Casa 233 - Vila Nova Arquitetura

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CASA 233 (2009)
Campina Grande, Paraíba, Brasil
Ecléticos, raros
A origem do município de Campina
Grande, interior do Estado da Paraíba,
remonta ao século 17. Elevado à
categoria de vila em 1790 e à de cidade
em 1864, seu núcleo urbano adentra
as primeiras décadas do século 20 com
um patrimônio edificado em sua
maioria vinculado a usos civis, de raras
construções monumentais e de
referências formais quase sempre
ecléticas e classicizantes. A partir dos
anos 1930, a ampla difusão de outras
manifestações
arquitetônicas
(neocolonial, missões, chalés e,
principalmente, art déco) e as
reformas urbanas empreendidas no
município,
responsáveis
pela
substituição de parcelas significativas
do acervo edificado em décadas
anteriores, fez de ecléticos e
classicizantes episódios raros em
Campina Grande. A essas arquiteturas,
associa-se a memória da cidade
pré-1930, em momento de acelerado
crescimento, ansiosa pelos ideais de
progresso e modernização então
difundidos, mas ainda permeada pelas
heranças dos séculos passados. É
desse contexto que surge o valor de
patrimônio cultural da Casa 233, um
dos poucos remanescentes da
arquitetura
residencial
eclética
campinense.
Construção, arruinamento
Sua construção, atribuída aos anos
1920, reproduz modelos recorrentes
em outras regiões do país no mesmo
período: 1) implantação em lote estreito e comprido, com apenas 1 recuo
lateral e quintal nos fundos; 2) a planta
segue a configuração do terreno, com
permeabilidades entre circulações e
espaços sociais, íntimos e de serviço;
3) distribuição do programa em dois
volumes hierarquicamente distintos,
frontal e posterior, com cumeeiras
paralela e perpendicular à rua, respectivamente; 4) cobertura de estrutura
de madeira e telhas canal, alvenarias
de tijolo de adobe (com espessuras
variadas, de acordo com o vão e carga
que suportam), piso de ladrilho hidráulico, esquadrias de madeira e elementos decorativos apenas na fachada
frontal. Ao longo do tempo, o edifício
recebeu acréscimos e modificações: a
inserção do banheiro ampliou o
volume posterior, salas e quarto receberam lajes de concreto, em alguns
espaços foi instalado piso cerâmico,
parte das esquadrias foi substituída.
Em 2009, quando do levantamento
para a intervenção, o edifício denunciava seus 15 anos de desuso e ausência
de manutenção: o volume posterior
encontrava-se em arruinamento, com
poucas possibilidades de recuperação,
os ladrilhos e pisos cerâmicos estavam
danificados, comunicações espaciais
emparedadas, pinturas desgastadas.
Forma, para nova função
A demanda para a intervenção no
imóvel não veio de seu proprietário, mas
dos inquilinos. Isso determinou grande
parte das decisões projetuais, visto que
o investimento a ser feito deveria ser
compatível com o tempo mínimo
programado para uso do edifício, curto
no caso em questão. Com a perspectiva
de um baixo orçamento, o segundo
desafio seria lidar com a manutenção de
uma forma pré-existente para novas
funções demandadas: de casa para
escritório (de arquitetura), do morar
para o trabalhar. Assim, foram definidas
as seguintes estratégias de projeto: 1)
respeito aos momentos passados e
presentes, de modo a ser possível a
identificação dos diversos tempos do
edifício, seja através da técnica, dos
materiais ou da linguagem; 2) recomposição da volumetria original, com o
aproveitamento
das
fundações
existentes para a reconstrução do
volume posterior; 3) mínimo de interferência na relação entre edifício e lote,
com a permanência e a potencialização
das áreas livres; 4) substituição e recuperação de pisos e pinturas; 5)
integração entre os ambientes, com
poucas alterações na configuração espacial apresentada e exploração do
desenho de mobiliário; 6) máximo
aproveitamento
das
esquadrias
presentes no edifício, repintadas de azul
para a sinalização da pré-existência; 7)
proteção da circulação lateral externa,
com a inserção de marquise de concreto.
CASA 233
FICHA TÉCNICA:
Projeto: Vila Nova | Fabiano Melo, Marcus Vinicius
Colaboradores: Ademar Vilar Jr, Camila Vilar, Alberto Burity, Rayla Cabral, Renata Melo, Alana
Marinho, Pedro Henrique Costa
Ano projeto e construção: 2009
Localização: Rua Otacílio de Albuquerque, nº 233, Centro, Campina Grande (PB)
Execução: Tetto Empreendimentos Imobiliários
Coordenação de obra: Emanuel Sávio
Esquadrias: Suelle Móveis
Marcenaria: Lucimário Ramos
Fotografias: Augusto Pessoa
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