Matemática Aplicada Professora conteudista: Ângela Maria Pizzo Sumário Matemática Aplicada Unidade I 1 CONJUNTOS ..........................................................................................................................................................1 1.1 Introdução: a ideia de conjunto indo além da matemática ..................................................1 1.2 Definições matemáticas .......................................................................................................................3 2 PERTINÊNCIA E INCLUSÃO .............................................................................................................................4 3 OPERAÇÕES ENTRE CONJUNTOS .................................................................................................................6 3.1 Interseção ...................................................................................................................................................6 3.2 União ............................................................................................................................................................6 3.3 Diferença ou complemento relativo ................................................................................................7 4 CONJUNTOS NUMÉRICOS ...............................................................................................................................9 4.1 Números naturais ....................................................................................................................................9 4.2 Números inteiros .....................................................................................................................................9 4.3 Números racionais ............................................................................................................................... 10 4.4 Números irracionais ............................................................................................................................ 10 4.5 Números reais .........................................................................................................................................11 4.6 Produto cartesiano entre conjuntos............................................................................................. 12 5 APLICAÇÃO ........................................................................................................................................................ 14 6 FUNÇÕES ............................................................................................................................................................ 17 Unidade II 7 AJUSTE DE CURVAS ........................................................................................................................................ 30 8 MATEMÁTICA FINANCEIRA .......................................................................................................................... 42 MATEMÁTICA APLICADA Unidade I 1 CONJUNTOS 1.1 Introdução: a ideia de conjunto indo além da matemática É premissa da matemática a precisão. Não nos é suficiente saber o que é um objeto/conjunto de objetos; faz-se necessária a aplicação concreta desses conceitos. A teoria dos conjuntos foi estabelecida por Georg Ferdinand Ludwig Cantor (1845-1918), 5 que baseou seus primeiros conceitos como a seguir: Conjunto: conceito rudimentar (primitivo) sem necessidade de definição. Essa ideia pode ser deduzida intuitivamente e através de exemplos. O homem, quando começa a se fixar nos locais, em grupos (coletividade), percebe a necessidade 10 de conhecer seu espaço e suas posses, fazendo surgir esses conceitos sociais primários. Podemos, através da intuição, exemplificar alguns conjuntos dentro do contexto moderno de civilização: • o conjunto dos funcionários de uma empresa; 15 • o conjunto dos números naturais; • o conjunto dos números reais; • o conjunto dos países da América Latina que participam da Organização das Nações Unidas (ONU); • o conjunto dos números racionais; 1 Unidade I • o conjunto dos números pares; • o conjunto dos alunos da Universidade Paulista (UNIP); • o conjunto dos números ímpares; • o conjunto dos números naturais que são múltiplos de 4; 5 • o conjunto dos números reais que são solução da equação x4 + x = 0. É correto afirmar que um conjunto é composto por objetos. Esse conceito de objeto também é primitivo, logo, aceito intuitivamente. 10 Até este momento, possuímos dois conceitos primitivos: conjunto e objeto. Mesmo diante de um objeto e de um conjunto, necessitamos determinar a representação de esse objeto pertencer ao conjunto. Aqui surge aqui um terceiro conceito: pertencer. 15 Assim como os anteriores, trata-se de um conceito primitivo, portanto, básico da natureza e do desenvolvimento cognitivo humano. Exemplos • Piracaia pertence ao conjunto das cidades do Brasil; 20 • Katmandu não pertence ao conjunto das cidades do Brasil; • 57 pertence ao conjunto dos números naturais; • 57 não pertence ao conjunto dos números primos; • √2 pertence ao conjunto dos números reais; 25 2 • √2 não pertence ao conjunto dos números racionais. MATEMÁTICA APLICADA Diante das colocações supracitadas, estamos prontos para esclarecer a teoria fundamentada em três conceitos primitivos (conjunto, objeto e pertencer): estamos falando da teoria intuitiva dos conjuntos. 5 Podemos notar que essa teoria tem início no desenvolvimento lógico do ser humano, em suas necessidades de descrever áreas, animais, valores, propriedades, relações interpessoais e até empresariais. A teoria dos conjuntos e suas ferramentas são amplamente 10 vistas em nossa formação básica, cabendo aqui apenas uma breve revisão para recordá-las. 1.2 Definições matemáticas Designa-se conjunto uma coleção de objetos. Sua representação pode ser feita de três modos: 1. Representação ordinária: na representação ordinária, 15 os elementos do conjunto são explicitamente listados. Exemplos incluem o conjunto das faces de um dado A = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, o conjunto de regiões do Brasil A = {SU, SE, CO, NE, NO}, o conjunto das notas musicais A = {dó, ré, mi, fá, sol, lá, si}. 2. Representação abstrata: na representação abstrata, 20 os elementos do conjunto são representados através de uma caracterização que é previamente definida. Em termos gerais, se os elementos de um conjunto A são caracterizados por uma propriedade P, então o conjunto A pode ser assim enunciado: A = {x tal que x satifaz a propriedade P}; ou, ainda, utilizando 25 símbolos: A = {x/x satisfaz P} (o símbolo / representa “tal que”; às vezes a barra é substituída por ponto-e-vírgula). A representação abstrata é amplamente utilizada em matemática porque permite que se expressem quaisquer tipos de conjuntos, bastando definir a propriedade que caracteriza os elementos do 3 Unidade I conjunto. Por exemplo, se definirmos a propriedade P como “P: regiões do Brasil”, então o conjunto das regiões do Brasil pode ser reescrito como A = {x/x satisfaz P}. 3. Representação por diagramas de Venn: a vantagem 5 na utilização dos diagramas de Venn como representação de conjuntos é seu apelo visual, muito útil para visualizar operações entre conjuntos; entretanto, é importante salientar que o poder analítico desse tipo de dispositivo é extremamente limitado. O conjunto de números ímpares menores ou iguais a 13 pode ser 10 representado como: A 9 7 13 11 3 5 2 PERTINÊNCIA E INCLUSÃO Quando um elemento a está num conjunto A, dizemos que ele pertence ao conjunto A e representamos esse fato simbolicamente como: a∈A 15 Se, ao contrário, o elemento não está no conjunto A, então dizemos que o mesmo não pertence ao conjunto A e representamos o fato como: a∉A Essas são as chamadas relações de pertinência que conectam 20 os conjuntos aos seus elementos. Quando o conjunto A não possui elemento algum, dizemos que ele é o conjunto vazio e, nesse caso, representamos tal conjunto pelo símbolo ∅. 4 MATEMÁTICA APLICADA Dados dois conjuntos A e B, quando todo elemento de A é também elemento de B, dizemos que o conjunto A está incluso em B ou que o conjunto A é um subconjunto do conjunto B; tal fato é simbolicamente representado como: 5 A⊂B Quando, por outro lado, existe ao menos um elemento que pertence ao conjunto A e não pertence ao conjunto B, então A não está incluso em B ou o conjunto A não é subconjunto do conjunto B. Esse fato é simbolicamente representado 10 como: A⊄B Essas são as chamadas relações de inclusão e conectam conjuntos a outros conjuntos. É importante ter em mente a distinção entre pertinência e inclusão. No primeiro caso, a 15 relação é entre elemento e conjunto, e, no segundo, entre dois conjuntos quaisquer. Por exemplo, as sentenças a seguir possuem significados totalmente diferentes, embora pareçam dizer a mesma coisa: a ∈ A e {a} ⊂ A 20 A primeira sentença diz que o elemento a pertence ao conjunto A, e a segunda sentença diz que o conjunto unitário {a} está incluso ou é subconjunto do conjunto A. A relação de inclusão é frequentemente utilizada para determinar a igualdade entre conjuntos. Dois conjuntos A e B 25 são iguais se possuem exatamente os mesmos elementos, fato que pode ser estabelecido mostrando-se que: A⊂BeB⊂A 5 Unidade I 3 OPERAÇÕES ENTRE CONJUNTOS Com base nessas definições e conceitos, foi formulada a teoria algébrica dos conjuntos – estudo da criação de novos conjuntos partindo-se de conjuntos já definidos, através das operações de interseção, união, diferença e complemento. 3.1 Interseção 5 Os elementos que compõem o conjunto interseção são aqueles comuns aos conjuntos relacionados. Exemplo 1: dados dois conjuntos A = {5,6,9,8} e B = {0,1,2,3,4,5}, se pedirmos a interseção deles, teremos: A ∩ B = {5}, dizemos que A “interseção” B é igual a 5. 10 Exemplo 2: dados os conjuntos B = {-3, -4, -5, -6} e C = {-7, -8, -9}, se pedirmos a interseção deles, teremos: B ∩ C = {} ou B ∩ C = ∅; então, A e C são conjuntos distintos1. Exemplo 3: dados os conjuntos D = {11,12,13,14,15} e E 15 = {13,14,15}. A interseção dos conjuntos ficaria assim: E ∩ D = {13,14,15} ou E ∩ D = E; pode ser concluído também que E ⊂ D. 3.2 União Gerados dois conjuntos A e B, a união entre A e B é o conjunto delimitado: A ∪ B = {x/x ∈ A ou x ∈ B} 20 Conjunto união: é composto por todos os elementos dos conjuntos referidos. Fonte: MIRANDA, Daniela de. Disponível em www.brasilescola.com.br. 1 6 MATEMÁTICA APLICADA Exemplo 1: gerados os conjuntos A = {x | x é inteiro e -1 < x < 2} e B = {1,2,3,4}, a união desses dois conjuntos é: A U B = {0,1,2,3,4} Exemplo 2: gerados os conjuntos A = {1,2,13} e B = 5 {1,2,3,4,5}, a união desses conjuntos é: A U B = {1,2,3,4,5,13}; nesse caso, podemos dizer que A U B = B2. Observe que o número de elementos da união é calculado por: n(A ∪ B) = n(A) - n(B) - n(A ∩ B) 3.3 Diferença ou complemento relativo Gerados dois conjuntos A e B, a diferença ou complemento 10 relativo de A e B é o conjunto definido como: A | B = {x/x ∈ A e x ∉ B} Gerados dois conjuntos A e B, é denominado conjunto diferença ou de diferença entre A e B o conjunto formado pelos elementos de A que não pertencem a B. O conjunto diferença é 15 representado por A – B. Exemplo 1: A = {1,2,3,4,5} e B = {3,4,5,6,7}; o conjunto diferença ou a diferença é: A – B = {1,2} Exemplo 2: A = {1,2,3,4,5} e B = {8,9,10}; o conjunto 20 diferença ou a diferença é: A – B = {1,2,3,4,5} Fonte: MIRANDA, Daniela de. Disponível em www.brasilescola.com.br. 2 7 Unidade I Exemplo 3: A = {1,2,3} e B = {1,2,3,4,5}; o conjunto diferença ou a diferença é: A–B=∅ Exemplo 4: gerados os conjuntos A = {1,2,3,4,5,6} e B = 5 {5,6}; o conjunto diferença ou a diferença é: A – B = {1,2,3,4}. Como B ⊂ A, podemos escrever em forma de complementar: A – B = CA B = {1,2,3,4}. Outros exemplos 10 Diferença entre conjunto Gerados os conjuntos A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}, a diferença desses conjuntos é demonstrada em outro conjunto, designado de conjunto diferença. Logo, A – B serão os elementos do conjunto A, subtraídos os 15 elementos que pertencerem ao conjunto B. Portanto, A – B = {0, 1, 2, 3, 4}. Conjunto complementar Conjunto complementar está relacionado à diferença de conjunto. Encontramos um conjunto complementar quando, 20 por exemplo, gerados um conjunto A e B e o conjunto B A, então o conjunto B é complementar em relação ao A. A = {2, 3, 5, 6, 8} B = {6,8} B ⊂ A, então o conjunto complementar será CAB = A – B = 25 {2, 3, 5}3. Fonte: MIRANDA, Daniela de. Disponível em www.brasilescola.com.br. 3 8 MATEMÁTICA APLICADA 4 CONJUNTOS NUMÉRICOS 4.1 Números naturais O conjunto dos números naturais foi o primeiro conjunto gerado pelos homens, e tinha como função apontar quantidades. Por exemplo, quantos animais pertencem a um grupo. Inicialmente, o zero não estava incluso nesse conjunto, porém, 5 a necessidade de representação de quantias nulas concedeu ao número zero a condição de pertencente ao conjunto dos naturais. Logo: N = {0, 1, 2, 3, ...} 4.2 Números inteiros Os números inteiros bastaram à sociedade por algum 10 tempo. O passar do tempo e a ampliação das “trocas” de mercadorias entre os homens tornaram iminente a criação de uma representação numérica para as dívidas. Por exemplo, eu “emprestei” um saco de trigo para um outro grupo de pessoas e não o recebi de volta; acabei com minhas reservas. Como 15 indicar esse “empréstimo”? Com isso, nasceram os conhecidos números negativos, e, juntamente com tais números, um novo conjunto: o conjunto dos números inteiros, representado pela letra Z: Z = {..., -2, -1, 0, 1, 2, ...} 20 O conjunto dos números inteiros é composto pelos números naturais e todos os seus representantes negativos. Observe que esse conjunto não possui começo nem término. Todo número natural é inteiro, ou seja, N é um subconjunto de Z. 9 Unidade I 4.3 Números racionais Esses números surgem da necessidade de partilhar os bens dos indivíduos. Como dividir corretamente um lote de terras? Podem ser expressos na forma a/b, em que a e b são quaisquer inteiros, onde b difere de 0. Q ={x/x = a/b com a e b pertencentes a Z com b diferente de 0}. 5 Então, de acordo com o exemplo, podemos citar o –1/2, 1, 2,5,... Podemos afirmar que números decimais exatos são racionais porque: 0,1 = 1/10 2,3 = 23/10... 10 Também são racionais os números decimais periódicos: 0,1111... = 1/9 0,3232 ...= 32/99 Observe que outra representação do número 1 é exibida por toda dízima periódica 0,9999... 9. 15 Essa representação é de grande utilidade quando trabalhamos com estatística, avaliações de qualidade e produtividade e até financeiramente (imagine o arredondamento do número 1 trabalhando em prol de um negócio!). 4.4 Números irracionais São assim nomeados porque não podem ser expressos na 20 forma a/b, com a e b inteiros e b diferente de 0. São formados por dízimas infinitas não-periódicas: Exs.: π = 3,141592654... ou √3 = 1,73205... 10 MATEMÁTICA APLICADA 4.5 Números reais O conjunto formado por todos os números racionais e irracionais é o conjunto dos números reais, indicado por R. Como todo número natural é inteiro, como todo número inteiro é racional e como todo número racional é real, temos: N⊂Z⊂Q⊂R 5 Todos os conjuntos numéricos exibidos podem ser sintetizados em um gráfico, conforme a seguir: R Q Z N Conjuntos Numéricos N⊂Z⊂Q⊂R Fonte: SILVA, Sebastião Medeiros da; SILVA, Élio Medeiros da; SILVA, Ermes Medeiros da. Matemática básica para cursos superiores. São Paulo: Atlas, 2002. Intervalo: nome dado a outro conceito fundamental da comunicação das relações. Também muito utilizado em 10 estatística. Sendo a e b dois números reais, com a < b, teremos os seguintes subconjuntos de R nomeados intervalos: • intervalo com fechamento nos extremos a e b: [a, b] = {x ∈ R/a < x < b}; 15 • intervalo com fechamento em a e abertura em b: [a, b] = {x ∈ R/a < x < b}; 11 Unidade I • intervalo com abertura em a e fechamento em b: ]a, b] = {x ∈ R/a < x < b}; • intervalo com abertura em a e b: ]a, b[ = {x ∈ R/a < x < b}. Teremos ainda: 5 [a, + ∞[ = {x ∈ R/x > a} [- ∞, b[ = {x ∈ R/b < 0}4 4.6 Produto cartesiano entre conjuntos A partir de dois conjuntos A e B, o produto cartesiano entre A e B é o conjunto definido como A x B = (x, y) / x e A e y E B}. Exemplo: sejam A = {1, 2, 3, 4} e B = {1, 2, 5, 6}, então: 10 , ),(1, 2),(1, 5),(1, 6) (11 (2,1),(2, 2),(2, 5),(2, 6) A ×B = (3,1),(3,, 2),(3, 5),(3, 6) (4,1),(4, 2),(4, 5),(4, 6) No diagrama abaixo, no plano cartesiano é apresentado o produto cartesiano entre números reais. ℜ y (x, y) x 0 (y, x) x y Disponível em www.somatematica.com.br. 4 12 ℜ MATEMÁTICA APLICADA O plano cartesiano é formado pelo conjunto ℜ × ℜ = {(x, y); x ∈ ℜ, y ∈ ℜ}. É importante observar que o conjunto resultante do produto cartesiano entre dois conjuntos corresponde a uma coleção de pares ordenados, ou seja, cada elemento do produto 5 cartesiano toma a forma (x, y). Assim, as sentenças {x, y} e (x, y) correspondem a objetos inteiramente distintos. O primeiro é o conjunto formado pelos elementos x e y, e o segundo, ao par ordenado (x, y). Desse modo, é imediato concluir que {x, y} = {y, x}, mas (x, y) ≠ (y, x). 10 Podemos relacionar os pontos cartesianos tabelados abaixo em um gráfico cartesiano, dividido nos quatro quadrantes. Ponto Coordenadas (x,y) A (2,2) B (0,3) C (-2,2) D (-3,0) E (-3,-3) F (-1,-2) G (0,-1) H (3,0) 2º quadrante C -3 1º quadrante 3 B 2 A 1 D -4 y -2 E 3º quadrante -1 0 1 -1 G F -2 H 2 3 x -3 -4 4º quadrante Fonte: SILVA, Sebastião Medeiros da; SILVA, Élio Medeiros da; SILVA, Ermes Medeiros da. Matemática básica para cursos superiores. São Paulo: Atlas, 2002. 13 Unidade I Observando a figura, podemos fazer alguns exercícios: 1) Há algum ponto que pertence à bissetriz dos quadrantes ímpares? Em caso afirmativo, transcreva as coordenadas desses pontos. 5 10 Resposta: Sim; bissetriz é a reta que divide os quadrantes considerados exatamente ao meio, portanto, os pontos A (2; 2) e E (-3; -3) pertencem a ela. 2) Sempre, nesse caso, é possível identificar uma característica comum às coordenadas dos pontos que pertencem à bissetriz dos quadrantes ímpares? Em caso afirmativo, transcreva-a. Resposta: A abscissa é igual à ordenada. 15 3) Pode-se identificar qual é a característica comum às coordenadas dos pontos que pertencem ao eixo x das abscissas? E às coordenadas dos pontos que pertencem ao eixo y das ordenadas? Resposta: Os pontos que pertencem ao eixo x têm ordenada zero. P (x; 0). Os pontos que pertencem ao eixo y têm abscissa zero. P (0; y). 5 APLICAÇÃO Ainda que fundamental e generalista, a teoria dos conjuntos conduz a poucas aplicações práticas diretas. É mais utilizada para desenvolver a álgebra de grupos, anéis e campos, em engenharia e em outras áreas de exatas, assim como para desenvolver uma base lógica para o cálculo, a geometria e a topologia. Todos esses 25 desenvolvimentos são aplicados extensivamente nos campos da física, da química, da biologia, da engenharia elétrica e da ciência da computação. 20 Na área de ciências humanas, seus conceitos servem de base à estatística; esta, por sua vez, é direcionada a pesquisas de 14 MATEMÁTICA APLICADA mercado, avaliação e desempenho de funcionários, cálculos de riscos em investimentos, etc. Exemplo Em uma pesquisa de mercado, mil pessoas foram entrevistadas 5 em todo o território nacional sobre a preferência por marcas de refrigerante. O gráfico abaixo mostra como a pesquisa foi distribuída entre as regiões brasileiras. Centro - oeste 10% Norte 15% Sudeste 30% Sul 20% Nordeste 25% Três marcas de refrigerante foram pesquisadas, as marcas A, B e C. Na pesquisa, verificou-se que 40% dos entrevistados 10 preferem a marca A, 25% a marca B e 35% a marca C. Também foi constatado que entre aqueles que preferem a marca B, 70% são da região nordeste, 8% da região sul, 2% da região centrooeste, 10% da região norte e 10% da região sudeste. A empresa que encomendou a pesquisa deseja saber o seguinte: 15 a) Quantas pessoas pertencem ao conjunto dos sulistas que preferem a marca B? b) Dentro do conjunto de pessoas que preferem a marca B, quantas são da região norte ou da região nordeste? Solução 20 a) Pelos dados do gráfico, o número de pessoas que consomem a marca B é 25% de mil pessoas = 250 15 Unidade I pessoas. Dessas 250 pessoas, 8% são sulistas, portanto, 8% de 250 = 20 sulistas. 5 10 b) Do enunciado, dos que preferem a marca B, 10% são da região norte, logo, 10% de 250 = 25 pessoas, e 70% são da região nordeste, logo, 70% de 250 = 175 pessoas. Representadas pelo conjunto A as pessoas da região norte e pelo conjunto B as pessoas da região nordeste, o número de pessoas que são da região norte ou nordeste é dado por n(A ∪ B), com n(A ∩ B) = 0, pois não há pessoas em comum das regiões norte e nordeste que preferem a marca B, portanto, n(A ∪ B) = n(A) + n(B) - n(A ∩ B) n(A ∪ B) = 25 + 175 – 0 n(A ∪ B) = 200 pessoas. 15 16 Logo, duzentas pessoas da região norte ou nordeste preferem a marca B. MATEMÁTICA APLICADA 6 FUNÇÕES Na matemática, uma relação é apenas um conjunto de pares requisitados. Se utilizamos {} como o símbolo para o “conjunto”, temos abaixo alguns exemplos de relações entre pares ordenados: 5 • {(0.1), (55.22), (3, - 50)} • {(0, 1), (5, 2), (- 3, 9)} • {(- 1.7), (1, 7), (33, 7), (32, 7)} Por vezes, podemos identificar, em várias situações práticas, variáveis que estão em relação de dependência. Aqui, buscamos explicitar situações que envolvam essa relação de dependência, 10 determinando, assim, suas variáveis. Essa identificação será baseada em parte da teoria de conjuntos vista na unidade I. Lá, verificamos que podemos relacionar números através de relações gráficas em um plano cartesiano, números que, de maneira geral, são chamados de x 15 e y pelos matemáticos. Apesar de amplamente rejeitado, em diversos momentos de nosso dia a dia empregamos o conceito de função, até sem perceber. Exibiremos a seguir algumas situações do nosso cotidiano 20 nas quais podemos destacar tais relações funcionais. 17 Unidade I • Quando completamos, velozmente, o cálculo de um lanche, em que pedimos dois salgados e um refrigerante, não sabemos imediatamente quanto iremos gastar? 5 • Ao completarmos uma previsão de gastos residenciais e compará-los com a renda familiar, sabemos se teremos condições de adquirir um bem? • Ao finalizarmos um crediário e verificarmos se o valor final terá um acréscimo e de quanto – isto é, aceitaremos ou não os juros propostos pela empresa? 10 • Ao calcularmos a quantidade de material necessária para uma reforma, podemos estimar os gastos iniciais? É fato que o conceito de função, juntamente com sua representação gráfica, é a ferramenta matemática mais potente na formatação de problemas empresariais, motivo que 15 nos levará a estudá-lo de modo amplo. Além disso, deve ser continuamente exercitada, pois, na figura de gestor, a tomada de decisões amparada por ferramentas matemáticas é essencial para o sucesso pretendido. Claramente, em uma relação entre pares ordenados, não há 20 absolutamente nenhuma condição especial que a estabeleça, isto é, qualquer conjunto de números é uma relação, contanto que esses números sejam pares ordenados. Já para uma função, temos condições precisas que definem sua existência. Ainda assim, funções são um tipo especial da 25 relação. Vejamos: Uma relação f: A → B é chamada de função se: (I) não há elemento x em A sem correspondente y em B (não podem “sobrar” elementos de A); 18 MATEMÁTICA APLICADA (II) qualquer elemento x de A tem um único correspondente y em B (não pode haver elemento de A “associado” a mais de um elemento de B). Observação: no entanto, elementos distintos de A podem 5 ser associados a um mesmo elemento de B e podem “sobrar” elementos de B. Outra representação, mais conveniente e muito mais utilizada, é: uma função é uma relação entre duas variáveis x e y, de forma que o conjunto de valores para x seja atribuído e a cada valor x 10 seja associado um e somente um único valor para y, como y = f(x). Nesse caso: • o conjunto de valores de x é nomeado o domínio da função; 15 • as variáveis x e y são nomeadas, simultaneamente, independente e dependente. A relação entre as variáveis x e y tem uma significação de grande apelo visual, que destaca propriedades da função. Pode-se, através da descrição gráfica da função, observar diretamente, por exemplo, se as variáveis estão em relação 20 crescente (ou seja, aumento em x associado a aumento em y) ou se a variação de y é dependente quadrática da variação de x, etc. Função constante É toda função y = k, em que k é uma constante real. Verifica25 se que o gráfico dessa função é uma reta horizontal, passando pelo ponto de ordenada k. y k x 19 Unidade I Função linear Sendo A e B conjuntos de números reais, e m uma constante real diferente de zero, dizemos que uma função f: A → B, com f (x) = m. x é uma função linear. 5 O gráfico de uma função linear é um conjunto de pontos sobre uma reta que passa pelo ponto (0,0), ou a origem do gráfico cartesiano: y x Função do 1º grau Esse tipo de função apresenta um grande número de 10 aplicações em nosso dia a dia. Mesmo problemas muito complexos podem ser representados, em primeira aproximação, por esse tipo de função, daí seu uso frequente em economia, gestão de recursos humanos, descrições de mercado, etc. Uma função é chamada de função afim (ou função do 1º 15 grau) se sua sentença for dada por y = m . x + n, sendo m e n constantes reais com m ≠ 0. Verifica-se que o gráfico de uma função do 1º grau é uma reta. Assim, o gráfico pode ser obtido por meio de dois pontos distintos. 20 20 1) A constante n é chamada de coeficiente linear e representa, no gráfico, a ordenada do ponto de interseção da reta com o eixo y. MATEMÁTICA APLICADA 2) A constante m é chamada de coeficiente angular e representa a variação de y correspondente a um aumento do valor de x igual a 1, aumento esse considerado a partir de qualquer ponto da reta; quando m > 0, o gráfico corresponde a 5 uma função crescente, e, quando m < 0, o gráfico corresponde a uma função decrescente. Seja x1 a abscissa de um ponto qualquer da reta e seja x2 = x1 + 1. Sejam y1 e y2 as ordenadas dos pontos da reta correspondentes àquelas abscissas. Teremos: y1 = m . x1 + n 10 y2 = m . x2 + n Subtraindo membro a membro as duas relações anteriores, e tendo em conta que x2 = x1 + 1, obtém-se: coeficiente angular m = 15 y2 − y1 x2 − x1 3) Assim, conhecendo-se dois pontos de uma reta A (x1 , y1 ) e B (x2 , y2 ), o coeficiente angular m é facilmente determinado. 4) Da mesma forma, conhecendo-se um ponto P (x0 , y0 ) de uma reta e seu coeficiente angular m, a função correspondente é dada por y – y0 = m (x – x0). Ou seja: 20 equação da reta y=m.(x - x0) + y0 Aplicações O valor a ser pago na conta de água de uma empresa depende do consumo medido no período; o tempo de uma viagem de caminhão entre duas cidades depende da velocidade média 25 desenvolvida no trajeto; consequentemente, é um cálculo que nos leva a um custo logístico. 21 Unidade I Quando uma indústria lança um produto no mercado, para fixar o preço desse produto, ela tem que levar em conta os custos para a sua produção e a distribuição, que dependem de diversos fatores, entre eles as despesas com energia, aluguel de prédio, 5 custo das matérias-primas e salários. Como esses custos podem variar, a indústria tem que estar “equacionando” essas variáveis para compor o preço do seu produto. Podemos utilizar a linguagem matemática para representar essas relações de dependência entre duas ou mais grandezas. 10 Dizemos que: • o preço de uma peça de carne é dada em função do “peso” da peça; • a taxa de desemprego é dada em função do mês. Vejamos algumas definições, úteis em uma análise gerencial 15 e em que se utilizam os conceitos e métodos analíticos das funções. Função demanda de mercado A demanda (ou procura) de um determinado bem é a quantidade desse bem que os consumidores pretendem adquirir 20 num certo intervalo de tempo (dia, mês, ano e outros). Podemos entender a demanda como a quantidade de produtos que compradores desejam e podem adquirir em diversos níveis de preço. Devemos observar uma relação inversa/negativa entre preço e quantidade (lei geral da demanda). O que isso significa? 25 Quando se tratar de demanda, pense como um consumidor, ou seja: “Se o preço estiver subindo, eu vou comprar menos”. A demanda de um bem é função de várias variáveis: preço por unidade do produto, renda do consumidor, preços de bens 22 MATEMÁTICA APLICADA substitutos, gostos e outros. Supondo-se que todas as variáveis mantenham-se constantes, exceto o preço unitário do produto (p), verifica-se que o preço p relaciona-se com a quantidade demandada (x). Chama-se função de demanda à relação entre 5 p e x, indicada por p = f(x). O que regula a demanda de consumo? Fatores como: • preço; • renda; • preço de produtos similares; 10 • gosto; • expectativa; • número de consumidores; • marca; • atendimento; 15 • localização; • forma de pagamento; • qualidade; • propaganda; • status; 20 • etc. Existe a função de demanda para um consumidor individual e para um grupo de consumidores (nesse caso, x representa a quantidade total demandada pelo grupo, em um nível de preço p). Em geral, quando nos referirmos à função de demanda, 25 estaremos nos referindo a um grupo de consumidores e chamaremos de função de demanda de mercado. Qd= -a.P +b 23 Unidade I Onde: • Qd é a quantidade de demanda por unidade de tempo; • P é o preço do bem. Essa função de primeiro grau é representada por uma reta 5 decrescente, já que a < 0. Isso está em concordância com o gráfico de p em função de x (que chamaremos de curva de demanda); é o de uma função decrescente, pois, quanto maior o preço, menor a quantidade demandada. Cada função de demanda depende dos valores em que ficaram fixadas as outras 10 variáveis (renda, preço de bens substitutos e outros). Assim, se for alterada a configuração dessas outras variáveis, teremos nova função de demanda. Função oferta de mercado Por outro lado, temos a definição de função oferta: é a 15 quantidade de produtos que vendedores desejam e podem produzir para vender em diversos níveis de preço. Existe uma relação direta/positiva entre preço e quantidade (lei geral da oferta). Quando se tratar de oferta, pense como um empresário: “Se 20 o preço estiver subindo, eu vou vender mais produtos”. Quais são os fatores que influenciam a oferta feita ao mercado? 25 24 • • • • • • preço; preço dos insumos; tecnologia; expectativa; concorrência; demanda; MATEMÁTICA APLICADA 5 • • • • • • • sazonalidade; impostos; temperatura; disponibilidade dos insumos; tecnologia; religião; etc. Chama-se de oferta de um bem a quantidade do bem que os vendedores desejam oferecer no mercado em certo intervalo 10 de tempo. A oferta depende de várias variáveis: preço do bem, preço dos insumos utilizados na produção, tecnologia utilizada e outras. Mantidas constantes todas as variáveis, exceto o preço do próprio bem, chamamos de função de oferta a relação entre o preço do bem (p) e a quantidade ofertada (x) e a indicamos 15 por p = g(x). Normalmente, o gráfico de p em função de x é o de uma função crescente, pois, quanto maior o preço, maior a quantidade ofertada. Tal gráfico é chamado de curva de oferta. Observemos que temos uma curva de oferta para cada configuração das 20 outras variáveis que afetam a oferta. Preço e quantidade de equilíbrio É o ponto de interseção entre as curvas de demanda e oferta. Assim, temos um preço e uma quantidade de equilíbrio. Por exemplo: p oferta 3 500 demanda x 25 Unidade I Receita total Seja x a quantidade vendida de um produto. Chamamos de função receita o produto de x pelo preço de venda e indicamos por R. 5 Custo total1 Seja x a quantidade produzida de um produto. O custo total de produção (ou simplesmente custo) depende de x, e a relação entre eles chamamos de função custo total (ou simplesmente função custo), e a indicamos por C. Existem custos que não dependem da quantidade produzida, tais como aluguel, seguros e outros. A soma desses custos que não depende da quantidade produzida, chamamos de custo fixo e indicamos por CF. A parcela do custo que depende de x chamamos de custo variável e indicamos por CV. Assim, 15 podemos escrever: 10 C = CF + CV Verificamos também que, para x variando dentro de certos limites (normalmente não muito grandes), o custo variável é geralmente igual a uma constante multiplicada pela quantidade 20 x. Essa constante é chamada de custo variável por unidade. Ponto crítico (break even point) ou ponto de nivelamento O ponto de nivelamento é o valor de x tal que R(x) = C(x). Função lucro 25 É definida como a diferença entre a função receita R e a função custo C. Assim, indicando a função lucro por L, teremos: L(x) = R(x) − C(x) 1 26 Disponível em www.emersonmatematica.blogspot.com.br. MATEMÁTICA APLICADA Margem de contribuição É a diferença entre o preço de venda e o custo variável por unidade. Vamos, agora, resolver exercícios, repetindo e exemplificando 5 essas definições administrativas de grande importância em atividades empresariais. Exercício 1 Quando o preço de venda de uma determinada mercadoria é $ 100,00, nenhuma é vendida; quando a mercadoria é fornecida 10 gratuitamente, 50 produtos são procurados. Ache a função do 1º grau ou equação da demanda e calcule a demanda para o preço de $ 30,00. Solução Sejam: p = preço de venda e D = demanda. 15 Do enunciado, temos: 1º) p = 100 ⇒ D = 0 e 2º) p = 0 ⇒ D = 50. Como a função é do 1º grau, y = ax + b e, fazendo x = p e y = D, temos: D = ap + b. Devemos achar os valores de a e b da função. Substituindo p = 100 e D = 0 ⇒ 0 = a.100 + b (Equação I). 20 Substituindo p = 0 e D = 50 ⇒ 50 = a.0 + b ⇒ b = 50. Voltando à equação I, temos: 0 = a.100 + 50 ⇒ a = 0,5, e daí, D = -0,5p + 50. A equação de demanda ou função demanda é: D = 0,5p + 50. 25 Substituindo p = 30 na equação D = 0,5p + 50, temos: D = 0,5. 30 + 50 = 65. Assim, para o preço de $ 30,00, a demanda é de 65 unidades. 27 Unidade I Exercício 2 Suponha que as funções demanda e oferta sejam dadas por funções lineares, tais que: 5 D(p) = 34 - 5p S(p) = -8 + 2p Qual é o preço de equilíbrio de mercado para essas funções? Solução De acordo com a definição dada, o equilíbrio de mercado é um par (p,y) tal que y = D(p) = S(p), ou seja: 10 34 - 5p = -8 +2p 34 + 8 = 2p + 5p 42 = 7p p=6 15 Logo, o preço do equilíbrio é $ 6,00. Para obter a quantidade de equilíbrio, basta substituir p = 6,00 em umas das funções, utilizando a função oferta; temos: S = -8 + 2.6 = 4. Logo, a quantidade de equilíbrio é de 4 unidades. 20 Exercício 3 Considere a função RT = 20,5.q, em que o preço é fixo ($ 20,50) e q é a quantidade de produtos vendidos (0 ≤ q ≤ 120 unidades). Qual é a quantidade de produtos vendidos quando a receita total atinge o valor de $ 1.025,00? 28 MATEMÁTICA APLICADA Solução RT = 1025 20,5.q = 1025 q= 1025 20,5 5 q = 50 unidades vendidas. Portanto, a receita total atinge o valor de $ 1.025,00 quando são vendidas 50 unidades do produto. 29