avaliação de citocinas no desfecho da infecção aguda pelo hcv

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MINISTÉRIO DA SAÚDE
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Pós-graduação em Medicina Tropical
Mestrado acadêmico
AVALIAÇÃO DE CITOCINAS NO DESFECHO DA INFECÇÃO
AGUDA PELO HCV
TAYANY DE DEUS BARROS GONÇALVES
Rio de Janeiro
Janeiro 2015
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Programa de pós-graduação em Medicina Tropical
TAYANY DE DEUS BARROS GONÇALVES
Avaliação de citocinas no desfecho da infecção aguda pelo HCV
Dissertação apresentada ao Instituto Oswaldo
Cruz,
como
parte
dos
requisitos
para
obtenção do título de Mestre em Ciências.
Orientadores: Profª Drª Lia Laura Lewis Ximenez de Souza Rodrigues
Prof Dr Ricardo Wagner de Almeida
Rio de Janeiro
Janeiro 20
AVALIAÇÃO DE CITOCINAS NO DESFECHO DA INFECÇÃO
AGUDA PELO HCV
TAYANY DE DEUS BARROS GONÇALVES
Dissertação apresentada ao Instituto Oswaldo
Cruz,
como
parte
dos
requisitos
para
obtenção do título de Mestre em Ciências.
Avaliada e aprovada pela Banca Examinadora em 22 de janeiro de 2015
composta por:
Titulares:
Dr. Alvaro Luiz Bertho dos Santos – IOC/FIOCRUZ
Dr. Orlando da Costa Ferreira Junior - UFRJ
Dr. Luiz Cristóvão de Moraes Sobrino Porto - UERJ
Suplentes:
Dr. Adeilton Alves Brandão – IOC/FIOCRUZ
Dra. Patrícia Dutra - UERJ
I
DEDICATÓRIA
Aos meus pais que se doaram por inteiro, renunciando, por vezes, aos seus
próprios sonhos para que eu pudesse realizar os meus.
II
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me permitir vivenciar a Ciência e por manter viva a minha fé.
À minha orientadora, Drª Lia Lewis, pela oportunidade e todo aprendizado.
Ao meu coorientador e amigo, Ricardo Wagner, pela credibilidade, paciência e
por me ensinar que mais do que falar, devo aprender a ouvir.
Ao Edson Fernandes, gerente da plataforma Luminex, pela capacitação no
manuseio dos reagentes e leitura dos resultados do estudo.
Ao amigo Paulo Sérgio, pela disposição em me ajudar sempre que requisitado.
À amiga Laís Coimbra, pelo incentivo constante, conselhos e pela extrema
sinceridade.
A todos os amigos do AHV e do LAHEP, Luciana P., Fabíola, Juliana, Bruna,
Adilson, Márcia, Majorie, Islene e a todos os outros que contribuíram direta ou
indiretamente para a realização deste trabalho.
Ao meu grande amor e amigo, Felipe, pela paciência, compreensão e interesse
em me ajudar no que fosse preciso.
Aos meus inigualáveis pais, Vilma e Almir, que me aceitaram e permitiram que
eu abrisse os olhos para o mundo. Quero sempre ser motivo de orgulho e
felicidade.
Aos órgãos de fomento CAPES e NIH que tornaram possível a realização deste
trabaho.
III
“Por vezes, sentimos que aquilo que fazemos
não é senão uma gota de água no mar, mas
o mar seria menor se lhe faltasse uma gota”.
(Madre Teresa)
IV
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Avaliação de citocinas no desfecho da infecção aguda pelo HCV
RESUMO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM MEDICINA TROPICAL
Tayany de Deus Barros Gonçalves
Citocinas são proteínas imunomodulatórias que regulam e amplificam a resposta imune
do hospedeiro. Na infecção pelo HCV as citocinas podem influenciar o desfecho da infecção
aguda e a progressão da hepatite C crônica. No entanto, em virtude do grande número de casos
assintomáticos, pouco se sabe sobre o papel, produção e progressão das citocinas durante a
fase inicial da infecção. O objetivo desde estudo foi investigar a possível relação dos níveis de
citocinas plasmáticas com à resolução espontânea ou com à persistência da infecção pelo HCV
em indivíduos sintomáticos. Para análise das concentrações das citocinas TNFα, INFγ, IL-2, IL-4,
IL-6, IL-10, IL-7, IL-21 e IL-17A foi utilizado imunoensaio multiplex pela metodologia Luminex.
Para tanto, foram selecionados 14 pacientes ictéricos, na fase aguda da infecção pelo HCV,
distribuídos em dois grupos, de acordo com o desfecho da infecção: eliminação viral espontânea
(9) e persistência viral (5). Para a comparação dos níveis das citocinas entre os grupos, dois
períodos da fase aguda foram selecionados a partir da provável data da infecção de cada
paciente: T1= 8,0-10,5 semanas (compreende o início da resposta imune celular); T2= 16,0-18,5
semanas (diferença na qualidade da resposta das células T em relação ao desfecho da
infecção). Nove controles saudáveis também foram selecionados e utilizados como padrão de
normalidade para cada citocina estudada. Os resultados demonstraram que os níveis
plasmáticos das citocinas IL-6 e IL-10 apresentaram-se mais elevados no grupo correspondente
à persistência viral em ambos os períodos da fase aguda analisados ((IL-6 T1 p=0,03/ T2
p=0,01), (IL-10 T1 p=0,04/ T2 p=0,04)), quando comparados ao grupo correspondente à
eliminação viral espontânea. Com relação aos níveis de IFNγ, estes não apresentaram diferença
significativa entre os dois grupos no tempo 1. Contudo, no tempo 2 foram identificados níveis
mais elevados desta citocina no grupo eliminação viral espontânea (T2 p=0,03). Verificou-se
ainda acentuada elevação nos níveis de IFNγ do tempo 1 para o tempo 2 (p=0,009) neste
mesmo grupo. Quanto à IL-7, não foram observadas diferenças significativas entre os dois
grupos em ambos os períodos analisados. Sendo assim, o aumento dos níveis plasmáticos das
citocinas anti-inflamatórias IL-6 e IL-10 durante a fase aguda da infecção pelo HCV sugere
possível relação com a persistência da infecção. Além disso, a elevação dos níveis plasmáticos
de INFγ observada ao longo da fase aguda sugere provável relação com a resolução
espontânea da hepatite C. Em contrapartida, os níveis de IL-7 encontrados nos grupos
estudados não sugerem qualquer relação desta citocina com o desfecho da infecção aguda pelo
HCV.
Palavras chaves: hepatite C aguda, citocinas, persistência viral, eliminação viral espontânea
V
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Evaluation of citokynes on acute HCV infection outcome
ABSTRACT
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM MEDICINA TROPICAL
Tayany de Deus Barros Gonçalves
Cytokines are immunomodulatory proteins which regulate and amplify the host’s immune
response. In hepatitis C virus (HCV) infection, cytokines can influence the outcome of acute
infection and the progression of chronic hepatitis C infection. However, due to the large number
of asymptomatic cases, little is known about the role, production and progression of cytokines
during the initial phase of the infection. The aim of this study was to investigate the possible
association of plasma cytokine levels with spontaneous resolution or persistence HCV infection in
symptomatic individuals. For analysis of concentrations of TNFα, INFγ, IL-2, IL-4, IL-6, IL-10, IL-7,
IL-21 and IL-17A were used a multiplex immunoassay for the Luminex methodology. Therefore,
14 jaundiced pacients were selected in the acute phase of HCV infection, distributed in two
groups according to the outcome of infection: spontaneous viral clearance (9) and viral
persistence (5). To compare the levels of cytokines between the groups, based on the probable
date of infection of each patient, two periods of the acute phase were selected: T1 = 8.0 to 10.5
weeks (the start of the cellular immune response); T2 = 16.0 to 18.5 weeks (difference in T cell
response quality in relation to the outcome of the infection). Nine healthy controls were also
selected and used to establish the normal range for each cytokine studied. The results showed
that IL-6 and IL-10 plasma cytokine levels were more elevated in both of the periods of the acute
phase analyzed among patients with viral persistence ((IL-6 p = 0.03 T1 / T2 w = 0.01) (IL-10 p =
0.04 T1 / T2 p = 0.04)) when compared to patients in the spontaneous viral clearance group.
Regarding the INFγ levels, these did not differ significantly between the two groups at T1.
However, at T2 higher levels of this cytokine were identified in the spontaneous viral clearance
group (T2 p = 0.03). An increase in the INFγ levels was also detected from T1 to T2 (p = 0.009) in
this group. As for IL-7, no significant differences were observed between the groups in both
periods analyzed. Thus, the increased plasma levels of anti-inflammatory cytokines IL-6 and IL10 observed during the acute phase of hepatitis C infection suggests a possible association with
the persistence of the infection. Furthermore, the increase in plasma INFγ levels observed
throughout the acute phase suggests probable association with the resolution of HCV infection. In
contrast, IL-7 levels found in the groups did not suggest any association of this cytokine with the
outcome of acute HCV infection.
Keywords: acute hepatitis C, cytokines, viral persistence, spontaneous viral clearance
VI
ÍNDICE
RESUMO
V
ABSTRACT
VI
I. INTRODUÇAO
1
I.I HEPATITE NÃO A E NÃO B
1
I.II CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA E ESTRUTURA
GENÔMICA DO HCV
1
I.III ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
4
I.IV MECANISMOS DE TRANSMISSÃO
6
I.V ENTRADA DO HCV NA CÉLULA HOSPEDEIRA
7
I.VI MANIFESTAÇÕES CÍNICAS E LABORATORIAIS
9
I.VI.I Fase aguda da hepatite C
9
I.VI.II Fase crônica da hepatite C
11
I.VII PATOGÊNESE
12
I.VIII RESPOSTA IMUNE
13
I.VIII.I Resposta imune inata ao hcv
13
I.VIII.II Resposta imune humoral ao hcv
15
I.VIII.III Resposta imune celular e citocinas
17
II. JUSTIFICATIVA
23
III. OBJETIVOS
24
III.I OBJETIVO GERAL
24
III.II OBJETIVOS ESPECÍFICOS
24
IV. MATERIAIS E MÉTODOS
25
IV.I DESENHO DE ESTUDO
25
IV.II ASPECTOS ÉTICOS
25
IV.III AMBULATÓRIO DE HEPATITES VIRAIS – AHV
25
IV.IV COORTE HEPATITE C AGUDA
26
VII
IV.V AMOSTRA POPULACIONAL
26
IV.V.I Critérios de inclusão
27
IV.V.II Critérios de exclusão
27
IV.VI GRUPO CONTROLE
27
IV.VII AMOSTRAS BIOLÓGICAS
28
IV.VIII COLETA DE DADOS SECUNDÁRIOS
29
IV.VIII.I Dados demográficos, clínicos e laboratoriais
29
IV.IX LUMINEX: Dosagem simultânea de múltiplas
citocinas (multiplex) presente nos plasmas dos
indivíduos estudados.
29
IV.X ANÁLISE ESTATÍSTICA
31
V. RESULTADOS
32
V.I DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA
POPULACIONAL E DO GRUPO CONTROLE
32
V.II CARACTERÍSTICAS DOS GRUPOS
PERSISTÊNCIA VIRAL E ELIMINAÇÃO VIRAL
ESPONTÂNEA
32
V.III ANÁLISE DOS DADOS LABORATORIAIS
SECUNDÁRIOS (BIOQUÍMICO E MOLECULARES)
34
V.III.I Persistência viral x Eliminação viral espontânea
34
V.III.II Persistência viral (Tempo 1 x Tempo 2);
Eliminação viral espontânea (Tempo 1 x Tempo 2)
35
V.IV ANÁLISE QUANTITATIVA DE CITOCINAS
PRESENTES NOS PLASMAS DE INDIVÍDUOS
INFECTADOS PELO HCV.
35
V.IV.I Persistência viral x Eliminação viral espontânea
35
V.IV.II Persistência viral (Tempo 1 x Tempo 2);
Eliminação viral espontânea ( Tempo 1 x Tempo 2)
36
VI. DISCUSSÃO
37
VII. CONCLUSÕES
42
VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
43
VIII
ANEXOS
65
ANEXO A: Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE)
66
ANEXO C: Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP/FIOCRUZ)
67
IX
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
FIGURAS:
Figura I.II. Modelo esquemático do genoma e da poliproteína do
HCV.
3
Figura I.III. Prevalência estimada da infecção pelo HCV de acordo
com a região geográfica.
6
Figura I.III.I. Distribuição mundial dos genótipos do HCV.
Figura I.V. Internalização e replicação do HCV na célula hospedeira.
9
10
Figura I.VI.I Evolução da Hepatite C.
TABELAS:
Tabela V.I . Dados demográficos e clínicos da amostra populacional.
31
Tabela V.II. Dados demográficos e vias de transmissão dos grupos
testes.
32
Tabela V.III.I. Análise dos dados laboratoriais dos grupos persistência
viral e eliminação viral espontânea em relação ao tempo de infecção.
34
Tabela V.IV.I. Padrão de normalidade das citocinas em estudo e suas
concentrações nos grupos testes em relação ao tempo de infecção.
35
X
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
AHV
ALT
Anti-HCV
APC
C
CD81
CHC
ELISA
E1
E2
GCFS
HCV
HNANB
HPT
IFNγ
IRES
IgG
IgM
IOC
IL-1 α
IL-1 β
IL-2
IL-4
IL-5
IL-6
IL-7
IL-8
IL-10
IL17A
IL-21
LAHEP
LDL
LDRL
LTC
Mdc
NAbs
NK
NKT
NS2
NS3
NS4A
NS4B
Ambulatório de Hepatites Virais
Alanina Aminotransferase
Anticorpo contra o antígeno “core” e “ns” do HCV
Célula apresentadora de antígeno
Proteína Core
Grupo de diferenciação 81
Carcinoma hepatocellular
Enzyme-Linked Immunosorbet Assay
Glicoproteína do envelope 1
Glicoproteína do envelope 2
Fator de estimulação de colônias de granulócitos
Hepatiti C virus ou vírus da hepatite C
Hepatite não-A, não-B
Hepatite pós-transfusional
Interferon gama
Sítio de entrada interno ribossomal
Imunoglobulina G
Imunoglobulina M
Instituto Oswaldo Cruz
Interleucina - 1 alfa
Interleucina - 1 Beta
Interleucina – 2
Interleucina – 4
Interleucina – 5
Interleucina – 6
Interleucina – 7
Interleucina – 8
Interleucina – 10
Interleucina – 17A
Interleucina – 21
Laboratório de Hepatites Virais
Lipoproteína de baixa densidade
Receptor da lipoproteina de baixa densidade
Linfócito T citotóxico
Célula dendrítica mielóide
Neutralizing antibodies ou Anticorpos neutralizante
Natural Killer cell
T natural Killer cell
Proteína não- estrutural 2
Proteína não- estrutural 3
Proteína não-estrutural 4A
Proteína não-estrutural 4B
XI
NS5A
NS5B
ORF
Pdc
pH
P7
RNA
RNAm
RNAt
RpRd
SR-B1
Th
TLR
TNFα
TGF β
Treg
UTR
VLDL
3’UTR OU 3´NC
5’UTR OU 5’NC
Proteína não-estrutural 5A
Proteína não-estrutural 5B
Open Reading frame ou fase de leitura aberta
Célula dendrítica plasmocitóide
Potencial hidrogeniônico
Proteína P7
Ácido Ribonucleico
Ácido Ribonucleico mensageiro
Ácido Ribonucleico transportador
RNA polimerase RNA dependente
Scavenger receptor class B type 1
T helper
Toll like receptor
Fator de necrose tumoral alfa
Fator de crescimento tumoral beta
Linfócitos T reguladores
Untranslated region ou região não traduzida
Lipoproteína de muito baixa densidade
Região 3' não codificante ou não traduzida
Região 5' não codificante ou não traduzida
XII
LISTA DE SINAIS, SÍMBOLOS E UNIDADES DE MEDIDA
%
=
>
<
kb
α
β
γ
pg/ml
UI/ml
µl
p
Percentual
Igual
Maior
Menor
Kilobase
Letra alfa
Letra beta
Letra gama
Picograma por mililitro
Unidades internacionais por mililitro
Microlitro
Valor de probabilidade
XII
I. INTRODUÇÃO
I.I - Hepatite não-A, não-B
Na década de 70, um estudo realizado com pacientes submetidos à
transfusão de sangue, constatou que 10% destes indivíduos desenvolveram
hepatite pós-transfusional (HPT). No entanto, tais pacientes não apresentaram
qualquer marcador sorológico para as hepatites já conhecidas, hepatite A e B,
sugerindo a existência de um novo agente viral para explicar esta nova forma de
hepatite, descrita até então como “hepatite não-A, não-B” (HNANB) (Feinstone et
al. 1975). Somente em 1989, Qui-Lim-Choo e colaboradores, utilizando-se de
técnicas moleculares, relataram a clonagem e sequenciamento genético parcial
de uma cepa isolada do plasma de chimpanzés cronicamente infectados com o
patógeno da HNANB. Dessa forma, o agente causal da HNANB foi identificado,
passando a ser conhecido como vírus da hepatite C (HCV) (Choo et al. 1989). A
partir desta descoberta, foram desenvolvidos os primeiros ensaios para a
detecção do anticorpo anti-HCV que permitiu constatar que o HCV foi
responsável por cerca de 80 a 90% dos casos de HPT (Donahue et al.1992;
Chen & Morgan. 2006). Desde então, a hepatite C é caracterizada como um dos
maiores problemas de saúde pública mundial, constituindo-se uma das principais
causas de hepatite crônica e indicação para transplante hepático (Ministério da
Saúde 2011; WHO 2014).
I.II Classificação taxonômica e estrutura genômica do HCV
O HCV está classificado no gênero Hepacivirus, pertencente à família
Flaviviridae. Sua partícula viral, cujo tamanho pode variar de 40 a 70 nm de
diâmetro, é constituída por um nucleocapsídeo envolto por envelope lipoproteico,
contendo as glicoproteínas E1 e E2, duas das principais proteínas do vírion
(Penin et al. 2004; Ashfaq et al. 2011).
O genoma do vírus é formado por uma fita simples de RNA de polaridade
positiva com cerca de 9600 nucleotídeos (9,6 kb) que apresenta alta
variabilidade genética, devido à
incorporação errônea de nucleotídeos
(ocasionada pela falta de atividade corretiva da enzima RNA polimerase viral no
processo de replicação) e a altas taxas de replicação de aproximadamente 10¹²
1
partículas virais por dia (Blackard et al. 2008; Lauring & Andino 2010). Estas
alterações encontradas no genoma viral durante o curso da infecção possibilitam
a formação de vírus heterogêneos designados quasispecies que estão
geneticamente relacionados entre si, dentro de um mesmo hospedeiro (Khaliq et
al. 2011). Essas variantes funcionam como estratégia viral contra o sistema
imune do hospedeiro, estabelendo a infecção crônica, uma vez que não são
reconhecidas por anticorpos neutralizantes pré-existentes (Timm et al. 2007;
Moradpour et al. 2007).
As extremidades da fita de RNA apresentam duas regiões não
codificadoras: 5’UTR (Untranslated region) ou 5’NC (Não-codificante), com
aproximadamente 341 nucleotídeos; e 3’UTR ou 3’NC, com cerca de 230
nucleotídeos. A primeira extremidade contém uma série de estruturas
secundárias e terciárias onde está inserido o sítio de entrada interno ribossomal
ou “Internal Ribosome Entry Site (IRES)”, onde é iniciada a tradução do genoma
do HCV em uma poliproteína, gerada a partir de uma sequência de leitura aberta
ou Open Reading Frame (ORF), localizada entre as extremidades não
codificadoras (Kin & Chang 2013). A poliproteína apresenta aproximadamente
3.010 a 3.033 aminoácidos (de acordo com o genótipo) e sob a ação
autoproteolítica e proteolítica da célula hospedeira, origina as proteínas
estruturais (C, E1, E2) e as proteínas não estruturais (NS2, NS3, NS4A, NS4B,
NS5A, NS5B e o polipeptídeo p7) (Drexler et al. 2009; Idress et al. 2013). A
figura I.II mostra o esquema do genoma do HCV e a codificação de sua
poliproteína.
2
Figura I.II: (a) O genoma fita simples do RNA do HCV codifica uma região de fase aberta de
leitura (ORF) flanqueada por duas regiões não-codificadoras (UTR), que possuem sinais para a
proteína viral, síntese de RNA e à coordenação de ambos os processos. A tradução é iniciada
através de um sítio de entrada interno ribosomal (IRES), localizado na extreminada 5’UTR. (b) A
poliproteína traduzida é processada por proteases celulares e virais. Os números abaixo da
poliproteína indicam as posições dos aminoácidos nos sítios de clivagem. (c) Como resultado, 10
proteínas estruturais e não estruturais são codifiadas. A proteína F (“frameshift”) é traduzida a
partir de uma região de leitura alternative (ARF). Fonte modificada: Rehermann, 2009.
A análise filogenética de cepas do HCV isoladas de várias regiões do
mundo levou à identificação de sete genótipos, denominados através de
algarismos arábicos (Smith et al. 2014). Essa classificação é baseada no grau
de homologia pela análise filogenética de regiões da poliproteína viral. Os
genótipos podem apresentar em suas sequências nucleotídicas uma diferença
média de cerca de 30%, cuja maior variabilidade concentra-se nas regiões E1 e
E2 (Simmonds et al. 2005). Estes grupos genéticos apresentam mais de 50
subgrupos denominados “subclados” ou “subtipos” identificados por letras
minúsculas (1a, 1b e etc.) que diferem entre si aproximadamente 20% das suas
sequências nucleotídicas (Chen et al. 2006). Entre as “quasispecies” as
3
sequências nucleotídicas do HCV divergem de 1% a 5% (Torres-Puente et al.
2007)
I.III Aspectos Epidemiológicos
Estima-se que a cada ano cerca de 3 a 4 milhões de pessoas sejam
infectadas pelo HCV e que mais de 350 mil evoluem para óbito, vítimas de
complicações da infecção. Dados atuais mostram que aproximadamente 130150 milhões de indivíduos, 2,14% da população mundial, encontram-se
cronicamente infectados, com risco de evolução para cirrose e hepatocarcinoma
(WHO 2014).
Apesar da hepatite C ser considerada um problema de saúde pública em
diversas regiões do mundo, existe variações quanto à distribuição geográfica do
vírus. Em muitos países, há ausência de dados que dificultam investigar a
prevalência da infecção. Sendo assim, as estimativas são baseadas em médias
ponderadas para cada região, limitadas em sua maioria aos pré-doadores de
sangue (Martins et al. 2011). Nas regiões como Ásia Central, Norte da África,
Oriente Médio e Europa Oriental, a prevalência para a infecção é alta, sendo
estimada em mais de 3,5% (Shepard et al. 2005; Sievert et al. 2011). No sul e
sudeste da Ásia, África Subsaariana, Europa Ocidental e Austrália, a prevalência
é intermediária, ou seja, cerca de 1,5-3,5% (Alter 2007; Comberg et al. 2011),
enquanto na América Latina e América do Norte a prevalência para a infecção é
baixa, sendo estimada em menos de 1,5% (Mohd Hanafiah et al. 2013).
No Brasil, a grande maioria dos estudos sobre a prevalência da infecção
pelo HCV referem-se a doadores de sangue, hemodialisados e hemofílicos.
Segundo o último estudo de prevalência de base populacional realizado na faixa
etária de 10 a 69 anos, a prevalência para a infecção é de aproximadamente
1,38%, o que classifica o país como região de baixa endemicidade (Ximenes &
Moreira 2010). De acordo com o último boletim epidemiológico referente ao
período de 2009 a 2011, a grande maioria dos casos no país ocorre nas regiões
sudeste (63,2%) e sul (22,3%), (Ministério da Saúde 2012). A figura I.III mostra a
prevalência da infecção pelo HCV de acordo com a região geográfica.
4
Figura I.III: Prevalência estimada da infecção pelo HCV de acordo com a região geográfica.
Fonte modificada: CDC 2011
Em relação aos genótipos do HCV, estes se encontram distribuídos em
diversas regiões geográficas, alguns com destribuição mundial, outros restritos a
áreas específicas. Os genótipos 1, 2 e 3 estão presentes em todas as regiões do
mundo, porém variando as suas prevalências de acordo com a região (Lee et al.
2008). O genótipo 1, subtipos 1a e 1b, é predominante na Europa, América do
Norte, América do Sul e Japão (Kamal 2006). O genótipo 2, subtipos 2a e 2b, é
mais comum na China (Dong et al. 2012), também sendo encontrado em altas
prevalências em agregados na região do Mediterrâneo (EASL 2011) e nos
Estados Unidos (Manos et al. 2012). Nas regiões como Sul da Ásia, Índia e
Austrália, o genótipo 3, subtipo 3a, aparece com maior prevalência, assim como
em algumas regiões da Europa (Sievert et al. 2011; Chakravarti et al. 2011). O
genótipo 4 é mais frequente no norte da África e no Oriente Médio, enquanto os
genótipos 5 e 6 aparecem com maior frequência no sul da África e na Ásia (Huy,
2004; Nguyen et al. 2005). Quanto ao genótipo 7, há evidências que apontam
sua origem na África Central (Smith et al. 2014). No Brasil, o genótipo 1 possui
maior prevalência, variando de 51,7% a 74,1%, seguido do tipo 3, com taxa
5
aproximada de 30,6% e tipo 2, com prevalência de cerca de 4,6% (EspíritoSanto et al. 2007; Silva et al. 2007). Os genótipos 4 e 5 já foram descritos em
alguns estudos, porém são pouco frequentes no país (Lampe et al, 2002; Levi et
al. 2002). A figura I.III.I mostra a distribuição dos genótipos do HCV no Brasil e
em diversas regiões do mundo.
Figura I.III.I: Distribuição mundial dos genótipos do HCV
Fonte: WHO 2014
I.IV Mecanismos de transmissão
Inicialmente o fator mais fortemente associado à disseminação do HCV
eram os procedimentos transfusionais. Todavia, desde a implantação dos testes
sorológicos anti-HCV em bancos de sangue em 1992, o risco de infecção
associado à transfusão de sangue e/ou hemoderivados caiu drasticamente. No
entanto, todos os indivíduos submetidos a procedimentos tranfusionais antes de
1992 com ou sem histórico de HPT, constituem grupo de risco para a hepatite C,
e devem ser testados para o vírus. No Brasil, a triagem laboratorial nos bancos
de sangue tornou-se obrigatória em 1993 para os candidatos a doadores de
sangue (Strauss 2001; Chan 2014).
6
Embora a hepatite pós-tranfusional tenha se tornado rara, outros meios
parenterais e não parenterais continuam a disseminar o vírus. Atualmente, o
compartilhamento de parafernalhas para o uso de drogas ilícitas intravenosas e
intranasais constituem uma das principais vias para a infecção, principalmente
em países da Europa e nos Estados Unidos (Lauer 2001; Pereira et al. 2013).
Outros
fatores
como
acidentes
ocupacionais
com
materiais
perfurocortantes contaminados, procedimentos odontológicos, confecções de
tatuagens e colocação de piercings, realizados sem as adequadas normas de
biossegurança, bem como o compartilhamento de materiais pessoais como
alicates de unha, lâmina de barbear e escova de dente, também estão
associados à infecção pelo HCV (Martins et al. 2011; Ministério da Saúde 2011).
A transmissão nosocomial, definida como aquela que ocorre dentro de
ambiente hospitalar ou em qualquer unidade de saúde, tem sido descrita
principalmente em pacientes submetidos à hemodiálise e a procedimentos
cirúrgicos, sendo muito comum em países como Brasil e Espanha (Santantonio
et al. 2006; Martinez-Bauer et al. 2008; Ferreira et al. 2011).
A transmissão sexual, também tem sido relacionada à infecção pelo HCV,
porém em pequena escala, com maior risco entre indivíduos homossexuais,
parceiros heterossexuais (se houver coinfecção pelo HIV), indivíduos com
múltiplos parceiros sexuais, relações desprotegidas ou com trauma na mucosa
(Jou & Muir 2012).
Outra via de exposição ao vírus é a transmissão vertical, ou seja, da mãe
para o filho, que desempenha papel de menor importância na infecção, através
da exposição do recém-nascido ao sangue contamidado, provavelmente no
momento do parto (Yeung et al. 2014)
I.V Entrada do HCV na célula hospedeira e replicação
O HCV possui tropismo primário por células hepáticas (Pfaender et al.
2014). Todavia, células como os linfócitos B e células dendríticas, também estão
sujeitas à infecção pelo vírus (Pachiadakis et al. 2005; Ito et al. 2012).
Estudos sugerem que a entrada do HCV no hepatócito depende da
interação com receptores de membrana como o CD81, uma proteína
7
tetraspanina, expressa por uma série de células, incluindo os hepatócitos, que
se liga a glicoproteína E2 do envelope viral, assim como ocorre com a molécula
de superfície celular, o receptor scavenger classe B tipo 1 (SR-B1), mediando à
entrada do vírus na célula hospedeira. Há evidências que também apontam a
associação do HCV ao receptor da lipoproteína de baixa densidade (LDLR) e ao
receptor claudin-1 (Bartenshlager & Lohmann 2000; Brass et al. 2006; Lavie et
al. 2007; Dubuisson et al. 2008).
Segundo Moradpour et al. (2007) e André et al. (2005), O HCV circula sob
várias formas no hospedeiro infectado, podendo estar circulante sob a forma de
vírions livres, vírions ligados a imunoglobulinas, bem como associar-se a
lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e as de muito baixa densidade (VLDL).
Desta forma, o receptor LDLR pode servir como coletor primário de partículas do
HCV para posterior direcionamento aos receptores SR-B1 e CD81. O receptor
claudin-1 supostamente atua no último estágio do processo de entrada do vírus
na célula hospedeira, logo após a ligação e interação do HCV com o receptor
CD81. Através destas etapas o vírus entra no hepatócito por endocitose
mediada por clatrina e acredita-se que ocorra fusão de peptídeos do envelope
viral à membrana do endossoma, mediado por baixo pH (Kotsoudakis et al.
2007; Tscherne et al. 2006).
Após a entrada do vírus e a liberação da cadeia positiva do RNA do HCV
no citossol da célula hospedeira, inicia-se a etapa de tradução em que os
ribossomos reconhecem a sequência IRES localizada junto ao códon AUG na
extremidade 5’NC. À medida que a tradução ocorre, os aminoácidos que surgem
sinalizam para que o complexo traducional (RNAm – ribossomo – RNAt –
peptídeo) se dirija para a membrana do retículo endoplasmático rugoso. Nesta
organela, a sequência é submetida a clivagens proteolíticas por ação de
peptidases celulares para a obtenção das proteínas estruturais (C, E1 e E2) e do
polipeptídeo p7 (Moradpour et al. 2007; Penin et al. 2004). A proteína NS2, a
primeira proteína não estrutural liberada, inicia a autoclivagem juntamente a uma
série de eventos bioquímicos para a origem das outras proteínas não estruturais
(NS3, NS4A, NS4B, NS5A e NS5B) a partir do restante da cadeia proteica. As
fitas negativas de RNA, complementares ao RNA viral, são obtidas através da
ação de uma RNA polimerase - RNA dependente (RpRd), ativada através da
associação da NS5A com a NS5B. As fitas geradas servem de molde para que
8
as RpRd sintetizem as novas fitas de RNA polaridade positiva. Ao fim da
produção das novas partículas virais, estas são então encapsidadas no retículo
endoplasmático e posteriormente envelopadas e maturadas no complexo de
golgi, antes da liberação para o meio pericelular (Lindenbach & Rice 2005;
Pawlotsky et al. 2007). A figura I.V esquematiza o processo de internalização e
replicação do HCV na célula hospedeira
Figura I.V: representação esquemática do ciclo replicativo do HCV. (1) Interação dos receptores
de membrana celular e partículas virais com internalização do vírus. (2) Endocitose. (3)
Desnudamento e liberação citoplasmática. (4) Tradução mediada por IRES e processamento do
precursor da poliproteína. (5) Processamento da poliproteína com a clivagem das proteínas não
estruturais. (6) Formação do complexo de replicação. (7, 8 e 9) Replicação do RNA. (10)
Empacotamento e montagem. (11) Maturação do vírion nas vesículas de transporte. (12)
Liberação do vírion. Fonte modificada: Palotsky et al. (2007).
9
I.VI Manifestações clínicas e laboratoriais
I.VI.I Fase aguda da hepatite C
A fase aguda da infecção pelo HCV dura um período de 6 meses e
caracteriza-se pela elevação das transaminases, principalmente alanina
aminotransferase (ALT/TGP), associada ou não a período prodrômico (WHO
2014). Os níveis séricos de ALT começam a aumentar entre 2 e 8 semanas após
à exposição ao vírus, traduzindo necrose dos hepatócitos, geralmente atingindo
níveis até 10 vezes superior ao limite da normalidade, frequentemente com
padrão flutuante (Major et al. 2004; Chung 2005).
Durante as primeiras 2 semanas de infecção aguda, o RNA do HCV
poderá ser identificado no soro/plasma do indivíduo antes da presença do antiHCV. Os níveis de HCV-RNA aumentam rapidamente, atingindo o ponto máximo
entre 105 e 107 UI/ml, antes dos picos dos níveis séricos das transaminases,
coincidindo com o início dos sintomas, o que não ocorre com os indivíduos
assintomáticos (Chen & Timothy 2006; Ozaras & Tahan 2009) (Figura I.VI.I)
Figura I.VI.I: Evolução da hepatite C. Fonte: Ministério da Saúde, 2011
Neste período, a grande maioria dos indivíduos infectados apresenta
evolução subclínica com cerca de 80% dos casos assintomáticos e anictéricos.
Apenas 20-30% dos indivíduos infectados apresentam icterícia (caracterizada
pela coloração amarelada da pele, mucosas e escleróticas) e cerca de 10-20%
10
desenvolvem sintomas inespecíficos, semelhantes aos decorrentes de infecções
por outros agentes virais hepatotrópicos, como anorexia, colúria, astenia, malestar e dor abdominal, que podem ter início em aproximadamente 6 a 12
semanas após a exposição ao vírus. Em apenas 20% dos pacientes
sintomáticos o início dos sintomas precede à soroconversão, o que raramente
ocorre num período superior a 6 meses (Ministério da Saúde 2011).
Na infecção aguda autolimitada, os sintomas podem persistir durante
algumas semanas e diminuir com o decréscimo dos níveis de ALT/TGP e dos
níveis de HCV-RNA. A resolução da infecção é caracteriza pela não detecção do
HCV-RNA no soro/plasma do indivíduo infectado (geralmente em até 12
semanas após o início da doença) (Wasley et al. 2000; Nomura et al. 2004;
Sofian et al. 2012), e está mais frequentemente associada ao desenvolvimento
de sintomatologia e a fatores intrínsecos do hospedeiro como raça branca, sexo
feminino e idade abaixo de 40 anos (Conjeevaram et al. 2006; Santantonio et al.
2008; Hajarizadeh et al. 2013).
I.VI.II Fase crônica da hepatite C
A fase crônica da infecção é decorrente da persistência do HCV por mais
de seis meses após o início da doença (WHO 2014). Neste período, os níveis
séricos
de
ALT
apresentam-se
com
elevações
intermitentes
em
aproximadamente 60-70% dos casos, não ultrapassando 15 vezes o valor da
normalidade, e os níveis de HCV RNA permanecem relativamente estáveis
durante longo período, variando menos 0,5 log na maioria dos indivíduos
infectados (Kuramoto et al. 2002; Alberti et al. 2005).
Nas primeiras duas décadas após a infecção, há evolução progressiva
sem sinais ou sintomas. Nos casos mais graves, em cerca de 5-20% dos
indivíduos infectados, ocorre progressão para cirrose com descompensação
hepática, caracterizada por hipertensão portal cursando com ascite, varizes
esofágicas e encefalopatia hepática. Na ausência de tratamento, há risco de
evolução para carcinoma hepatocelular (CHC), o que ocorre aproximadamente
em 1-5% dos casos (Charlton et al. 2001; Sheeff 2002; Chen & Timothy 2006).
11
Frequentemente os indivíduos infectados são diagnosticados nesta fase
da infecção. Como os sintomas são inespecíficos, a doença pode evoluir durante
anos, sem diagnóstico. Na maioria dos casos, o diagnóstico específico é obtido
após testes sorológicos de rotina e em alguns casos em doações de sangue
(Roth et al. 2002; Thomas et al. 2000).
I.VII Patogênese
O HCV é um vírus que não exerce efeito citopático direto sobre a célula
hospedeira. A necrose celular dá-se através de mecanismos imunomediados e
da indução de fenômenos metabólicos como esteatose hepática, estresse
oxidativo e resistência à insulina. Alguns fatores virais, como as proteínas
codificadas por regiões subgenômicas do vírus e suas quasiespécies, podem
influenciar os mecanismos acima e assim contribuir para a patogênese da
hepatite C (Arrese et al. 2010; Kondo et al. 2011; Irshad et al. 2013).
Fatores intrínsecos do hospedeiro também parecem estar implicados na
patogênese da infecção, como o gênero e a raça, sendo aceito que a doença
costuma progredir mais rapidamente no sexo masculino e em afrodescendentes
(Conjeevaram et al. 2006; Missiha et al. 2008). A idade do paciente no momento
da infecção também se mostra relevante, havendo pior prognóstico naqueles
com idade superior a 40 anos. Fatores extrínsecos como a coinfecção com o
vírus da hepatite B (HBV) e/ou HIV também podem contribuir para a progressão
da doença e para o desenvolvimento de cirrose e/ou hepatocarcinoma. Outro
importante fator, variável independente no prognóstico evolutivo da fibrose
hepática é o consumo alcoólico (Lauer & Walker 2001; NIH 2002).
Embora a infecção pelo HCV persista em cerca de 55-85% dos casos,
cerca de 15-45% dos indivíduos infectados sofrem eliminação viral espontânea
durante a fase aguda da doença (WHO 2014). No entanto, os fatores
imunológicos que determinam a resolução ou a persistência da infecção não
estão bem definidos. Como os indivíduos infectados raramente apresentam
sintomatologia durante a fase inicial da infecção, pouco se sabe sobre a
resposta imunológica durante este período (Selvarajah et al. 2012; Grebly et al.
2012; Lauer 2013).
12
I.VIII Resposta Imune
Para combater as infecções virais, o hospedeiro dispõe de dois
mecanismos de defesa: a resposta imune inata e a reposta adquirida (humoral e
celular). A reposta imune inata funciona como a primeira barreira imunológica.
Sua função consiste em limitar a propagação do vírus e ativar a resposta imune
adquirida por meio da apresentação de antígenos a células específicas. A
resposta imune adquirida é a segunda linha de defesa imunológica indispensável
para o controle de infecções por vírus não-citopáticos, como o HCV. Alguns
estudos sugerem que na hepatite C, a resposta adquirida modulada por células
exerce papel central no desfecho da infecção, uma vez que o HCV possui a
habilidade de se ocultar diante da resposta imune inata e humoral (Dustin & Rice
2007; Plauzolles et al. 2013; Larrubia et al. 2014).
I.VIII.I Resposta imune inata ao HCV
No fígado, existe uma grande população de macrófagos denominados
células de Kupffer e uma alta frequência de células natural killer (NK), células T
natural killer (NKT) e vários tipos de células dendríticas (DCs) que estão
relacionadas à resposta imune inata (Schoggings & Rice 2013). Na infecção pelo
HCV, esta resposta aparece minutos ou horas depois da exposição ao vírus,
sendo responsável por ativar a produção de citocinas como os IFNs tipo 1 (IFN-α
e IFN-β) pelas células de Kupffer e DCs (Shin et al. 2006; Takahashi et al. 2010).
Tais citocinas agem na infecção inibindo a replicação do vírus em células
infectadas e promovem um estado antiviral em células vizinhas não infectadas,
através da indução da expressão de genes antivirais estimulados pelo interferon
(ISGs). Não menos importante, os INFs tipo 1 também ativam uma variedade de
células efetoras, dentre estas, as células de Kupffer, DCs, células NK e NKT
(Bode et al. 2008; Stetson & Medzhitov 2006; Heim et al. 2013). A partir da
ativação destas células ocorre a multiplicação da resposta antiviral e a liberação
de citocinas pró-inflamatórias e quimiocinas que induzem a ativação de mais
células imunes residentes no fígado e o recrutamento de células do sistema
imune periférico (Brenndorfer et al. 2011).
13
As DCs, assim como os macrófagos, fazem parte das células
apresentadoras de antígenos (APCs). Estas células desempenham papel
importante na interação da resposta imune inata com a adquirida, pois, são
capazes de migrar do sítio da infecção para os órgãos linfóides secundários e
ativar os linfócitos T virgens (naive) através da apresentação do antígeno viral.
Isto resulta na indução de células T e B específicas para o vírus (Adema et al.
2009; Zhou et al. 2012). Em humanos, as DCs são divididas em dois
subconjuntos: DCs mielóides (mDCs) e DCs plasmocitóides (pDCs). As mDCs
secretam citocinas
como
IL-10
e
IL-12
e
expressam receptores
de
reconhecimento de padrões como os Toll-Like receptors (TLR)3 e o TLR8,
enquanto as pDCs são caracterizadas pela produção de IFNα e expressão de
TLR7 e TLR9 (Kadowaki 2009; Mansour et al. 2010)
Na infecção pelo HCV, há evidências que sugerem que os indivíduos que
apresentam altas concentrações de mDCs circulantes durante a fase aguda da
infecção possuem maior predisposição à eliminação do vírus, enquanto aqueles
que mostram baixas alterações nos números de mDCs estão sujeitos à
persistência viral (Perrela et al. 2006; Pelletier et al. 2013). Além disso, alguns
autores demonstraram que as pDCs apresentam-se com menor frequência no
sangue periférico de pacientes com hepatite C crônica, tendo a produção de
IFNα prejudicada (Kanto et al. 2004; Dolganiuc et al. 2006). Na infecção
autolimitada, um estudo demonstrou produção reduzida de IFNα pelas pDCs
(Ulsenheimer et al. 2006).
As células NK são caracterizadas pela capacidade de destruir células
infectadas e inibir diretamente a replicação viral através da produção de INFγ
(Smyth et al. 2005; Stegmann et al. 2012). Estas células são extremamente
importantes em infecções no fígado, pois sua presença neste órgão é maior do
que no sangue ou em qualquer outro órgão (Racanelli & Rehermann 2006). Na
infecção pelo HCV, as células NK atuam através da polarização de grânulos em
direção a células infectadas e consequente liberação de perforinas que
fragmentam o núcleo da célula, induzindo à morte da mesma (Rehermann et al.
2000). Estas também desempenham função imunomodulatória, estando aptas a
secretar uma variedade de citocinas como IL-10, IL-13, TGFβ e TNFα (Andoniou
et al. 2006). Além das NK, as células NKT também estão presentes em altas
14
concentrações no fígado, sendo encontradas produzindo as citocinas INFγ e IL-4
na infecção (Geissman et al. 2005; Brenndorfer et al. 2011).
Apesar de o hospedeiro montar uma resposta primária contra o HCV, este
vírus possui uma série de mecanismos para burlar a resposta imune inata
(Horner et al. 2013). Dentre estes mecanismos, destaca-se como principal
estratégia de evasão a interrupção da produção da citocina IFNα pela ação
inibitória das proteínas NS3 e NS4A do HCV (Horner et al. 2014). Outro
importante mecanismo de escape está na atividade anti-ISGs, exercida pela
proteína NS5A do vírus, promovendo o declínio na expressão desses genes
(Tagushi et al. 2004). A interação da glicoproteína E2 com o receptor CD81 das
células NK, também funciona como mecanismo de evasão do HCV, inibindo a
atividade das células NK e comprometendo a citotoxidade e a produção de INFγ
por estas células (Crotta et al. 2002; Tseng & klimpel 2002). Além disso,
evidências demonstraram que o complexo de replicação viral parece ser
formado por uma rígida estrutura de membrana, resistente a proteases e
nucleases in vitro, o que possivelmente protege o HCV da detecção da resposta
imune inata (Thime et al. 2006)
I.VIII.II Resposta humoral ao HCV
A imunidade humoral ao HCV é avaliada através de testes sorológicos
para a pesquisa de anticorpos específicos anti-HCV. Estes anticorpos aparecem
tardiamente na infecção pelo HCV, em torno de 7 a 8 semanas após a exposição
ao vírus, permanecendo durante todo o curso da infecção crônica. Inicialmente
os títulos de anticorpos são geralmente baixos, com afinidade por isotipo limitada
(Bowen & Walker 2005; Elliott et al. 2006)
Nos indivíduos que eliminam o vírus espontaneamente, os níveis de
anticorpos diminuem gradualmente (Strasak et al. 2011). Embora esta resposta
seja eficaz em uma minoria de indivíduos que resolvem a infecção pelo HCV, a
produção de anticorpos não é uma exigência absoluta para a eliminação do
vírus. Alguns estudos demonstraram que indivíduos com hipogamaglobulinemia,
caracterizada pela alteração da imunidade devido a baixos títulos séricos de
anticorpos, eliminam o vírus espontaneamente em proporções semelhantes à
15
população geral, e que a recuperação não está relacionada aos títulos de
anticorpos anti-HCV ou aos títulos de anticorpos neutralizantes (nAbs) (Logvinoff
et al. 2004; Semmo et al. 2006).
Os anticorpos neutralizantes contra o HCV foram identificados em
chipanzés e humanos sendo produzidos pelas células B e direcionados
principalmente a região hipervariável 1 da glicoproteína E2 do envelope viral
(Farci et al. 1999; Lavillette et al. 2005; Fafi-Kremer et al. 2012). Estes anticorpos
encontram-se reativos no soro de pacientes com hepatite C crônica, porém, na
fase aguda da infecção os pacientes não exibem títulos detectáveis de nAbs
(Bartosch et al. 2003; Logvinoff et al. 2004).
A ineficácia dos anticorpos no combate a infecção pelo HCV pode ser
explicada pela rápida alteração nas sequências nucleotídicas e mutações das
proteínas de envelope viral, também ocasionadas pela pressão imunológica do
hospedeiro sobre o vírus, que selecionam variantes genômicas que funcionam
como mecanismo de escape a resposta imune. As diferentes mutações originam
as quasiespécies do HCV que circulam como uma mistura de variantes
imunológicas. Qualquer uma destas variantes pode passar a ser a cepa
dominante no instante em que as cepas coexistentes forem controladas pelo
sistema imune. A partir das quasiespécies, o vírus burla a resposta humoral se
adaptando a pressão imunitária exercida pelos anticorpos, o que acaba por
provocar a persistência da infecção, mesmo diante da ação dos anticorpos
neutralizantes (Geaninnni & Bréchot 2003; Heo et al. 2004; Fishman & Branch
2009).
Em alguns estudos, foi observado que a infecção pelo HCV foi resolvida
pela resposta celular modulada pelos linfócitos T CD8+ e CD4+ específicos,
onde não houve produção de anticorpos anti-HCV, mostrando que a imunidade
humoral nem sempre é necessária na infecção pelo HCV (Lechner et al. 2000;
Takaki et al. 2000; Shoukry et al. 2003; von Hahn et al. 2007)
I.VIII.III Resposta imune celular adquirida e citocinas
A resposta imune celular mediada por linfócitos T (LT) é um dos
mecanismos principais envolvidos na lesão hepática e de suma importância nas
16
doenças virais e auto-imunes (Martins 2001). Esta resposta aparece tardiamente
na infecção pelo HCV, geralmente a partir de 8 a 12 semanas após a exposição
ao vírus, independentemente do desfecho (Abdel-Hakeem & Shoukry 2014; Park
& Rehermann 2014).
De acordo com Irshad et al. (2008) e Heller et al. (2013) os linfócitos T
CD8+ citotóxicos (LTC) e T CD4+ estão intimamente relacionados com a
resolução espontânea e com a persistência do HCV. Estas células quando
ativadas pelos estímulos antigênicos do vírus, iniciam a expansão clonal e
proliferam exercendo funções específicas na infecção. Segundo Bertoletti &
Ferrari (2003), Neumann-Haefelin et al. (2007) e Schmidt et al. (2013), em
indivíduos com hepatite C crônica, o fenótipo e a função dos linfócitos T CD8+
encontram-se comprometidos. Nesta fase da infecção, os linfócitos T CD8+ não
proliferam significativamente devido à persistência na expressão de receptores
para a molécula PD-1 (programmed death – 1) em sua superfície celular, e não
expressam os receptores de IL-7, o CD127, que desempenha papel crucial na
sobrevivência de linfócitos T maduros. Como consequência, ocorre baixa
produção de citocinas como o IFNy e o nível de citotoxidade específica encontrase comprometido. Em contrapartida, em indivíduos que evoluem para a
resolução espontânea, ocorre a perda da expressão de receptores para a
molécula PD-1 e há aumento na expressão de receptores como o CD127 na
superfície dos linfócitos T CD8+. Desta forma, estas células respondem a
infecção de forma mais vigorosa e direcionada a mais de um epítopo do vírus,
promovendo a indução da apoptose nas células hepáticas infectadas ou
impedindo a replicação viral através da produção da citocina INFγ (Lauer et al.
2004; Jo et al. 2009; Sung et al. 2014).
Quanto aos linfócitos T CD4+, estes respondem de forma fraca, retardada
ou transitória nos indivíduos que desenvolvem infecção crônica. Por outro lado,
estas
células
apresentam
resposta
duradoura,
altamente
vigorosa
e
multiespecífica naqueles que eliminam espontaneamente o vírus (Wertheimer et
al. 2003; Schulze Zur Wiesch et al. 2012; Lauer 2013). Quando ativados, os
linfócitos T CD4+ diferenciam-se em três subtipos celulares diferentes: T helper
1 (Th1), T helper 2 (Th2) ou T helper 17 (Th17), que produzem conjuntos
distintos de citocinas que contribuem para a defesa do hospedeiro, regulação
17
das respostas imunológicas e proliferação e diferenciação das células T e B
(Carbo et al. 2013).
Segundo Abbas (2011) citocinas são proteínas heterogêneas solúveis que
dirigem e amplificam a resposta imune do hospedeiro. Estas proteínas são
produzidas por uma série de células envolvidas na resposta imune inata e
adquirida e exercem papel extremamente relevante frente à infecção provocada
pelo HCV, contribuindo para maior ou menor lesão hepática e progressão da
doença (Marcellin et al. 2002). De uma maneira geral, as citocinas modulam e
regulam todos os aspectos da resposta imune do hospedeiro através da
capacidade de atuarem em diversos tipos celulares, exercendo efeitos biológicos
variáveis devido a propriedades distintas (Fallahi et al. 2012).
Existe uma série de citocinas que atuam em diversas células teciduais. No
entanto, na maioria dessas células, como os hepatócitos, a síntese dessas
citocinas é nula ou baixa, porém, frente a infecções como a provocada pelo vírus
da hepatite C, a expressão dessas proteínas passa a ser estimulada. Na
infecção pelo HCV, são expressas citocinas que podem ser classificadas em
subgrupos de acordo com sua função, são estas: citocinas pró-inflamatórias,
como a IL-1 (α e β), IL-8, IL17A, IL-21 e o Fator de Necrose Tumoral (TNFα);
citocinas anti-inflamatórias como a IL-6 e IL-10; citocinas próprias de infecções
mediadas pela resposta Th1 como IL-2 e IFNγ; citocinas envolvidas na resposta
Th2 como IL-4 e IL-5 e por fim, citocinas fibrogênicas como o Fator de
Crescimento Tumoral–TGF (β) e as anti-fibrogênicas como o INFα (Tilg et al.
2006; R-Viso et al. 2010).
A IL-17A, comumente chamada de IL-17, é produzida pelas células Th17,
células NK, células NKT, bem como outros tipos celulares (Xu & Cao 2010). Esta
interleucina estimula as células dendríticas a promover a resposta Th1 (Feng et
al. 2011) e exerce efeito sobre células mielóides e mesenquimais para induzir a
expressão do fator de estimulação de colônias de granulócitos ou granulocyte
colony-stimulating factor (GCSF), bem como de IL-6 e algumas quimiocinas,
para o recrutamento de neutrófilos no sítio da infecção (Kolls & Lindén 2004).
Algumas pesquisas sugerem que a IL-17 contribui para a inflamação no fígado,
induzindo a produção de citocinas pró-inflamatórias e de quimiciocinas (Lafdil et
al. 2010). Na infecção pelo HCV, alguns autores observaram esta interleucina
aumentada no fígado de pacientes com hepatite C crônica (Harada et al. 2009;
18
Lan et al. 2009), enquanto outros evidenciaram altos níveis de IL-17 no plasma
de pacientes que eliminaram o vírus espontaneamente durante a fase aguda da
doença (Kared et al. 2013) e após transplante de fígado (Seetharam et al. 2011).
A IL-21 é expressa por células NKT e pelos linfócitos Th17. Atua na
proliferação de células linfoides, na diferenciação das células B, podendo
exercer efeito proapoptótico. Também aumenta a citotoxidade dos linfócitos T
CD8+ e células NK, inibe a apresentação de antígeno pelas células dendríticas e
regula o desenvolvimento das células Th17 (Leonard et al. 2008). Além disso,
esta citocina está relacionada ao desenvolvimento de doenças autoimunes e a
atividade antitumoral (Spolski & Leonard 2008; Sondergaard & Skak 2009).
Alguns estudos sugerem que na infecção pelo HCV a IL-21, produzida pelas
células Th17, possa contribuir para a eliminação viral em pacientes com hepatite
C crônica através do resgate dos linfócitos T CD8+ (Yi et al. 2009; Feng et al.
2013). Por outro lado, outra pesquisa evidenciou forte produção de IL-21 e altas
concentrações desta citocina no plasma de pacientes que evoluíram para a
eliminação viral espontânea durante a fase aguda da infecção pelo HCV (Kared
et al. 2013).
O TNFα é produzido pelas células de Kupffer e células T (Lafont et al.
2000). Esta citocina exerce proteção contra vírus, aumenta a expressão da
molécula de histocompatibilidade classe I (MHC), potencializa os linfócitos
citotóxicos auxiliando na lise de célula infectadas por vírus, além de estimular a
produção de outras interleucinas (Janeway et al. 2007). Também esta
relacionada à proliferação de hepatócitos normais e a inflamação e apoptose de
hepatócitos infectados (Koutouras et al. 2003; Kasprzak et al. 2004). Na infecção
pelo HCV, alguns trabalhos evidenciaram altas concentrações de TNFα no
sangue de pacientes com hepatite C crônica (Nelson et al. 1997; Moura et al.
2009) e outro estudo relacionou as baixas concentrações à lesão hepática
mínima (Macías et al. 2001). Por outro lado, um estudo constatou altas
concentrações de TNFα na fase aguda da hepatite C e relacionou a eliminação
viral espontânea (Osborn et al. 2013).
A IL-6 é produzida pelas células de Kupffer, células endoteliais, células T,
entre outros tipos celulares. Esta citocina tem função extremamente relevante na
síntese de proteínas de fase aguda na inflamação hepática como a proteína C
reativa (CRP), na hematopoiese, e defesa do hospedeiro (Tanaka & Kishimoto
19
2014). Na hepatite C crônica, a IL-6 foi encontrada em concentrações
significativamente altas tanto no fígado quanto no sangue (Ueyama et al. 2011;
Zampino et al. 2013) e está relacionada a progressão para o câncer hepático
(Bower & Walker 2005; Porta et al. 2008).
A IL-10 é secretada por monócitos, macrófagos, células B e por vários
subtipos de células T, principalmente pelos linfócitos Th2 (Sabat et al. 2010). No
fígado esta citocina é produzida pelos hepatócitos, células endoteliais, células de
Kupffer, células estreladas e linfócitos (Zang & Wang 2006). Sua função
biológica principal consiste na limitação e eliminação de respostas inflamatórias,
bem como a regulação da diferenciação e proliferação de células T, células B,
células NK, células apresentadoras de antígenos (APCs), mastócitos e
granulócitos (Asadullah et al. 2003). Alguns estudos sugerem que a IL-10
participe de respostas inflamatórias inibindo a produção de INFγ (Piazzolla et al.
2000) e suprima a proliferação de respostas Th1, Th2 e Th17, induzindo a
anergia (Taylor et al. 2006; Oft 2014). Há evidências do aumento desta citocina
na fase inicial da infecção pelo HCV, em indivíduos que progrediram para
infecção crônica (Kaplan et al. 2008; Flyn et al. 2011; Osborn et al. 2013). Alguns
trabalhos demonstraram redução da fibrose hepática em pacientes infectados
pelo HCV quando esta interleucina é administrada (Nelson et al. 2003; Paladino
et al. 2006) e outras pesquisas relataram que o polimorfismo no gene da IL-10
pode influenciar a eliminação espontânea do HCV na fase aguda (Lio et al. 2003;
Ramos et al. 2012).
A IL-2 é produzida principalmente pelos linfócitos Th1 e em menor
extensão pelos linfócitos T CD8+, células NK, entre outras células. Esta citocina
desempenha papel crucial na homeostase das células T regulatórias (Treg),
expansão dos linfócitos T CD8+ específicos ao antígeno, bem como a
diferenciação das células T CD4+ efetoras para o fenótipo Th1 (Malek 2008; Yu
et al. 2009; Boyman & Sprent 2012). Na infecção pelo HCV, as altas
concentrações de IL-2 podem estar associadas à resolução espontânea (SmykPearson et al. 2008), enquanto as baixas concentrações à progressão para a
hepatite C crônica (Semmo et al. 2005).
O IFNγ é uma citocina pleiotrópica, produzida pelos linfócitos Th1,
linfócitos T CD8+, células NK, células B, células NKT e pelas (APCs) (Frucht et
al. 2001; Flaishon et al. 2000). Esta citocina é um potente ativador de
20
macrófagos, aumentando a sua atividade microbicida através da indução da
produção de citocinas como IL-1, IL-6, IL-8, TNFα e óxido nítrico. Também atua
na ativação de neutrófilos, células NK e células endoteliais vasculares, na
diferenciação de células B e linfócitos T CD8+, aumenta a atividade das células
Th1 e inibe a produção de células Th2 bloqueando os efeitos da IL-4. É uma
citocina ativa em infecções virais, com efeito inibitório na replicação do patógeno
em células infectadas (Gattoni et al. 2006; Janeway et al. 2007). Na hepatite C,
alguns estudos evidenciaram a inibição da replicação do HCV pelo INFγ (Frese
et al. 2002; Windish et al. 2005) e outra pesquisa encontrou baixos níveis desta
citocina em pacientes na fase crônica da infecção (Mousa et al. 2014). Outros
autores observaram alta produção de INFγ na fase aguda da doença em
pacientes que eliminaram o vírus espontaneamente antes dos seis meses
(Gruner et al. 2000; Flynn et al. 2011), assim como no modelo animal chimpanzé
(Thimme et al. 2001). Todavia, alguns estudos
associaram às
altas
concentrações desta proteína no fígado e no sangue a hepatite C crônica (RViso et al. 2010; Zhao et al. 2013).
A IL-4 é expressa principalmente por células Th2, mastócitos, eosinófilos
e
basófilos.
Esta
citocina
aumenta
a
expressão
de
moléculas
de
histocompatibilidade classe II (MHC), exerce efeito proliferativo e antiapoptotico
nas células T, promove a diferenciação dos linfócitos T CD4+ efetores para o
fenótipo Th2, estimula a produção de anticorpos neutralizantes, bloqueia os
efeitos do INFγ e da IL-1, inibi a ativação de macrófagos e estimula a produção
de TGFβ e IL-10 (Janeway et al. 2007; Gadani et al. 2012; Chambers et al.
2013). Na infecção pelo HCV, as concentrações de IL-4 demonstraram-se
elevadas durante a fase crônica da doença (Spanakis et al. 2002; R-Viso et al.
2010).
A
IL-7
é
produzida
preferencialmente
por
células
epiteliais
e
mesenquimais de órgãos linfoides como timo e medula óssea (Hara et al. 2012).
Esta citocina atua como fator de crescimento e fator anti-apoptótico das células
T e B e é necessária para a manutenção das células T de memória e
sobrevivências das células T virgens (naive) (Abbas 2011). No fígado, a IL-7 foi
encontrada induzindo a proliferação dos linfócitos T CD8+ citotóxicos em
resposta a infecções virais crônicas (Sawa et al. 2009; Nanjappa et al. 2011). Na
hepatite C, as informações sobre o papel da IL-7 são escassas. Todavia, alguns
21
estudos propõem a utilização desta citocina como estratégia terapêutica no
combate à hepatite C crônica (Seigel et al. 2011; Pellegrini et al. 2011). Mais
recentemente, um estudo demonstrou que o receptor da IL-7, o CD127, é
expresso pelos linfócitos T CD8+ quando a infecção é eliminada durante a fase
aguda, sugerindo que a IL-7 pode estar relacionada à resolução da infecção
(Shin et al. 2013).
22
II. JUSTIFICATIVA
A investigação de citocinas associadas à patogênese da hepatite C aguda
ainda é limitada devido ao grande número de casos assintomáticos (Bush, 2001;
Selvarajah et al. 2012). Na grande maioria dos estudos, as amostras biológicas
analisadas na fase inicial da infecção são obtidas através do monitoramento
frequente de indivíduos em situação de risco, como usuários de drogas e
profissionais de saúde, que geralmente não desenvolvem sintomatologia
(Lechner et al. 2000; Thimme et al. 2001; Flynn et al. 2011; Osborn et al. 2013).
Além disso, o alto custo de pesquisas com primatas não humanos e a não
existência de um modelo animal não primata, dificultam a pesquisa e o
conhecimento da interação do HCV com o hospedeiro.
Deste modo, apesar de ser encontrado na literatura diversas correlações
entre hepatite C e citocinas, os dados ainda são bastante controversos e se
questiona quais destas proteínas estão de fato associadas à resolução ou à
persistência da infecção pelo HCV. Para sanar tais questionamentos, são
necessários estudos voltados para os primeiros meses de interação entre o HCV
e a resposta imune do hospedeiro que apontem os determinantes imunológicos
iniciais responsáveis pelo desfecho da infecção.
Neste contexto, este estudo avaliou a expressão e a concentração de
diversas citocinas no plasma de pacientes ictéricos, durante a fase aguda da
infecção pelo HCV, que poderiam estar relacionadas com a resolução
espontânea ou com a persistência viral. A investigação de citocinas envolvidas
no desfecho da hepatite C aguda é recurso extremamente importante para a
compreensão da patogênese da infecção e para o prognóstico evolutivo da
doença, de forma a evitar a progressão para a hepatite C crônica.
23
III. OBJETIVOS
III. I Geral
Investigar a relação dos níveis plasmáticos de citocinas com o desfecho
da hepatite C aguda em indivíduos sintomáticos
III. II Específicos
a) Avaliar a expressão das citocinas TNFα, INFγ, IL-2, IL-4, IL-6, IL-10, IL-7,
IL-21 e IL-17A em amostras de plasma de indivíduos ictéricos na fase
aguda da infecção pelo HCV, através de imunoensaio multiplex.
b) Comparar os níveis de citocinas entre pacientes que evoluíram para a
eliminação viral espontânea durante a fase aguda e pacientes que
desenvolveram infecção persistente.
24
IV. MATERIAIS E MÉTODOS
IV.I Desenho de estudo
Trata-se de um estudo retrospectivo, longitudinal, realizado a partir de
amostras pertencentes ao biorrepositório de amostras do Ambulatório de
Hepatites Virais (AHV), unidade de atendimento ambulatorial integrante do
Laboratório de Referência Nacional para Hepatites Virais (LAHEP), do Instituto
Oswaldo Cruz (IOC)/Fiocruz, para a investigação da relação dos níveis
plasmáticos de citocinas com o desfecho da infecção aguda pelo HCV em
indivíduos sintomáticos. A análise retrospectiva também foi baseada na consulta
de dados registrados nos prontuários dos pacientes atendidos no AHV.
IV.II Aspectos Éticos
Este estudo está vinculado ao projeto base: “Fase aguda da infecção pelo
vírus da hepatite C: avaliação da resposta imunológica celular e humoral”,
financiado pelo Instituto Nacional da Saúde (National Institute of Health ou NIH)
dos EUA, sob o nº U19 AI066345-01 (Catalog of Federal Domestic Assistance CFDA Nº 93.856), desde 2005 com renovação até 2015. O mesmo foi aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fiocruz (CEP/Fiocruz 0142/2001) (Anexo
A), com o termo de consentimento livre esclarecido (TCLE) obtido de todos os
participantes (Anexo B).
IV.III O Ambulatório de Hepatites Virais (AHV)
O LAHEP/IOC foi credenciado, em 1986, como Laboratório de Referência
Nacional para Hepatites Virais pelo Ministério da Saúde, desempenhando
importante papel na assessoria ao mesmo, por meio de uma série de atividades
relacionadas à pesquisa e ao diagnóstico precoce das hepatites virais.
O Ambulatório de Hepatites Virais, criado em 1997, é o local de captação
dos pacientes e amostras biológicas para os estudos desenvolvidos no LAHEP.
Sua atuação concentra-se na investigação e esclarecimentos dos diferentes
quadros e tipos de hepatites virais. Desde sua criação até o ano de 2014 foram
25
registrados pelo menos 19 mil atendimentos de casos suspeitos de hepatites
virais, com aproximadamente 200 casos caracterizados como hepatite C aguda.
IV.IV Coorte hepatite C aguda
A coorte de hepatite C aguda do AHV é constituída de cerca de 200
pacientes com quadro confirmado ou suspeito de infecção aguda. Estão inclusos
na coorte, indivíduos maiores de 18 anos, sintomáticos e assintomáticos (com
soroconversão recente para anti-HCV positivo), monoinfectados e coinfectados
com o vírus da hepatite B e/ou HIV, e portadores de doença renal crônica. A via
de transmissão da maioria dos casos foi a nosocomial (70%), seguido da sexual
(25%). Cerca de 75% destes pacientes desenvolveram sintomatologia na fase
aguda, tendo apresentado icterícia e/ou colúria, com elevação nos níveis de
ALT, e aproximadamente 50% destes apresentaram resolução espontânea
durante este período.
Uma vez que o diagnóstico de hepatite C aguda é dificultado pela
ausência de um marcador específico, foram considerados como casos
confirmados todos os indivíduos que apresentaram soroconversão recente para
anti-HCV e HCV-RNA detectado no soro ou plasma. Aqueles que não
apresentaram soroconversão, porém tinham fator de risco compatível com a
transmissão do HCV, níveis de ALT elevados, pelo menos 5 vezes acima do
valor da normalidade, história clínica nos últimos seis meses, incluindo icterícia e
HCV-RNA detectável, foram classificados em casos suspeitos.
IV.V Amostra populacional
A amostra populacional foi constituída de pacientes sintomáticos inclusos
na coorte de hepatite C aguda do AHV, recrutados de janeiro de 2003 a dezembro
de 2012. Esta amostra foi distribuída em dois grupos de acordo com o desfecho da
infecção: eliminação viral espontânea e persistência viral (cronicidade).
26
IV.V.I Critérios de inclusão
Apenas pacientes ictéricos, com permanência mínima de 1 ano no projeto
base, e recrutados na fase aguda da infecção pelo HCV foram incluídos no estudo.
Estabeleceu-se ainda, 2 períodos distintos da infecção aguda, relacionados a
resposta imune celular adquirida durante estes períodos, conforme relatado na
literatura por Lauer (2013) e Park (2014). Desta maneira, o tempo 1 correspondeu a
8,0-10,5 semanas (início da resposta imune celular) e o tempo 2 a 16,0-18,5
semanas (diferença na qualidade da resposta das células T em relação ao
desfecho da infecção). Tais tempos foram selecionados a partir do cálculo da
provável data da infecção de cada paciente. Desta forma, os pacientes ictéricos
com o fator de risco para a infecção conhecido como: intervenções cirúrgicas,
procedimentos
invasivos
(endoscopia,
colonoscopia,
acesso
intravenoso),
procedimentos odontológicos, acidente perfurocortante com material de fonte HCV
positivo, tatuagens e piercings, tiveram a data da exposição de alto risco
considerada como a data da infecção. Na ausência desta informação, foi
considerada como provável data de infecção 6 semanas anteriores ao início da
icterícia (Lewis-Ximenez et al. 2010).
IV.V.II Critérios de exclusão
Não foram incluídos no estudo pacientes que apresentaram um ou mais
dos seguintes critérios: uso de imunossupressores e/ou antivirais; coinfecção pelo
vírus da hepatite A (anti-HAV IgM positivo); coinfecção pelo vírus da hepatite B
(HBsAg positivo); coinfecção pelo vírus da imunodeficiência humana (anti-HIV 1+2
positivo); doença renal crônica.
IV.VI Grupo controle
Foram selecionados indivíduos do AHV, soronegativos para as hepatites
virais A, B e C, e HIV negativos (n=9) como integrantes do grupo controle com o
objetivo de obter um padrão de normalidade para cada citocina em estudo. Estes
indivíduos apresentaram distribuição por sexo, idade e raça semelhantes a
amostra populacional
27
IV.VII Amostras biológicas
Foram selecionadas duas amostras de plasma de cada indivíduo admitido
no estudo, separadas de acordo com o desfecho da hepatite C aguda:
eliminação viral espontânea e persistência viral. Cada uma destas correspondeu
a um momento distinto da infecção pelo HCV estabelecidos para análise. Quanto
ao grupo controle, apenas uma amostra de plasma de cada indivíduo foi
utilizada, totalizando nove amostras para testagem.
Todas as amostras selecionadas foram analisadas no LAHEP/IOC para a
pesquisa de marcadores sorológicos para as hepatites virais A, B e C. Todavia,
apenas as amotras da população de estudo foram submetidas a ensaios para a
detecção do HCV-RNA (teste quantitativo) e genotipagem viral, bem como para
a dosagem de alanina aminotransferase (ALT), conforme protocolo de
acompanhamento dos pacientes atendidos no AHV. Os ensaios para pesquisa
de anticorpos anti-HIV 1+2 (HIV Ag/Ab COMBO Architect System, Abbott, EUA)
foram realizados no Laboratório Central Noel Nutels – LACEN/RJ.
Para a detecção e quantificação do HCV-RNA e genotipagem viral, foram
utilizados
métodos
moleculares
distintos
ao
longo
do
período
de
acompanhamento dos pacientes, dependendo da disponibilidade dos mesmos à
época das análises.
A técnica de PCR em tempo real Abbott RealTime HCV Test (Abbott
Molecular Laboratories, EUA) foi utilizada como um dos ensaios para a detecção
e quantificação do HCV RNA no plasma dos indivíduos infectados. Esta técnica
possui uma faixa de detecção de 12 UI/ml – 100.000.000 UI/ml, e consiste na
utilização de “repórter” e “quencher” específicos para a região 5’NC do genoma
do HCV. A concentração de HCV RNA é quantificada por comparação com as
curvas de amplificação de um cDNA, a partir da piruvato hidroxi-redutase, que é
utilizado como padrão interno. Este padrão é amplificado com iniciadores
diferentes dos utilizados para o HCV RNA e pode ser essa a razão para a
quantificação linear de concentrações muito baixas, independentemente do
genótipo (Michelin et al. 2007).
Outra técnica utilizada foi a Cobas TaqMan HCV Test 1.0 (Roche
Molecular Systems, EUA) que possui faixa de detecção de 25 UI/ml –
391.000.000 UI/ml. Este ensaio também usa “repórter” e “quencher” específicos
para a região 5’NC do HCV, e para o modelo do controle interno, um RNA
28
sintético, que se liga aos mesmos iniciadores do HCV RNA. A transcrição
reversa e amplificação de cDNA são executadas por uma DNA Z05 polimerase,
que é uma polimerase com atividade 5’ – 3’ exonuclease. O teste mostra-se
qualitativamente sensível e quantitativamente linear, com excelente desempenho
para a detecção do HCV RNA, com exceção do genótipo 4 do HCV (Vermehren
et al. 2008).
Para a identificação dos genótipos do HCV foi utilizado a técnica de
hibridização reversa pelo ensaio INNO-Lipa HCV II (Bayer Diagnostics, EUA),
que consiste na utilização de sondas de oligonucleotídeos ligadas à membrana
de nitrocelulose e específicas para a região 5’NC, capaz de identificar os
principais genótipos do HCV (Haushofer et al. 2003).
IV.VIII Coleta de dados secundários
IV.VIII.I Dados demográficos, clínicos e laboratoriais
O acesso aos dados dos prontuários médicos foi realizado pelos médicos
da equipe clínica do AHV. Foram coletados dados demográficos e clínicos, tais
como: idade, gênero, raça/etnia, data presumida da infecção, data do início da
icterícia, fator de risco para a infecção e o desfecho da infecção. Quanto aos dados
laboratoriais, foram obtidas informações relacionadas à dosagem de ALT, ao
genótipo viral e à detecção quantitativa do HCV-RNA.
IV.IX LUMINEX: Dosagem simultânea de múltiplas citocinas (multiplex)
Os níveis séricos das citocinas TNFα, INFγ, IL-2, IL-4, IL-6, IL-7, IL-10,
1L-17A e IL-21 foram avaliados utilizando-se o conjunto comercial de reagentes
Millipex® Map Human high sensitivity T Cell panel (EMD Millipore Corporation,
EUA) contendo microesferas do tipo multiplex.
A tecnologia utilizada baseia-se na utilização de microesferas magnéticas
fluorescentes, onde cada uma destas apresenta uma tonalidade diferente devido
a dois corantes internos capazes de criar 100 tons de cores diferentes. Cada
microesfera é revestida por um anticorpo de captura específico para uma
citocina, e quando esta é capturada, um anticorpo de detecção biotinilado é
29
introduzido. Logo após, a mistura é incubada com um conjugado StreptavidinaFicoeritrina (PE) para completar a reação na superfície de cada microesfera, que
em seguida passam rapidamente por um laser que excita seus corantes internos
marcando-as. Um segundo laser excita o PE, corante fluorescente da molécula
“repórter”, e por fim os processadores de sinais digitais de alta velocidade
identificam cada microesfera individualmente e quantificam os resultados do
imunoensaio com base nos sinais fluorescente emitidos pela molécula “repórter”.
Resumidamente, foram realizadas as seguintes etapas:
a) A placa com 96 poços contendo filtros foi pré-umidecida com 200 µl de
tampão de lavagem (contendo água deionizada e 0,05% de Proclin) sendo a
solução aspirada em seguida por sucção a vácuo (EMD Millipore Corporation,
EUA);
b) Para a construção da curva padrão, um padrão de citocinas humanas foi
reconstituído com 250 µl de matriz de soro (solução contendo água deionizada,
soro fetal bovino (SFB) e 0,08% de Azida de sódio) para se alcançar uma
concentração de 10.000 pg/mL de padrão para todas as citocinas. Para tanto,
foram realizadas diluições seriadas de acordo com a orientação do fabricante.
Cada ponto de diluição conteve um volume final de 200 µl, mas somente 50 µl
foram adicionados a cada poço correspondente. Cada ponto da curva padrão foi
feito em duplicata;
c) Quanto às amostras de plasma de cada paciente, estas foram diluídas a 1:2
em matriz de soro, sendo apenas 25 µl das amostras adicionados aos
respectivos poços, em duplicata, seguido de mais 25 µl de solução de trabalho
(contendo SFB);
d) Em seguida, foram adicionados aos poços correspondentes às amostras e a
curva padrão 25 µl das microesferas revestidas com anticorpos monoclonais
contra os nove alvos a serem analisados. Nos poços correspondentes ao branco
foram adicionados somente 50 µl de matriz de soro;
e) Após a adição das microesferas, a placa foi incubada por 60 minutos, sob leve
agitação, a temperatura ambiente;
f) Logo após, a placa foi lavada três vezes com 200 µl de solução de lavagem
em cada poço, sendo a solução em seguida aspirada a vácuo;
30
g) A cada poço foram adicionados 50 µl de anticorpos de detecção, diluídos
conforme orientação do fabricante. Em seguida, a placa foi incubada por 60
minutos, sob leve agitação, a temperatura ambiente;
h) Posteriormente, foram adicionados à placa 50 µl de estreptavidina conjugada
à PE sendo a mesma novamente incubada por 30 minutos, a temperatura
ambiente;
i) Logo após, a placa foi lavada três vezes com 200 µl de solução de lavagem
em cada poço, sendo a solução em seguida aspirada a vácuo;
i) Em seguida, foram adicionados a cada poço 150 µl da solução de trabalho
para a ressupensão das microesferas e posterior análise no leitor Luminex 200
TM (EMD Millipore, EUA).
IV.IX Análise Estatística
O programa estatístico utilizado para a análise dos resultados foi o
GraphPad Prism 5.0. As variáveis qualitativas foram analisadas de forma
descritiva e representadas por frequência relativa (%) e as quantitativas por
média e desvio padrão. Para verificar a relação entre as citocinas estudadas e
os níveis de HCV RNA e de ALT dentro dos grupos testes nos dois momentos
analisados, foi utilizado o teste de correlação de Spearman. O teste não
paramétrico Mann-Whitney foi utilizado na análise comparativa dos níveis de
HCV RNA (transformados em log), níveis de ALT, e níveis de citocinas entre os
grupos de estudo. Para todas as análises quantitativas adotou-se o nível de
significância de p<0,05.
31
V. RESULTADOS
V.I Definição e características da amostra populacional e do grupo controle
Foram identificados 118 pacientes com infecção aguda pelo HCV no
período de janeiro de 2003 a dezembro de 2012. Destes, 69 apresentaram
icterícia, porém quatro foram excluídos por apresentarem doença renal crônica,
e outros três por apresentarem outra doença infecciosa (HIV/HBV). Dos 62
pacientes restantes, 48 foram excluídos por não terem sido submetidos à coleta
de amostras dentro dos períodos de infecção estabelecidos para este estudo.
Sendo assim, 14 pacientes com um dos seguintes desfechos da infecção aguda
pelo HCV: Eliminação viral espontânea (9) e persistência viral (5), foram
selecionados. A maioria destes com relatos de infecção adquirida via nosocomial
42,8% (6/14) (através de procedimentos cirúrgicos), seguida da via sexual 35,7%
(5/14) (através de relações sexuais desprotegidas ou relações sexuais secas
com trauma na mucosa). Somente um paciente, 7,1% (1/14), foi infectado
através de acidente biológico, e outro, 7,1% (1/14), relatou como provável fonte
de infecção o acidente com material perfurocortante de fonte HCV positivo
(alicate de unha). Aquele que apresentou mecanismo de infecção desconhecido
ou não determinado totalizou outros 7,1% (1/14) da amostra populacional
estudada. A média de idade dos pacientes selecionados correspondeu a
42,7±13,9 anos, havendo predomínio de indivíduos do sexo feminino, 71,4%
(10/14) e da raça branca, 57,1% (8/14), seguido por apenas três casos, 21,4%
(3/14) de raça negra, e três de raça parda, 21,4% (3/14) (Tabela 1).
Tabela V.I: Dados demográficos e clínicos da amostra populacional
CI= Código de identificação; Idade no momento da soroconversão; M= Masculino, F= Feminino; B= Branca,
N= Negra, P= Parda.
O grupo controle constituiu-se de indivíduos com uma média de idade
igual a 43,3±3,6 anos. Houve predomínio de indivíduos do sexo feminino, 66,6%
32
(6/9) e da raça branca, 77,7% (7/9), seguido de apenas um indivíduo de raça
parda, 11,2% (1/9) e um de raça negra 11,2% (1/9).
V.II Características dos grupos persistência viral e eliminação viral
espontânea.
O grupo correspondente à persistência viral (n=5) apresentou média de
idade igual a 54±13,4 anos e constituiu-se majoritariamente por indivíduos do
sexo feminino, 60% (3/5), e da raça branca, 80% (4/5), seguido de apenas um
caso, 20% (1/5), constado de raça negra. Neste grupo, houve predomínio da
transmissão via sexual, 40% (2/5), seguido de casos com infecções adquiridas
via nosocomial, 20% (1/5), através de acidente biológico, 20% (1/5), e
compartilhamento de material perfurocortante de fonte HCV positivo, 20% (1/5).
O grupo referente à eliminação viral espontânea (n=9) apresentou média
de idade equivalente a 36,5±10,2 anos. Houve predomínio de indivíduos do sexo
feminino, 77,7% (7/9), e da raça branca, 44,4% (4/9), seguido de três casos,
33,3% (3/9), de raça parda, e dois casos, 22,3% (2/9), de raça negra. Neste
grupo, a via mais relatada como provável mecanismo de transmissão do vírus foi
a nosocomial, 55,5% (5/9), seguido da transmissão via sexual 33,3% (3/9). Em
um paciente, 11,2% (1/9), não foi possível definir o mecanismo de transmissão
do vírus. (Tabela 2)
33
Tabela V.II: Dados demográficos e vias de transmissão dos grupos teste
PV
EVE
5
9
54 ± 13,4
36,5 ± 10,2
Feminino
3 (60%)
7 (77,7%)
Masculino
2 (40%)
2 (22,3%)
4 (80%)
1 (20%)
4 (44,4%)
3 (33,3%
2 (22,3%)
N
Idade
Sexo
Raça
Branca
Parda
Negra
Fator de Risco
Nosocomial
1 (20%)
5 (55,5%)
Sexual
2 (40%)
3 (33,3%)
Outros
2 (40%)
Desconhecido
1 (11,2%)
PV= Persistência viral; EVE= Eliminação viral espontânea; Idade
média ± desvio padrão.
V.III Dados laboratoriais secundários (bioquímico e moleculares)
V.III.I Persistência viral x Eliminação viral espontânea
Foram selecionadas um total de 28 amostras de plasma, sendo 18 destas
pertencentes ao grupo eliminação viral espontânea e as outras 10 ao grupo
persistência viral.
A análise dos dados laboratoriais demonstrou que todos os indivíduos
infectados pelo HCV (100%) apresentaram o genótipo tipo 1 do vírus. Também
foi constatado que no grupo correspondente à persistência viral, os níveis de
HCV RNA apresentaram-se mais elevados em ambos os períodos da fase
aguda analisados (T1 p=0,02/ T2 p=0,03), bem como os níveis de ALT no tempo
1 (p=0,04), quando comparados ao grupo eliminação viral espontânea. (Tabela
3)
34
Tabela V.III.I: Análise dos dados laboratoriais dos grupos persistência viral e
eliminação viral espontânea em relação ao tempo de infecção
ᵠ UI/mL, Log10, média ± desvio padrão; ¤ U/L, média ± desvio padrão; NS = Valor de p não significativo
(>0,05); PV= Persistência viral, EVE= Eliminação viral espontânea.
V.III.II Persistência Viral (Tempo 1 x Tempo 2); Eliminação viral
espontânea (Tempo 1 x Tempo 2)
A análise dentro dos grupos em relação ao tempo de infecção,
demonstrou acentuado declínio nos níveis de HCV RNA (p=0,04) e de ALT
(p=0,004) do tempo 1 para o tempo 2, no grupo corresponte à eliminação viral
espontânea. Todavia, no grupo persistência viral apenas os níveis de ALT
apresentaram declínio (p=0,02) neste mesmo intervalo de tempo.
V.IV Análise quantitativa de citocinas presentes nos plasmas dos
indivíduos infectados pelo HCV.
V.IV.I Persistência viral x Eliminação viral espontânea
A quantificação plasmática de 9 citocinas presentes em pacientes
infectados pelo HCV, demonstrou que a IL-6 apresentou-se em níveis
significativamente mais elevados nos dois momentos da infecção aguda
estabelecidos para este estudo, no grupo correspondente à persistência viral (T1
p=0,03/ T2 p=0,01), quando comparados ao grupo de indivíduos que evoluíram
para a eliminação viral espontânea. O mesmo ocorreu com a citocina IL-10 que
apresentou níveis mais elevados nos indivíduos que desenvolveram infecção
persistente nos dois períodos da infecção analisados (T1 p=0,04/ T2 p=0,04). Os
níveis plasmáticos da citocina IFNγ não apresentaram diferença significativa
entre os dois desfechos no tempo 1 (p=0,12). Todavia, o mesmo não ocorreu no
tempo 2, onde os níveis desta citocina encontraram-se mais elevados em
pacientes que eliminaram espontaneamente o HCV (T2 p=0,03). Quanto aos
35
níveis de IL-7, não foram identificadas diferenças significativas entre os grupos,
nos dois momentos selecionados (T1 p=0,26/ T2 p=0,87). (Tabela 4)
Os níveis plasmáticos das demais citocinas, IL-21, TNFα, IL-17A, IL-2 e
IL-4 encontraram-se abaixo dos níveis de detecção do teste comercial. Para
ambos os grupos, nenhuma citocina em estudo apresentou correlação com os
níveis de HCV RNA e ALT nos tempos 1 e 2.
Tabela V.IV.I: Padrão de normalidade das citocinas em estudo e suas
concentrações nos grupos testes em relação ao tempo de infecção
Citocinas em pg/ml, média ± desvio padrão; PV= Persistência viral, EVE= Eliminação viral espontânea; ND=
Não detectado.
VI.IV.II Persistência Viral (Tempo 1 x Tempo 2); Eliminação viral
espontânea (Tempo 1 x Tempo 2)
A análise dentro dos grupos em relação ao tempo de infecção,
demonstrou acentuada elevação nos níveis de IFNγ do tempo 1 para o tempo 2
(p=0,009) no grupo correspondente à eliminação viral espontânea. As demais
citocinas não apresentaram diferenças significativas neste intervalo de tempo.
No grupo persistência viral nenhuma citocina apresentou diferença significativa
entre os períodos analisados.
36
VI. DISCUSSÃO
Na literatura existem poucos estudos voltados para a investigação da
resposta imune do hospedeiro na fase aguda da hepatite C, principalmente no
que se refere à análise de citocinas neste período da infecção. Este estudo
avaliou os níveis plasmáticos das citocinas TNFα, INFγ, IL-2, IL-4, IL-6, IL-10, IL7, IL-21 e IL-17A em dois momentos distintos da fase aguda da doença (T1=
8,0-10,5/ T2= 16,0-18,5 semanas) em 14 indivíduos que desenvolveram icterícia
e evoluíram para um dos seguintes desfechos da hepatite C aguda: eliminação
viral espontânea (n=9) e persistência viral (n=5). No entanto, em virtude de
algumas destas citocinas estarem abaixo dos níveis de detecção do teste
comercial, apenas foi possível investigar a relação dos níveis plasmáticos das
citocinas IFNy, IL-6, IL-10 e IL-7 com o desfecho da infecção aguda pelo HCV.
A primeira análise realizada no estudo objetivou verificar os fatores virais
e do hospedeiro como, fator de risco para a infecção, carga viral, genótipo viral,
ALT, sexo, idade e raça/etnia que pudessem predizer a evolução da infecção
pelo HCV para a eliminação viral espontânea ou para a persistência viral. Ao
avaliar o fator idade, foi verificado que o grupo correspondente à persistência
viral foi composto por indivíduos com média de idade acima de 40 anos, quando
comparados àqueles que eliminaram espontaneamente o vírus. Estes dados são
similares aos resultados encontrados em alguns estudos que apontam a idade
acima de 40 anos como um dos fatores que influenciam a progressão para a
hepatite C crônica (Yen et al. 2003; Wong & Lee 2006; Missiha et al. 2008).
Quanto à análise dos fatores sexo e raça, foi verificado neste estudo que os dois
grupos de análise (eliminação viral espontânea e persistência viral) obtiveram
predomínio do sexo feminino e da raça branca. Para alguns autores, pacientes
do sexo feminino e de ancestralidade européia estão mais associados a
resultados favoráveis de cura espontânea da infecção pelo HCV (Micallef et al.
2006; Conjeevaram et al. 2006; Hajarizadeh et al. 2013). De uma maneira geral,
a via de transmissão nosocomial foi a mais relatada entre os pacientes e está de
acordo com dados obtidos em outras pesquisas (Santantonio et al. 2006; Fabrizi
et al. 2008; Martinez-Bauer et al. 2008), tendo os procedimentos cirúrgicos como
uma das principais causas. Quanto aos níveis de HCV-RNA e de ALT, foram
observados níveis mais elevados em pacientes que desenvolveram infecção
persistente, em ambos os períodos analisados. Além disso, neste mesmo grupo
37
foi verificado declínio nos níveis de ALT do tempo 1 para o tempo 2. Em
contrapartida, no grupo correspondente à eliminação viral espontânea, tanto os
níveis de HCV-RNA quanto os de ALT apresentaram acentuado declínio neste
mesmo intervalo de tempo. Estes
resultados
corroboram com dados
encontrados na literatura que relatam que quando há resolução espontânea na
fase aguda da infecção pelo HCV, a viremia e os níveis de ALT tendem a
declinar de forma acentuada até atingir o completo desaparecimento do vírus e a
normalidade das transaminases (Beinhardt et al. 2013; Park et al. 2014).
Contudo, diante da persistência do HCV no hospedeiro, a viremia é sustentada e
os níveis de ALT podem sofrer elevações intermitentes em até 70% dos casos
(Kuramoto et al. 2002; Alberti et al. 2005).
Quanto à quantificação de citocinas, verificou-se neste estudo que os
pacientes que evoluíram para a hepatite C crônica apresentaram as citocinas IL6 e IL10 em níveis mais elevados, quando comparados àqueles que eliminaram
espontaneamente o HCV nos dois momentos selecionados. A IL-6 é uma
interleucina pleiotrópica que pode exercer atividade pró e anti-inflamatória em
infecções e sua superprodução está relacionada à progressão para infecções
crônicas, como na hepatite C, e ao desenvolvimento de diferentes tipos de
câncer humano, incluindo o hepatocarcinoma (Bower & Walker 2005; Porta et al.
2008; Liu et al. 2010). Na literatura, os estudos referentes a IL-6 na hepatite C
são limitados à fase crônica da infecção, apontando para níveis mais elevados
desta citocina neste período e sua associação com o risco progressivo para o
desenvolvimento de fibrose e câncer hepático (Grüngreiff et al. 2009; Ueyama et
al. 2011; Cussigh et al. 2011; Nakagawa et al. 2014). Todavia, em outras
infecções virais como a provocada pelo vírus da dengue (DENV), também
pertencente à família flaviviridae, os níveis de IL-6 já se encontram elevados na
fase aguda da doença, sugerindo progressão para a forma mais grave da
infecção, a febre hemorrágica do dengue (FHD) (Priyadarshini et al. 2010; Levy
et al. 2010). Na infecção pelo vírus hepatotrópico HBV, agente causador da
hepatite B, um estudo demonstrou elevação progressiva nos níveis de IL-6 da
fase aguda à fase crônica da doença, o que indica que os altos níveis desta
citocina podem estar relacionados à progressão para a hepatite B crônica (Song
et al. 2003). Desta forma, os níveis mais elevados de IL-6 obtidos no presente
estudo, durante a fase inicial da infecção pelo HCV em pacientes que evoluíram
38
para a infecção persistente sugerem possível relação com a progressão para a
hepatite C crônica.
Em relação a IL-10, os resultados obtidos neste estudo corroboram com
pesquisas recentes que demonstraram níveis mais elevados desta citocina em
diferentes períodos da hepatite C aguda, no plasma, soro e em células
mononucleares de sangue periférico (PBMCs), de pacientes que progrediram
para a infecção crônica, quando comparados àqueles que eliminaram o vírus
espontaneamente (Flynn et al. 2011; Selvarajah et al. 2012; Osborn et al. 2013).
A IL-10 é uma citocina anti-inflamatória que pode exercer efeito supressor sobre
a atividade das células T, induzindo a anergia, e assim contribuir para a
progressão de infecções (Taylor et al. 2006; Oft 2014). Resultados semelhantes
podem ser observados em relação à fase aguda da infecção pelo vírus da
Dengue, onde algumas pesquisas sugerem que os altos níveis de IL-10 podem
estar relacionados à patogênese da fase aguda da infecção, sendo esta citocina
encontrada em níveis mais elevados em pacientes que evoluem para a FHD
(Malavige et al. 2013; Tsai et al. 2013). Desta forma, os níveis mais elevados de
IL-10 obtidos neste estudo durante a fase aguda da hepatite C em indivíduos
que desenvolveram infecção persistente, sugerem provável relação com a
persistência da infecção pelo HCV
Ao avaliar os níveis de IFNγ, não foi observada diferença significativa
entre os dois desfechos no tempo 1. Todavia, no tempo 2, os níveis de IFNy
apresentaram-se significativamente maiores no grupo correspondente à
eliminação viral espontânea, sendo observada expressiva elevação nos níveis
desta citocina do tempo 1 para o tempo 2 neste mesmo grupo. O IFNγ é um
potente ativador de células Th1 e inibidor da produção de células Th2 (Gattoni et
al. 2006; Janeway et al. 2007). Esta citocina desempenha importante papel em
infecções virais, impedindo a replicação do patógeno, conforme relatado por
Frese et al. (2002) e Windish et al. (2005) ao observarem a ação inibitória do
IFNγ sobre a replicação de regiões subgenômica e genômicas do HCV. Assim
como o presente estudo, Gruner et al. (2000) e Flynn et al. (2011) também
evidenciaram níveis mais elevados desta citocina em indivíduos que eliminaram
o HCV espontaneamente durante a fase aguda da infecção, quando comparados
àqueles que evoluíram para infecção persistente, porém em amostras de PBMC.
Resultados similares também foram encontrados na infecção pelo HBV, onde
39
um estudo demonstrou aumento nos níveis de IFNγ, sendo produzido por células
do sistema imune periférico de pacientes que evoluíram para a hepatite B aguda
autolimitada (Penna et al. 1997). Mais recentemente, uma pesquisa evidenciou
aumento nos níveis de IFNy no soro de pacientes na fase aguda da infecção
pelo HBV, demonstrando possível contribuição desta citocina na patogênese da
hepatite B aguda e sua relação com a ausência do HBV-DNA e com a
soronegatividade para HBeAg (Rizvi et al. 2013). Desta forma, a elevação nos
níveis de IFNy observada em pacientes que eliminaram o HCV neste estudo,
aponta para uma possível relação com a resolução espontânea da infecção. O
aumento nos níveis de IFNy pode estar relacionado ao aumento na proliferação
dos linfócitos T CD8+ observado em indivíduos que eliminam espontaneamente
o HCV, conforme já relatado na literatura (Gruner et al. 2000; Jo et al. 2009;
Sung et al. 2014)
Quanto a IL-7, não foram observadas diferenças significativas nos níveis
plasmáticos desta citocina entre os dois desfechos da hepatite C aguda, em
ambos os períodos da infecção analisados. A IL-7 atua na manutenção das
células T de memória e na sobrevivência das células T virgens (naive). Esta
citocina também age como fator de crescimento e fator anti-apoptótico das
células T e B (Sportès et al. 2009; Abbas 2011). Em outras infecções virais como
a provocada pelo HBV, um estudo demonstrou que não há diferença significativa
entre os níveis plasmáticos de IL-7 na fase aguda inicial (caracterizada no
estudo por altos níveis de ALT (>500 UI/ml)) e tardia (caracterizada por níveis
normais de ALT e HBV DNA <6 UI/ml) de indivíduos sintomáticos, sugerindo que
a IL-7 não esta relacionada com a patogênese da hepatite B aguda (Markova et
al. 2013). Em contrapartida, na infecção provocada pelo vírus da dengue
(DENV), há evidências que apontam para o aumento da IL-7 no plasma durante
os primeiros dias de sintomatologia de pacientes com DENV-2 (Becquart et al.
2010), e no plasma de pacientes que evoluem para a FHD (Bozza et al. 2008).
Na hepatite C, as poucas pesquisas referentes a IL-7 estão voltadas para o
potencial terapêutico desta citocina no resgate da resposta antiviral dos linfócitos
T CD8+ durante a fase crônica da infecção, visando à eliminação do vírus
durante este período (Seigel et al. 2011; Pellegrini et al. 2011). Não foram
encontrados relatos na literatura que demonstrem a relação dos níveis
plasmáticos de IL-7 com o desfecho da hepatite C aguda. Sendo assim, os
40
níveis desta citocina relatados neste estudo, não sugerem qualquer relação da
IL-7 com o desfecho da infecção aguda pelo HCV.
Uma limitação deste estudo foi o pequeno tamanho amostral referente
aos desfechos estudados. Sendo assim, outras pesquisas com populações
maiores, de caráter prospectivo são necessárias para a confirmação dos dados
encontrados neste estudo.
41
VII. CONCLUSÕES
Coletivamente, os resultados deste estudo demonstraram que:
• O aumento dos níveis plasmáticos das citocinas anti-inflamatórias IL-6 e
IL-10 durante a fase aguda da infecção pelo HCV pode estar relacionado com a
progressão para a hepatite C crônica.
• A elevação dos níveis plasmáticos de INFγ observada ao longo da fase
aguda da infecção pelo HCV pode estar relacionada com a resolução
espontânea da infecção.
• Os níveis plasmáticos de IL-7 encontrados nos grupos persistência viral
e eliminação viral espontânea sugerem que esta citocina pode não estar
relacionada ao desfecho da infecção aguda pelo HCV.
42
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64
ANEXOS
.
.
65
Ministério da Saúde
Fundação Oswaldo Cruz
Instituto Oswaldo Cruz
Departamento de Virologia
Laboratório de Hepatites Virais
Centro de Referência Nacional para Hepatites Virais
ANEXO II: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Instituição; Centro de Referência Nacional para Hepatites Virais/Departamento
de Virologia do Instituto Oswaldo Cruz - Fiocruz
Projeto de Pesquisa: Fase aguda de infecção pelo vírus da hepatite C e
avaliação da sua resposta imunológica celular e humoral.
Pesquisadores: Dra Lia Laura Lewis Ximenez e Dr. Marcelo Alves Pinto.
Eu
_____________________________________________________
fui convidado(a) a participar de um estudo que irá investigar os processos
imunológicos envolvidos na infecção pelo do vírus da hepatite C, ou seja, de que
maneira o meu sistema de defesa age durante esta infecção. Para isso eu
preciso consentir em doar cerca de 60 ml (12 colheres de chá) do meu sangue e
será separado e levado para o laboratório de hepatites virais do Instituto
Oswaldo Cruz / FIOCRUZ para pesquisar a presença do vírus da hepatite C e
estudar os meus mecanismos de defesa contra este vírus. O meu sangue será
coletado por punção venosa por um técnico especializado. Estou sendo
informado(a) que posso não ter beneficio imediato dos resultados desta
pesquisa, mas este trabalho pode esclarecer problemas relacionados a forma
crônica da hepatite C. Os possíveis riscos e desconfortos são aqueles
66
relacionados com a retirada rotineira de sangue, dor ou rouxidão no local. É
possível que novas amostras sejam necessárias. Fui informado(a) também que
posso ser solicitado(a) a retornar em intervalos de 2 a 4 semanas para fornecer
amostras adicionais. Caso seja necessário, serei contatado por um dos
integrantes do estudo que irá me perguntar se estou disposto a doar nova
amostra de sangue. Estou livre para recusar esta solicitação. A minha
participação é voluntária e posso sair do estudo a qualquer momento. Fui
informado que caso me torne um portador crônico do vírus da hepatite C serei
encaminhado a um ambulatório especializado em hepatologia da rede publica
para acompanhamento se eu estiver participando ou não do projeto. Para
participar deste estudo, fornecerei também aos pesquisadores algumas
informações sobre minhas condições sócio-econômicas e fatores de risco
associados a transmissão do vírus da hepatite C.
Sei também que amostras do meu sangue serão enviadas, além do
laboratório de FIOCRUZ, para as seguintes instituições de pesquisa no exterior:

Unidade de Doenças Infecciosas da Universidade de
Medicina de Harvard (Estados Unidos)

O Instituo de Pesquisa Scripps (Estados Unidos).

Centro de Pesquisa em Hepatite Viral do Departamento de
Doenças Inefcciosas da Universidade de Medicina de Johns
Hospkins (Estados Unidos).
67
Declaro ter recebido informações a respeito deste estudo e autorizo o
Coordenador do projeto a utilizar as amostras do meu sangue para realização de
exames para estudar o vírus da hepatite C e a minha resposta imunologica.
Resultados laboratoriais referentes ao meu quadro clinico serão fornecidas a
mim de maneira confidencial. As informações obtidas dos diferentes laboratórios
desta pesquisa serão para publicação científica com sigilo da minha identidade.
Será fornecido também uma cópia deste termo de consentimento a sua
pessoa.
Caso tenha alguma dúvida ou necessite de qualquer esclarecimento sobre o
estudo você pode entrar em contato com os pesquisadores relacionados acima:
Pavilhão 108 – Grupo de Atendimento para Hepatites Virais, fone 25621946, 2598-4224.
Assinatura
________________________________________________________
RG __________________________________
___________________________________________
Assinatura do pesquisador responsável
Dra. Lia Laura Lewis-Ximenez
Data: ___/___/___
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69
70
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