fonte: RAMBAUT et al., 2004 Logo após a infecção aguda o indivíduo passa por um período de latência clínica. Nessa fase a ausência de sinais e sintomas é justificada pela baixa viremia (LEVY, 2009). O período de latência é seguido por uma fase sintomática inicial na qual há o aparecimento de infecções oportunistas de menor gravidade além de sintomas inespecíficos com intensidade variável (ZETOLA, PILCHER, 2007; SIERRA, KUPFER, KAISER, 2005). Aproximadamente 10 anos após a infecção, a maioria dos indivíduos começa a apresentar os sinais da infecção, com diminuição da contagem de T-CD4+ e consequente perda de atividade imune (LEVY, 2009). Com o comprometimento do sistema imunológico, o portador do vírus desenvolve infecções oportunistas ocasionadas por agentes até então não patogênicos ao organismo e por outros considerados patogênicos, mas que nessa situação assumem maior agressividade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005). A instalação desse quadro é variável e depende 26 da resposta de cada indivíduo à replicação viral e aparece quando a contagem de células T-CD4+ se encontra abaixo de 200 células/mm3 (FANALES-BELASIO et al., 2010). As infecções oportunistas mais freqüentes entre os indivíduos com aids são a pneumonia por P. carinii, a candidíase, a citomegalovirose, a herpes zoster, a criptosporidiose e a isosporíase. Entretanto, formas neoplásicas como o Sarcoma de Kaposi e os linfomas também são comuns e comprometem significativamente o prognóstico do paciente (FANALES-BELASIO et al., 2010). Os CDC propõem para a definição de casos de aids uma lista com 27 condições indicadoras da doença (CDC, 2008). No Brasil, o Ministério da Saúde visando adequar os critérios ao perfil epidemiológico do país, revisou a lista apresentada pelos CDC da qual foram excluídas coccidioidomicose, por ser um evento raro e não possuir impacto epidemiológico, e a tuberculose por ser uma doença freqüente em nosso país. A miocardite e/ou meningoencefalite pela reativação da doença de Chagas foi incluída na lista a partir da observação desta condição em pacientes com a infecção pelo HIV (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). De tal forma, no Brasil, a lista modificada do CDC foi denominada “Critério CDC adaptado” e contém 17 doenças indicadoras de aids. São elas: câncer cervical invasivo; candidose de esôfago; candidose de traquéia, brônquios ou pulmões; citomegalovirose; criptococose extrapulmonar; criptosporidiose intestinal crônica; herpes simples mucocutâneo, por um período superior a um mês; histoplasmose disseminada; isosporidiose intestinal crônica; leucoencefalopatia multifocal progressiva; linfoma não-Hodgkin de células B; linfoma primário do cérebro; pneumonia por Pneumocystis carinii; qualquer micobacteriose disseminada em órgãos outros que não sejam o pulmão, pele ou linfonodos cervicais/hilares; reativação de doença de Chagas; sepse recorrente por bactérias do gênero Salmonella; toxoplasmose cerebral (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Entretanto, em 1992, considerando as peculiaridades nacionais que careciam de critérios simplificados para definição de casos, que não dependessem de exames complementares sofisticados, foi introduzido no Brasil, um critério baseado na identificação clínica de sinais, sintomas e doenças, a partir de experiências acumuladas por serviços de saúde no Rio de Janeiro, o qual foi denominado Critério Rio de Janeiro/Caracas. Os critérios, então, foram adotados de forma não 27 excludente para pessoas com treze (13) anos ou mais de idade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Ainda, o Ministério da Saúde do Brasil visando padronizar a definição de casos de aids a ser adotada no território nacional, para fins de vigilância epidemiológica e controle logístico da dispensação da terapia antirretroviral, elaborou um documento normatizador que apresenta os critérios de definição de casos de aids em indivíduos com 13 ou mais anos de idade e critérios para definição em menores de 13 anos. Esse documento estabelece definições diferentes segundo os critérios nacionais adotados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Assim, segundo o critério CDC adaptado, Será considerado como caso de aids, para fins de vigilância epidemiológica, todo indivíduo com 13 anos de idade ou mais que apresentar evidência laboratorial da infecção pelo HIV (dois testes de triagem para detecção de anticorpos anti-HIV ou um confirmatório reagente) no qual seja diagnosticada imunodeficiência (pelo menos uma doença indicativa de aids e/ou contagem de linfócitos T CD4+ abaixo de 350 células/ mm3), independentemente da presença de outras causas de imunodeficiência. E segundo o critério Rio de Janeiro/Caracas Será considerado como caso de aids, para fins de vigilância epidemiológica, todo indivíduo com treze (13) anos de idade ou mais que apresentar evidência laboratorial da infecção pelo HIV (dois testes de triagem de detecção de anticorpos anti-HIV ou um confirmatório reagente) e, além disso, um somatório de pelo menos dez (10) pontos numa escala de sinais, sintomas ou doenças, independentemente da presença de outras causas de imunodeficiência. 2.3. Epidemiologia da infecção do HIV/AIDS 2.3.1. A epidemia do HIV no mundo A epidemia do HIV no mundo tem se mantido estável nessa última década, apresentando, contudo, importantes diferenças regionais quanto à incidência e a forma de transmissão. Embora seja possível observar essa estabilização, sua prevalência ainda é alta, justificada pelas novas infecções e pelo aumento da sobrevida dos já infectados (UNAIDS, 2007a). Em 2008, o número estimado de pessoas portadoras do vírus em todo o mundo era de 33,4 milhões (Figura 3). Desse total de infecções, 15,7 milhões relacionavam-se a população feminina mundial e 2,1 milhões à crianças menores de 28 15 anos. Nesse mesmo ano foram contabilizados 2,7 milhões de novos casos (UNAIDS, 2009a). Figura 3. Número estimado de pessoas vivendo com HIV no mundo Fonte: UNAIDS, 2009a A aids ainda é uma das principais causas de mortes em todo o mundo. Acredita-se que desde o início da epidemia cerca de 25 milhões de pessoas morreram por causas associadas ao HIV (UNAIDS, 2008). A África Subsaariana continua sendo a região mais afetada pela epidemia com 68% das pessoas vivendo com HIV no mundo (UNAIDS, 2010b). Representam ainda 68% e 91% das novas infecções em adultos e crianças, respectivamente. A taxa de prevalência da infecção no sul da África confirma essa realidade desafiadora ao apresentar uma proporção de 10% na população adulta (UNAIDS, 2009a). A epidemia na Ásia mantém-se relativamente estável desde 2000 e, com aproximadamente 4,7 milhões de pessoas vivendo com HIV, ocupa uma posição importante quanto aos índices mundiais (UNAIDS, 2009a). Apesar da redução da incidência nessa região, a aids mata mais pessoas entre 15 e 44 anos do que a tuberculose ou qualquer outra doença (COMMISSION ON AIDS IN ASIA, 2008). 29 Na Europa Oriental e Ásia Central o uso de drogas injetáveis (UDI) sustenta a epidemia por ser a forma de transmissão mais predominante nessas regiões (UNAIDS, 2009a). Na Rússia, Ucrânia, China, Vietnan, e Malásia, 67% dos casos acumulados de infecção pelo HIV ocorrem entre UDI (WOLF, CARRIERI, SHEPARD, 2010), sendo que a Federação Russa e a Ucrânia apresentam as epidemias mais graves com quase 90% dos casos e prevalência de 1,6% em adulto para esse último país (UNAIDS, 2007a; KRUGLOV et al., 2008). A Oceania possui o menor número de casos da infecção em todo o mundo e também uma das menores prevalências (0,3%). A transmissão sexual é responsável pela maioria dos casos embora se observem especificidades regionais (UNAIDS, 2009a). A segunda maior prevalência do HIV em adultos, fora do continente africano, encontra-se no Caribe com um valor aproximado de 0,7% (UNAIDS, 2009a). O Haiti apresenta a epidemia de aids mais antiga fora da África Subsaariana (GILBERT et al., 2007) e possui ainda, o maior número de pessoas infectadas pelo vírus da região (UNAIDS, 2007b). Estima-se que 5% de todas as pessoas infectadas pelo HIV no mundo vivam na América Latina (BASTOS et al., 2008). A epidemia nessa região tem se mantido estável com uma prevalência de aproximadamente 0,6%. Na América Central e do Sul a principal forma de disseminação do vírus se faz através das relações sexuais entre homens (UNAIDS, 2009a). Em muitos países, a prevalência do HIV entre HSH ainda é maior em comparação com a população em geral. A discriminação dificulta a obtenção de dados fidedignos quanto aos comportamentos adotados por este grupo (WHO, 2009). No Brasil, como nos demais países do mundo, o primeiro grupo populacional a ser afetado foi o dos homossexuais e/ou bissexuais, que em 1984 representavam 71% do total de casos. Entretanto, mudanças comportamentais desse segmento e a inserção das mulheres neste cenário contribuíram para o decréscimo dessas taxas obtendo uma prevalência de 12,6% entre os anos de 2008-2009 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009a). O UDI tem contribuído substancialmente para a disseminação do HIV (ACEIJAS et al., 2004). Calcula-se que de 15,9 milhões de UDI no mundo três milhões sejam portadores do HIV produzindo estimativas impactantes no sudeste da 30 Ásia, leste da Europa e na América Latina onde se concentram os maiores números de casos (MATHERS et al., 2008). Outro grupo populacional importante na caracterização da epidemia é a de profissionais do sexo. Em alguns países da África Subsaariana a prevalência da infecção entre trabalhadoras do sexo é de aproximadamente 20%. Em Benin, Burundi, Ghana, Malí e Nigéria 30% de todos os trabalhadores do sexo são portadores do vírus (WHO, 2009). A associação do comércio sexual com o UDI agrava a situação da epidemia (UNAIDS, 2008; XU et al., 2008; JIA et al., 2010). Na província de Yunnan, na China a prevalência do HIV entre mulheres profissionais do sexo que também são UDI é de 35,5%, valor muito acima daquele encontrado em profissionais que não são usuárias (1,9%) (JIA et al., 2010). 2.3.2. A epidemia do HIV no Brasil No Brasil, na primeira metade da década de 80, a epidemia de aids atingia e mantinha-se basicamente restrita as Regiões Sul e Sudeste. O UDI, alto nível socioeconômico e homo/bissexualismo eram os fatores determinantes para a transmissão (BRITO, CASTILHO, SZWARCWALD, 2000). Modificações foram observadas e, entre a heterossexualização, a feminização e a pauperização da epidemia (TOMAZELLI, CZERESNIA, BARCELLOS, 2003; RODRIGUES-JÚNIOR, CASTILHO, 2004), evidenciou-se ainda, um processo de interiorização (SZWARCWALD et al., 2000; REIS et al., 2008). Segundo dados do Ministério da Saúde no Brasil, do início da epidemia até junho de 2010 foram notificados 592.914 mil casos da doença, configurando um dos maiores problemas de saúde pública devido sobretudo pela sua gravidade e caráter pandêmico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010a). Um terço das pessoas vivendo com HIV na América Latina se encontra no Brasil (UNAIDS, 2007c). O número de óbitos pela doença teve seu pico em 1995 com um total de 15.156 mortes, mas após a disponibilização da terapia antirretroviral em 1996, esses números sofreram decréscimo chegando a uma taxa de mortalidade de 6,2/100.000 habitantes em 2009 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010a). As regiões Sudeste e Sul agrupam aproximadamente 80% de todos os casos de aids notificados. O Centro-Oeste responde pelos 34.057 mil (5,7%) dos 592.914 mil casos de aids no país ocupando o quarto lugar entre as cinco regiões brasileiras. 31 O norte tem o seu número de casos elevado a cada ano o que o distancia do processo de estabilização da epidemia vivenciada pelas outras regiões (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010a). Em Goiás, os primeiros casos de aids foram notificados também no início da década de 80. De acordo com o SINAN, desde a primeira notificação de aids neste estado até outubro de 2009 um total de 11.918 casos foram notificados em adultos (maior de 13 anos) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010a), com uma média de 600 novos casos por ano (SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DE GOIÁS, 2010). 2.4. HIV em mulheres Mulheres representam metade das pessoas vivendo com HIV no mundo (UNAIDS, 2010b). Além dos fatores biológicos, questões sociais e econômicas como a baixa escolaridade, pobreza, violência e impossibilidade de negociação do sexo seguro com seus parceiros afetam o controle da epidemia e constituem alguns dos motivos que expõem a mulher à situação de vulnerabilidade frente ao HIV (KIM, WATTS, 2005; QUINN, OVERBAUGH, 2005; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007a; UNAIDS, 2010c). Na África Subsaariana cerca de 60% das infecções pelo vírus corresponde a população feminina (KALLINGS, 2008). O HIV está entre as três principais causas de morte entre mulheres nos países de baixa renda que juntamente com a tuberculose e problemas relacionados à gravidez respondem por um em cada dois óbitos ocorridos nessa população (UNAIDS, 2009b). Na América Latina o número de homens infectados pelo HIV ainda é superior aquele identificado entre mulheres, entretanto a epidemia segue a tendência mundial de pareamento das taxas (UNAIDS, 2009b). No Peru em 2008 a relação homem/mulher sofreu uma drástica alteração passando de 12:1 em 1990 para 3:1 em 2008. Mesmo sendo três vezes maior o número de homens HIV positivos a queda na relação é significativa e preocupante (ALARCÓN VILLAVERDE, 2009). No Caribe uma situação semelhante a identificada na África é observada, mulheres já representam 53% dos adultos vivendo com HIV (UNAIDS, 2010b). A feminização da epidemia no Brasil também é uma realidade. O contato sexual desprotegido entre heterossexuais contribuiu significativamente para o aumento da incidência da doença entre a população feminina (DOURADO et al., 32 2006). A relação entre os sexos no país vem reduzindo progressivamente passando de 15 homens a cada mulher (15,1:1) em 1986 para 15 homens a cada 10 mulheres (1,5:1) em 2005, ressaltando ainda que na faixa etária de 13 a 19 anos há uma clara inversão na razão de sexo a partir do ano de 1998, atingindo a proporção de seis homens a cada dez mulheres (0,6:1) (H:M), nesse mesmo ano (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007b). Essa tendência de feminização da epidemia tem sido evidenciada nas cinco regiões do país (SANTOS, OLIVEIRA, 2009; SECRETARIA DA SAÚDE DE ESTADO DE GOIÁS, 2010; SILVA et al., 2009; SILVA et al., 2010b; SOUSA, SUASSUNA, COSTA, 2009; STEPHAN; HENN, DONALISIO, 2010). No Estado de Goiás, do total de casos de aids notificados ao SINAN até o ano de 2009, 32,9% correspondiam ao sexo feminino. Apesar do número de casos serem maiores no sexo masculino, a incidência da infecção pelo HIV no grupo feminino tem contribuído crescentemente com a epidemia na região, uma vez que em 1988 para cada 11 casos notificados no sexo masculino havia um caso feminino (11:1) e em 2006 essa proporção chegou a 1,5:1. No entanto, como reflexo das ações de prevenção desenvolvidas, essa razão passou para 2:1 no ano de 2009 (SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DE GOIÁS, 2010). Como fator agravante da feminização, muitas mulheres se infectam durante a idade reprodutiva e isso eleva consequentemente o número de casos na população infantil pela transmissão vertical (CRAFT et al., 2007; TANG, NOUR, 2010). No Brasil, 55% dos casos notificados estão entre gestantes de 20 a 29 anos de idade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009a). O pré-natal é a forma mais eficaz de alcançar essa população sexualmente ativa e saudável para a vigilância sorológica do HIV (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). A prevalência da infecção em mulheres grávidas, como indicador de prevalência da infecção na população em geral, tem sido investigada em vários países, com valores variando de 0,4% no Brasil (SZWARCWALD et al., 2008), 5,2% na Nigéria (IMADE et al., 2010), 6,3% no Kenia (KIPTOO et al., 2009) e 10,6% na Tanzânia (URASSA et al., 2006). Para o Estado de Goiás foi encontrada uma prevalência de 0,09% (COSTA et al., 2009). 33 2.5. Transmissão do vírus Apesar de todos os esforços empregados no controle da pandemia ao longo dos anos, a aids ainda atinge muitas pessoas em todo o mundo, principalmente aquelas que se encontram nos estratos sociais menos favorecidos (COOVADIA, HADINGHAM, 2005). A via de transmissão mais prevalente desta infecção é a sexual, apresentando 75% do total de casos da doença no mundo. Entretanto, existem outras vias que também contribuem para o aumento gradativo do número de casos como a via vertical e parenteral (PADIAN et al., 1997; MANAVI, 2006; CARNICER-PONT, VIVES, BÁRBARA, 2011). A relação sexual desprotegida é considerada uma das principais formas de transmissão do vírus desde o surgimento dos casos. A transmissão do HIV é possível durante prática sexual que envolva com contato com fluidos entre os parceiros (LEVY, 2009). Presença de doenças sexualmente transmissíveis (DST), em especial as com lesões ulcerativas, elevam o risco de transmissão sexual do vírus (LATIF, 1990; WARD, RÖNN, 2010). A transmissão vertical, na qual a criança é infectada durante a gestação, parto ou amamentação, é a principal responsável pelos casos na população infantil (NEWELL, 1998; KOURTIS, BULTERYS, 2010). Ela é responsável por aproximadamente 90% das infecções em crianças. Se nenhuma intervenção for efetuada durante a gestação e após o parto o risco da transmissão pode chegar a mais de 45% (UNAIDS, 2010a). Entretanto, com o diagnóstico precoce e tratamento, a transmissão pode ser reduzida a menos de 2% dos casos (COOPER et al., 2002). Em cerca de 40% dos casos a transmissão de mãe para filho está relacionada ao aleitamento materno, que tem ainda um risco acrescido de 0,9% ao mês após o primeiro mês de amamentação (BULTERYS, ELLINGTON, KOURTIS, 2010). A execução de estratégias simultâneas como a prevenção da infecção na população adulta, redução do número de gravidez indesejada entre as mulheres infectadas, disponibilização do tratamento para as mães e profilaxia para a criança, além de cuidados durante o parto e amamentação reduzem consideravelmente a chance de contágio da criança após a exposição ao vírus da mãe (UNAIDS, 2009a; UNAIDS, 2010b). 34 Pessoas UDI possuem risco acrescido para a aquisição do HIV não somente por compartilharem seringas durante a administração parenteral da droga, mas por associarem a essa prática, outros comportamentos de risco como sexo inseguro e múltiplos parceiros sexuais (CDC, 2009). No Brasil, mesmo com a diminuição da incidência de aids nesse grupo, UDI masculinos juntamente com os HSH possuem ainda risco acrescido quando comparados aos homens heterossexuais (BARBOSA JÚNIOR et al., 2009). Os acidentes ocupacionais envolvendo material perfurocortante contendo sangue de individuo infectado é uma importante forma de exposição ao HIV entre profissionais da saúde (VIEIRA, PADILHA, 2008; GOMES et al., 2009). O risco de transmissão varia de acordo com o tipo e a gravidade da exposição. Para os casos de lesão percutânea estima-se um risco de 0,3% (CARDO et al., 1997). Entretanto, após a introdução da TARV como medida profilática (CDC,2005), foram raros os casos documentados de aquisição ocupacional da infecção pelo HIV (Do AN et al., 2003; CDC,2007). 2.6. Diagnóstico da infecção pelo HIV no Brasil Os exames para o diagnóstico da infecção pelo HIV melhoraram acentuadamente desde que foram disponibilizados ainda no final da década de 80, principalmente no tocante a especificidade e sensibilidade dos testes. Esses detectam a presença de anticorpos anti-HIV no sangue e permitem não somente a confirmação diagnóstica da infecção, mas também contribuem significativamente para o controle e monitoramento da evolução da doença (BUTTÒ et al., 2010). A realização de exames para o diagnóstico da infecção deve ser acompanhada por aconselhamento pré e pós-teste, devido ao grande impacto que a positividade do resultado pode causar a vida do indivíduo, e a necessidade de acompanhamento, caso haja confirmação da exposição (WHO, 2004). Após o contágio, anticorpos específicos contra o HIV começam a ser produzidos, mas a sua detecção laboratorial não é possível de imediato. É necessário um período de seis a 12 semanas para que haja a soroconversão e para que o exame anti-HIV seja reagente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005). No Brasil o Ministério da Saúde com o intuito de ampliar o acesso ao diagnóstico da infecção pelo HIV e possibilitar o diagnóstico rápido em situações 35 especiais, criou a Portaria Nº 151 SVS/MS de 14 de outubro de 2009 que agiliza e amplia normas para a realização de testes anti-HIV. A portaria disponibiliza forma dos anexos, etapas seqüenciais e os fluxogramas mínimos para o Diagnóstico Laboratorial da infecção pelo HIV em indivíduos com idade acima de 18 (dezoito) meses (Figura 4) e para o Diagnóstico Rápido da infecção pelo HIV em situações especiais (Figura 5) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009b). Figura 4. Fluxograma Mínimo para o Diagnóstico Laboratorial da infecção pelo HIV em indivíduos com idade acima de 18 (dezoito) meses Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009b 36 Figura 5. Diagnóstico Rápido da infecção pelo HIV em situações especiais Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009b Para a confiabilidade dos resultados emitidos é obrigatório que todos os exames sejam realizados e interpretados de acordo as normas definidas pelo Ministério da Saúde e com produtos registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e por ela controlados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009b). 2.7. Terapia antirretroviral Em 1987 foi aprovada nos Estados Unidos, a primeira droga a ser usada no tratamento da aids, a Zidovudina (AZT) (FDA, 2009). A partir de então novos medicamentos foram criados e disponibilizados em combinações (terapia antirretroviral – TARV) para os portadores do vírus contribuindo significativamente com a qualidade e expectativa de vida destes (MURPHY et al., 2001; BURGOYNE, TAN, 2008). 37 Um considerável declínio das taxas de mortalidade, seguida de uma estabilização, foi constatado após a oferta dos antirretrovirais as pessoas com aids (PALELLA et al., 1998; PIOT et al., 2001; REIS, SANTO, CRUZ, 2007). Hoje existem quatro classes de drogas para o tratamento contra a infecção pelo HIV: inibidores da transcriptase reversa, inibidores da protease (LU, CHEN, 2010), inibidores de fusão (SOUZA, 2005) e inibidores da integrase (GARRIDO et al., 2010). Os inibidores da transcriptase se dividem em análogos de nucleosídeos e não análogos de nucleosídeos e atuam na transcrição do DNA a partir da molécula de RNA impedindo a ação da enzima transcriptase reversa. Os inibidores da protease atuam diretamente na enzima protease vinculada ao processo de maturação da partícula viral (LU, CHEN, 2010). Os inibidores de entrada interferem na ligação do HIV aos receptores dos linfócitos impossibilitando a fusão do vírus e sua entrada na célula (SOUZA, 2005; ESTÉ, TELENTI, 2007) e os inibidores da integrase atuam impedindo a integração do genoma viral ao genoma da célula hospedeira (HAZUDA et al., 2000). Sem a terapia antirretroviral a pessoa infectada desenvolve durante o curso natural da doença, um estado de imunodeficiência severa seguida da instalação de doenças oportunistas, quadro este que tem duração aproximada de 10 anos entre a infecção e o óbito (DEEKS, WALKER, 2007). A decisão de início ou de alteração da terapia deve ser tomada quando avaliações, clínica e laboratorial, forem realizadas (CDC, 2002). A avaliação laboratorial para a recomendação da terapia é feita a partir da verificação dos níveis plasmáticos de RNA do HIV (carga viral), que sugerem a intensidade da replicação viral e pela contagem de células T-CD4+ que indicam a extensão dos danos ocasionados ao sistema imune pelo vírus (CDC, 1998). O Brasil foi o primeiro país em desenvolvimento a elaborar uma política governamental que garante acesso universal e gratuito aos medicamentos antirretrovirais a todos os que deles necessitem (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008c). Para tal foi criada a lei no 9.313 em novembro de 1996 que dispõe sobre a distribuição gratuita de medicamentos aos portadores do HIV e doentes de aids (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1996). O Consenso Brasileiro de Terapia Antirretroviral recomenda como esquema inicial de tratamento a associação de dois Inibidores da Transcriptase Reversa Análogos de Nucleosídeos (NRTI) a um Inibidor de Transcriptase Reversa não 38 Análogo de Nucleosídeo (NNRTI) ou a um Inibidor da Protease, reforçado com ritonavir (IP/r) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008c). No Brasil, até o momento, o Ministério da Saúde disponibiliza de forma gratuita um total de 19 medicamentos para o tratamento das pessoas com aids (Quadro 1). Apesar de proporcionarem um aumento substancial na sobrevida das pessoas com aids, os antirretrovirais possuem muitos efeitos colaterais que dificultam a adesão por muitos pacientes ao regime terapêutico e a consequente resistência viral a essas drogas (CDC, 2002; BURGOYNE, TAN, 2008). A decisão de iniciar o tratamento é individual e deve sempre levar em consideração, entre outros fatores, o potencial de adesão do paciente à terapia prescrita e o potencial de toxicidade imediata e a longo prazo (HAMMER et al., 2008; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008c). Quadro 1. Antirretrovirais disponíveis e distribuídos gratuitamente no Brasil de acordo com as classes existentes. ANTIRRETROVIRAIS DISPONÍVEIS NO BRASIL NRTI Inibidores de transcriptase reversa NNRTI Inibidores da protease (IP) Inibidor de Fusão (IF) Inibidores da Integrase (IN) Abacavir Didanosina Estavudina Lamivudina Zidovudina Tenofovir Efavirenz Nevirapina Etravirina Amprenavir Atazanavir Darunavir Indinavir Lopinavir/r Nelfinavir Ritonavir Saquinavir Enfuvirtida (T-20) Raltegravir 39 A terapia busca reduzir a carga viral para índices inferiores a 50 cópias/ml. Os níveis plasmáticos do vírus e a contagem de células T-CD4+ devem ser avaliados periodicamente, tanto para início, alteração ou o acompanhamento do tratamento. A realização de teste de resistência viral é importante para monitorar o surgimento de mutações virais que comprometem a eficácia terapêutica. A avaliação contínua de co-morbidades e da toxicidade medicamentosa também são parâmetros importantes no acompanhamento do paciente (HAMMER et al., 2008). Dentre os fatores que prevalentemente alteram a efetividade do tratamento a longo prazo estão a presença dos efeitos colaterais e o não comprometimento do paciente com a terapia. Os eventos adversos podem ser desencadeados pelo uso de qualquer uma das drogas empregadas no esquema terapêutico e podem atingir vários órgãos. Podem ocorrer desde eventos considerados leves como sintomas gastrointestinais, distensão abdominal, náuseas e diarréia a eventos graves como anemia associada ao uso do AZT, neuropatia periférica associado ao d4T, retinóide relacionada ao uso dos IP e reações de hipersensibilidade aos NNRTI. Somando-se a esses eventos encontra-se acidose láctica, esteatose hepática, hiperlactatemia, hepatotoxicidade, hiperglicemia, hiperlipidemia, osteoporose, distúrbios hemorrágicos e erupção cutânea (MONTESSORI et al., 2004). A disponibilização universal da TARV reduziu progressivamente a mortalidade por aids em todas as regiões do mundo, entretanto fatores como melhor manejo clínico das infecções oportunistas, medidas de prevenção, conhecimento sobre HIV/aids entre outros fatores devem ser ponderados para uma real avaliação do curso da epidemia (DOURADO et al., 2006). 2.7.1. Terapia antirretroviral para gestantes Em 1994 um estudo randômico realizado nos Estados Unidos e França evidenciou que, em gestantes assintomáticas o uso do AZT oral após a 14ª semana, juntamente com o AZT endovenoso 4 horas antes do parto e o AZT solução oral para o recém-nascido, durante seis semanas reduziu consideravelmente as taxas de transmissão vertical do HIV (CONNOR et al., 1994). Após o sucesso da monoterapia com AZT outros estudos foram realizados em busca de novas possibilidades terapêuticas para mulheres grávidas. Esses trabalhos mostraram que os resultados alcançados na redução da transmissão podem ser 40 melhorados quando se utiliza a associação de drogas (BLANCHE et al. 1999; MOODLEY, 2000; COOPER et al., 2002). No Brasil a terapia antirretroviral é indicada para toda mulher grávida independente da presença de sintomas e da contagem de células T-CD4+ (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010b). Deve assim ser iniciada entre a 14ª – 28ª semana de gestação e removida após o parto quando a indicação de TARV for a profilaxia da transmissão vertical na gestação. Entretanto, quando essa indicação se referir também ao tratamento da infecção pelo HIV durante a gravidez, a terapia deve ser mantida (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010e). O esquema inicial para as gestantes deve ser formado por três antirretrovirais de duas classes diferentes. Para os NRTI as duas drogas de escolha são o AZT e o 3TC e para os NNRTI, a nevirapina mantém-se como primeira opção dessa classe (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010e). 2.8. Prevenção A maior esperança para o controle e erradicação do HIV está relacionada ao desenvolvimento de uma vacina segura, eficaz e acessível a todas as pessoas. Desde a descoberta do agente causal da aids, pesquisas tem sido desenvolvidas objetivando a criação dessa vacina e apesar dos avanços obtido, os resultados indicam que será preciso muito mais tempo e trabalho para o seu desenvolvimento (IAVI, 2008). A educação em saúde a partir do esclarecimento das formas e riscos de transmissão do vírus e a adoção de comportamentos sexuais mais seguros entre a população em geral são as estratégias mais eficazes para o controle da epidemia (KAPIGA, HAYESB, BUVE ́, 2010). Intervenções isoladas ou combinadas têm sido adotadas na busca da redução da incidência da infecção pelo vírus. A realização anual da testagem para o Anti-HIV por indivíduos sexualmente ativos e o início imediato da TARV para aqueles diagnosticados aparecem como sugestões para o alcance desse objetivo (GRANICH et al., 2009). Como a transmissão está diretamente relacionada à carga viral, o tratamento antirretroviral é considerado um importante meio de prevenção por diminuir expressivamente a viremia (DIEFFENBACH, FAUCI, 2009; BARNIGHAUSEN, 2010). Contudo, mais estudos sobre as vantagens do início 41 precoce da TARV independentemente da contagem de CD4 e da realização anual de teste para detecção do HIV precisam ser realizados, para ponderarem as reais vantagens e desvantagens dessas medidas (DIEFFENBACH, FAUCI, 2009). A transmissão sexual é a principal via de disseminação do vírus entre adultos. Assim, o controle do HIV relaciona-se à prática do sexo mais seguro (KAPIGA, HAYESB, BUVE ́, 2010). O uso regular do preservativo em todas as relações sexuais reduz significativamente o contágio sexual, evitando ainda outras DST e a gravidez não planejada (HEIKINHEIMO, LAHTEENMAKI, 2009; KIGBU, NYANGO, 2009). Sua aceitação e adoção é uma questão preocupante, principalmente nos países com alta prevalência da infecção pelo HIV. Esforços para a conscientização da necessidade de seu uso consistente, juntamente com sua disponibilização precisam ser intensificados para que os resultados sejam satisfatórios (ROSS, 2010). A transmissão vertical do HIV pode ser reduzida e até mesmo evitada a partir da combinação de algumas medidas durante a gestação, parto e pós-parto. O prénatal representa uma importante estratégia para a detecção de novos casos nessa população. O programa permite a triagem sorológica para o HIV e assim proporciona o diagnóstico e tratamento precoces (CDC, 2006). O risco desse tipo de transmissão é reduzido também pela realização da cesariana eletiva, antes do início do trabalho de parto e ruptura de membranas (KOURTIS, BULTERYS, 2010). Evidências sugerem que a eficácia da terapia antirretroviral para a prevenção da infecção do concepto durante a gravidez, está relacionada à precocidade de sua instituição, que deve se prolongar inclusive durante a amamentação, nos casos em que ela for essencial. A profilaxia do recém-nascido também continua durante as suas primeiras semanas de vida (KOURTIS, BULTERYS, 2010). O aleitamento materno em países com recursos limitados é responsável por mais de um terço da transmissão do HIV de mãe para filho. Como nestes países a amamentação é fator decisivo para a sobrevivência infantil, estudos têm sido realizados na busca de soluções para esse impasse (FOWLER et al., 2010). O uso de drogas sempre teve papel importante na manutenção da epidemia. A transmissão parenteral a partir desses hábitos ocorre através do compartilhamento de seringas/equipamentos. Os programas de substituição de seringas sustentam a prevenção da infecção por essa via entre os UDI. Cabe ressaltar que a redução dos 42 casos nesse grupo deve contemplar medidas educativas, que incentivem mudanças comportamentais (BASTOS, 2010; KURTH et al., 2011). A melhor forma de se evitar a transmissão ocupacional pelo vírus é a não exposição dos profissionais ao sangue ou fluídos corpóreos dos pacientes. Todavia, acidentes ocupacionais existem e a profilaxia pós-exposição é um elemento importante para a proteção destes profissionais. Recomenda-se que a profilaxia seja iniciada em até 72 horas após a ocorrência do evento sendo mantida por cerca de quatro semanas, quando tolerada. A escolha do esquema relaciona-se com o tipo e gravidade da exposição (CDC, 2005). Tratar outras DST também é uma das medidas indiretas de controle da epidemia visto que essas são facilitadoras para a infecção pelo HIV (KALLINGS, 2008). 2.9. Sistemas de Informações em Saúde Para o planejamento e execução de estratégias de saúde é fundamental a análise das informações disponíveis pelos sistemas de informações existentes. A criação de indicadores facilita a quantificação e avaliação dos dados disponíveis, possibilitando o monitoramento das condições de saúde da população e suas tendências (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2001). Os dados da saúde no Brasil são captados por uma ampla rede de sistema de informação que disponibiliza on line grande parte destas informações para os gestores e a sociedade. Contudo a qualidade dos dados dessa rede não é avaliada de forma regular e sistematizada pelo Ministério da Saúde o que dificulta a análise da real situação de saúde da sociedade brasileira (LIMA et al., 2009). O Departamento Nacional de DST, Aids e Hepatites Virais (DN- DST/aids/hepatites) realiza a vigilância epidemiológica da aids a partir das notificações compulsórias registradas no SINAN, e no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Ele conta ainda com dois sistemas específicos do Departamento: Sistema de Controle de Exames Laboratoriais (SISCEL) e Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM) que são relacionados aos citados anteriormente através da técnica de relacionamento probabilístico, segundo um algoritmo pré-estabelecido (Figura 5), implementando a vigilância da aids (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010c; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010d). O DN- 43 DST/aids/hepatites possui também o Sistema de Informação dos Centros de Testagem e Aconselhamento (SI-CTA) o qual não foi incorporado ao sistema de vigilância. Figura 6. Algoritmo de relacionamento de banco de dados Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010d 2.9.1. Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) é um sistema desenvolvido na década de 90 que permite a coleta e o processamento dos dados sobre doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória possibilitando assim o diagnóstico da ocorrência de um evento na população contribuindo para a identificação da situação epidemiológica de determinada localidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008b). Em se tratando de aids, as informações que alimentam o SINAN são provenientes das notificações de casos da doença, obedecendo a definição de casos adotada pelo Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005). Desde o surgimento da aids muitos critérios de definição de casos foram propostos e redefinidos. Os primeiros critérios foram estabelecidos pelo CDC em setembro de 1982 e em 1987 o Ministério da Saúde do Brasil adotou sua primeira definição. Desde então, no país sucessivas revisões foram realizadas com intuito de 44 adequar os critérios à realidade nacional, além de aumentar a sensibilidade, garantindo o registro de casos o mais precoce possível e a redução da subnotificação. A inserção da contagem de linfócitos T CD4+ (menor do que 350 células/mm3) entre os critérios de definição permitiu então um grande avanço no que se refere a captação de casos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). De tal forma, desde 2003, o SINAN admite também a notificação, para fins de vigilância epidemiológica, dos casos de infecção pelo HIV, que apresentem taxas de linfócitos T-CD4+ abaixo de 350 células/mm3. Cabe destacar que os CDC estabelecem como caso de aids uma contagem de T CD4+ menor ou igual a 200 células/mm3 e que o valor adotado no Brasil para fins epidemiológicos é justificado pela intenção de aumentar a sensibilidade da notificação dos casos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). A vigilância da infecção pelo HIV/aids enfrenta alguns problemas quanto a demora no repasse das informações provenientes das fontes notificadoras locais e/ou regionais ao nível nacional o que não invalida o sistema que contabiliza os casos desde o início da epidemia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010c). 2.10. Relacionamento probabilístico de dados O linkage ou pareamento de bases de dados é a metodologia adotada para encontrar um registro relativo a uma mesma pessoa/entidade disponível em duas ou mais fontes, ou duplicados em uma mesma fonte (SILVA et al., 2006). Esse relacionamento pode ser determinístico, quando é realizado por meio de um identificador unívoco para ambos os bancos ou probabilístico, que utiliza simultaneamente variáveis comuns nas bases a serem pareadas e identifica assim quais possíveis pares de registros referem-se ao mesmo indivíduo (MACHADO, HILL, 2004). O pareamento de registros de dados constitui-se numa ferramenta da vigilância epidemiológica que permite melhorar a qualidade das bases de dados por meio da identificação e remoção dos registros duplicados indevidamente. O uso do linkage amplia a eficácia do monitoramento das doenças. No Brasil a utilização dessa tecnologia no acompanhamento da aids ainda é incipiente o que mostra a importância de se otimizar a coleta e o repasse das informações pertinentes ao problema, de modo a garantir qualidade às bases de dados a serem linkadas (GÓES, COELI, MEDRONHO, 2006; LUCENA et al., 2006). 45 Os sistemas de informações em saúde brasileiros não dispõem de um campo unívoco para a realização do relacionamento determinístico dos mesmos. De tal forma o linkage probabilístico é a forma mais ágil e segura para a efetivação do método (COELI, CAMARGO JR., 2002). Os bancos de dados que compõem o sistema de vigilância epidemiológica da infecção pelo HIV em nosso país não são integrados automaticamente o que limita o monitoramento da tendência da epidemia. A implementação da vigilância epidemiológica a partir da utilização das informações provenientes dos grandes bancos de dados é uma necessidade premente no acompanhamento deste agravo (SOUZA, 2007). Diante da necessidade de redução da subnotificação dos casos e o ajuste das tendências temporais da doença, o Ministério da Saúde em 2008 buscou relacionar os dados do SINAM com os de outros sistemas de informações, sendo esses: SICLOM; SISCEL e SIM, utilizando o software Reclink®a, um programa específico para essa integração das fontes de dados. Para tal foram elaboradas chaves para a identificação de duplicidades no SINAN, no SIM e no SISCEL/SICLOM a partir de procedimentos probabilísticos nas bases de dados, que utilizam campos comuns com o objetivo de identificar os registros pareados que pertencem ao mesmo indivíduo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007b). A integração da base de dados destes diferentes sistemas de vigilância permite, além da busca da subnotificação, a comparação das informações sobre aids e a infecção pelo HIV e, consequentemente, melhor compreensão da dinâmica dessas epidemias, além de possibilitar estimativas de sua evolução (CAVALCANTE, RAMOS JR., PONTES, 2005; LUCENA et al., 2006). 46 3. OBJETIVOS 3.1. Geral • Analisar o perfil epidemiológico de mulheres com infecção pelo HIV/aids atendidas em hospitais de referência de Goiânia. 3.2. Específicos 1. Identificar a cobertura dos serviços de referência na captação dos casos de aids notificados no Estado de Goiás; 2. Determinar a razão de sexo entre indivíduos vivendo com HIV segundo o ano de diagnóstico; 3. Descrever a população feminina segundo as características sociodemográficas, comportamentais e clínico-laboratoriais no momento do diagnóstico; 4. Analisar os fatores de risco para desenvolver aids na população de mulheres estudadas em Goiás; 5. Estimar o tempo de progressão da infecção pelo HIV até o desenvolvimento de aids em um ano; 6. Estimar o tempo de progressão para o óbito em 12 meses segundo o ano do diagnóstico de infecção pelo HIV; 7. Analisar a sobrevida em um ano após o diagnóstico do HIV em mulheres de acordo com a primeira contagem de linfócitos T-CD4+. 47 4. METODOLOGIA 4.1. Delineamento do estudo Estudo de coorte retrospectivo com registros de indivíduos infectados pelo HIV. Estudo de coorte é aquele no qual um grupo de pessoas que possui determinadas características semelhantes é observado em um dado período de tempo para identificação e análise de um desfecho. Estudos que utilizam esse tipo de grupo partem da exposição em direção ao desfecho e determinam que os constituintes do grupo não podem em algum instante, ter sofrido o desfecho antes do recrutamento (NETO, LOTUFO, 2005). Os estudos de coorte podem ser prospectivos, partindo do presente em direção ao futuro ou retrospectivos, a partir de seleção e análise de registros passados e acompanhamento do evento até o presente. O grupo deve ser observado por um período considerável de tempo para que seja possível a clara manifestação do acontecimento (FLETCHER, FLETCHER, 2006). 4.2. População alvo, local e período do estudo A população de indivíduos infectados pelo HIV/aids foi selecionada a partir dos registros em prontuários médicos de pacientes de ambos os sexos atendidos em dois hospitais públicos de referência do Estado de Goiás, localizados em Goiânia, no período de 01/01/2003 a 31/12/2008: • Hospital de Doenças Tropicais (HDT) é uma instituição pública estadual e atende usuários do Sistema Único de Saúde sendo considerado hospital de referência para atendimento clínico, tanto ambulatorial como para internação, de portadores da infecção pelo HIV/aids em Goiás; • Hospital Materno-Infantil (HMI), também estadual e que é referência para o atendimento e acompanhamento clínico - obstétrico de gestantes com sorologia positiva para o HIV. 4.3. Critérios de elegibilidade e de exclusão dos registros Foram elegíveis prontuários de pacientes de ambos os sexos, com diagnóstico de infecção pelo HIV/aids firmado no período de 01/01/2003 a 31/12/2008, sem tratamento antirretroviral prévio e com idade igual ou superior a 13 anos no 48 momento do diagnóstico sorológico. Foram excluídos os registros sem a data do diagnóstico da infecção pelo HIV. 4.4. Coleta de dados O estudo foi conduzido em três etapas: • Primeira etapa: Busca ativa nos Serviços de Arquivo Medico (SAME), em prontuários dos pacientes diagnosticados com infecção pelo HIV ou com aids durante o período determinado para o estudo com posterior construção de um banco de dados relacionado (BDR), com esses registros ou seja o BDR-1. No HDT, os dados foram coletados também no arquivo morto, setor que abriga os prontuários de pacientes que obituaram ou que foram atendidos pela última vez há mais de cinco anos. Foram coletados dados de homens e mulheres objetivando o cálculo da razão de sexo. Os indivíduos diagnosticados em 2008 foram excluídos da análise de sobrevida porque foram seguidos por menos de 12 meses. A coleta de dados foi realizada entre os meses de maio e novembro de 2009. • Segunda etapa: Preparação do segundo banco (BDR-2), a partir do relacionamento (linkage) dos casos notificados ao SINAN que estavam divididos em duas plataformas diferentes de dados (SINAN e SINAN-NET) no mesmo período do estudo. Foram utilizados diretamente os bancos de dados da Secretaria Estadual de Saúde – SES/GO para minimizar o efeito do retardo de notificação existente entre o nível estadual e nacional. • Terceira etapa: Nessa etapa o BDR-2 foi linkado ao BDR-1, constituído pelos dados provenientes da revisão dos prontuários médicos dos hospitais de referência para atendimento ambulatorial e/ou hospitalar de infectados pelo HIV/aids em Goiás, a fim de evidenciarmos a cobertura dos serviços de referência em relação a captação dos casos dentro do nosso estado. Dessa forma tivemos um terceiro banco – Banco de dados Final - o qual foi analisado. 4.4.1. Fonte de informação Nessa pesquisa as fontes de informação foram constituídas pelos registros de prontuários dos hospitais de referência HDT e HMI e da base de dados do SINAN de Goiás. 49 4.5. Instrumentos de coleta de dados Com a finalidade de garantir a privacidade dos sujeitos da pesquisa e a confidencialidade, os dados foram coletados em dois instrumentos distintos para evitar a identificação dos mesmos. O primeiro tratou-se de um questionário padrão (Apêndice A), no qual foram registradas as iniciais do nome do paciente e de sua mãe juntamente com o número do prontuário, além dos dados sóciodemográficos, comportamentais, clínico-laboratoriais, terapia antirretroviral e seguimento terapêutico. No segundo instrumento (Apêndice B) foram registrados os nomes completos do paciente e da mãe juntamente com o número do prontuário. 4.6. Variáveis do estudo • Variáveis de desfecho: aids e óbito por aids Para efeitos deste estudo, foram adotados os critérios de definição de casos de aids CDC adaptado e Rio de Janeiro/Caracas estabelecidos pelo Ministério da Saúde do Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004) com exceção do parâmetro “contagem de linfócitos T-CD4+ ≤ 350 células/mm3”, quando este aparecia como único critério de notificação, uma vez que isoladamente não é condição laboratorial definidora de aids. Considerou-se, então, caso de aids indivíduo com evidência laboratorial da infecção pelo HIV (dois testes de triagem para detecção de anticorpos anti-HIV ou um confirmatório reagente) e linfócitos T-CD4+ igual ou menor que 200 células/mm3 e/ou a manifestação de doenças definidoras deste quadro (CDC, 1992; CDC, 2008). Os casos com investigação epidemiológica inconclusiva e com menção a aids (ou termos correlatos) em algum dos campos da Declaração de Óbito (DO) ou com menção a infecção pelo HIV (ou termos equivalentes) em algum dos campos da DO, além de doença(s) associada(s) à infecção pelo HIV foram considerados óbito por aids (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Os demais casos com testes laboratoriais de triagem e confirmatórios reagentes para o vírus, assintomáticos e com valores de T-CD4+ maiores que 200 células/mm3 foram assumidos como soropositividade ao HIV, ou seja, indivíduo livre de aids, como preconizado internacionalmente (CDC, 1992; CDC, 2008). 50 • Variáveis sóciodemográficas: sexo (para a razão de sexo), idade, município de residência, estado civil, escolaridade, cor, gestação, ano do diagnóstico do HIV. • Variáveis comportamentais: vida sexual ativa; prática sexual desprotegida; ser ou não profissional do sexo, uso de drogas. • Variáveis clínico-laboratoriais: data do primeiro teste anti-HIV positivo; data do diagnóstico de aids; data e valor das contagens de linfócitos T-CD4+; diagnóstico médico de doenças oportunistas definidoras de aids, segundo Critério CDC Adaptado ou Rio de Janeiro/Caracas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). • Variáveis relacionadas aos fatores de risco: Contagem de linfócitos TCD4+; presença de doenças oportunistas definidoras de aids e presença de coinfecções. 4.7. Linkage e validação dos bancos de dados 4.7.1. Preparação das fontes de informação Para a otimização e a redução da ocorrência de erros no momento do pareamento das fontes de informação realizou-se um processo de preparação do campo nome em todos os bancos de dados. Nesse processo algumas padronizações foram adotadas, tais como transformação de todos os caracteres para caixa alta, eliminação de “espaços” em branco antes do nome e excedentes entre os nomes. Criou-se ainda uma variável, denominada nome_modificado, em todos os bancos. Esse novo campo foi gerado a partir da cópia da variável “nome” e transferida para o programa Office Excel para a identificação de inconsistências. Realizou-se então uma rotina de substituições de alguns componentes dos nomes (Quadro 2): 51 Quadro 2. Lista de substituições de caracteres, letras e nomes efetuadas na padronização do campo nome_modificado em todos os bancos de dados Caracteres originais Dois “espaços” Substituições Caracteres originais Substituições Um “espaço” LL L Ponto final Nenhum caractere TT T Vírgula Nenhum caractere CC C Á A FF F É E TH T Í I PH F Ó O JH J Ú U NN N  A Christian Cristian Ê E Christiane Cristiane Ô O Creusa Cleusa à A Gessica Jessica Õ O Geremias Ç C Marco “espaço” Marcos Z S Marcus Marcos W V Lourdes Lurdes Y I Moraes Morais K C Victor Vitor “espaço” de “espaço” “espaço” Hailton Ailton “espaço” da “espaço” “espaço” Hamilton “espaço” das “espaço” “espaço” Helen “espaço” do “espaço” “espaço” Heliana “espaço” dos “espaço” “espaço” Hilda Jeremias Amilton Elen Eliana Ilda 4.7.2. Construção do BDR-1 Para a obtenção do BDR-1 relativo aos dados dos registros das unidades de referência relacionou-se o banco com as informações do questionário padrão (Banco dos Questionários) e o banco com os nomes completos do paciente e da mãe e o número do prontuário (Banco de Nomes) (Figura 7). Os dados do “Banco dos Questionários” estavam disponíveis primariamente no software Office Access e os do “Banco de Nomes” no Office Excel. Antes da união destes, os dados foram importados para o software Statistical Package for the Social Science (SPSS). Para 52 o relacionamento dos mesmos criou-se chaves de ligação utilizando as variáveis ano de registro e número do prontuário. Posteriormente à união dos bancos iniciou-se uma procura por registros duplicados (pessoas que possuíam mais de um registro na mesma unidade ou mulheres que possuíam registros em ambas as unidades). Os casos suspeitos foram comparados por meio de três varreduras: análise de pares de nomes (paciente e mãe), análise dos pares de data de nascimento e análise de pares dos nomes modificados. Considerou-se como duplicidades verdadeiras aquelas que possuíam as variáveis, nome do paciente, nome da mãe e data de nascimento, idênticas ou aquelas com algum erro de grafia no nome do paciente, mas com as duas outras variáveis iguais. Os casos identificados como duplicados foram excluídos. SAME - HOSPITAIS DE REFERÊNCIA HDT HMI Leitura dos prontuários Exclusão dos não elegíveis Coleta dos dados Banco dos questionários Banco de nomes Linkage Banco HDT/HMI Exclusão de casos duplicados BDR–1 Banco HDT/HMI Figura 7. Fluxograma do processo de formação do BDR–1 53 Efetuou-se a conferência manual, caso a caso, dos sujeitos duplicados nos quais os critérios anteriormente citados não foram suficientes para identificar a duplicidade com segurança. Confirmada a existência de dois ou mais registros de uma mesma pessoa conservou-se o registro com diagnóstico de HIV mais antigo. Dados inexistentes no registro mais antigo foram recuperados de registros posteriores quando disponíveis. 4.7.3. Formação do BDR-2 Após o ano de 2006 uma nova plataforma do SINAN foi criada – SINAN-NET e as informações sobre aids foram disponibilizadas ao sistema a partir de uma nova folha de notificação de agravos. Para a união dos dados destes dois sistemas, realizou-se também uma preparação dos campos de dados. Com o objetivo de reduzir a ocorrência de erros durante o processo de pareamento realizou-se um processo de conferência, adequação das variáveis e exclusão das que não seriam relevantes ao estudo. SINAN SINAN SINAN-NET (até jan/ 2006) (após jan/ 2006) EXCLUSÃO DE CASOS DUPLICADOS SINAN-NET SINAN Linkage SINAN + SINAN-NET Exclusão de casos duplicados BDR–2 (SINAN final) Figura 8. Fluxograma do processo de formação do BDR–2 54 Os arquivos disponibilizados pela Secretaria de Saúde do Estado (SINAN e SINAN-NET) encontravam-se no formato “dbf” e inicialmente foram transferidos separadamente para o SPSS. Em ambos criou-se a variável “nome_modificado” que foi preparada no Excel como descrito anteriormente. Um processo de deduplicação foi executado para a verificação da existência de casos duplicados, sendo assim comparados e excluídos quando confirmados. A formação deste banco pode ser visualizada na Figura 8. A vinculação dos dois bancos (linkage) foi efetuada após minuciosa conferência e, o banco resultante (BDR-2) foi então investigado para a presença de registros duplicados sendo removidas quando existentes. 4.7.4. Formação do Banco Final A união do BDR-1 e do BDR-2 deu origem ao Banco Final, o qual também foi investigado para a presença de registros duplicados sendo removidos quando identificados. Concluída a formação do Banco Final, excluiu-se deste todas as variáveis que pudessem identificar nominalmente os sujeitos do estudo, esse então foi processado e analisado. A Figura 9 esquematiza esse processo. BDR-1 BDR-2 Linkage Exclusão de casos duplicados Banco de dados Final Figura 9. Fluxograma do processo de formação do Banco final 55 4.8. Processamento e análise estatística dos dados Primeiramente, as variáveis foram analisadas de forma descritiva por meio de freqüências absolutas e relativas e de medidas de tendência central. As variáveis numéricas foram expressas em valores mínimos e máximos, média, desvio-padrão, mediana e intervalo interquartil (IIQ). Teste exato de Fischer e Teste de MannWhitney foram utilizados quando indicados. As medidas de associação foram constituídas pelo Risco Relativo (RR), com intervalo de confiança de 95% (IC 95%). Os fatores que se apresentaram significativos na análise univariada com p ≤ 0,10 foram submetidos à análise de riscos proporcionais de Cox multivariada usando o Harzard Risk (HR) como medida de efeito com seus respectivos intervalos de confiança (IC95%). Foram considerados significativos resultados cujo nível descritivo (valores de p) foram iguais ou inferiores a 5%.Curvas de sobrevida de Kaplan-Meier estratificadas por subgrupos de T-CD4+ foram utilizadas para expressar a sobrevida em um ano após o diagnóstico de infecção pelo HIV (óbito e não óbito) e comparadas pela estatística de log-rank (p≤0,05). Os dados foram analisados com uso do software SPSS versão 13.0 para Windows e apresentados em forma de tabelas e gráficos, incluindo o gráfico no modelo Boxplot. 4.9. Procedimentos éticos 4.9.1. Comitê de Ética O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Doenças Tropicais e do Hospital Materno-Infantil sob o número de protocolo 013/2009 (Anexo 1) e 046/2009 respectivamente (Anexo 2). 4.9.2. Sigilo dos dados coletados A identificação do paciente e de sua mãe foi realizada somente pelas iniciais dos nomes no questionário padrão. O segundo instrumento que continha o nome completo de ambos e o número do prontuário era transportado e arquivado separadamente do primeiro. No intuito de garantir o total sigilo das informações os dois instrumentos foram transportados por pesquisadores diferentes e em momentos diferentes. Na impossibilidade de tal condição um dos instrumentos era mantido no 56 serviço em local próprio até que o outro pesquisador pudesse transportar os questionários. 4.9.3. Participantes da coleta de dados Para a coleta dos dados foi criada uma equipe composta por duas auxiliares de pesquisa, duas alunas de iniciação cientifica e duas alunas de pós-graduação. Todas as participantes eram enfermeiras ou acadêmicas de enfermagem e foram orientadas quanto ao sigilo das informações coletadas e treinadas para a execução do trabalho proposto. 4.10. Financiamento e Mecanismos gerenciais de execução Este projeto contou com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás – FAPEG (Chamada 02/2008 – Protocolo 200.810.267.000.293) e integra a “Rede Goiana de Pesquisa em Agravos Transmissíveis com Ênfase em seus Aspectos Epidemiológicos, Preventivos e Diagnósticos”. Envolveu parceria com a Secretaria de Saúde do Estado de Goiás (SES-GO) por meio da Superintendência de Políticas de Atenção Integral a Saúde (SPAIS) que congrega a Gerência de Vigilância Epidemiológica e a Gerência de Desenvolvimento das Ações e do Sistema de Saúde de Goiás, em especial a Coordenação Estadual de DST/HIV/aids e os hospitais de referência para o atendimento das pessoas vivendo com HIV/aids: HDT e HMI. 57 5. RESULTADOS 5.1. Descrição inicial dos dados A princípio, os dados foram descritos considerando-se a população de homens e mulheres que foram incluídos no estudo. Assim, foram atendidos pela primeira vez nos serviços de referência, durante o período determinado na pesquisa, 4.062 (homens e mulheres) indivíduos os quais tiveram seus prontuários lidos e avaliados. Desses, foram excluídos 1.297 registros que não atendiam aos critérios de elegibilidade Os motivos da exclusão são mostrados na Tabela 1. Dos registros excluídos, 40,2% era de crianças expostas ao HIV por transmissão vertical e 26,7% de indivíduos com diagnóstico de HIV fora do período do estudo. Tabela 1. Número de prontuários excluídos do HDTI e HMIII segundo ano e motivo, no período de 2003 a 2008. Goiânia, 2010 A.M Total 113 07 67 01 08 52 521 261 48 46 36 44 346 16 23 28 19 16 134 04 06 06 10 03 05 35 177 183 242 204 126 125 1297 2003 2004 2005 2006 < 13 anos de idade TARVIV anterior Diagnóstico fora do período determinado Dados insuficientes 93 44 78 36 79 39 83 82 84 45 43 18 14 Infecção não confirmada 01 Total 240 I HDT=Hospital de Doenças Tropicais HMI=Hospital Materno-Infantil II III 2008 Motivos da exclusão III 2007 A.M= Arquivo Morto TARV= Terapia Antirretroviral IV Atenderam aos critérios de elegibilidade definidos no estudo, 2.765 registros sendo 2.547 do HDT e 218 do HMI. Após a digitação dos dados foram excluídos mais 135 registros devido à duplicidade de casos ou de digitação, resultando em 2.630 registros no BDR-1 a ser relacionado ao banco do SINAN. Nesse mesmo período foram notificados ao SINAN, 5.912 casos de aids em Goiás, segundo critérios de notificação do Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Desse total, 4.558 foram provenientes do sistema SINAN Windows e 1.354 vieram do sistema SINAN versão 4.0 (SINAN-NET), que constituíam dois bancos de dados distintos. Foram excluídos antes do relacionamento desses dois 58 bancos, 870 registros de notificação identificados como duplicados, sendo 734 do SINAN Windows e 136 do SINAN-NET. Após a união das duas versões foram excluídos mais 255 registros considerados como duplicados, que haviam sido inseridos nos dois bancos, resultando num banco com 4.787 sujeitos (Figura 10). Após essa etapa, o BDR-1 foi linkado ao BDR-2 resultando em 5.357 registros. Desse banco, excluíram-se ainda 1.563 casos, sendo 55,0% por apresentarem a data do diagnóstico de HIV anterior a 2003 e os demais por não possuírem a data do diagnóstico de infecção pelo HIV, totalizando 3.794 registros dentro dos critérios de elegibilidade. A Figura 10 descreve esquematicamente todas as etapas para a formação do banco de dados final analisado neste estudo. 59 Prontuários HDT/HMI N=4.062 Prontuários lidos e excluídos por não atenderem os critérios de inclusão Banco com nomes completos + n° prontuário Banco dos questionários Linkage 1 SINAN N=4.558 HDT/HMI N=2.765 SINAN NET N=1.354 EXCLUSÃO DE CASOS DUPLICADOS HDT/HMI (BDR 1) N=2.630 Excluídos: 135 Duplicados: • Digitação • Casos SINAN N=3.824 SINAN NET N=1.218 Linkage 2 Excluídos: 255 duplicados SINAN (BDR 2) N=4.787 Linkage 3 HIV antes de 2003: • SINAN + SINAN NET=858 N=5.357 Excluídos Sem data HIV: • HDT=16 • HMI=5 • SINAN + SINAN NET=684 Banco final N=3794 SINAN final HDT/HMI HDT/HMI N=2607 Homens N=1529 Mulheres N=1078 HIV N=216 Figura 10. Fluxograma dos passos para formação do banco final Tempo de seguimento de 12 meses AIDS N=862 60 A Figura 11 mostra os resultados do processo de linkage entre os casos atendidos nos hospitais de referência e os casos notificados ao SINAN e a intersecção dos bancos. No processo de pareamento evidenciou-se que 63,4% (2.057/3.244) dos casos notificados ao SINAN tiveram em algum momento uma passagem pelos hospitais. Entretanto, dos 2.607 casos identificados no banco dos registros hospitalares, 21,1% (550/2.607) não apresentavam nenhuma informação no SINAN. SINAN N=3.244 HOSPITAIS N= 2.607 N=1.187 N=2.057 (63,4%) N=550 BANCO FINAL N= 3.794 Figura 11. Total de casos notificados ao SINAN e atendidos em duas unidades de referência de Goiânia, no período de 2003-2008, após linkage dos bancos. Goiânia, 2010. 61 5.2. Descrição da população do estudo O Gráfico 1 mostra a razão de sexo segundo ano de diagnóstico da infecção pelo HIV e aids. Mulheres com infecção corresponderam a 38,9% do total de registros válidos (1.476/3.794). A razão de sexo homem:mulher (H:M) considerandose todos os indivíduos com diagnóstico de infecção pelo HIV, sintomáticos e assintomáticos, não diferiu da razão entre os que apresentavam aids, à exceção de 2007 quando a razão H:M entre os indivíduos com aids foi 21% maior (1,9 vs 1,5). No período, a razão de sexo H:M variou de 1,3 em 2006 a 1,8 em 2008 e no geral correspondeu a 1,6. Gráfico 1. Razão de sexo segundo ano de diagnóstico de HIV e segundo ano de diagnóstico de aids entre pacientes atendidos em duas unidades de referência de Goiânia, no período de 2003-2008. Goiânia, 2010. Com a finalidade de compreender a dinâmica da infecção pelo HIV nas mulheres atendidas nas unidades de referência, optou-se por considerar na análise somente os dados do HDT e HMI provenientes do banco final. O relacionamento dos bancos objetivou estimar a contribuição dos serviços de referência quanto à captação dos casos, e também agregar informações e aumentar a confiabilidade destas a partir do pareamento dos registros. A distribuição das principais características sócio-demográficas das 1.078 mulheres atendidas nas duas unidades de saúde no momento do arrolamento é 62 apresentada na Tabela 2. A idade variou entre 13 e 80 anos e a mediana foi maior nas mulheres atendidas no HDT em relação às atendidas no HMI (p<0,000). As duas unidades atenderam percentuais semelhantes de mulheres provenientes de municípios diferentes de Goiânia (65,9% vs. 58,9; p=0,292). Mulheres “não casadas” compreenderam 56,3% da população feminina estudada e também se distribuíram semelhantemente nos serviços (p=0,693). Quanto à escolaridade, mulheres gestantes possuíam maior nível de escolaridade (69,8%; p=0,000). Mais de 80% das mulheres se autodenominaram pardas ou negras e o uso de drogas ilícitas foi referido por 57,4% das pacientes, sendo que dentre as admitidas no HMI o uso de drogas foi verificado em 75,4% dos casos (p=0,002). 63 Tabela 2. Características das mulheres infectadas pelo HIV/aids atendidas em duas unidades de referência de Goiânia, no período de 2003-2008. Goiânia, 2010 Características Unidade de referência a Idade Média (dp) Mediana (min-max; IIQ) Município de residência Goiânia Não Goiânia Totald Estado civil Casado Não casado Totald Anos de escolaridade < 8 anos >= 8 anos Totald Cor branca Sim Não Totald Usuário de droga Sim Não Totald Ano do diagnóstico do HIV 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Total Aids Sim Não Total d Primeiro CD4 <= 200 201-350 >=351 Total d Doença oportunista Sim Não Total d a No primeiro atendimento b Total (N=1078) HDT (n=991) n % HMI (n=87) n % 34,8 (11,4) 33 (14-80; 26-42) 26,1 (6,5) 26 (13-46; 21-31) n p % 0,000b 267 515 782 34,1 65,9 23 33 56 41,1 58,9 290 548 838 34,6 65,4 0,292 422 541 963 43,8 56,2 15 22 37 40,5 59,5 437 563 1000 43,7 56,3 0,693 468 367 835 56,1 43,9 26 60 86 30,2 69,8 494 427 921 53,6 46,4 0,000 165 721 886 18,6 81,4 23 61 84 27,4 72,6 188 782 970 19,4 80,6 0,052 484 381 865 55,9 44,1 52 17 69 75,4 24,6 536 398 934 57,4 42,6 0,002 164 160 177 192 174 124 991 16,5 16,1 17,9 19,4 17,6 12,5 20 16 10 27 12 02 87 23,0 18,4 11,5 31,0 13,8 2,3 184 176 187 219 186 126 1078 17,1 16,3 17,4 20,3 17,2 11,7 0,000 537 323 860 62,4 37,6 30 26 56 53,6 46,4 567 349 916 61,9 38,1 0,000 275 159 344 778 35,4 20,4 44,2 01 07 31 39 2,6 17,9 79,5 276 166 375 817 33,8 20,3 45,9 0,000 349 540 889 39,3 60,7 01 05 06 16,7 83,3 350 545 895 39,1 60,9 0,49c Teste de Mann-Whitney c Teste exato de Fisher d excluídos os sem informação 64 A distribuição dos casos segundo o ano do diagnóstico de HIV foi heterogênea nesse grupo, variando de 2,3% em 2008 a 31% em 2006. Mais de 60% (567) das mulheres chegaram ao serviço com diagnóstico de aids simultaneamente ao de infecção e isso foi mais relevante entre as atendidas no HDT (62,4% vs. 53,6; p=0,000). Em relação a primeira contagem de linfócitos T-CD4+, a maioria dos resultados disponíveis apresentavam valores inferiores a 350 células/mm3 (54,1%) sendo que desses, quase 34% eram menores ou iguais a 200 células/mm3. Ressalta-se que dentre as mulheres atendidas no HMI, aproximadamente 80% apresentaram T-CD4+ >350 células/mm3 (p=0,000). Relato de presença de uma ou mais doença oportunista (DO) ocorreu em 39,1% da população feminina. As principais DO são mostradas na Tabela 3. Síndrome consuptiva foi a mais prevalente com 32,4% dos casos, seguida pela candidíase esofagiana (23,4%) e neurotoxoplasmose (22,0%). Tabela 3. Doenças oportunistas identificadas em mulheres atendidas em duas unidades de referência de Goiânia, no período de 2003-2008. Goiânia, 2010 Doença oportunista (DO) n % Candidíase esofagiana 99 23,4 Citomegalovirose esofagiana 06 1,4 Isosporíase intestinal 07 1,6 Neurocriptococose 20 4,7 Neurotoxoplasmose 92 22,0 Pneumocistose 76 18,0 137 32,4 10 2,4 Síndrome consuptiva Tuberculose extrapulmonar As informações referentes às variáveis comportamentais associadas à transmissão do HIV, não estavam disponíveis em sua maioria nos prontuários, inviabilizando a sua utilização na análise uni e multivariada. No total de registros, 55,0% das pessoas não informaram se possuíam vida sexual ativa e em 63,3 % desses não possuíam relatos quanto à prática sexual. Entretanto, daqueles registros com informações quanto à prática sexual (361/396) 91,1% afirmavam prática do sexo desprotegido. 65 5.2.1. Desenvolvimento de aids em um ano 5.2.1.1. Descrição das características relacionadas a aids O desfecho aids foi avaliado em até doze meses após o diagnóstico da infecção pelo HIV. Das 349 mulheres que ingressaram na coorte sem aids, 328 foram seguidas e incluídas na fase analítica dos dados. Após um ano de seguimento, 83% delas desenvolveram aids. A Tabela 4 mostra a análise uni e multivariada das principais características relacionadas ao desenvolvimento de aids no período de um ano nessas mulheres. Na análise univariada estiveram estatisticamente associados ao desenvolvimento de aids possuir baixo nível de escolaridade (RR=1,16; p=0,006), e ser solteira (RR=1,12, p=0,049). Ser usuária de droga e ter feito o diagnóstico do HIV em 2007 foram considerados fatores de proteção para o desenvolvimento de aids nesse grupo na análise uni e multivariada. Na análise multivariada a condição de solteira se manteve estatisticamente significante como fator de risco para o desenvolvimento de aids em um ano em relação as mulheres casadas (HR=1,32; p=0,023). 66 Tabela 4. Análise univariada e multivariada das características de 349 mulheres seguidas por um período de 12 meses após a data de diagnóstico do HIV segundo a presença ou não do desfecho aids. Goiânia, 2010 Variáveis AIDS RRI (95% IC) p HRII (95% IC) p SIM NÃO n (%) n (%) 218 (62,3) 75 (59,8) 0,85 0,78 - 0,93 0,001 65 (19,6) 26 (22,8) 0,95 0,82 - 1,10 0,473 ns Escolaridade < 8 anos 177 (54,1) 38 (38,4) 1,16 1,04 - 1,29 0,006 ns 75 (20,4) 27 (22,0) 0,98 0,86 - 11,11 0,721 ns Solteira 181 (54,5) 50 (43,9) 1,12 1,0 - 1,25 0,049 Idade > 32 114 (41,6) 19 (35,2) 1,04 0,95 - 1,15 0,379 49 (13,4) 58 (47,2) 0,55 0,45 - 0,68 0,000 251 (91,6) 51 (94,4) 0,94 0,81 - 1,09 0,480 Uso de drogas Cor branca Gestante HIV em 2007 HDT I II RR= Risco Relaivo HR= Hazard Risk 0,72 0,58 - 0,94 0,014 1,32 1,04 - 1,67 0,023 ns 0,74 0,60 – 0,90 0,003 ns 67 5.2.2. Descrição do tempo entre o diagnóstico da infecção pelo HIV e o desenvolvimento de aids A figura 12 mostra que para a maioria das mulheres que desenvolveu AIDS num período de seguimento de 12 meses, em todos os anos do estudo, o diagnóstico de aids ocorreu em menos de 5 meses (IIQ 2003,2005,2007: 0-2 meses; p=0,046). Figura 12. Tempo para o desenvolvimento de aids em 12 meses segundo ano do diagnóstico de infecção pelo HIV. Goiânia, 2010 68 Das 1078 mulheres do estudo, 213 faleceram (19,7%). Excluindo-se o ano de 2008 foram contabilizados 186 óbitos, dos quais, 81,2% (151/186) ocorreram no primeiro ano após o diagnóstico da infecção. A Figura 13 apresenta a distribuição desses óbitos e evidencia que a mediana dos falecimentos se deu aos 11 meses de seguimento. Figura 13. Tempo para o óbito em 12 meses segundo ano do diagnóstico de infecção pelo HIV. Goiânia, 2010 69 A sobrevida em um ano de seguimento foi estratificada segundo a primeira avaliação de linfócitos T-CD4+. Houve diferença na sobrevida após 12 meses do diagnóstico de HIV de mulheres que apresentaram valores inferiores ou iguais a 200 células/mm3 nos resultados da primeira contagem de células T-CD4+. As que apresentavam valores acima de 350 células/mm3 tinham uma sobrevida maior em comparação com as que chegavam com valores menores (p = 0,000). Figura 14. Curva de Kaplan-Meier de sobrevida em um ano após o diagnóstico do HIV em mulheres segundo a primeira contagem de linfócitos T-CD4+. Goiânia, 2010 70 6. DISCUSSÃO Em nosso estudo o relacionamento dos registros provenientes dos hospitais de referência de Goiânia àqueles notificados ao SINAN, no período do estudo, permitiu verificar a cobertura desses serviços em relação à captação de casos em Goiás. O Estado dispõem de oito unidades de Serviço de Assistência Especializada (SAE) que juntamente com o HDT e o HMI atendem portadores do HIV/aids (SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DE GOIÁS, 2010). Como o banco final analisado após o linkage considerou somente os casos provenientes das duas unidades hospitalares de referência, nossos achados acenam para uma significante contribuição desses serviços (63,4%) na captação dos casos, uma vez que, com certeza, em algum momento do curso clínico da infecção eles foram atendidos nessas unidades. O linkage permitiu a recuperação de dados não informados nos prontuários médicos e que estavam presentes no SINAN, favorecendo o aumento da qualidade e confiabilidade das informações O uso da técnica de relacionamento de base de dados aumenta o padrão de qualidade das informações em saúde, não somente por estimar e reparar a subnotificação de casos, mas, também, por possibilitar a recuperação de informações ignoradas, seja na coleta ou digitação destas. O resultado obtido a partir do emprego desse método é satisfatório e já possibilitou uma recuperação de aproximadamente 50% de dados ignorados relacionados à mortalidade em menores de um ano (PINHEIRO, CAMARGO JR., COELI, 2006; REIS, 2006). Um estudo realizado com registros de gestantes infectadas pelo HIV no Estado do Ceará, também constatou a eficácia do relacionamento para o aprimoramento da qualidade das informações disponíveis (CAVALCANTE, RAMOS JR., PONTES, 2005;). A análise da dinâmica e das características da epidemia de aids apresentadas neste estudo confirma a tendência mundial de pareamento das taxas de incidência da doença na população estudada (ALARCÓN VILLAVERDE, 2009; UNAIDS, 2009a). A razão de sexo para o período foi de 1,6/1 (H:M). A queda na razão de sexo vem ocorrendo progressivamente ao longo dos anos e valores significativamente inferiores àqueles apresentados no início da epidemia têm sido identificados em outros estudos (FONSECA, SZWARCWALD, BASTOS, 2002; SANTOS et al., 2002; 71 TOMAZELLI, CZERESNIA, BARCELLOS, 2003; BROUWER et al., 2006; FINK, LAUFER, 2008; NUNES et a., 2008; RAVETTI, PEDROSO, 2009; NETO et al., 2010). Apesar da mediana de idade no momento do primeiro atendimento ter variado entre as duas unidades inseridas no estudo (p=0,000) ela está de acordo com outros trabalhos (NUNES et al., 2004; GABRIEL, BARBOSA, VIANNA, 2005; FINK, LAUFER, 2008; SOUSA, DUARTE, COSTA, 2008; SULIGOI et al., 2010) e coincide com o período reprodutivo, indicando que em Goiás, assim como no Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009a) e no mundo (TANG, NOUR, 2010) a maioria das mulheres se infectam na idade fértil. A epidemia em nosso país se iniciou em grupos com alto grau de instrução e aos poucos se disseminou para aqueles com baixos níveis de escolaridade. O grau de escolaridade constitui um indicador do nível socioeconômico da população, de tal modo que o aumento da incidência de HIV/aids entre indivíduos com baixa escolaridade tem caracterizado a pauperização da epidemia em nosso país (BRITO, CASTILHO, SZWARCWALD, 2000; SANTOS et al., 2002; FONSECA, BASTOS, 2007). Em 1982, aproximadamente 76% dos casos de aids notificados no Brasil faziam referência a indivíduos que possuíam ensino superior ou médio. No final da década de 90 já se observava inversão desse cenário com 74% dos casos incidindo em pessoas com ensino fundamental ou nenhum grau de instrução (BRITO, CASTILHO, SZWARCWALD, 2000). Baseados nesse pressuposto, constatou-se que a epidemia de aids na população feminina brasileira, esteve pauperizada desde seu início (SANTOS et al., 2002; FONSECA et al., 2000) mantendo-se até o momento (NUNES et al., 2004; GABRIEL, BARBOSA, VIANNA, 2005; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010a). Esta pesquisa confirma tal condição ao evidenciar que 53,6% tinham menos de oito anos de estudo. Ao uso de drogas ilícitas atribuí-se direta e indiretamente grande número de infecções entre a população feminina. Mais da metade das mulheres referiram o uso de drogas e entre as gestantes esse comportamento foi relatado em 75,4% dos casos. Toxicodependentes em geral são mais propensos a apresentarem comportamentos inseguros, seja pelo uso dessas substâncias, com efeito, desinibidor e/ou pela relação desse vício com o comércio sexual (VLAHOV, ROBERTSON, STRATHDEE, 2010). Mulheres grávidas nessa condição são mais 72 propensas a praticarem sexo inseguro e não raramente o fazem em troca de dinheiro ou drogas. Tais comportamentos aumentam sua exposição ao risco de contrair infecção pelo HIV. O contrário também pode acontecer: a mulher UDI que já é infectada pelo HIV, por não praticar o sexo seguro, tem maiores chances de engravidar (RAMSEY, BELL, ENGLER-FIELD, 2011). Antinori et al (2010), consideram diagnóstico tardio de infecção pelo HIV quando o paciente apresenta a primeira contagem de células T-CD4+ abaixo de 350 células/ mm3. O diagnóstico tardio da infecção é freqüente e tem sido constatado em outros estados e países (SILVA et al., 2009; DELPIERRE et al., 2007; AJAYI, AJAYI, FASAKIN, 2009; LEE et al., 2010). Neste estudo, 61,9% das mulheres chegaram ao serviço com aids e 54,1% apresentavam contagem de T-CD4+ no primeiro atendimento, igual ou menor que 350 células/mm3. Estudo realizado com registros de pacientes infectados pelo HIV, nos Estados Unidos e no Canadá, demonstrou que os valores referentes à primeira contagem de CD4 na assistência inicial tem aumentado ao longo dos anos, mas ainda continuam abaixo de 350 células/mm3. Identificou-se ainda um crescimento aproximado de 06 células/mm3 ao ano, em um período de dez anos, passando de 256 células/mm3 em 1997 para 317 células/mm3 em 2007 (ALTHOFF et al., 2010). Estudo realizado na Europa mostrou que entre 10.222 casos com contagem de células T-CD4+ no momento do diagnóstico de HIV, 51% eram de pacientes com diagnóstico tardio. Todavia, a maioria desses indivíduos era originária da África Subsaariana e do Sudeste e Leste da Ásia (LIKATAVICIUS, VAN DE LAAR, 2010). Outros estudos constataram que mulheres representam uma parcela menor na proporção dos diagnósticos tardios (GIRARDI et al., 2000; CASTILLA et al., 2002; NEAL, FLEMING, 2002; DELPIERRE et al., 2007) que pode ser explicada pela maior procura delas aos serviços de saúde; pela rotina do pré-natal (DELPIERRE et al., 2007) e pelo acompanhamento médico das que são parceiras de homens sabidamente HIV positivo (CASTILLA et al., 2002). No entanto, outros achados divergem desses e mostram que mesmo de forma discreta, as mulheres são maioria na apresentação de valores baixos de CD4 no diagnóstico (AJAYI, AJAYI, FASAKIN, 2009; LIKATAVICIUS, VAN DE LAAR, 2010). Já Althoff et al. (2010) constataram similaridades para tal situação entre homens e mulheres. Quase 40% das mulheres estudadas chegaram ao serviço apresentando um ou mais eventos definidores de aids. A presença de doença oportunista na ocasião do 73 diagnóstico da infecção pelo HIV é um importante parâmetro indicador de diagnóstico tardio. A contagem de células CD4 abaixo de 350 células/ no momento do diagnóstico tem sido um preditor para a apresentação concomitante dessas doenças. Na Nigéria, 86,2% dos pacientes atendidos em um Centro Médico no ano de 2006 tinham alguma doença oportunista na presença dessa condição laboratorial (AJAYI, AJAYI, FASAKIN, 2009). Estudo semelhante realizado em Goiás demonstrou que 46,7% dos registros informavam presença de alguma doença oportunista tendo a tuberculose pulmonar (28,7%) e a Candidíase (22,6%) como as infecções mais prevalentes. Os nossos achados evidenciaram que a síndrome consuptiva foi a mais freqüente entre as mulheres, entretanto, a candidíase (23,4%) se manteve como a segunda. Outras doenças definidoras de aids como a neurocriptococose, a isosporíase e a citomegalovirose esofagiana tiveram freqüências semelhantes em ambos estudos (PEREIRA et al., 2011). O alto percentual de registros inválidos no grupo de variáveis comportamentais nas duas bases de dados (hospitais e SINAN) impediu a análise de sua relação com os desfechos aids e óbito e pode indicar que os profissionais de saúde não as identificam como relevantes para o conhecimento da epidemiologia da epidemia nos tempos atuais. Essa problemática foi considerada fator limitante para outros estudos que utilizaram dados secundários da base de dados do SINAN (GUIMARÃES, 2000; FONSECA et al., 2002; GODOY et al., 2008). No entanto, isso não invalida a utilização de bases secundárias, muito menos a base do SINAN. Ao contrário, seu emprego deve ser estimulado, porque grandes esforços foram feitos para padronização dessa base incluindo-se implementação dos recursos de informática e agregação de dados, até que o sistema inicialmente concebido na versão “DOS” evoluísse para a versão “WINDOWS”. Ressalta-se, contudo, que os sistemas de informação dependem para sua manutenção e viabilidade não somente de inovações tecnológicas, mas, sobretudo de políticas de gestão dessa informação e capacitação em todas as instâncias dos profissionais envolvidos no seu manuseio (LAGUARDIA et al, 2004). Mesmo com um alto índice de informações ignoradas, algumas observações precisam ser feitas quanto ao sexo seguro. O pequeno percentual de uso do preservativo chama atenção mesmo quando avaliamos somente os casos que possuíam essa informação registrada. Observa-se que menos de 9% das mulheres relataram uso do preservativo durante as relações sexuais. Fato preocupante diante 74 da heterossexualização da epidemia (HADER et al.,2001; SOUSA, DUARTE, COSTA, 2008; KONOPKA et al., 2010; NETO el al., 2010; SILVA et al., 2010b) e podem sugerir falta de conhecimento quanto as formas transmissão do vírus (GIR et al., 2004), subestimação do risco e impossibilidade de negociação do sexo seguro (NUNES et al., 2004; GABRIEL, BARBOSA, VIANNA, 2005; GREIG et al., 2008; SANTOS et al., 2009). Considerando que a relação heterossexual é a principal forma de exposição ao vírus na população feminina, esse comportamento toma dimensões ainda mais preocupantes ao considerar que a mulher infectada representa um fator potencial na manutenção da epidemia ao possibilitar continuidade da transmissão do vírus pela exposição sexual e vertical (SOUSA, DUARTE, COSTA, 2008). Na análise multivariada manteve-se associada ao risco de desenvolver aids em um ano, ser solteira (HR:1,32; p:0,023) e, como fatores de proteção, o ser usuário de drogas (HR:0.72;p=0,014) e ano de diagnóstico do HIV = 2007, em comparação àquelas que foram diagnosticadas nos outros anos (HR=0,74; p=0,003). Estudo realizado na África Subsaariana demonstrou que pessoas casadas descobriam seu status sorológico mais precocemente. Ser solteiro, separado ou viúvo foram características independentemente associadas ao diagnóstico tardio, principalmente entre as mulheres. A descoberta da positividade de um dos cônjuges promove o diagnóstico subsequente do outro, uma apresentação tardia está relacionada a não revelação da infecção ao seu parceiro (KIGOZI et al., 2009). UDI e homossexuais realizam mais frequentemente testes anti-HIV e assim, no momento do diagnóstico da infecção pelo HIV, chegam a unidade de saúde portando pelo menos um teste anterior negativo. Esses pacientes apresentam no diagnóstico da infecção contagens de células CD4 com valores maiores, quando comparados a outros grupos populacionais (WOLBERS et al., 2008). Esse fato pode refletir maior percepção dos riscos aos quais esses indivíduos estão expostos o que os motivaria a buscarem os serviços de saúde. A maior disponibilidade de testes de triagem na rotinas dos serviços de saúde, nos Centros de Testagem e Aconsellhamento e nos centros de tratamento de toxicodependentes, colaboram para o diagnóstico precoce nesse grupo populacional (GIRARDI, SABIN, MONFORTE, 2007). Em nossa pesquisa, 83% das mulheres desenvolveram aids em até doze meses do diagnóstico e o fizeram em menos de cinco meses após o diagnóstico da 75 infecção. O desenvolvimento de aids no primeiro ano após o diagnóstico é observado em muitos pacientes (NEAL, FLEMING, 2002; CDC, 2003) e nesta pesquisa esse fato reforça a necessidade da busca pelo diagnóstico precoce. A rápida progressão para aids está relacionada à demora do diagnóstico sorológico do vírus (GIRARDI et al., 2004) e a outros fatores como as condições clínicas do paciente por ocasião da indicação da TARV e a capacidade de adesão ao tratamento além da presença ou não de resistência viral primária ou secundária. Apesar das explicações para o diagnóstico tardio variar de acordo com diferentes grupos populacionais, na sua maioria relacionam àqueles que não reconhecem o risco ao qual se sujeitam, àqueles que não são testados frequentemente e os marginalizados (GIRARDI, SABIN, MONFORTE, 2007). Estudos mostram que iniciar a TARV com contagem de T-CD4+ acima de 350 células/mm3 pode reduzir o risco de aids e óbito (HAMMER et al., 2008; KITAHATA et al., 2009; STERNE et al., 2009). Contudo, o Consenso Brasileiro de Terapia Antiretroviral recomenda o início da terapia para pacientes sintomáticos, independentemente da contagem de T-CD4+; assintomáticos com contagem de TCD4+ menor ou igual a 350 células/mm3 e gestantes, independentemente da presença de sintomas e da contagem T-CD4+ (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008c). Somente no final de 2010, foi introduzida a recomendação especial de se considerar o início da terapia para aqueles pacientes com contagem de T-CD4+ entre 350 e 500 células/mm3 que apresentem co-infecção pelo vírus da hepatite B (com indicação de tratamento); co-infecção pelo vírus da hepatite C; idade igual ou superior a 55 anos; doença cardiovascular estabelecida ou com risco elevado; nefropatia relacionada ao HIV e neoplasias, mesmo as não definidoras de aids e carga viral elevada ou seja, superior a 100.000 cópias (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010b). Muitas pessoas portadoras do vírus desconhecem seu status sorológico. O diagnóstico pode ser tardio o que impossibilita assistência adequada e instituição da terapia medicamentosa no período mais oportuno. O retardo no início da terapia antirretroviral afeta o prognóstico da doença e a sobrevida dos infectados (CASTILLA et al., 2002; CDC, 2003; TAEGE, 2011). Nesta coorte, a taxa de letalidade no período foi de aproximadamente 20% e 151 mulheres morreram no primeiro ano após o diagnóstico da infecção, o que expressa uma média de 30 óbitos por ano ou 2,5 óbitos por mês. Ainda, correspondeu a 71% (151/213) de todos os óbitos captados denotando a 76 precocidade desse desfecho. De fato, esses óbitos incidiram majoritariamente nas mulheres que apresentaram o primeiro CD4+< 200 células/mm3 ou seja, naquelas que acessaram o serviço em fase adiantada da doença e nas quais a sobrevida também foi menor em comparação às com primeiro CD4+>350 células/mm3 (p=0,000). Situações semelhantes para a contagem de linfócitos CD4 e a presença de alguma doença oportunista têm caracterizado o diagnóstico tardio e estão significativamente associados ao óbito precoce (STERNE et al., 2009; MELO et al., 2008). A taxa de mortalidade por aids em países pobres ou em desenvolvimento é maior em comparação com os países ricos, mas a oferta de tratamento gratuita diminui o risco de morte nesses lugares (DOURADO et al., 2006; MUNDERI, 2010) No Brasil, o tratamento antirretroviral é gratuito, mas o paciente poderá não se beneficiar da medicação ou até mesmo nem fazer uso dela se chegar em condições clínicas comprometidas e imunossuprimido. No estudo de Pereira et al. (2011) observou-se que 2/3 dos pacientes tiveram diagnóstico tardio o que lhes aumentou o risco de morrer precocemente (HR: 8,5; IC 95%: 3,9 – 18,6). Também dectaram que 1/3 dos pacientes faleceram com até 15 dias após o diagnóstico da infecção sem que houvesse tempo para instituir o tratamento. Outras considerações podem ser feitas quanto à importância do diagnóstico precoce da infecção. Ter o conhecimento da positividade para o HIV possibilita não somente uma melhor resposta a TARV como aumento da sobrevida, mas produz ainda considerável queda no número de novos casos relacionada à mudança de comportamento dos infectados ao terem consciência do seu status sorológico (CDC, 2000; MARKS et al., 2005; MARKS, CREPAZ, JANSSEN, 2006; GIRARDI, SABIN, MONFORTE, 2007). 77 7. CONCLUSÕES 1. Os hospitais de referência detectaram 63,1% dos casos de aids notificados ao SINAN, no Estado de Goiás; 2. A epidemia da aids em nossa região segue os padrões nacionais em relação a proporção de casos entre homens e mulheres. A razão de sexo foi 1,6 e se encontra reduzida quando comparada às encontradas no início da epidemia indicando a feminização da doença no nosso Estado; 3. A população em estudo foi composta principalmente por mulheres em idade reprodutiva (mediana = 33 e 26 anos); solteiras (56,3%); com menos de oito anos de escolaridade (53,6%); negras ou pardas (80,6%); usuárias de drogas (57,4%). Aproximadamente 62% das mulheres chegaram ao serviço com aids; contagem de T-CD4+ no primeiro atendimento igual ou menor que 350 células/mm3 (54,1%) e presença de uma ou mais doença oportunista (60%); 4. Na análise multivariada manteve-se associada ao risco de desenvolver aids em um ano, ser solteira (HR:1,32; p=0,023) e, como fatores de proteção, o ser usuário de drogas (HR:0.72; p=0,014) e ano de diagnóstico do HIV = 2007, em comparação àquelas que foram diagnosticadas nos outros anos (HR=0,74; p=0,003); 5. O tempo entre o diagnóstico da infecção pelo HIV e o diagnóstico de aids num período de seguimento de 12 meses foi menor que cinco meses (IIQ2003,2005,2007: 0-2 meses; p=0,046); 6. A mediana do tempo de progressão para o óbito se deu aos 11 meses de seguimento com taxa de letalidade no período de 19,7% (213/1078); 7. Houve menor sobrevida após 12 meses do diagnóstico de HIV em relação às mulheres que apresentaram valores inferiores ou iguais a 200 células/mm3 no primeiro atendimento e as apresentaram valores acima de 350 células/mm3 tiveram sobrevida maior em comparação com as que chegaram com valores menores (p = 0,000). 78 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS O relacionamento de bases de dados neste estudo permitiu melhor compreensão da dinâmica da infecção pelo HIV nas mulheres atendidas nas unidades de referência, porque agregou informações e aumentou a confiabilidade destas. Contudo, o estudo possui limitações decorrentes do uso de bases de dados secundários e também por ter como referência uma população atendida em serviços especializados do Estado. Apesar do estudo ter identificado que as unidades incluídas captaram mais de 60% dos casos notificados ao SINAN, e que mais de 65% da população atendida não residia em Goiânia, não podemos generalizar nossos achados para todo o estado, uma vez que outros serviços podem apresentar realidades diferentes. A análise do perfil epidemiológico de mulheres infectadas com o HIV em nossa região permitiu verificar que a despeito da existência de recursos tecnológicos para diagnóstico laboratorial e tratamento, e a garantia constitucional do acesso a eles, mais de 60% das mulheres estudadas só souberam de sua condição sorológica quando já apresentavam sinais e sintomas de aids. A importância e a necessidade do diagnóstico precoce devem ser discutidas na prática dos serviços de saúde e políticas públicas que estimulem a testagem com aconselhamento implementadas em nosso país. Caso contrário, os portadores continuarão recebendo o diagnóstico de infecção simultaneamente com o diagnóstico de aids e pouco se beneficiarão dos recursos tecnológicos disponíveis para o seguimento clínico e laboratorial da doença além do impacto negativo na sobrevida dos infectados. 79 REFERÊNCIAS Aceijas C, Stimson GV, Hickman M, Rhodes T. Global overview of injecting drug use and HIV infection among injecting drug users. AIDS. 2004;18(17):2295–2303. Ajayi AO, Ajayi EA, Fasakin KA. CD4+ T-Lymphocytes cell counts in adults with human immunodeficiency virus infection at the medical department of a tertiary health institution in Nigeria. Annals of African Medicine. 2009: 8(4):257-260. Alarcón Villaverde JO. Modos de transmisión del VIH en América Latina: resultados de la aplicación del modelo. Pan American Health Organization. Washington. 2009. Althoff KN, Gange SJ, Klein MB, Brooks JT, Hogg RS, Bosch RJ, et al. 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