COLÉGIO TÉCNICO INDUSTRIAL Prof. MÁRIO ALQUATI FÍSICA III Nome : ______________________________________________ No __________ Data : ____/____/____ INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA Considere um condutor reto de comprimento L que se move com velocidade v num campo de indução magnética B, conforme a figura abaixo: N O condutor possui elétrons livres que acompanham seu movimento e sofrem a ação de uma força magnética (também denominada de força de Lorentz), cujo sentido é dado pelo triedro da mão direita. B L S v F O deslocamento dos elétrons para uma das extremidades do condutor torna a outra extremidade positiva. A localização das cargas nas extremidades do condutor origina um campo elétrico E. Os elétrons ficam sujeitos a ação de uma força elétrica FE , de sentido contrário ao da força magnética FM. A quantidade de carga negativa e positiva das extremidades aumenta até o momento em que as forças elétrica e magnética se equilibram. Surge então uma ddp entre as extremidades do condutor que pode ser expressa pela equação: VA,B = L.B.v CORRENTE INDUZIDA Considere-se um condutor em forma de “U” que possa ser contido num plano perpendicular as linhas de indução B de um campo magnético (figura 01). Supondo-se o condutor fixo e apoiado sobre ele outro condutor móvel (AB), surge uma força eletromotriz induzida e enquanto houver ddp entre A e B o circuito será percorrido por uma corrente elétrica i (figura 02). +++A B B i v figura 01 - - -B figura 02 Com o aparecimento de i, acaba surgindo uma força magnética Fmag contra o movimento do condutor móvel. Portanto, para manter a corrente i constante é necessário manter a velocidade v constante e, isto somente será possível se for aplicada uma força externa Fext capaz de anular os efeitos de Fmag. i v Fmag Fext Com a realização de trabalho por uma força externa, gera-se a energia elétrica. A inversão no sentido da velocidade do condutor causa a inversão no sentido da corrente elétrica induzida. B A ddp VA,B que surge entre os extremos do condutor em movimento é a responsável pela corrente induzida, portanto recebe o nome de força eletromotriz induzida. VA,B = ε ⇒ ε = L.B.v CORRENTE INDUZIDA PELA VARIAÇÃO DO FLUXO MAGNÉTICO Vimos que o movimento de uma espira dentro de um campo magnético produz corrente elétrica. No entanto, essa não é a única maneira de se obter corrente elétrica através de um campo magnético. Ela também pode ser produzida sem que haja movimento entre espira e campo. Experimentalmente, Michael Faraday, em 1831, chegou a conclusão que a variação do fluxo magnético através de uma espira produzia corrente elétrica induzida. EXPERIÊNCIA DE FARADAY Uma espira de material condutor desliza horizontalmente sobre um campo magnético uniforme que penetra perpendicularmente na folha, como mostra a figura. A espira é sustentada por um isolante: G a) Enquanto a espira está fora do campo magnético B, o galvanômetro não acusa passagem de corrente elétrica. b) No momento em que a espira começa a penetrar no campo, começa também a variar o fluxo no seu interior; o galvanômetro acusa o aparecimento de corrente induzida num determinado sentido. G c) Quando a espira penetra totalmente no campo, o galvanômetro volta a marcar zero, indicando a ausência de corrente. Isso acontece porque deixou de haver variação de fluxo. G d) No momento em que a espira começa a sair pelo outro lado do campo, o galvanômetro passa a indicar a presença de corrente induzida, em sentido contrário ao do item b. Note que isso ocorre porque se inicia novamente uma variação de fluxo magnético no interior da espira. G e) Depois que a espira deixa o campo, podemos afirmar com segurança que não haverá mais corrente induzida, pois não haverá mais variação de fluxo magnético nela. G Com base nesta experiência, FARADAY enunciou a seguinte lei: “Sempre que no interior de um circuito fechado houver uma variação de fluxo magnético, aparecerá uma corrente induzida no circuito.” Fazendo-se uma análise da equação Φ = B.S.cos θ verifica-se que podemos variar o fluxo, variando B, S ou θ: 1) VARIAÇÃO DO FLUXO PELO MOVIMENTO DE UM ÍMÃ RETO v A medida que aproximamos o ímã do centro do solenóide, há um aumento do fluxo, isto é, há um número cada vez maior de linhas de campo atravessando o interior do solenóide. Assim sendo o amperímetro acusará a presença de uma corrente induzida. Quando recuamos o ímã, há nova variação de fluxo, provocando o aparecimento de uma nova corrente, agora com sentido contrário. S N A C 2) VARIAÇÃO DO FLUXO PELA VARIAÇÃO DE θ Seja o campo magnético B e uma espira retangular ABCD. Façamos a espira girar 900 em torno de um eixo imaginário XX’. O ângulo θ passará de 00 (fluxo máximo) a 900 (fluxo igual a zero). Como já foi visto, se há variação de fluxo magnético há indução de corrente elétrica. A variação do ângulo θ produz variação de fluxo. B X 3) VARIAÇÃO DO FLUXO PELA VARIAÇÃO DA CORRENTE DE UM X’ D A B SOLENÓIDE A medida que movemos o cursor do reostato R, há variação da corrente no solenóide e consequentemente uma variação de fluxo entre os seus pólos, ocasionando uma corrente induzida na espira. N R ε B S A LEI DE FARADAY - NEUMANN Para manter a corrente induzida constante é necessário que a velocidade de deslocamento do condutor também seja constante. Para isso é necessário aplicar, no condutor, uma força externa Fext igual, em módulo, a força magnética Fmag que atua sobre ele. Sendo assim, o trabalho realizado por essa força externa que atua no condutor pode ser determinado da seguinte forma: ΔS B W = Fext . Δd onde: Fext = Fmag = B.i.L W = B.i.L.Δd onde: W = B.i. ΔS onde: L.Δd = ΔS L ΔΦ = B.ΔS W = ΔΦ.i ÷ i. Δt W/ i. Δt = ΔΦ/Δt ε = - ΔΦ Δt Fmag Fext (t) (t + Δt) v onde: i. Δt = q , logo W/q = ε LEI DE FARADAY - NEUMANN Obs.: O significado do sinal negativo será visto a seguir, na lei de LENZ LEI DE LENZ Possibilita a determinação do sentido da corrente induzida. “A corrente induzida tem um sentido tal que cria um fluxo magnético variável que se opõe à variação do fluxo indutor” ou “O sentido da corrente induzida é tal que seus efeitos tendem sempre a se opor ao fenômeno que a criou”. ANÁLISE DA LEI DE LENZ B a) Se a corrente foi induzida por uma força externa, podemos determinar o seu sentido através de uma força criada pela corrente que se opõe à força externa. Quando a força Fext movimenta a espira para a direita, a corrente induzida cria uma força F que se opõe a esse movimento. Para que essa força apareça, o sentido da corrente deve ser horário (determinado pelo triedro da mão direita). Quando, pelo contrário, a força externa Fext movimenta a espira para a esquerda, a corrente induzida muda de sentido, fazendo aparecer uma força F que se opõe a esse movimento. Nesse caso, a corrente assume o sentido anti-horário. i F Fext B i F Fext b) Se a corrente foi induzida pela variação do fluxo magnético, seu sentido é tal que cria um fluxo magnético induzido que se opõe a essa variação. B Analisando os exemplos anteriores, apenas sob o ponto de vista da variação do i fluxo magnético: v Quando a espira é movimentada para a direita, o fluxo no seu interior começa a i diminuir. Em conseqüência disso, aparece uma corrente induzida na espira. O i sentido dessa corrente produz, na parte interna da espira, um fluxo magnético que se opõe à diminuição do fluxo indutor. Para que isso ocorra, o sentido da corrente deve ser horário. B Quando a espira é movimentada para a esquerda, o fluxo no seu interior começa i v a aumentar. Aparece então uma corrente induzida cujo sentido produz um fluxo magnético que se opõe a essa variação. Nesse caso, o sentido da corrente i induzida deve ser anti-horário. i Obs.: O sinal negativo que aparece na expressão matemática da lei de FaradayNeumann mostra a oposição do induzido contra o indutor. TRANSFORMADORES Os transformadores são dispositivos que servem para elevar ou rebaixar a tensão. São constituídos essencialmente de um núcleo de ferro puro e de duas bobinas. Uma delas recebe o nome de PRIMÁRIO e a outra, de SECUNDÁRIO. O funcionamento do transformador baseia-se na lei de Faraday. Nos terminais de entrada (primário) é ligada uma fonte de corrente alternada cuja tensão é VP (tensão no primário). Esta bobina cria um fluxo magnético variável. O núcleo de ferro “canaliza” as linhas de campo, fazendo com que o fluxo que atravessa o primário seja praticamente o mesmo que atravessa o secundário. Sendo variável o fluxo no primário, o fluxo no secundário também será variável. Esta variação vai gerar uma corrente induzida cuja tensão de saída é VS. Núcleo Primário VP ∼ NP Secundário NS VS Fonte de corrente alternada As tensões no primário e no secundário são proporcionais ao número de espiras de cada um deles, sendo assim, podemos escrever: N V P P NS VS Analisando a expressão acima podemos concluir que o transformador será: * REBAIXADOR DE TENSÃO quando o número de espiras do secundário é menor que o número de espiras do primário. NP > NS ⇒ VP > VS * ELEVADOR DE TENSÃO quando o número de espiras do secundário é maior que o número de espiras do primário. NP < NS ⇒ VP < VS