O comportamento do pulgão da soja auxilia na dispersão do Vírus

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O comportamento do pulgão da soja auxilia na dispersão do Vírus do
Mosaico Comum da Soja (VMCS)?
Kelly J. Alves1, Maria Fernanda G.V. Peñaflor1,2, Mark C. Mescher1,2
Consuelo M. De Moraes2
1-Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, USP, Piracicaba-SP
2- Penn State University, State College, PA, USA
1. Objetivos
Os afídeos são considerados os principais
vetores de vírus fitopatogênicos. A infecção
pelo vírus induz modificações físicas e
químicas nas plantas, que podem mediar
interações com os vetores, auxiliando na
dispersão do vírus. O presente trabalho teve
como objetivo avaliar o comportamento do
pulgão
da
soja
Aphis
glycines
(Hemiptera:Aphididae)
frente
a
plantas
infectadas pelo Vírus do Mosaico Comum da
Soja (VMCS), transmitido pelo afídeo. O estudo
também avaliou o comportamento dos afídeos
frente a plantas infectadas pelo Vírus do
Mosqueado do Feijoeiro (VMF), uma doença
transmitida por besouros, mas que pode
ocorrer juntamente com o VMCS na mesma
planta.
2. Material e métodos
Os testes de dupla escolha dos afídeos foram
conduzidos em uma arena, onde as folhas da
planta de soja infectada, ou não, foram
expostas aos afídeos. Cada repetição consistiu
na escolha de 10 afídeos não alados
posicionados, incialmente, no centro da arena.
O número de afídeos nas folhas de cada
tratamento foram contados após 20 e 60 min.
Foram conduzidas 20 repetições para cada
combinação de tratamentos. Os dados de
escolha foram analisados pelo teste t pareado
(α=0,05). O crescimento da colônia de afídeos
nas plantas infectadas, ou não, foi mensurado
iniciando a colônia com 10 afídeos não alados,
colocados nas folhas apicais expandidas de
cada planta (plantas controle, infectadas pelo
VMCS, VMF ou VMF+VMCS). Após 10 e 17
dias, o número de afídeos por planta foi
estimado, e os dados foram analisados pela
ANOVA paramétrica seguida do teste de Tukey
para a comparação pareada dos tratamentos
(α=0,05). A coleta e identificação dos voláteis
das plantas é descrito em Delphia et al. (2007).
3. Resultados
Os afídeos não tiveram preferência entre
plantas infectadas pelo VMF e plantas sadias
(P=0,432). No entanto, eles preferiram plantas
infectadas pelo VMCS à plantas sadias aos 20
(P<0,05) e 60 min (P<0,01) do teste. O
crescimento
da
colônia
de
pulgões
(desempenho) foi significativamente menor
nas plantas infectadas pelo VMCS em relação
ao controle e à infecção VMF+VMCS (Tukey
P<0,05). As plantas infectadas pelo VMF
emitiram misturas de voláteis semelhantes às
plantas sadias. Já as plantas infectadas pelo
VMCS e VMF+VMCS emitiram quantidades
inferiores de terpenos (Tukey P<0,05).
4. Conclusões
Ainda que a infecção pelo VMCS tenha
suprimido os voláteis das plantas, os afídeos
vetores preferiram as plantas infectadas pelo
vírus. Porém, a colônia de afídeos não se
estabeleceu bem na planta infectada pelo
VMCS. Assim, em um primeiro momento, os
afídeos são atraídos para plantas infectadas,
entretanto, como a planta não é adequada para
a alimentação, os insetos devem migrar para
uma nova planta e, consequentemente,
espalhar a doença. Esses resultados sugerem
que o comportamento dos afídeos frente às
plantas infectadas pelo VMCS deve auxiliar na
dispersão do vírus. Os mecanismos de atração
e a qualidade nutricional de plantas infectadas
pelo VMCS estão sendo investigados.
5. Referências Bibliográficas
Delphia, C.M., M.C. Mescher, and C.M. De
Moraes.
2007.
Journal
of
Chemical
Ecology 33:997-1012.
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