Pesquisa e extensão no fortalecimento das demandas econômicas, sociais e culturais locais no âmbito do IFC Reitoria João Célio de Araújo José Carlos Brancher Michel Goulart da Silva Romano Roberto Valicheski (organizadores) Pesquisa e extensão no fortalecimento das demandas econômicas, sociais e culturais locais no âmbito do IFC IFC Blumenau 2014 Copyright IFC - Instituto Federal Catarinense Todos os direitos reservados Reitor: Francisco José Montório Sobral Pró-Reitor de Extensão : José Carlos Brancher Pró-Reitor de Pesquisa e Inovação : Romano Roberto Valicheski Capa: Cecom - Câmpus Videira (Maria José de Castro Bomfim) Diagramação: Cecom - Câmpus Videira (Maria José de Castro Bomfim) P474 Pesquisa e extensão no fortalecimento das demandas econômicas, sociais e culturais locais no âmbito do IFC. / João Célio de Araújo ... [et al.] (organizadores). Blumenau : IFC, 2014. 94 p. : il., color ; 21 cm ISBN 978-85-68261-01-9. Inclui bibliografias. 1. Pesquisa. 2. Ciência Estudo e ensino. 3. Ensino profissional. I. Araújo, João Célio de. II. Título. CDD 001.42 Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Deisi Martignago – CRB 14/726 Prefácio N esta publicação, encontramos estudos cujas abordagens vão desde contribuições na área das Ciências Agrárias, Humanas até Tecnológicas, as quais refletem, através de seus nove artigos, parte do conhecimento e da produção científica do Instituto Federal Catarinense, com relatos de pesquisas realizadas nos diferentes Câmpus, sinalizando a maneira como aplicamos e atendemos às demandas e aos arranjos produtivos locais. Diante disto, nota-se o estímulo do diálogo com diferentes áreas do conhecimento, ampliando-se, com esta publicação, o debate como forma de incentivo a novas produções e à atuação em novas áreas. Nesta perspectiva, encontramos, na abertura deste volume, “A pesquisa aplicada e a extensão tecnológica no apoio ao fortalecimento das demandas locais no âmbito do Instituto Federal Catarinense.” onde é destacada a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, num conjunto de ações que, devem ser legitimadas. O resultado deste trabalho se apresenta como forma de socialização desse conhecimento, ao permitir o acesso às pesquisas desenvolvidas pelos nossos servidores e discentes. Nota-se que os autores se empenharam verdadeiramente em apresentar seus estudos e socializar seus conhecimentos no universo da pesquisa no âmbito do IFC. Deste modo, é imperativo destacar que a pesquisa no IFC é, sem sombra de dúvida, uma realidade e continuará sendo fortalecida, corroborando o papel dos Institutos Federais. Quanto ao papel da Pesquisa nos Institutos Federais, cabe destacar o cumprimento da Lei nº11.892/2008 que institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica a qual preceitua, como uma das finalidades dos Institutos Federais realizar e estimular a pesquisa aplicada, dispondo também esta ação em seus objetivos, de modo a estimular o desenvolvimento de soluções técnicas e tecnológicas, estendendo seus benefícios à comunidade. Estamos, portanto, solidificando ações de pesquisa em nosso ambiente acadêmico, em sintonia com as políticas Inclusivas de Educação do MEC. A Pesquisa, articulada à Extensão e ao Ensino, possibilita avanços nos processos e nas práticas pedagógicas e permite desembocar na sociedade de uma maneira em geral, o atendimento às demandas e arranjos produtivos locais. Esta publicação não se limita, apenas, ao campo da divulgação científica, mas que articula todas as unidades do IFC revelando novos paradigmas e atuando, desta forma, na busca da excelência, promovendo novas aprendizagens, estimulando nossos servidores e discentes a desvendarem o universo da pesquisa, evidenciando o amadurecimento da Pesquisa no IFC. A todos, uma excelente leitura! Francisco José Montório Sobral Reitor do Instituto Federal Catarinense (IFC). Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico. Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Sumário A pesquisa aplicada e a extensão tecnológica no apoio ao fortalecimento das demandas locais no âmbito do Instituto Federal Catarinense 7 Diagnóstico anatomopatológico de doenças em animais de produção na região Oeste de Santa Catarina 13 Avaliação da citotoxicidade e atividade coagulante de extrato de folhas e flores de Asclepias Curassavica 23 A difusão e a realidade do conhecimento sobre plantas tóxicas nas pequenas propriedades rurais 31 Efeito das plantas de cobertura nos atributos físicos do solo, suprimento de nitrogênio e produtividade do milho 41 Propagação de aceroleira (Malpighia Spp.) por estaquia em casa de vegetação 57 Desenvolvimento de um equipamento de termoanálise para medir o grau de modificação de ligas de alumínio eutéticas fundidas 67 Contribuição para a melhoria no desenvolvimento de software em Videira e região 79 Atividades culturais no Instituto Federal Catarinense: uma contribuição para manter e cultivar os costumes e as tradições de Videira e região 87 A pesquisa aplicada e a extensão tecnológica no apoio ao fortalecimento das demandas locais no âmbito do Instituto Federal Catarinense João Célio de Araújo* José Carlos Brancher** Michel Goulart da Silva*** Romano Roberto Valicheski**** Q uando os institutos federais foram criados, por meio da Lei Nº 11892, de 29 de dezembro de 2008, uma de suas mais prementes preocupações passava pela inserção de cada campi dentro da realidade local em que estava inserido. Segundo a referida lei, que criou a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, os Institutos Federais são instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas (BRASIL, 2008). Entre outras finalidades, essas instituições visam “orientar sua oferta formativa em benefício da consolidação e fortalecimento dos arranjos produtivos, sociais e culturais locais, identificados com base no mapeamento das potencialidades de desenvolvimento socioeconômico e cultural no âmbito de atuação do Instituto Federal” (BRASIL, 2008). O Instituto Federal Catarinense (IFC) nasceu da unificação de cinco escolas agrotécnicas instaladas em Santa Catarina, nas cidades de * Diretor de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do Instituto Federal Catarinense (IFC). Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico. Doutor em Irrigação e Drenagem pela Universidade de São Paulo (USP). **Pró-Reitor de Extensão do Instituto Federal Catarinense (IFC), Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, Mestre em Extensão Rural pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). ***Técnico em Assuntos Educacionais do Instituto Federal Catarinense (IFC). Doutorando em História na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). ****Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do Instituto Federal Catarinense (IFC). Doutor em Produção Vegetal pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). V 8 V Araquari, Camboriú, Concórdia, Rio do Sul e Santa Rosa do Sul. Em sua trajetória particular, cada uma dessas escolas constituiu numerosas redes com agentes econômicos, políticos e culturais em suas respectivas cidades e regiões. Por sua vez, os novos campi do IFC, instalados em outras seis cidades, foram estruturados buscando respeitar os anseios da população que circunda nossa instituição. O conceito de arranjo produtivo local (APL) é um dos fundamentos das políticas relacionadas à expansão dos institutos federais. Entende-se pelo conceito de APL as “aglomerações de empresas localizadas em um mesmo território, que apresentam especializações produtivas e mantém algum vínculo de articulação, interação cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais”. Essa concentração geográfica de empresas e instituições “inclui fornecedores especializados, universidades, associações de classe, instituições governamentais e outras organizações que proveem educação, informação, conhecimento e/ou apoio técnico” (MATTIODA, 2011, p. 42.). Essa relação com os APL ocorre por meio da indissociabilidade entre as ações de ensino, pesquisa e extensão. Segundo a lei de criação dos institutos, cabe a essas instituições “realizar e estimular a pesquisa aplicada, a produção cultural, o empreendedorismo, o cooperativismo e o desenvolvimento científico e tecnológico” (BRASIL, 2008). Nesse sentido, além de oferecer educação profissional pública e gratuita, cabe aos institutos federais também realizar investigações acerca de problemas colocados pela realidade local e intervir sobre os mesmos. Para tanto, a lei de criação dos institutos federais mobiliza dois conceitos centrais nesse processo: o de pesquisa aplicada e o de extensão tecnológica. Entende-se como pesquisa aplicada aquela que objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos, com o objetivo de transformar em ação concreta os resultados do trabalho. Extensão tecnológica, por sua vez, se refere ao Processo educativo, cultural, social, científico e tecnológico que promove a interação entre as instituições, os segmentos sociais e o mundo do trabalho com ênfase na produção, desenvolvimento e difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos visando o V 9 V desenvolvimento sócio-econômico sustentável local e regional (CONIF, 2013, p. 16). Em outros termos, o conceito de extensão tecnológica vincula não apenas as ações de ensino e de pesquisa às demandas regionais, mas também associa as ações de extensão às demandas prementes das comunidades no entorno dos campi dos Institutos Federais. Esses elementos são enfatizados pelo documento produzido pelos pró-reitores de extensão, quando afirmam: A extensão tecnológica da Rede Federal de EPCT tem como diferencial o atendimento aos segmentos sociais e ao mundo do trabalho com ênfase na inclusão social, emancipação do cidadão, favorecendo o desenvolvimento local e regional, a difusão do conhecimento científico e tecnológico, a produção da pesquisa aplicada e a sustentabilidade sócio-econômica (CONIF, 2013, p. 20). Como resposta às necessidades colocadas pelos APL das regiões em que estão localizados seus campi, o IFC lançou, no ano de 2013, o edital de apoio a projetos que tenham como foco ações de pesquisa e extensão voltadas à realidade local. Nesse edital, cujos projetos executados deram origem aos artigos que compõem este volume, foram analisadas e aprovadas propostas que contemplavam uma diversidade de áreas do conhecimento, passando pelas Ciências Agrárias, Humanas e Tecnológicas. Na formulação dos projetos, os proponentes deveriam partir de problemas locais que poderiam necessitar da intervenção do instituto federal. Com isso, estruturando o projeto em duas grades etapas, os proponentes deveriam, em primeiro lugar, responder aos problemas propostos, produzindo novos conhecimentos por meio da pesquisa aplicada. Em um segundo momento, deveriam buscar formas de fazer o conhecimento produzido intervir sobre o meio local em que estão inseridos, por meio de diferentes ações de extensão, como prestação de serviço ou a realização de eventos. V 10 V Os problemas apresentados pelos projetos apresentavam a necessidade de intervenção, por meio da pesquisa e da extensão, nos processos de produção agrícola, de criação de animais, de desenvolvimento tecnológico e até mesmo da preservação cultural local, ente outras questões de grande importância. O presente volume, que entregamos aos leitores, proporciona um panorama da produção de conhecimento realizada no âmbito do IFC e da relação desta instituição com as comunidades em que seus campi estão inseridos. Referências BRASIL. Lei Nº 11892, de 29 de dezembro de 2008. Conselho Nacional das Instituições Federais de Educação Profissional e Tecnológica (CONIF). Extensão Tecnológica: Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Cuiabá (MT): CONIF/IFMT, 2013. MATTIODA, Eliana. APL’s de sucesso: estudo de caso de três Arranjos Produtivos Locais do Rio Grande do Sul. São Paulo: Blucher Acadêmico, 2011. V 11 V Diagnóstico anatomopatológico de doenças em animais de produção na região Oeste de Santa Catarina Caroline do Couto* Ianara Galvagni* Ricardo Evandro Mendes** Renata Assis Casagrande** Introdução A produção animal apresenta participação significativa na economia do estado de Santa Catarina. A região Oeste é a maior produtora de suínos, aves e bovinos de leite, assim como tem boa expressão na produção de bovinos de corte e pequenos ruminantes do estado. A região abriga o maior número de pequenas propriedades rurais do estado (38,3%) (IBGE, 2011). Nessa região há ainda grande destaque para o complexo agroindustrial voltado ao mercado nacional/internacional, a exemplo da BRF (Sadia e Perdigão), Seara, Tirol, Copérdia e Aurora. No entanto, a falta de conhecimento técnico-científico dos produtores rurais, bem como a deficiência do controle sanitário, possui uma tendência em diminuir a eficiência produtiva dos rebanhos, principalmente pela dificuldade na tomada de decisões em relação ao método de controle e prevenção das enfermidades (RIET-CORREA et al., 2007). O diagnóstico das doenças que ocorrem no campo é importante para diminuir a distância entre os produtores rurais e o conhecimento desenvolvido nas instituições de ensino superior. A necropsia é a principal ferramenta de diagnóstico de doenças em rebanhos produtivos (McGAVIN & ZACHARY, 2009). Também salienta-se a importância de realizar o diagnóstico de zoonoses, monitorando e impedindo o contato de pessoas com animais doentes, além das principais enfermidades que podem ser transmitidas para outros animais na mesma propriedade (SANTOS & ALESSI, 2010). *Aluno(a) graduação em Medicina Veterinária - Instituto Federal Catarinense (IFC) - Concórdia. **Professores do curso de Medicina Veterinária, Laboratório de Patologia Veterinária, IFCConcórdia. V 14 V O objetivo desse trabalho é o diagnóstico, o treinamento e a educação continuada em Patologia Veterinária das doenças que acometem os animais de produção, tanto para auxiliar os profissionais atuantes no campo nas medidas de controle e prevenção das doenças, como para os alunos de graduação em Medicina Veterinária que tem a oportunidade de conhecer a realidade de trabalho da região, assim como para os produtores rurais e toda a comunidade através da formação de profissionais mais capacitados para atender as reais necessidades da região Oeste Catarinense. Este trabalho descreve os casos diagnosticados pelo Bloco de Patologia IFC-Concórdia desde o início do seu funcionamento até setembro de 2014. Material e Métodos Durante os meses de janeiro de 2013 a setembro de 2014, realizouse o diagnóstico das enfermidades dos animais de produção encaminhados ao Bloco de Patologia Veterinária do Instituto Federal Catarinense – Campus Concórdia, onde foram realizados exame de necropsia; exame histopatológico de animais mortos que foram submetidos à necropsia; e exame histopatológico de fragmento de tecido de animais vivos colhidos através de biópsias. Todos os animais receberam um número de registro. Dos animais submetidos ao procedimento de necropsia foram colhidos fragmentos de todos os órgãos e tecidos (encéfalo, coração, pulmão, músculos, linfonodos, baço, fígado, estômago, intestinos, rins, adrenais, bexiga, órgãos reprodutores e glândulas), fixados em formalina 10% por 24 a 48 horas. Após, os órgãos foram processados rotineiramente para histopatologia, que nesse processo incluiu: o corte de todos os órgãos numa espessura de 3mm, processamento em histotécnico (passagem em diferentes concentrações de álcool para desidratação do tecido, após em xilol para impregnação da parafina), confecção dos blocos de parafina para então serem cortados numa espessura de 3µm em micrótomo e posterior fixação dos tecidos em lâmina de vidro. Na sequência, foram corados pela técnica de hematoxilina e eosina, ou quando necessário, por outras colorações especiais. Com as lâminas dos tecidos prontas, V 15 V visualizou-se em microscópio óptico, sendo registradas todas as lesões observadas. Para cada caso foi emitido um laudo final com o diagnóstico da doença que causou a morte do animal, sendo este entregue ao veterinário responsável pelo caso e ao proprietário. Nos casos em que o exame histopatológico não permitiu concluir o diagnóstico definitivo da doença, foram realizados exames adicionais com uso de técnicas mais específicas de diagnóstico como bacteriologia, sorologia, PCR, parasitológico, dentre outras. Nesses casos os materiais foram encaminhados para laboratórios e instituições de pesquisas específicas. Quando solicitado pelo veterinário ou produtor rural, foram realizadas visitas técnicas para a observação da propriedade em que ocorreu mortalidade de animais de produção, e concomitantemente, realizou-se as necropsias dos animais mortos. Em outras situações optouse por buscar os animais nas respectivas localidades e transportá-los até o Laboratório para a realização do exame necroscópico. Em todos os casos, antes da realização de qualquer procedimento, obteve-se o histórico junto ao produtor e/ou médico veterinário sobre o ambiente, alimentação, sinais clínicos, sucesso ou insucesso do tratamento dentre outras informações relevantes para o diagnóstico. Resultados e discussão Durante os meses de janeiro de 2013 a setembro de 2014 foram realizadas 641 necropsias em animais encaminhados ao Bloco de Patologia Veterinária do Instituto Federal Catarinense - Campus Concórdia. Do total de animais submetidos ao procedimento 32,76% (210/641) eram animais de produção. Desses, 52,86% (111/210) eram bovinos; 31,43% (66/210) suínos; e 15,71% (33/210) ovinos. Em 93,33% (196/210) dos casos, foi possível concluir o diagnóstico da causa da morte e em 6,67% (14/210) o diagnóstico definitivo não foi estabelecido ou estava em andamento. Os casos foram classificados de acordo com a etiologia das doenças e a espécie animal (Gráfico 1). Nos bovinos as principais causas de morte foram de origem infecciosa-bacteriana [27,03% (30/111)], seguido de distúrbios V 16 V causados por agentes físicos (DCAF - traumatismo, distocias, rupturas/ torções de órgãos, presença de corpo estranho, predação) [15,32% (17/111)] e doença metabólica [13,51% (15/111)]. Nos suínos, o percentual de animais acometidos por doença infecciosa-bacteriana foi de 45,46% (30/66), sendo esta a principal causa de morte nessa espécie, seguida de DCAF com 16,67% (11/66) e doença infecciosa-viral [13,64% (9/66)]. Nos ovinos, as causas de morte de maior ocorrência foram doenças parasitária [21,22% (7/33)] e DCAF [18,18% (6/33)]. Os resultados obtidos permitem afirmar que as causas de mortalidade em animais são diversas, mas que as de origem infecciosasbacteriana são as mais frequentes em animais de produção [30% (63/210)] seguidas de DCAF [16,19% (34/210)]. As demais causas de morte em animais de produção foram: doença metabólica [8,1% (17/210)]; aborto de causa indeterminada [7,14% (15/210)]; parasitária [7,14% (15/210)]; neoplasmas [5,23% (11/210)]; infecciosa-viral [4,29% (9/210)]; intoxicação por planta [4,29% (9/210)]; doença idiopática [3,33% (7/210)]; nutricional [2,38% (5/210)]; parasitária e metabólica [1,43% (3/210)]; parasitária e infecciosa bacteriana [0,95% (2/210)]; intoxicação por substância química [0,95% (2/210)]; causas diversas [0,95% (2/210)]; eutanásia por conveniência [0,48% (1/210)]; e infecciosa viral e bacteriana [0,48% (1/210)]. Em 4,29% (9/210) dos casos não se estabeleceu um Gráfico 1. Causas de morte em animais de produção diagnosticadas pelo Bloco de Patologia Veterinária do IFC-Concórdia no período de janeiro de 2013 a setembro de 2014. V 17 V diagnóstico definitivo e em 2,38% (5/210) os casos ainda estavam em andamento ou aguardavam resultados de exames complementares. Durante o mesmo período também se realizou 426 exames anatomopatológicos, sendo 9,86% (42/426) em animais de produção. Desses, 69,05% (29/42) eram bovinos; 23,81% (10/42) suínos; e 7,14% (3/42) ovinos. Em 80,95% (34/42) dos casos foi possível concluir o diagnóstico do material enviado e em 19,05% (8/42) o diagnóstico definitivo não foi estabelecido ou estava em andamento (Gráfico 2). Nos bovinos os diagnósticos de maior ocorrência foram de origem infecciosa-bacteriana [17,24% (5/29)], neoplasmas [17,24% (5/29)] e parasitária [17,24% (5/29)], seguidos de DCAF [13,80% (4/29)], doença metabólica [10,34% (3/29)] e aborto de causa indeterminada [3,45% (1/29)]. Nos suínos, o percentual de animais diagnosticados com doença infecciosa-viral foi de 40% (4/10), sendo este o diagnóstico de maior ocorrência nessa espécie, seguido de doença infecciosa-bacteriana 20% (2/10), doença nutricional [10% (1/10)] e doença idiopática [10% (1/10)]. Foram realizados exames anatomopatológicos em três ovinos e os diagnósticos foram doença parasitária, infecciosa-bacteriana e neoplasma [33,33% (1/3) cada]. Os resultados obtidos permitem afirmar que os achados anatomopatológicos encontrados nos materiais e amostras enviados ao Bloco de Patologia Veterinária são diversas, mas que as de origem infecciosa-bacteriana são as mais frequentes em animais de produção [19,05% (8/42)] seguidas de doenças parasitárias [14,26% (6/42)] e neoplasmas [14,26% (6/42)]. Gráfico 2. Diagnósticos anatomopatológicos em animais de produção das amostras enviadas ao Bloco de Patologia Veterinária do IFC-Concórdia no período de janeiro de 2013 a setembro de 2014. V 18 V Foram realizadas ainda visitas técnicas em propriedades rurais do município de Concórdia e região, que apresentavam mortalidade em animais de produção. Nestas visitas, foram observados os principais aspectos relacionados ao manejo dos animais, bem como conversado com o proprietário, procurando obter informações relevantes para conclusão do diagnóstico. Posteriormente, realizou-se a necropsia dos animais mortos. No município de Concórdia foram visitadas propriedades localizadas nas comunidades de Barra do Tigre, Primeiro de Setembro, Barra Fria, Cachimbo, Canavense, Costa e Silva, Gasperini, Lageado dos Pintos, Pinhal, Planalto, Rancho Grande, Rigon, Salete, Saltinho, Sede Brum, Presidente Kennedy, Distrito de Santo Antônio e Vila Fragosos. No município de Peritiba realizou-se visitas nas comunidades Caravaja, Vila Nova, Lageado Mirim e Luciano; em Alto Bela Vista nas comunidades Dois Vicente, Floresta e Schuck; em Ipira nas linhas São Luis e Filadélfia; em Piratuba nas linhas São Paulo e Uruguai; em Arabutã na comunidade de Jundiaí; em Itá na linha Adolfo Konder; em Lindóia do Sul na linha Sanga Martins; em Seara na comunidade de Caçador; em Ipumirim na linha Dois Irmãos; em Jaborá na comunidade de Castelhano; e em Irani na linha Aparecida. Esses doze municípios visitados pertenciam ao Alto Uruguai Catarinense (AMAUC) (Figura 1). Também foi realizada visita técnica no município de Capinzal (comunidade de Alto Alegre), abrangendo-se assim, treze municípios da região Oeste Catarinense. Figura 1. Mapa dos municípios pertencentes à Associação dos Municípios do Alto Uruguai Catarinense – AMAUC em que se realizou visitas técnicas e exames necroscópicos (asteriscos vermelhos). V 19 V O atendimento às propriedades rurais é importante para diminuir a distância existente entre o conhecimento técnico-científico produzido nas instituições de ensino com os produtores rurais ou proprietários de animais. A realização de necropsias e análises histopatológicas é uma importante ferramenta de diagnóstico, permitindo que medidas de controle e prevenção de doenças possam ser instituídas rapidamente, evitando a disseminação das enfermidades e maiores perdas econômicas para os produtores rurais. O serviço de extensão no diagnóstico em patologia veterinária serviu para treinamento dos estudantes, atualização dos alunos sobre as enfermidades que estão ocorrendo no campo e permitiu ainda divulgar o trabalho prestado pelo IFC-Concórdia à comunidade, auxiliando no reconhecimento do mesmo como uma instituição de ensino superior. Conclusão O trabalho possibilitou determinar que as enfermidades de maior ocorrência em animais de produção na região oeste de Santa Catarina são de origem infecciosa bacteriana ou causadas por agentes físicos. O conhecimento das doenças que acometem os rebanhos é importante para auxiliar os veterinários atuantes no campo na adoção de medidas de controle e prevenção de doenças, diminuindo os prejuízos econômicos na produção animal e aumentando a rentabilidade desse sistema. Os casos recebidos e as atividades desenvolvidas serviram como aprendizado e formação acadêmica complementar aos alunos da graduação do curso de Medicina Veterinária. Os alunos envolvidos tiveram a oportunidade de conhecer a rotina laboratorial e extensiva desenvolvida em centros de diagnóstico de doenças em animais, entender como são visualizadas as alterações patológicas e praticar os conhecimentos obtidos no curso. O trabalho contribuiu para formar profissionais mais capacitados para atender as necessidades dos produtores rurais do Oeste Catarinense. V 20 V Agradecimentos Ao Instituto Federal Catarinense por possibilitar o desenvolvimento desse projeto e pelo custeio das bolsas de pesquisa e extensão e demais recursos orçamentários. Também por todo apoio prestado ao curso de Medicina Veterinária. Às Pró-Reitoria de Extensão e de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (PROEX/PROPI) pelo incentivo à iniciação científica dos alunos de graduação. A todos os veterinários que nos enviaram os animais de produção, sendo eles: Ademar Mori, Claudinei Volpini, Diovane dos Santos Medeiros, Edgar Gheller, Eduardo Peres Neto, Fabrisio Broll, Flávio L. Hanauer Gauer, Ildo Dal Pozzo, Luciane Wicket, Marcos Loureiro, Melchior Conte, Rodrigo Pivatto, Taíza Schiavini, Tarcísio Martini e Wanderson Biscola Pereira. Referências IBGE. Pesquisa Pecuária Municipal 2003-2010, Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/ producaoagropecuaria/default.shtm>. McGAVIN, M. D; ZACHARY, J.F. Bases da patologia em veterinária. 4.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 1475p. RIET-CORREA, F.; SCHILD, A. L.; LEMOS, R. A. A.; BORGES, J. R. J. Doenças de Ruminantes e Equídeos. 3.ed. 2 v., Santa Maria: Pallotti, 2007. 694p. SANTOS, R. L.; ALESSI A. C. Patologia veterinária. São Paulo: Roca, 2010. 904p. V 21 V Avaliação da citotoxicidade e atividade coagulante de extrato de folhas e flores de Asclepias Curassavica Carla Imlau* Daiane Karen Wentz* Marina Caus Santos* Patrícia Giacomin* Jéssica Scortegagna* Letícia Ribeiro Rafagnin* Mário Lettieri Teixeira* Introdução A presença de substâncias químicas com diferentes propriedades farmacológicas e toxicológicas é uma característica de muitas plantas do grupo das Angiospermas pertencentes às famílias Asclepiadaceae, Euphorbiaceae e Moraceae, entre outras. As plantas da família Asclepiadaceae incluem mais de 2.000 espécies classificadas em 280 gêneros e estão distribuídas em todo o mundo, nas regiões tropicais e subtropicais. A maioria dos representantes da família Asclepiadaceae são ervas perenes e seu látex é usado exclusivamente como um remédio comum para a cicatrização de feridas e para parar o sangramento em cortes frescos por curandeiros tradicionais (MUEEN e RANA, 2005; MUTHU et al., 2006). A composição do látex destas plantas, comumente, é uma mistura de várias enzimas hidrolíticas, em que as proteases são as principais enzimas responsáveis pelas ações farmacológicas e toxicológicas observadas. Estudos tem demonstrado que cisteína-proteases extraídas de Calotropis gigantea e as serina-proteases de Synadenium grantii afetam a hemostasia formando coágulos de fibrina (RAJESH et al., 2006). Semelhante a outras plantas destas famílias, a Asclepias curassavica, popularmente conhecida como oficial-de-sala, também é uma boa fonte de enzimas proteolíticas, como cisteína-proteases (LIGGIERI et al., 2004). As principais atividades econômicas do Oeste Catarinense estão * Curso de Medicina Veterinária, Instituto Federal de Santa Catarina – Campus Concórdia, Concórdia/SC V 24 V estruturadas em cadeias produtivas, nas quais as agroindústrias são os atores determinantes de suas trajetórias, obedecendo a determinações que vêm do mercado e/ou da legislação do setor. Atualmente, Santa Catarina é o quinto maior produtor de leite do Brasil e o estado ainda registra um crescimento anual de 10% na produção. Até o final de 2013 os produtores catarinenses devem chegar à casa dos três bilhões de litros (TESTA et al., 2013). Desta forma, a ausência de informações sobre a presença de plantas tóxicas no local de pastoreio pode acarretar na diminuição da produção leiteira e em casos mais graves a redução do número de animais. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar, de forma preliminar, as propriedades citotóxicas dos extratos brutos de folhas (EBF) e flores (EBFL) de A. curassavica, bem como a interferência destes extratos no processo de coagulação sanguínea. Materiais e métodos Exemplares de A. curassavica foram recolhidos da mata da região, sendo realizada a identificação botânica por meio de excicata. Os extratos foram preparados à base de folhas e flores. O extrato bruto das folhas (EBF) foi preparado a partir de 200 g de folhas com 320 mL de água acidificada (pH 5,0) e foi submetido ao processo de extração por maceração no período de 3 dias. O extrato bruto das flores (EBFL) foi preparado com 50 g das mesmas e 80 mL de água acidificada (pH 5,0), e procedido da mesma forma que o extrato de folhas. A avaliação da citotoxicidade foi mensurada pela capacidade de lisar eritrócitos bovinos. A dosagem de hemoglobina livre foi realizada submetendo uma suspensão de hemácias a 2% a diferentes concentrações dos extratos de A. curassavica (1/1, ½, ¼, 1/8, 1/16, 1/32, 1/64, 1/128, 1/256, 1/512), por um período de 5 minutos de incubação em temperatura ambiente. Após esse período, foi verificada a formação de um botão no fundo de cada tubo e, logo em seguida foi feita a mensuração da fração de hemoglobina livre (Hemoglobina – Labtest, Minas Gerais, Brasil). Como controle negativo foi utilizado solução fisiológica (NaCl 0,9%) e como controle positivo solução de KCN 0,01%. Este teste foi realizado em triplicata, da mesma forma, que o teste de V 25 V dosagem de hemoglobina, o sobrenadante foi utilizado para a dosagem de lactato desidrogenase. Ao sobrenadante foi adicionado 1 mL do reagente de trabalho do kit Labtest (Minas Gerais, Brasil) e realizada a leitura da absorbância (A) de cada tubo em 340 nm durante o intervalo de 1 minuto. A concentração de lactato desidrogenase (LDH) foi calculada de acordo com a equação (LDH (U/L) = [Afinal - Ainicial/ 2] x 8095). Como controle negativo foi utilizado solução fisiológica (NaCl 0,9%) e como controle positivo sangue hemolisado de bovino a 1% sendo o teste realizado em triplicata. Para a avaliação da atividade coagulante, foi coletado 4,5 mL de sangue bovino e colocado em tubos de ensaio, contendo 100 µL dos extratos de A. curassavica e cronometrado imediatamente o tempo para a formação do coágulo. O controle negativo utilizado foi solução de citrato de sódio 22,5 mM e o controle positivo foi solução fisiológica (NaCl 0,9%), sendo realizado em triplicata. Resultados e discussão A atividade hemolítica dos extratos de A. curassavica foi determinada pela percentagem de lise de eritrócitos. De acordo com este estudo, houve lise celular a partir da concentração 1/64 do EBF e 1/32 para o EBFL (Figura 1). Figura 1. Avaliação da citotoxicidade dos extratos brutos de folhas (EBF) e de flores (EBFL) de Asclepsia curassavica em relação à percentagem de eritrócitos lisados de acordo com a quantificação de hemoglobina livre. Extrato Bruto de Folhas. Extrato Bruto de Flores. V 26 V As células tratadas com as diferentes concentrações dos extratos de A. curassavica resultaram no aumento dos níveis de liberação de LDH. Na concentração 1/64 do EBF, a concentração extracelular de LDH foi de 15,27 % e para a concentração de 1/32 do EBFL foi de 4,63%, em relação ao padrão positivo (Figura 2). Figura 2. Avaliação da citotoxicidade dos extratos brutos de folhas (EBF) e de flores (EBFL) de Asclepsia curassavica em relação à percentagem de eritrócitos lisados de acordo com a quantificação de lactato desidrogenase liberada (LDH). Extrato Bruto de Folhas. Extrato Bruto de Flores. A perda da integridade da membrana celular está intimamente relacionada com a concentração dos extratos (EBF e EBFL). O tubo controle demorou 3’40’’ para coagular, enquanto o tubo EBFL 3’07’’ e o tubo EBF 2’09’’. Em relação à atividade anticoagulante, o tubo controle levou 2’36’’ enquanto o tubo EBFL demorou 1’45’’ e o tubo EBF 1’38’’, respectivamente. Diante destes resultados, observou-se a rápida coagulação do sangue em contato com o extrato bruto da planta. O tubo EBF foi o que apresentou o maior potencial de coagulação. A análise preliminar da citotoxicidade dos extratos brutos de A.curassavica foi investigada em eritrócitos de bovinos. As células tratadas com os EBF e EBFL mostraram resultados semelhantes neste estudo, em que a extensão do dano celular foi proporcional a concentração dos respectivos extratos. Desta forma, a viabilidade celular V 27 V diminui progressivamente com o aumento da concentração dos extratos. Diferentes níveis de citotoxicidade podem ser relacionados com os parâmetros bioquímicos das células envolvidas, como a composição da membrana do plasma e a atividade metabólica, do tempo de exposição ao agente tóxico, e também o ensaio de toxicidade usado (PAPO e SHAI, 2005). Um dos indicadores de morte celular é a liberação de conteúdos intracelulares para o meio extracelular, e a quantificação da LDH no sobrenadante do meio de cultura de células, indica lesão da membrana celular e consequente morte celular (DECKER e LOHMANN-MATTHES, 1988). O ensaio de LDH indica, portanto, a perda de integridade da membrana plasmática das células tratadas. As espécies que pertencem à família Asclepiadaceae geralmente contêm enzimas proteolíticas no seu látex, o qual apresenta na sua composição uma mistura complexa de componentes, como proteínas, vitaminas, carboidratos, lipídios, terpenos, alcalóides e aminoácidos livres. A presença de certas enzimas como quitinases e proteases em vacúolos de látex sugere que estas podem ser responsáveis por mecanismos de defesa da planta, quando a célula vegetal for lisada (VIERSTRA, 1996). O látex desta planta tem sido usado na medicina popular como emético e vermífugo (TREJO et al., 2001). Sendo assim, A. curassavica, apresenta propriedades tóxicas, por possuir diversos glicosídeos, entre eles a asclepiadina que é um glicosídeo cardioativo (LI et al. 2009). Entretanto, na literatura existem poucos estudos em relação às características toxicológicas. Ainda, de acordo com vários fatores, como sazonalidade, temperatura, disponibilidade hídrica, radiação ultravioleta, adição de nutrientes, poluição atmosférica, danos mecânicos e ataque de patógenos podem interferir no teor de metabólitos secundários (GOBBO-NETO e LOPES, 2007). Conclusões Ao término desta pesquisa, constata-se que os EBF e EBFL da A. curassavica apresentam um potencial efeito citotóxico e atividade coagulante. A ingestão desta planta por animais pode oferecer riscos à saúde dos mesmos de acordo com este estudo de avaliação preliminar de V 28 V citotoxicidade. As perspectivas deste trabalho remetem à identificação e à caracterização físico-química deste(s) composto(s) presentes nas folhas e flores da planta A.curassavica. Portanto, mais estudos devem ser realizados a fim de compreender a complexidade do mecanismo de ação, bem como a relação estrutura-atividade dos compostos ativos presentes nos extratos. Estes estudos devem envolver a caracterização molecular e a interação dos compostos químicos presentes nos extratos com os receptores de membrana celular. Agradecimentos Este trabalho foi financiado pelo IFC. Referências DECKER, T.; LOHMANN-MATTHES, M.L. A quick and simple method for the quantitation of lactate dehydrogenase release in measurements of cellular cytotoxicity and tumor necrosis factor (TNF) activity. Journal of Immunological Methods, v. 115, p. 61-69, 1988. GOBBO-NETO, L.; LOPES, N. P. Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo de metabólitos secundário. Química Nova, v. 30, n. 2, p. 374381, 2007. LI, J. Z.; QING, C.; CHEN, C. X.; HAO, X. J.; LIU, H. Y. Cytotoxicity of cardenolides and cardenolide glycosides from Asclepias curassavica, Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters , v. 19, n. 7, p. 1956-1959, 2009. LIGGIERI, C.; ARRIBERE, M. C.; TREJO, S. A.; CANALS, F.; AVILES, F. X.; PRIOLO, N. S. 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A escolha da trajetória da produção de leite como estratégia de desenvolvimento do Oeste Catarinense. Epagri. Florianópolis. 120 pp, 2013. TREJO, S. A.; LÓPEZ, L. M. I.; CIMINO, C. V.; CAFFINI, N. O.; NATALUCCI, C. L. Purification and characterization of a new plant endopeptidase isolated from latex of Asclepias fruticosa. Journal of Protein Chemistry, v. 20, p. 445-453, 2001. VIERSTRA, R. D. Proteolysis in plants: mechanisms and functions. Plant Molecular Biology, 32: 275-302, 1996. V 30 V A difusão e a realidade do conhecimento sobre plantas tóxicas nas pequenas propriedades rurais Daiane Karen Wentz* Carla Imlau* Marina Caus Santos* Patrícia Giacomin* Jéssica Scortegagna* Letícia Ribeiro Rafagnin* Mário Lettieri Teixeira* Introdução A presença de substâncias químicas com diferentes propriedades farmacológicas e toxicológicas é uma característica de muitas plantas do grupo das Angiospermas pertencentes às famílias Asclepiadaceae, Euphorbiaceae e Moraceae, entre outras. As plantas da família Asclepiadaceae incluem mais de 2.000 espécies classificadas em 280 gêneros e estão distribuídas em todo o mundo, nas regiões tropicais e sub-tropical (MUTHU et al., 2006). A composição do látex destas plantas, comumente, é uma mistura de várias enzimas hidrolíticas, em que as proteases são as principais enzimas responsáveis pelas ações farmacológicas e toxicológicas observadas (RAJESH et al., 2006). Um exemplo disto é a formação de fibrina durante a coagulação do sangue e hidrólise da fibrina em fases posteriores, em que a ingestão do látex e/ou seiva desta planta pode causar um efeito toxicológico bastante severo, podendo, inclusive, levar a um quadro clínico irreversível. Desta forma, a ingestão de plantas por animais só é considerada maléfica quando o número de mortes atinge um considerado patamar, e desta forma, estudos toxicológicos são desenvolvidos para averiguar esta determinada situação (OMOLAJA e FUNMI, 2003; PATTANAIK et al., 2008). Ficina, uma protease de cisteína a partir de Ficus carica ativa o fator X do plasma humano e induz a coagulação (RICHTER et al., 2002). Recentemente, estudos tem * Curso de Medicina Veterinária, Instituto Federal de Santa Catarina – Campus Concórdia, Concórdia/SC V 32 V demonstrado que cisteína-proteases extraídas de Calotropis gigantea e as serina-proteases de Synadenium grantii afetam a hemostasia formando coágulos de fibrina (RAJESH et al., 2005; RAJESH et al., 2006). Semelhante a outras plantas destas famílias, a Asclepias curassavica (Asclepiadaceae), popularmente conhecida como oficial-de-sala, também é uma boa fonte de enzimas proteolíticas, como cisteína-proteases (LIGGIERI et al., 2004). As principais atividades econômicas do Oeste Catarinense estão estruturadas em cadeias produtivas, nas quais as agroindústrias são os atores determinantes de suas trajetórias, obedecendo à determinações que vêm do mercado e/ou da legislação do setor. Como uma atividade econômica em expansão, a bovinocultura de leite vem implementando o ciclo da seletividade dos produtores de matéria-prima. Esta seletividade se dá conforme a eficiência em relação aos custos-resultados que cada agente econômico produz. A seletividade ocorre mediante exigências, como a ampliação de volume, de qualidade biológica do leite ofertado e de adequação às normas sanitárias vigentes. A presença de agentes químicos pode ocorrer na medida que o animal tenha um contato com os mesmos. Desta forma, os produtores, tendo o conhecimento de que existem plantas tóxicas na sua propriedade, podem fazer um manejo adequado do rebanho. A bovinocultura de leite possui um diferencialchave em relação à suinocultura ou avicultura. Enquanto estas produções são feitas em galpão (confinados), sendo os grãos (milho e soja) a base para alimentação dos suínos e aves, a bovinocultura de leite alia sua exigência de galpão (estábulo para ordenha, etc) às condições de oferta de pasto para alimentação dos animais. Ou seja, na produção de leite, a princípio, ocorre uma menor dependência de grãos. Isto pode dar ao produtor que dispuser de terra uma maior autonomia no fornecimento de alimento, ou seja, menor custo na produção da matéria-prima, tendo uma vantagem em relação a custos-resultados. Atualmente, Santa Catarina é o quinto maior produtor de leite do Brasil e o estado ainda registra um crescimento anual de 10% na produção. Até o final de 2013, os produtores catarinenses devem chegar à casa dos três bilhões de litros (TESTA et al., 2013). Desta forma, a ausência de informações sobre a presença de V 33 V plantas tóxicas no local de pastoreio pode acarretar na diminuição da produção leiteira e em casos mais graves a redução do número de animais. Portanto, o objetivo deste trabalho foi verificar e disseminar o conhecimento em relação às mesmas na região de estudo. Materiais e métodos Para realizar este estudo, escolheu-se utilizar a pesquisa do tipo exploratória. De acordo com Cervo e Bervian (1996), este tipo de pesquisa é baseada na observação, registro e análise dos resultados, correlacionando os mesmos a fatos ou fenômenos sem nenhum tipo de manipulação. Desta forma, os estudos descritivos buscam descrever conjunturas a partir de dados elementares arrolados em um primeiro momento, por meio de entrevistas pessoais ou discussões em grupo, pautando e ratificando as hipóteses alçadas na demarcação do problema de pesquisa. Foi realizado um questionário fechado realizado no município de Arabutã, sendo que a amostra populacional avaliada foi uma parcela constituída por 55 das 376 propriedades que desenvolvem atividades de bovinocultura de leite e de corte na cidade. Segundo dados do setor de tesouraria da prefeitura municipal, até dezembro de 2013, a amostra foi definida segundo Gomes e colaboradores (2013) em split 80/20, erro amostral de +/- 10%, grau de confiança de 95%. Os questionários foram aplicados durante o mês de maio/2014. Foi elaborada uma cartilha com informações básicas das plantas tóxicas mais citadas como presentes ou importantes para a população em questão, e foi distribuída com o apoio da Prefeitura Municipal. A análise dos dados dos prontuários foi feita pelo software estatístico Stats D+ (versão 1.0) por análise estatística descritiva. Resultados e discussão O projeto de extensão verificou que, na população consultada, a maioria (50,91%) está há mais de 20 anos na atividade, podendo-se dizer que essa população possui muita experiência, porém devido a forma tradicional, e muitas vezes à dificuldade em conseguir conhecimentos novos, podem ocorrer enganos ou equívocos em relação a quais plantas V 34 V são as mais tóxicas. Contudo, a maioria deles aprendeu a discernir plantas tóxicas de outras com o dia-a-dia, observando seus animais, o que comprova que a população conhece os riscos que as plantas tóxicas representam. Além disso, a composição do tamanho das propriedades dáse principalmente por propriedades de 10 a 20 hectares (Tabela 1). Tabela 1. Perfil dos produtores rurais pesquisados em relação aos anos de atividade agrícola e tamanho da propriedade rural. A bovinocultura leiteira mostrou-se uma importante atividade econômica para os munícipes, sendo a principal fonte de renda para 25,46% das propriedades consultadas e uma atividade secundária de suma importância para 69,09% dos agricultores, seguida da suinocultura em 10,91% das propriedades do município, como atividade secundária. A bovinocultura de corte é uma atividade que se mostrou de pouca extensão no município, sendo a mais importante em 7,27% das propriedades, e uma atividade secundária em 3,64% delas (Tabela 2). Tabela 2. Perfil dos produtores rurais pesquisados em relação à atividade principal e secundária da propriedade rural. V 35 V Em relação a situação atual de conhecimento, 52,73% dos bovinocultores declararam não receber informações sobre as plantas tóxicas, e os 42,27% que recebem afirmam que o médico veterinário é responsável, em 53,85% dos casos, por levar o conhecimento sobre as plantas tóxicas aos produtores. Em contrapartida, boletins informativos são pouco usados, e para tanto foi criada uma cartilha educativa com informações básicas sobre as plantas tóxicas mais citadas e mais frequentes nas propriedades do município. A criação de uma cartilha impressa é importante pois é uma forma de chegar rapidamente a muitas propriedades, além de ser um método muito usado e consagrado para outros fins, como qualidade de produtos, e informações sobre manejos em outros sistemas de criação, como por exemplo, de suínos ou aves (Tabela 3). Tabela 3. Perfil dos produtores rurais pesquisados em relação ao recebimento de informações e instruções sobre plantas tóxicas. Em relação às plantas mais encontradas na região, e mais citadas pelos produtores, pode-se destacar a Samambaia (Pteridium aquilinum), apontada como tóxica por 26,18% dos bovinocultores, e presente em 32,52% das propriedades. A ingestão da planta pode ter efeito agudo, que, mesmo raro, causa edema de garganta, hemorragias cutâneas e de cavidade naturais, pelo arrepiado, depressão, além de mucosas pálidas e com petéquias. Porém, a forma de manifestação mais comum é a crônica, causando anemia, hematúria enzoótica, carcinoma de células escamosas(esôfago, faringe e rúmen), timpanismo e emagrecimento progressivo. No caso da mamona (Ricinus comunis), apontada como tóxica V 36 V e presente nas propriedades por 11,52% e 14,63% respectivamente, a importância biológica dá-se pela ingestão de folhas e sementes, principalmente, que causam no bovino um andar desequilibrado, com tremores musculares, e dificuldade de caminhar longas distâncias, fazendo com que procure ficar deitado. Ocorre também eructação excessiva (arroto) acompanhada por sialorreia (baba). Na intoxicação por sementes o animal demonstra fraqueza, apatia e diarreia sanguinolenta, além de insuficiência respiratória. Outra planta muito citada foi a Oficial-de-sala (Asclepias curassavica), que 14,66% consideram tóxica, e 19,51% declararam que está presente em suas propriedades. A planta possui glicosídeos digitálicos e um látex tóxico, que é, porém, um elemento que prejudica altamente a palatabilidade, fazendo com que não haja relatos na região sobre intoxicações espontâneas decorridas devido a ingestão da planta, sendo possível concluir que a planta, apesar de conter quimicamente moléculas e substâncias capazes de intoxicar o animal, não possui representatividade clínica prática, sendo importante que os produtores a conheçam por conter substâncias tóxicas, mas que sejam mais atentos a plantas que possuem casuística reconhecida e confirmada, como é o caso da Samambaia (Pteridium aquilinum), do Timbó (Ateleia glazioviana), da Maria-mole (Senecio brasiliensis) e do Carrapicho (Xanthium strumarium). Em relação à Maria-mole (Senecio brasiliensis), 12,57% dos produtores relataram que a conhecem e 16,26% dos entrevistados declaram que ela está presente na propriedade. A planta possui ação hepatotóxica por alcalóides pirrolizidícos, que inibem a síntese de ureia e a eventual intoxicação pro amônia no Sistema Nervoso Central, causando também paralisação do rúmen, sangue nas fezes e frequência cardio-respiratória aumentada. O Carrapicho (Xanthium strumarium) é conhecida como tóxica por 11,52% e está presente em 14,63% das propriedades. Possui ação hepatotóxica e um glicosideo triterpenoide que causa necrose hepática e sinais clínicos e morte associadas à insuficiência hepática aguda, alterações digestivas, dor abdominal, tremor muscular. Timbó (Ateleia glazioviana) foi citada como tóxica por 10,47% dos entrevistados. A ingestão dessa planta causa apatia, letargia e V 37 V cegueira, “morte súbita” e insuficiência cardíaca, tremores, respiração ofegante, falha reprodutiva, abortos e nascimento de bezerros fracos que geralmente morrem após algumas horas. As mortes concentram-se nos meses de junho e julho, diminuindo a partir do mês de agosto. Erva-de-rato ou café-bravo (Palicourea marcgravii) foi reconhecida como tóxica por 3,66% dos entrevistados, e segundo eles, ausente nas propriedades, isso porque a região não possui uma disseminação do crescimento da planta. Outra planta que segundo os proprietários não é encontrada na região é o Pessegueiro-bravo (Prunus shaerocarpa), citado como tóxico por 9,42% dos bovinocultores questionados. Com relação aos casos confirmados por médico veterinário, apenas 23,64% dos bovinocultores citaram que houve alguma intoxicação na propriedade do período de janeiro de 2013 a abril de 2014. Esse número é considerado baixo, mas vale ressaltar que, muitas vezes, as informações dadas para evitar intoxicações ocorrem, geralmente, durante atendimentos de animais com quadros clínicos suspeitos de intoxicações, o que diminui muito a confiabilidade destes dados, levando em consideração que em muitos casos de intoxicações o diagnóstico é inconclusivo, e nem todos os proprietários buscam profissionais que possam realizar o diagnóstico após a morte do animal. Conclusão De acordo com os resultados encontrados, pode-se dizer que os bovinocultores conhecem a maioria das plantas tóxicas da região, e que a casuística é baixa. Porém, seria necessário que essas plantas fossem erradicadas das propriedades, fator que foi disseminado juntamente a cartilha com informações básicas sobre as plantas tóxicas mais citadas da região. As principais formas de eliminação divulgadas foram desenraizamento, roçada e o manejo de pastagens, já que a ingestão de plantas tóxicas dá-se principalmente pela escassez de alimento. V 38 V Agradecimentos Este trabalho foi financiado pelo IFC. Referências CERVO, A. L.; Bervian, P. A. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Makron Books. 1996. GOMES, I. M.; COSTA, V. S.; WAKABAYASHI, A. M.; FOSCARINI, R. D.; SABIONI, A. A.; ROSA, C. A. Como elaborar uma pesquisa de mercado. Belo Horizonte: SEBRAE MINAS, 2013. LIGGIERI, C.; ARRIBERE, M. C.; TREJO, S. A.; CANALS, F.; AVILES, F. X.; PRIOLO, N. S. Purification and biochemical characterization of asclepain c I from the latex of Asclepias curassavica. Protein Journal, v. 23, p. 403411, 2004. MUTHU, C.; AYYANAR, M.; RAJA, N. Medicinal plants used by traditional healers in Kancheepuram District of Tamil Nadu, India. journal of ethnobiology and ethnomedice, v, 2, p. 43-48, 2006. OMOLAJA, O.; FUNMI, O. 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Pesquisas relatam que a compactação corresponde a 82% do total de solos fisicamente degradados no mundo, o que corresponde a 68,3 milhões de hectares. A diminuição das operações agrícolas não é condição suficiente para evitar a compactação, a menos que seja suplementada com rotação de culturas e com uso de plantas que produzam grande quantidade de massa para promover a cobertura do solo e que possuam sistema radicular profundo (CARDOSO et al., 2003). Para Alvarenga et al. (1996) as raízes podem estar envolvidas, direta ou indiretamente, na estabilização do solo, pois o emaranhado que elas formam aproxima e protege os agregados do solo, em especial os macroagregados e, indiretamente, devido à exudação pelas raízes e decomposição das mesmas, fornecendo materiais orgânicos estabilizantes e deposições de carbono abaixo da superfície do solo. Algumas espécies produzem enorme quantidade de raízes, como as gramíneas, que possuem sistema radicular abundante e, embora não possuam raízes muito desenvolvidas, ocorrem em grande quantidade (JIMENEZ, et al. 2008). Além do processo mecânico de descompactação * Docente, IFC Campus Rio do Sul. ** Discente, IFC Campus Rio do Sul. V 42 V do solo, com escarificadores e subsoladores, a utilização de espécies de plantas de cobertura, sobretudo com a utilização da rotação de culturas em espécies com sistema radicular bastante agressivo e profundo, faz-se necessário, pois além da proteção da superfície do solo com a presença de resíduos vegetais, as raízes dessas espécies vão se decompor, deixando canais que proporcionarão o aumento do movimento de água e a difusão de gases (MÜLLER et al., 2001; JIMENEZ, et al. 2008). A utilização de plantas de cobertura é uma prática que proporciona melhoria nas condições químicas, físicas e biológicas do solo. Seus diversos efeitos têm sido constatados na proteção do solo, mediante a redução das perdas por erosão, o que proporciona ganho de matéria orgânica, aumento da CTC, amenizando também os problemas de compactação e trazendo os nutrientes mais profundos para a superfície (ALCÂNTARA et al., 2000). A introdução das espécies de cobertura do solo pode representar melhorias nas condições de fertilidade e estrutura do solo, além da recuperação da bioestrutura e auxiliando na adubação nitrogenada (leguminosas) e na produção de matéria orgânica (gramíneas). As espécies utilizadas devem repor ao solo as quantidades de nutrientes que as plantas dele retiram, além dos perdidos pelas colheitas. Essa prática evita que o solo se esgote ou se torne deficiente (VASCONCELLOS et al., 2002). As espécies escolhidas para o sistema devem ser selecionadas pelo potencial de produção de fitomassa, pela capacidade de incorporar ou reciclar nutrientes ao solo, pela velocidade e uniformidade do desenvolvimento vegetativo e pela facilidade de manejo. Existem também algumas plantas com função de “descompactar” o solo, isto é, elas podem proporcionar um rompimento mais uniforme da camada compacta, além de contribuírem na melhoria do estado de agregação do solo (JIMENEZ et al., 2008; CONTE et al., 2008). Essas plantas, além de fazerem parte da diversificação de um agroecossistema, podem ser excelentes adubos, pois além de protegerem o solo, podem ser a ele incorporados, servindo como matéria orgânica. Quando são usadas plantas leguminosas, sua associação com bactérias do gênero Rhizobium proporcionam a fixação de nitrogênio do ar no solo, V 43 V reduzindo o consumo de adubo sintético nitrogenado (PEDROSO, 2005). O aumento da disponibilidade de N para a primeira cultura cultivada em sucessão às leguminosas pode ser de efeito imediato, podendo fixar cerca de 50 a 200 kg ha-1 (AMADO et al., 2002). Assim, normalmente é a produção de matéria seca que determinará o total de N a ser fixado ao solo pelas leguminosas, podendo permanecer no solo por médio e longo prazo, reduzindo dessa forma a necessidade de outras fontes de N para maximizar o rendimento de culturas utilizadas na rotação (AMADO et al., 2002). Nesse sentido, o conhecimento do efeito de diferentes plantas de cobertura sobre a compactação, dinâmica dos nutrientes e produtividade das culturas pode auxiliar na escolha de critérios de uso e manejo do solo a serem adotados por agricultores da região do Alto Vale do Itajaí-SC e, consequentemente, promover a preservação de sua qualidade. Material e métodos O experimento foi conduzido no Instituto Federal Catarinense - Câmpus Rio do Sul – SC, em uma área agricultável localizada aproximadamente a 5 km da Sede do Câmpus. O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso com parcelas subdivididas com quatro repetições. Como plantas hibernais foram utilizadas ervilhaca (Vicia sativa), tremoço-branco (Lupinus albus), aveia-preta (Avena strigosa) e azévem (Lolium multiflorum). Além disso, uma área foi mantida sem plantas de cobertura, representando o tratamento testemunha. Cada parcela teve dimensões de 6m x 16m, perfazendo área útil total de 96m2. As subparcelas tiveram dimensões de 4m x 6m (24m2), nas quais foram aplicadas as doses de nitrogênio (0, 100, 200 e 300 kg ha-1) para o milho. A semeadura das espécies de adubos verde foi realizada manualmente a lanço, realizando uma gradagem leve na superfície do solo para cobrir as sementes. A quantidade de sementes distribuídas para a implantação das culturas hibernais foi de 65 kg ha-1 para a aveia preta, 25 kg ha-1 para o azevém, 60 kg ha-1 para o tremoço branco e 40 kg ha-1 para a cultura da ervilhaca. No momento da semeadura também foram removidos todos os restos de culturas presentes na área, bem como V 44 V a vegetação viva existente na superfície do solo das parcelas tidas como testemunha. Quando as plantas de cobertura atingiram a plena floração, foram dessecadas para viabilizar a semeadura do milho. A semeadura do milho foi realizada em 8 linhas, espaçadas de 0,80m por parcela, procurando-se estabelecer uma população final de 60.000 planta ha-1 (aproximadamente 5 plantas/m). Para a adubação de base foi utilizado o fertilizante mineral formulado 07-28-14, sendo a quantidade distribuída, calculada de acordo com os resultados obtidos na análise química do solo. As variáveis físicas foram analisadas em duas etapas. A primeira análise foi feita antes da semeadura das plantas hibernais para levantar dados a respeito dos atributos físicos e químicos iniciais do solo, e a segunda, feita após plena floração das gramíneas e leguminosas utilizadas como cobertura do solo. Foram coletadas amostras deformadas e indeformadas de solo nas camadas de 0,00 a 0,07m; 0,07 a 0,14m e 0,14 a 0,21m. Para a determinação da densidade do solo foi utilizada a metodologia do anel volumétrico, de acordo com os procedimentos descritos em EMBRAPA (1997). A densidade de partículas foi determinada medindo-se o volume ocupado por 20g de terra fina seca em estufa (TFSE), com o emprego de álcool etílico e balão volumétrico aferido de 50 mL. A partir dos dados de densidade do solo e densidade de partículas foi determinada a porosidade total do solo. A microporosidade foi obtida pelo método da mesa de tensão, com amostras saturadas, aplicando-se uma tensão de 60 cm de altura de coluna de água, a qual retira a água dos macroporos (poros com Ø > 0,05 mm). Após as amostras atingirem o equilíbrio, estas foram levadas à estufa a 105ºC, e pesadas novamente após secagem. A macroporosidade, por sua vez, foi obtida com a seguinte equação: Macroporosidade = Porosidade Total – Microporosidade A resistência mecânica do solo à penetração (RP) foi determinada com auxílio de um penetrômetro de haste metálica, marca FALKER, modelo Penetrolog 1020. Este equipamento permite registrar valores V 45 V de resistência mecânica à penetração com intervalos de 0,01 m. Os dados obtidos foram expressos em MPa, considerando críticos para o desenvolvimento das raízes valores superiores a 2,00 MPa. A condutividade hidráulica (Ks) em solo saturado foi determinada pelo método do permeâmetro de carga constante. Para a análise granulométrica, realizou-se a dispersão química do solo com NaOH 1M, associada à agitação mecânica com agitador horizontal, durante 12 horas. Após a agitação, a suspensão foi passada em peneira de 53µm, a qual retém a areia e deixa passar a suspensão de silte e argila para uma proveta de 1L. A areia, depois de transferida para uma placa de petri e seca em estufa (105-110ºC), foi determinada usando-se uma balança de precisão. A argila foi determinada pelo método da pipeta, coletando-se uma alíquota de 50 mL durante o processo de sedimentação da suspensão coletada na proveta. O silte foi determinado pela diferença das outras frações em relação à amostra original. As variáveis analisadas nas plantas de cobertura do solo ocorreram no período de máximo desenvolvimento vegetativos das espécies, ou seja, no florescimento das plantas. Em cada parcela experimental foi lançado ao acaso um quadrado de madeira (com 1m2 de área interna), cortandose junto ao solo todas as plantas inseridas nesta área. A quantidade da fitomassa produzida na área coletada foi quantificada com o uso de uma balança de precisão, sendo a fitomassa produzida estimada então para um hectare. Após a quantificação da fitomassa, o material coletado foi acondicionado em sacos de papel devidamente identificados, sendo então submetidos a secagem em estufa a uma temperatura de 65-70ºC com circulação forçada de ar até atingir peso constante, quantificando-se então, a matéria seca, sendo estimada, respectivamente, para um hectare. Após a determinação da quantidade de massa seca produzida pela parte aérea, o material vegetal coletado foi triturado em moinho tipo Wiley, provido de facas e peneiras de aço inoxidável. O material triturado foi acondicionado em recipientes plásticos até o momento da análise. O procedimento analítico e a metodologia seguida para digestão sulfúrica do tecido vegetal, bem como a determinação dos teores de nitrogênio, é o descrito por Tedesco (1997). Após determinação do teor de N na fitomassa V 46 V das diferentes espécies de adubos verde, com base na quantidade de massa seca produzida por cada espécie, foi determinada a quantidade de nitrogênio existente em um hectare de lavoura. Para determinação do teor de nitrogênio no milho, foi coletada a folha inteira oposta e abaixo da primeira espiga (superior), excluída a nervura central. A coleta foi efetuada logo após o aparecimento da inflorescência feminina (embonecamento), uma vez que é nesta fase que as plantas requerem maior quantidade de nitrogênio. Após a coleta das folhas estas foram lavadas por meio de imersão rápida em água destilada para retirar a poeira, e em seguida submetidas a secagem em estufa a 60 °C até obtenção de peso constante. A produtividade do milho foi determinada em 4 linhas centrais de cada tratamento, sendo colhidos 2m de cada linha, totalizando 8 m lineares por tratamento. A debulha das espigas foi feita utilizando-se um debulhador manual. A massa de sementes obtida em cada tratamento foi quantificada após padronização da umidade a 13%, sendo estimada para um hectare. Resultados e Discussão De acordo com análises físico-químicas anteriores ao início do experimento, o solo da área experimental pode ser classificado como de média fertilidade. A classe textural foi classificada como franca, uma vez que este solo apresenta aproximadamente 30% de areia, 44% de silte e 26% de argila, sem variações significativas entre as camadas avaliadas. Os demais atributos físicos do solo antes na implantação do experimento para as camadas de 0,0-0,07m, 0,07-0,14m e 0,14-0,21m são apresentados na Tabela 1. Observa-se que para a densidade do solo, há um pequeno incremento no valor deste atributo nas camadas mais profundas (0,07-0,14m e 0,14-0,21m) quando comparado com a camada superficial. Este fato pode estar relacionado ao manejo do solo nesta área agrícola, na qual adotava-se o cultivo mínimo, sendo a cada dois anos efetuada uma subsolagem até 0,25m de profundidade, seguido de uma gradagem até aproximadamente 0,10m de profundidade, com revolvimento superficial do solo e manutenção de áreas adensadas em subsuperfície. V 47 V PT – Porosidade Total; Mac – Macroporosidade; Mic – Microporosidade; Ds – Densidade do solo; Ks – Condutividade hidráulica em solo saturado e; RPcc – Resistência mecânica à penetração na capacidade de campo. Tabela 1. Caracterização física do solo nas parcelas experimentais antes da implantação do experimento. Os maiores valores de densidade do solo em camadas mais profundas estão refletidos em maiores valores de resistência mecânica à penetração (RP) nas mesmas camadas, embora ainda não se caracterizavam como restritivos ao desenvolvimento radicular das plantas. Além disso, a densidade do solo também está associada aos valores de macroporosidade, microporosidade e da porosidade total. A condutividade hidráulica do solo saturado encontrava-se com valores próximos a 100 mm h-1 na superfície, enquanto que na camada intermediárias estes valores apresentavam uma redução de aproximadamente 50%. Esse comportamento em relação este atributo físico pode representar problemas com a drenagem de água na lavoura. Na Tabela 2 são apresentados os valores de alguns atributos físicos do solo, para as camadas de 0,0-0,07m, 0,07-0,14m e 0,14-0,21m, após dois anos de condução do experimento. V 48 V ( 3 Tabela 2. Porosidade total (PT), Macroporosidade (MAC), Microporosidade (MIC) e Densidade (Ds) do solo em três camadas sob distintas plantas de cobertura. Nota-se que, de modo geral, os valores da porosidade total não foram significativamente afetados pelas plantas de cobertura em nenhuma das camadas avaliadas, embora seus valores absolutos tenham sido ligeiramente inferiores aos valores no início do experimento. Klein (2014) cita que de modo geral os solos apresentam porosidade total próxima aos 50%, corroborando os valores encontrados para este solo. Em relação ao diâmetro dos poros no solo percebe-se que em relação à área original houve um aumento dos macroporos e uma diminuição dos microporos. Não se percebeu, no entanto, diferenças na porosidade em função das plantas de cobertura utilizadas. Bertol et al. (2000) mostram que os sistemas de manejo afetam menos a porosidade total em comparação com a macro e microporosidade, uma vez que a PT depende do efeito combinado das duas. Assim, citam os autores, que é mais importante estudar o comportamento relativo da macro e microporosidade com a porosidade total do solo. Assim como para a porosidade, a densidade do solo também não foi significativamente afetada pelas plantas de cobertura do solo. Mesmo assim, percebeu-se um aumento na densidade do solo atual em V 49 V comparação com o início do experimento. Vários autores citam que um dos principais atributos físicos afetados pelo sistema de plantio direto é a densidade do solo. Costa et al. (2003) afirmam que os efeitos do manejo do solo sobre os seus atributos dependem dos sistemas de culturas utilizados, da umidade do solo no momento em que as operações agrícolas são realizadas e também são dependentes do tempo de uso dos diferentes sistemas. Neste sentido, percebe-se que apenas dois anos de cultivo com plantas de cobertura do solo não foram suficientes para alterações substanciais nas propriedades físicas do solo. O efeito das plantas de cobertura nas características químicas, físicas e biológicas do solo e produtividade das culturas depende do adequando aporte de fitomassa ao solo, em quantidade, qualidade e frequência (Agroconsult, 2008). Nesse sentido, a quantidade de fitomassa seca e verde produzida pelas plantas hibernais de cobertura do solo foi bastante distinta (Figura 1). As gramíneas avaliadas, aveia e azevém, produziram em torno de 20 Mg ha-1 de massa verde na parte aérea, evidenciando crescimento bastante similar. As leguminosas, por sua vez, apresentaram comportamento distinto entre si. Enquanto a ervilhaca produziu na parte aera apenas 10 Mg ha-1, o tremoço produziu aproximadamente 30 Mg ha-1. Nota-se que a quantidade foi de aproximadamente 200% a mais que a ervilhaca. Esses dados são bastante similares aos encontrados por Dahlem et al. (2014) para a região Sudoeste do Paraná. Em relação à fitomassa seca, no entanto, os valores foram diferentes. O azevém apresentou maior produção de fitomassa seca enquanto que a ervilhaca apresentou menor produção. A menor produção de fitomassa por parte da ervilhaca se deve ao seu maior ciclo. Como as plantas foram semeadas e avaliadas nas mesmas datas, provavelmente esta planta teria um potencial maior de produção de fitomassa. A maior produção de fitomassa seca por parte das gramíneas se deve à menor quantidade de água presente nos tecidos vegetais em comparação com as leguminosas. O percentual de MS nas espécies foi de 44, 35, 25 e 18%, respectivamente, para azevém, aveia, ervilhaca e tremoço. V 50 V Figura 1. Produção de fitomassa seca e verde pela parte aérea das plantas hibernais de cobertura do solo. Outro importante aspecto das plantas de cobertura e que está relacionado à melhoria das características químicas, físicas e produtividade das culturas, além da produção de fitomassa, é a quantidade de nitrogênio fixado pelas plantas. O milho é uma das espécies comerciais mais exigentes em fertilizantes, mormente os nitrogenados, que apresentam forte influência na produtividade da cultura. O uso exclusivo de fertilizantes químicos representa custos adicionais, que podem ser diminuídos com o uso de plantas fixadoras de nitrogênio, como as leguminosas. O teor de nitrogênio (Figura 2) presente nos tecidos vegetais das plantas de cobertura avaliadas foi bastante distinto. Enquanto que as gramíneas apresentaram entre 1 e 1,5% de sua fitomassa seca sendo representada por N, para as leguminosas este percentual foi de 2,53,0%, evidenciando a sua eficiência na fixação biológica de nitrogênio atmosférico. Em função da quantidade de N nos tecidos vegetais e produção total de fitomassa seca, as plantas de cobertura utilizadas no estudo fixaram 66, 84, 95 e 170 kg de N por hectare, respectivamente para ervilhaca, aveia, azevém e tremoço. Percebe-se que a quantidade total de N fixado é muito dependente da quantidade de fitomassa produzida. A fitomassa produzida apresenta grande variação nos anos, o que pode resultar em quantidades diferentes de N fixado ao solo. Mesmo assim, os resultados V 51 V encontrados neste estudo são similares aos encontrados por Dahlem et al. (2014). Nesse sentido, de acordo com o citado por Amado et al. (2002) a utilização de plantas de cobertura antecedendo a cultura do milho pode resultar no aumento da produtividade devido a disponibilização de N para a cultura e contribuir para a redução da necessidade de aplicação de fertilizantes minerais nitrogenados. Figura 2. Teor de nitrogênio no tecido vegetal das plantas hibernais de cobertura do solo. A produtividade do milho (Tabela 3) foi afetada tanto pelas culturas de cobertura que antecederam o milho como pelas doses de fertilizante mineral nitrogenado aplicado. Quando desconsiderada a dose de fertilizante aplicado percebe-se que o milho apresentou maior produtividade quando antecedido por ervilhaca. Para as demais plantas de cobertura não se percebeu diferenças significativas entre as plantas hibernais de cobertura. V 52 V Tabela 3. Produtividade de milho (kg ha-1) sob distintas plantas hibernais de cobertura do solo e doses de fertilizante nitrogenado aplicado. Quando avaliado o efeito sinérgico das plantas de cobertura e das doses de fertilizante mineral nitrogenado aplicado, nota-se que para o ano agrícola de 2013-2014 a maior produtividade de milho ocorreu quando se utilizou ervilhaca e adição de 200 kg ha-1 de nitrogênio. Conclusão Para as condições ambientais da região do Alto Vale do Itajaí e para os tratamentos avaliados, pode-se concluir que, em solo sob SPD com alto teor de silte: Ő ĬŐÁ¯ÒŐ¼ÁÒŐŐܵׯåÁŐÁ»Ő̵¼×ÒŐ­¯Î¼¯ÒŐŐÁÎ×ÜÎŐÁŐÒÁµÁŐ não são suficientes para alterar de modo significativo os atributos físicos do solo, com exceção da densidade do solo. Ő ĬŐ žŐ ÍÜ¼×¯Ő Ő ¼¯×ÎÁ© ¼¯ÁŐ ¯ÒÌÁ¼¯¯µ¯ñÁŐ ÌµÒŐ Üµ×ÜÎÒŐ hibernais depende da fitomassa produzida e do tipo de cultura utilizada. Ő ĬŐžŐÜׯµ¯ñÁŐŐ̵¼×ÒŐ­¯Î¼¯ÒŐŐÁÎ×ÜÎŐÁŐÒÁµÁŐ¯»¯¼Ü»Ő a necessidade de aplicação de fertilizantes nitrogenados no milho. Agradecimentos Os autores agradecem ao apoio recebido da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação e da Pró-Reitoria de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense pela concessão de bolsas de iniciação científicas referentes ao Edital 195/2013. V 53 V Referências AGROCONSULT. Estado da arte e divulgação do plantio direto em 2008: rally da safra 2008. Florianópolis, 2008. 39 p. Relatório de projeto. Disponível em: <www.rallydasafra.com.br>. Acesso em: 05 ago. 2014. ALCÂNTARA, F. A.; NETO, A. E. F.; PAULA, M. B.; MESQUITA, H. A.; MUNIZ, J. A. Adubação verde na recuperação da fertilidade de um Latossolo vermelho-escuro degradado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.35, n.2, fev. 2000. ALVARENGA, R. C.; COSTA, L. M, MOURA FILHO, W.; REGAZZI, A. J. Crescimento de raízes de leguminosas em camadas de solo compactadas artificialmente. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v.20, p.319326, 1996. AMADO, T. J. C; MIELNICZUK, J.; AITA, C. Recomendação de adubação nitrogenada para o milho no RS e SC adaptada ao uso de culturas de cobertura do solo, sob sistema plantio direto. Revista Brasileira Ciência Solo, v.26, n.1, p.241-248, 2002. BERTOL, I.; SCHICK, J.; MASSARIOL, J. M.; dos REIS, E. F.; DILY, L. Propriedades físicas de um cambissolo húmico álico afetadas pelo manejo do solo. Cienc. Rural, vol.30, n.1, Santa Maria, Jan./Mar. 2000. CARDOSO, E. 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Esta espécie teve despertado o interesse pelo elevado teor de ácido ascórbico (vitamina C) em seu fruto, em torno de 1.500 a 4.600 mg por 100 g de polpa, sendo uma fruta altamente requisitada no mercado mundial para o preparo de sucos, no consumo in natura e na a fabricação de geleias, vinhos e licores caseiros (PIO, 2003). De acordo com CASTRO & KLUGE (2003), a aceroleira suporta diversos tipos de propagação existentes, seja por intermédio de sementes, estaquia, enxertia, alporquia e mergulhia. No Brasil, RITZINGER et al. (2003) reportam que a expressiva maioria dos plantios comerciais de acerola foi estabelecida, de forma generalizada, com base em mudas obtidas de sementes, havendo, em decorrência disto, uma grande desuniformidade entre plantas, com reflexos negativos na produtividade e qualidade de frutos. Desse modo, o emprego da propagação vegetativa deve ser preferido, pois permite a multiplicação (clonagem) de indivíduos com características agronômicas superiores, permitindo uma maior renda ao produtor. Em escala comercial, o método de propagação que tende a ser o mais utilizado é a estaquia, pois tem proporcionado maior precocidade na produção e garantia na manutenção das características genéticas da planta matriz. De acordo com FIGUEIREDO et al. (1995), as auxinas estimulam *Instituto Federal Catarinense/Agronomia/Campus Santa Rosa do Sul, Estudantes de Graduação **Professores Orientadores, IFC/Agronomia/Campus Santa Rosa do Sul. V 58 V a divisão celular, modificações da parede celular e a atividade enzimática. Segundo FACHINELLO et al. (1995), uma das formas mais comuns de favorecer o balanço hormonal para o enraizamento é a aplicação exógena de auxinas, como o ácido indolbutírico (AIB) e o ácido naftalenoacético (ANA). Segundo RITZINGER e GRAZZIOTTI (2005), a base das estacas pode ser tratada com reguladores de crescimento como o ácido indolbutírico (AIB), visando acelerar a emissão de raízes, sendo os melhores resultados obtidos em concentrações de 2.000 a 2.800 mg L-1. Já para LOPES et al. (2003), os melhores resultados de enraizamento de estacas de aceroleiras foram obtidos com a aplicação de AIB nas concentrações e 1.500 e 2.000 mg L-1. Outra possibilidade que pode viabilizar e incrementar o enraizamento de estacas é a prática do estiolamento dos ramos. Para FACHINELLO et al. (1995), esta prática poderá proporcionar o aumento da concentração de co-fatores de enraizamento e estimular o enraizamento de estacas. Conquanto, testaremos neste experimento também ranhuras na base da estaca como forma de estimular os fitormônios de enraizamento. O presente trabalho teve por objetivos estudar a propagação vegetativa de aceroleira em casa de vegetação visando incrementar o índice de sobrevivência de mudas. Metodologia O experimento foi conduzido em casa de vegetação do IFC Campus Santa Rosa do Sul, localizado na comunidade de Vila Nova, no município de Santa Rosa do Sul/SC, contendo sistema de nebulização intermitente. O delineamento experimental adotado foi completamente casualizado, com 40 repetições para cada tratamento. A estaquia foi realizada em novembro de 2013 e, de acordo com LIMA et al. (2006), os ramos coletados apresentavam entre 10 e 12 cm de comprimento, sendo retirados da porção mediana dos mesmos, de plantas com seis anos de idade. Estes foram cortados em bisel, tanto na base das estacas, logo abaixo de um nó, como no ápice, logo acima de um nó. Os tratamentos foram assim distribuídos: T1 - Testemunha (estacas V 59 V com um par de folhas); T2 - Pré-estiolamento de ramos, com a presença de um par de folhas nas estacas; T3 - Pré-estiolamento de ramos, com ausência de folhas nas estacas + AIB 2.000 mg L-1; T4 - Pré-estiolamento ramos, com estacas sem folhas + AIB + ranhuras na base; T5 - Ranhuras na base das estacas, com presença de um par de folhas; e T6 - Ranhuras na base das estacas com presença de um par de folhas + AIB 2.000 mg L-1. Foram coletados dados experimentais relativos ao número de brotações, altura do ramo principal de crescimento, a quantidade final de estacas enraizadas, bem como o peso de raízes e parte aérea, em massa seca e úmida. O substrato utilizado foi composto de 33% de argila, 33% de casca de arroz carbonizada e 33% de areia grossa. O manejo da correção do substrato e da adubação do mesmo foi realizado com o uso de calcário dolomítico e adubos minerais contendo os elementos N, P e K. Foram utilizados sacos de polietileno, com altura de 15,0cm e com capacidade de 1,2 litros, preenchidos integralmente com o referido substrato. Nos tratamentos com ácido indolbutírico (AIB), foi realizada a imersão de 3,0cm da base das estacas nesta solução a 2.000 mg L-1, durante dez segundos, sendo imediatamente plantadas, de acordo com BORDIN et al. (2003) e LOPES et al. (2003). O estiolamento de ramos foi realizado no pomar de aceroleiras do Campus Santa Rosa do Sul, 21 dias antes da realização do plantio das estacas. Esta prática foi realizada em alguns ramos destas plantas a partir do ensacamento de ramos com lona preta e cobertura externa com saco de papelão de cor clara, com o objetivo de proporcionar o escurecimento interno e diminuir o aquecimento do material ensacado. Já a prática das ranhuras na base das estacas foi realizada imediatamente antes do plantio das estacas, a partir da formação de 4 a 6 ranhuras verticais na casca, de 3,0cm cada, na base da estaca, com o auxílio de um canivete. A irrigação na casa de vegetação foi realizada por um conjunto de microaspersores, acionados para nebulizar o ambiente em horários previamente definidos, às 08:00h, 12:00h, 17:00h e 24:00h, por três minutos em cada período, visando manter a umidade dos substratos. A adubação de cobertura, com N, P e K foi realizada uma única vez, no mês de fevereiro de 2014. Assim como a adubação, os demais V 60 V tratos culturais, como o controle manual de plântulas espontâneas, foram realizados uniformemente em todos os tratamentos. As análises estatísticas foram realizadas pelo sistema ASSISTAT versão 7.7, (SILVA & AZEVEDO, 2009) ao nível de 5% de probabilidade de erro e, em caso de significância foi aplicado para separação de médias o teste de Tukey. Resultados e discussão A Tabela 1 - expressa a massa média seca e úmida de raízes das plantas, de aceroleiras propagadas por estaquia, aos 160 dias após a instalação do experimento. Médias seguidas por letras distintas entre si diferem ao nível de 5% de significância pelo teste de Tukey. Tabela 1 – Massa média úmida e seca (g) do sistema radicular de mudas de aceroleira (Malpighia spp.) propagadas por estaquia, em casa de vegetação com controle de irrigação aos 160 dias após a instalação do experimento. Santa Rosa do Sul, SC. Verifica-se que houve maior desenvolvimento radicular das aceroleiras nos tratamentos T3, T4 e T6. Nestes três tratamentos, similarmente, foi realizada a aplicação exógena de auxinas pela imersão de estacas em solução de ácido indolbutírico (AIB), com ou sem o préestiolamento e com a presença ou ausência de ranhuras na base das estacas, o que demonstra a importância deste hormônio no favorecimento da formação do sistema radicular de estacas de aceroleiras concordando com BORDIN, et al. (2003) e LOPES et al. (2003). Já a superioridade do crescimento radicular obtida no tratamento T4 (Tabela 01 e Figura 01) demonstra que há interação conjunta da aplicação de AIB, do préestiolamento das estacas e da presença de ranhuras na base das mesmas. A Tabela 2 expressa a massa úmida e seca (g) da parte aérea V 61 V de mudas de aceroleira propagadas por estaquia, aos 160 dias após a instalação do experimento. De maneira geral observa-se certa semelhança nos resultados de crescimento radicular e desenvolvimento da parte aérea. Quando comparado aos demais tratamentos, verifica-se que houve maior desenvolvimento foliar, em massa úmida, no tratamento T4, em que foi realizada a aplicação exógena de auxinas pela imersão de estacas em solução de ácido indolbutírico (AIB), após o pré-estiolamento e a realização de ranhuras na base das estacas. Já, quando se considera a matéria seca foliar, há, igualmente, uma superioridade nos resultados obtidos pelo tratamento T4 que, no entanto, não diferiu significativamente dos tratamentos T3 e T6. Médias seguidas por letras distintas entre si diferem ao nível de 5% de significância pelo teste de Tukey. Tabela 2 – Massa média úmida e seca (g) da parte área de mudas de aceroleira (Malpighia spp.) propagadas por estaquia, em casa de vegetação com controle de irrigação aos 160 dias após a instalação do experimento. Santa Rosa do Sul, SC. Fonte: Do autor, em 17 de abril de 2014. Figura 01 Enraizamento de estaca de aceroleira, 160 dias após a instalação do tratamento T4, em que foi realizada a aplicação exógena de auxinas pela imersão de estacas em solução de ácido indolbutírico (AIB), após o pré-estiolamento e a realização de ranhuras na base das mesmas. Santa Rosa do Sul/SC. V 62 V Similarmente aos resultados de desenvolvimento radicular, observou-se, de maneira geral, a importância da aplicação exógena de auxinas pela imersão de estacas em solução de ácido indolbutírico (AIB). Esta observação está amparada pelos diversos resultados obtidos por FIGUEIREDO et al. (1995), FACHINELLO et al. (1995), LOPES et al. (2003) e RITZINGER E GRAZZIOTTI (2005). Por outro lado, a prática do pré-estiolamento de ramos e de ranhuras na base das estacas também contribuíram para promover maior desenvolvimento foliar concordando com FACHINELLO et al. (1995). A Tabela 3 mostra o percentual de plantas viáveis, que efetivamente desenvolveram o sistema radicular e parte aérea, aos 160 dias após a instalação do experimento. Tabela 3 - Percentagem de mudas viáveis de aceroleira (Malpighia ssp.), com formação de raízes e crescimento vegetativo da parte aérea, propagadas por estaquia, em casa de vegetação com controle de irrigação aos 160 dias após a instalação do experimento. Santa Rosa do Sul, SC. Os resultados mostram que o enraizamento de estacas atingiu 80% quando estas foram previamente estioladas e quando se realizou a prática de ranhuras na base e imersão em ácido indolbutírico a 2.000 mg L-1 em estacas sem a presença de folhas. Já GONTIJO et al. (2003), ao testarem o enraizamento de estacas tratadas com diferentes concentrações de AIB, constataram que a presença de dois pares de folhas em estacas de aceroleira proporcionou maior número e massa seca de raízes por estaca. Os autores afirmam, ainda, que as folhas são requisitos essenciais para o enraizamento das estacas, tendo demonstrado grande participação no processo de enraizamento, por contribuírem com substâncias benéficas ao mesmo. No entanto, no presente trabalho verificou-se, de maneira generalizada, um melhor desenvolvimento e formação de mudas viáveis de aceroleiras quando as estacas foram cultivadas sem a presença de V 63 V folhas. Estes resultados podem ser devidos aos longos períodos de intervalos de acionamento dos microaspersores, o que promoveu, já a partir da segunda semana após a instalação do experimento, uma intensa queda foliar das estacas dos Tratamentos T1, T2, T5 e T6, provavelmente ocorrida pela baixa intensidade de molhamento foliar e consequente desidratação da mesma, com prováveis reflexos negativos à integridade hídrica das estacas. Estes resultados, contudo, demonstram a viabilidade da propagação de estacas de aceroleiras sem folhas para ambientes com deficiência ou menor intensidade de molhamento foliar. Considerações finais As práticas associadas da aplicação exógena de auxinas pela imersão de estacas em solução de ácido indolbutírico (AIB), do estiolamento de estacas sem folhas e de ranhuras na base proporcionaram maior peso seco e úmido, tanto da parte aérea como do sistema radicular e formação de mudas viáveis de aceroleiras propagadas por estaquia. Agradecimentos Ao Instituto Federal Catarinense pela bolsa de pesquisa institucional disponibilizada e a todos os que direta ou indiretamente contribuíram no desenvolvimento da presente pesquisa. Referências BORDIN, I.; ROBERTO, S. R.; NEVES, C. S. V. J.; STENZEL, N. M. C.; FURLANETO, T. L. R. Enraizamento de estacas de acerola sob concentrações de ácido indol-butírico. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 24, n. 2, p. 262-264, jul-dez, 2003. CASTRO, P. R. 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Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. In: Acerola em Foco, n.10, dez/2005. 2p. SILVA, F. de A. S. E. & AZEVEDO, C. A. V. de. Principal Components Analysis in the Software Assistat-Statistical Attendance. In: WORLD CONGRESS ON COMPUTERS IN AGRICULTURE, 7, Reno-NV-USA: American Society of Agricultural and Biological Engineers, 2009. V 65 V Desenvolvimento de um equipamento de termoanálise para medir o grau de modificação de ligas de alumínio eutéticas fundidas Mário Wolfart Junior* Diego Rodolfo Simões de Lima* Tomaz Fantin de Souza* Gianpaulo Alves Medeiros* Tarcila Pedrozo Benemann* Vinicius Peccin Beppler* Introdução O alumínio é um dos materiais mais econômicos e atrativos para uma vasta gama de aplicações nas indústrias automobilística, aeronáutica, naval, médica, entre outras. Suas principais características de fundição são: baixa viscosidade, o que facilita o preenchimento de seções finas; baixa temperatura de fusão, possibilitando o emprego de moldes metálicos; elevado coeficiente de transferência de calor, possibilitando a realização de ciclos de fundição mais curtos. O silício é considerado um dos principais candidatos a elemento de liga para fundição de alumínio por aumentar a fluidez da liga, reduzir a temperatura de fusão e diminuir a contração durante a solidificação, além de apresentar baixa densidade, o que é uma grande vantagem na redução do peso total do componente fundido. As ligas de alumínio-silício apesar de apresentarem vantagens como, por exemplo, uma elevada resistência à corrosão, são muito frágeis devido a sua microestrutura grosseira em função da presença do Si. Um tratamento conhecido por “modificação” melhora as características desta microestrutura, conferindo uma melhor resistência mecânica e uma boa ductilidade. A modificação com Sr melhora as propriedades da liga como, por exemplo, a resistência mecânica, além de possuir um custo médio, fácil estocagem, menor reatividade com refratários, e a não produção de gases (fumo). A grande desvantagem consiste no fato de favorecer a solubilidade do hidrogênio e a formação de porosidades. A liga A269, fornecida pela empresa SUMESA, foi escolhida neste *IFC Luzerna V 68 V projeto por ser utilizada em grande escala na produção de blocos de motores de automóveis e motocicletas e pistões, dentre outros. Esta é uma liga eutética, com aproximadamente 11,9% de silício (Si). A microestrutura desta liga apresenta o silício em forma de lâminas ou plaquetas aciculares. A morfologia do silício pode então prejudicar as propriedades mecânicas metalúrgicas dos componentes com ela fabricados, apresentando uma vida em fadiga extremamente baixa. Sendo assim, é de grande importância a mudança da morfologia desta microestrutura almejando melhoria nas propriedades, como por exemplo, um aumento significativo na vida em fadiga. O objetivo do desenvolvimento do termoanalisador, é efetuar a análise da modificação causada pelo Sr na liga, uma vez que a adição de Sr baixa a temperatura eutética. Na microestrutura, a influência do estrôncio (Sr) também é visível, uma vez que a microestrutura em forma de plaquetas aciculares original da liga transforma-se em uma microestrutura globular, em forma de ilhas. A modificação é realizada por meio da adição de Sr metálico ou na forma da ante liga AlSr, normalmente da ordem de 0,005% até 0,02% de Sr em peso. Este agente modificador inibe a nucleação de grãos eutéticos, o que resulta em uma diminuição da nucleação da fase eutética do silício. A termoanálise é uma das técnicas utilizadas para avaliar a qualidade do material fundido. Por este método, valores importantes são extraídos a partir de uma curva de resfriamento, para posteriormente serem relacionados com as características e índices de qualidade da liga como, por exemplo, o tamanho do grão e a morfologia do silício (MALEKAN, 2014). Um dos dados que podem ser extraídos com a técnica da termoanálise é a temperatura eutética da liga, que consiste basicamente em uma temperatura que permanece constante durante a solidificação do material e é a mais baixa possível levando em consideração o ponto de fusão de cada material da liga separadamente. Dessa forma todos os seus constituintes se solidificam simultaneamente a partir do metal líquido (ALVES, 2013). Vários estudos apontam que existe uma relação entre a queda da temperatura eutética com a modificação das ligas, de forma que se V 69 V adicionarmos um agente modificante como, por exemplo, Sr (estrôncio) a temperatura eutética sofrerá uma queda proporcional a porcentagem de Sr adicionado, ou seja, quanto maior a quantidade de Sr adicionado, maior será a queda de temperatura. O presente trabalho tem como objetivo desenvolver um equipamento capaz de realizar a termoanálise direcionada ao estudo do grau de modificação da liga Alumínio -Silício. Material e métodos a) Adaptação do forno e verificação da temperatura do forno A fusão da liga de alumínio foi realizada em um forno poço, adaptado a partir de um forno mufla. Devido às modificações no forno, foi necessário o controle das temperaturas relativas ao forno e ao metal líquido. Isso se deve ao fato do termopar de controle de temperatura do forno estar situado no fundo do forno, gerando assim uma grande diferença entre a temperatura ajustada no forno e a temperatura da liga fundida. Como a temperatura de trabalho indicada para se trabalhar com as ligas de alumino é de 750 °C, o forno foi configurado para atingir o patamar de 850 °C. b) Construção do equipamento de termoanálise A etapa da construção do equipamento foi realizada conforme descrição abaixo: - O termopar tipo K (que fica imerso no metal líquido) é conectado a um controlador de temperatura, que atua como uma placa de aquisição de dados, ou seja, transforma os sinais analógicos em sinais digitais. Estes dados são então enviados para o computador via protocolo de comunicação modbus em uma rede RS485. Através de um sistema supervisório Elipse Scada (versão DEMO), os dados então são lidos e exibidos em uma tela em forma de gráfico tempo x temperatura, sendo posteriormente salvos em uma planilha eletrônica. Através dos gráficos gerados foi possível observar a curva de resfriamento da liga até sua completa solidificação. V 70 V c) Cálculo da temperatura eutética A equação utilizada para calcular a temperatura de fusão do Al-Si foi desenvolvida por Modolfo e Gruzleski (DJURDJEVIC, 2012) com base em dados obtidos através da literatura e dos experimentos dos autores. TAlSi, E = 660.452 – (6,11 Si + 0,057 Si2) (12,6/Si) – (3,4 Cu + 1,34 Fe + 6,3 Mg + 1218,9Sr – 32965 Sr2 – 4,293 Sb + 186,3 Sb2 – 495,5 Sb2) [1] Como a equação é baseada na composição química da liga, foi realizada a análise química na empresa Sulina de Metais (SUMESA) e apresentou os seguintes resultados: 11,92% de Si, 1,24% de Cu, 0,355% de Fe, 0,99% de Mg, 0,0001% de Sr e 0,025% de Sb. De posse dessas informações, a equação foi inserida em uma planilha eletrônica para facilitar os cálculos, e a fim de confrontar a teoria com a prática, foram efetuados ensaios com a liga não modificada. d) Temperatura eutética x Temperatura eutética medida A comparação entre a temperatura eutética teórica e a temperatura eutética medida foi necessária tendo em vista que a equação escolhida considera os elementos químicos da liga de alumínio não modificada. Logo para validar o resultado, foram realizados ensaios que confirmaram temperaturas bem próximas. Para efetuar a verificação foi utilizado um cadinho de grafite para fundir a liga na temperatura de 750 °C (definida no item 2.1) e então vazado em um cadinho de aço inoxidável, sendo em seguida, inserido um termopar tipo k no metal líquido. A curva de resfriamento da liga foi então monitorada. Os valores de tempo x temperatura foram coletados durante o resfriamento da liga até a completa solidificação, num total de três ensaios. e) Termoanálise A termoanálise é a etapa fundamental do projeto, pois devem ser tomados cuidados especiais desde o momento do abastecimento do forno com alumínio, até a coleta dos dados do ensaio. Os ensaios foram realizados utilizando em média 300 g de V 71 V alumínio em um cadinho de grafite juntamente com a quantidade correspondente de Sr para fundir. O metal fundido foi vazado em um cadinho de aço inoxidável, onde o termopar tipo K conectado ao controlador era inserido no metal líquido, em seguida o controlador enviava os dados de temperatura de resfriamento para o computador onde o supervisório plotava uma curva tempo-temperatura para visualização e as informações em seguida eram salvas em uma planilha eletrônica (Excel). Estes dados posteriormente foram utilizados para plotar um gráfico em uma nova planilha eletrônica, onde foram inseridos também os dados da temperatura eutética da liga sem adição de Sr, e o cálculo do grau de modificação, que consiste basicamente na diferença entre a temperatura eutética da liga pura e a temperatura eutética da liga modificada. f) Metalografia x Grau de modificação A análise microestrutural do material foi utilizada para verificar se a microestrutura em forma de plaquetas aciculares havia sido modificada por uma microestrutura em forma globular em ilhas e então comparálas com o grau de modificação calculado. As amostras foram preparadas conforme procedimentos padrões de preparação metalográfica e em seguida foram analisadas em um microscópio metalúrgico, sendo que as seções analisadas sempre foram as mesmas para todas as amostras. Resultados e discussão a) Cálculo da Temperatura eutética. Como visto, a temperatura eutética do alumínio pode ser calculada através de uma equação [1], que engloba os percentuais de determinados elementos de liga presentes no material e a temperatura de fusão do alumínio puro que é de 660,452 °C. Com esses valores é possível calcular a temperatura que permanece constante por um tempo maior durante o seu resfriamento, sendo esta denominada temperatura eutética (DJURDJEVIC, 2012). Com base na análise química feita pela empresa SUMESA, a V 72 V equação [1], apresentou como resultado a temperatura de 564,15°C. Os ensaios realizados confirmaram a validade da equação [1], uma vez que sem a adição de nenhum elemento modificador, o resultado do ensaio foi de 563,9 °C, valor este muito próximo da temperatura calculada de 564,15°C. Como por exemplo, para a liga com adição de 50 PPM de estrôncio o valor encontrado através da equação [1] foi de 559 °C. O valor medido através da termoanálise é de 559,9°C, observado na Figura 2. Desta forma, levando em consideração que o resultado é similar aos obtidos nos ensaios para obtenção da temperatura eutética sem e com adição de estrôncio e o erro apresentado é muito pequeno, podemos considerar que a equação [1], pode ser utilizada para qualquer outra liga de Al-Si-Cu eutética (DJURDJEVIC, 2012). b) Grau de modificação Após atingir o pico, indicado na Figura 1 por (1), a primeira depressão da curva, indicada na Figura 1 por (2), que apresenta uma temperatura constante é denominada temperatura eutética. Quando é feita a adição de um elemento modificador, como por exemplo, o Sr, esta temperatura eutética diminui. A diferença (∆T) entre as temperaturas eutética da liga modificada e da não modificada fornecem um valor denominado de grau de modificação. A Figura 1 ilustra essa diferença entre as temperaturas eutéticas, além de apresentar a microestrutura da liga A269 não modificada em que podemos observar uma matriz de alumínio com silício eutético em forma de plaquetas aciculares. Fonte: autor Figura 1: Curvas sobrepostas da amostra não modificada e da amostra modificada V 73 V c) Curvas de resfriamento, Termoanálise e Microestrutura A Figura 2 mostra a curva de resfriamento para a liga A269 modificada com 50 ppm de Sr, onde podemos observar na região demarcada pela elipse, o ponto em que a curva se mantém constante em uma determinada temperatura. Esta temperatura é considerada a temperatura eutética da liga, e no caso, é de 559,9°C. A diferença entre 564,15 °C e 559,9°C é de 4,25°C, ou seja, o grau de modificação é de 4,25. Figura 2: Curva de resfriamento e micrografia para ensaio com adição de 50 ppm de Sr. Fonte: autor. Já a análise microestrutural da amostra da liga modificada com 50 ppm apresentou uma modificação parcial, pois exibe uma microestrutura composta de alumínio na matriz juntamente com a formação de uma pequena quantidade de ilhas de silício eutético na forma fibrosa e uma pequena parte em forma acicular. A Figura 3 mostra a curva de resfriamento para a liga A269 modificada com 100 ppm de Sr, onde podemos observar na região demarcada pela elipse a temperatura eutética da liga e no caso indicou um valor de 556,9°C. A diferença entre 564,15 °C e 556,9°C é de 7,25°C, ou seja, o grau de modificação é de 7,25. Figura 3: Curva de resfriamento e micrografia para ensaio com adição de 100 ppm de Sr. Fonte: autor V 74 V A análise microestrutural da amostra da liga modificada com 100 ppm exibe uma microestrutura totalmente fibrosa e em forma de ilhas, o que sugere uma modificação total da microestrutura. Para a adição de 150 ppm, a Figura 4 mostra a curva de resfriamento, onde se pode observar na região demarcada pela elipse a temperatura eutética da liga que no caso indicou um valor de 557,9°C. A diferença entre 564,15 °C e 557,9°C é de 6,25°C, ou seja, o grau de modificação é de 6,25. Na análise microestrutural da amostra da liga modificada com 150 ppm pode ser observada uma microestrutura fibrosa no centro das ilhas de sílico e na parte externa das ilhas observa-se a formação de silício acicular indicando uma supermodificação. Além disso, o fato do grau de modificação ter diminuído em relação a adição de 100 ppm também indica uma supermodificação, segundo Furlan, 2008, uma adição de aproximadamente 150 ppm pode ocasionar uma supermodificação, o que é confirmado na avaliação destes resultados. Figura 4: Curva de resfriamento e micrografia para ensaio com adição de 150 ppm de Sr. Fonte: autor Levando-se em consideração que o sistema de medição possui muitos ruídos (erros), o que pode prejudicar ou tornar, em certos momentos, as medições imprecisas, os resultados obtidos com este trabalho são satisfatórios e similares aos encontrados nas literaturas. Com estes valores de grau de modificação é possível afirmar que o equipamento de termoanálise pode ser utilizado para medir o grau de modificação de ligas de alumínio-silício-cobre eutéticas. V 75 V Conclusão Ő ĬŐžŐÍÜÁŐĿĂŀŐÌλ¯×ŐÌÎåÎŐŐ×»ÌÎ×ÜÎŐÜ×ׯŐÌÎŐµ¯©ÒŐ Al-Si-Cu sem e com adição de Sr. Ő ĬŐžŐ¯ÁŐŐĆāŐÌÌ»ŐŐ\ÎŐ»Á¯¨¯ÁÜŐÌίµ»¼×ŐŐµ¯©ŐžăćĊŐ transformando a microestrutura em plaquetas aciculares em ilhas de silício eutético parcialmente fibroso. O grau de modificação com 50 ppm é de 4,25 e representa a modificação parcial da liga A269. Ő ĬŐ žŐ ¯ÁŐ Ő ĂāāŐ ÌÌ»Ő Ő \ÎŐ »Á¯¨¯ÁÜŐ ×Á×µ»¼×Ő Ő µ¯©Ő žăćĊįŐ transformando a microestrutura em plaquetas aciculares em ilhas de silício eutético totalmente fibroso. O grau de modificação com 100 ppm é de 7,25 e representa a modificação total da liga A269. Ő ĬŐ žŐ ¯ÁŐ Ő ĂĆāŐ ÌÌ»Ő Ő \ÎŐ ÒÜÌλÁ¯¨¯ÁÜŐ Ő µ¯©Ő žăćĊįŐ transformando a microestrutura em plaquetas aciculares em uma microestrutura fibrosa no centro das ilhas de sílico e na parte externa das ilhas ocorreu a formação de silício acicular. Ő ĬŐ KŐ Íܯ̻¼×ÁŐ Ő ×λÁ¼µ¯ÒŐ ÒŐ »ÁÒ×ÎÁÜŐ ¨¯¯¼×Ő ÌÎŐ medir o grau de modificação da liga objeto deste estudo. Agradecimentos A PROEX/PROPI pela concessão de bolsas de pesquisa e extensão, ao Instituto Federal Catarinense Câmpus Luzerna pela estrutura e a empresa SUMESA pelo apoio prestado através da doação das ligas de alumínio e conhecimentos técnicos. Referências ALVES, L. Mistura eutética., 2013. Disponível em: <http://www. brasilescola.comHYPERLINK “http://www.brasilescola.com/quimica/ mistura-eutetica.htm”/quimica/mistura-eutetica.htm>. Acesso em: 25 ago. 2014. DJURDJEVIC, B. M., et al.; ‘Thermal Description of Hypoeutetic Al-SiCu Alloys Using Silicon Equivalency’, Vojnotehcicki Glasnik / Military V 76 V Technical Courier, 2012, vol. LX, pag. 158. FURLAN, T. S., Influência do teor de estrôncio na modificação da liga A356 / São Paulo, 2008. Dissertação – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais. MALEKAN, M.; DAYANI, D. e MIR, A.; “Thermal Analysis Study on the simultaneous grain refinement and modification of 380.3 aluminum alloy”, Therm Anal Calorim, 2014, vol. 15. PRABHU, N.K. E HEGDE, S. Modification of eutetic silicon in Al-Si Alloys, Departament of Metallurgical & Materials Engineering, Surathkal, India 2008. SHABESTARI, S. 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Com o objetivo de contribuir para a melhoria no desenvolvimento de software em Videira e região, o presente projeto foi desenvolvido no Instituto Federal Catarinense - IFC - Campus Videira através de atividades desempenhadas por duas frentes de trabalho: grupo de gerenciamento de projetos de software, sendo este composto por membros tanto internos quanto externos ao IFC - Campus Videira. A principal atividade do grupo foi o estudo e a aplicação de técnicas e de metodologias ágeis como a Extreme Programming - XP e a SCRUM no desenvolvimento e no gerenciamento de projetos de software. A outra equipe formada por estudantes também tanto internos quanto externos ao IFC participou de um curso de lógica e programação, na sua maioria iniciantes. Na sequência são apresentados os procedimentos metodológicos usados, resultados e discussões, considerações finais e referências. Métodos A parte do projeto Equipe de Gerenciamento de Projetos de Software foi desenvolvido nos laboratórios do IFC conforme descrito *Graduando em Computação – Câmpus Videira. **Mestre em Ciência da Computação - Câmpus Videira. V 80 V acima, composto por uma equipe de integrantes tanto internos quanto externos ao Instituto, sendo a grande maioria pessoas experientes na área do desenvolvimento e gerenciamento de software. O projeto foi iniciado em Setembro de 2013 e finalizado em Agosto de 2014. O período inicial foi utilizado na divulgação, preparação de materiais e o contato com os possíveis interessados em participar do projeto. Na sequência foram estudas/revisadas e definidas as principais metodologias, técnicas e ferramentas a serem aplicadas em um estudo de caso. Dentre outros, foram estudadas as técnicas e as metodologias ágeis de desenvolvimento e gerenciamento de software Extreme Programming - XP e a SCRUM. A equipe foi dividida conforme o perfil dos membros, sendo uma parte como programadores e a outra como analistas e designers. Inicialmente foi desenvolvido o cronograma do projeto usando a ferramenta OpenProject, e a PangoScrum, para a definição das Sprints. Os analistas e os designers foram responsáveis por todo o levantamento inicial dos requisitos do software, obtidos por meio das reuniões realizadas frequentemente com o proprietário do produto Product Owner. Na sequência foram criados os principais diagramas usando a linguagem de Modelagem Unificada - UML. Para a fase de projeto foram utilizadas ferramentas como a DBDesigner para o modelo relacional de dados. Na sequência foi criado o banco de dados usando a ferramenta MySQL. Em paralelo foi sendo definido o layout das telas. Seguindo a prática Stand Up Meeting da metodologia XP, toda a equipe sempre trabalhou unida e conhecendo o sistema completo. Como estudo de caso do projeto foi escolhido o setor de extensão do Instituto Federal Catarinense - Campus Videira. Foram aplicadas algumas práticas da metodologia ágil XP como a programação em pares, código simplificado, reuniões rápidas e objetivas entre outras e a SCRUM, sendo esta usada principalmente nas fases iniciais do projeto como na definição das Sprints. Para o desenvolvimento do Data Webhouse foi utilizado o modelo multidimensional estrela, sendo este criado no banco de dados PostgreSQL. O Schema Workbench foi usado para a criação do cubo no V 81 V formato XML necessário para o servidor BI interpretá-lo, gerando assim as consultas OLAPs. A parte do projeto do curso de lógica e programação também foi desenvolvida nos laboratórios de informática do IFC através de aulas práticas e teóricas de lógica e programação. Foram desenvolvidos os algoritmos e na sequência transcritos para a linguagem de programação C. No final do curso foram apresentados alguns conceitos de Arduino, sendo estes usados na robótica. Também foi realizada a minimaratona de programação nos moldes da Maratona de Programação da Sociedade Brasileira de Computação – SBC, cujo objetivo foi estimular os alunos a resolverem problemas através da lógica e programação. Todas as equipes tiveram um bom desempenho, destacando uma delas por ter resolvido todos os problemas propostos no menor tempo. Resultados e discussão Os principais resultados obtidos com o projeto são descritos a seguir: A troca de experiências dos membros da equipe principalmente em relação às boas práticas de projetos de software, a melhora da qualidade e a capacitação das equipes, o estudo e a aplicação das metodologias em um estudo de caso, resultando assim em um protótipo do Sistema Gerenciador de Estágios - SGE e de um Data Webhouse para os projetos de extensão e estágios. Algumas telas do Data Webhouse e do SGE são apresentas a seguir: Figura 1. Exemplo de Consulta OLAP - Data Webhouse Através da consulta OLAP da Figura 1 é possível conhecer os projetos de extensão realizados por determinado professor de um curso em determinado ano de maneira fácil, amigável e segura. As técnicas de Business Inteligence - BI, ou V 82 V seja, a Inteligência nos negócios é imprescindível para uma empresa concorrer melhor no seu ramo. Geralmente são usadas técnicas de Inteligência Artificial. No caso da ferramenta do projeto foi usada uma delas bastante conhecida também, o Data Webhouse. A Figura 2 apresenta a tela de cadastro do estagiário do protótipo do sistema SGE Figura2. Tela Cadastro Estagiário - Protótipo SGE A Figura 3 apresenta a tela de cadastro do estagiário do protótipo do sistema SGE. Figura 3. Tela Cadastro Professor Orientador - Protótipo SGE A Figura 3 apresenta a tela de cadastro do professororientador do protótipo do sistema SGE. Como parte dos resultados foi realizada pela equipe do curso de programação a Minimaratona de Programação descrita anteriormente. V 83 V Figura 4. Equipes participantes da Mini-Maratona de Programação A Figura 4 apresenta as equipes participantes da Minimaratona de Programação. A Figura 5 apresenta o grupo de gerenciamento de projetos de software. Figura 5. Grupo de Gerenciamento de Projetos de Software V 84 V Conclusão Considera-se de suma importância a aplicação das metodologias ágeis de desenvolvimento e gerenciamento de projetos de software. Mesmo não sendo certificado com uma norma e/ou modelo de qualidade, as boas práticas contribuem muito para o alcance dos objetivos do projeto. A contribuição na preparação dos alunos através do curso de lógica e programação é importante também para motivá-los e descobrir assim possíveis talentos na área. Como continuidade do projeto pode ser melhorado o protótipo desenvolvido permitindo assim o funcionamento e a integração de todos os módulos. O Data Webhouse da mesma forma poderá ser melhorado considerando também a alimentação contínua e atualizada dos dados a partir de uma base relacional. Agradecimentos Agradecimentos a Pró-Reitoria de Extensão do Instituto Federal Catarinense - PROEX-IFC por disponibilizar os recursos para a realização do projeto. Referências SCRUM – Scrum.Org– Disponível em: https://www.scrum.org/ - acesso em 10 de Julho de 2014 Extreme Programming - XP – Disponível em: http://www. extremeprogramming.org/ - acesso em 10 de Julho de 2014 Pango Scrum – Disponível em: http://pangoscrum.com/pt-BR - acesso em 10 de Julho de 2014 V 85 V Atividades culturais no Instituto Federal Catarinense: uma contribuição para manter e cultivar os costumes e as tradições de Videira e região Vera Regina Mazureck* Elizângela de Almeida Santos** Roseli Schöfen*** Marizete Bortolanza Spessatto**** Leila Lisiane Rossi***** Introdução O presente projeto visa contribuir para manter e cultivar a cultura italiana em Videira e região. O mesmo foi dividido em duas frentes de trabalho: a pesquisa, a qual apresenta as atividades de coleta de dados e organização de obra bibliográfica com receitas da culinária italiana. A parte de extensão, por sua vez, é formada por um grupo italiano, o qual está preparado com músicas folclóricas italianas de domínio público. É composta também por um evento gastronômico, contando com uma equipe formada dentre outros componentes por avaliadores dos pratos inscritos no concurso, sendo que os melhores farão parte do livro bilíngue que será lançado no dia do evento gastronômico em parceria com a Secretaria Municipal da Cultura da cidade de Videira. As seções a seguir apresentam os procedimentos metodológicos, resultados e discussões, considerações finais e referências usadas. Métodos Na parte da pesquisa, fazem parte do projeto as cidades consideradas com maior predominância de descendentes desse grupo étnico. São elas: Arroio Trinta, Iomerê, Pinheiro Preto, Salto Veloso e Videira [4]. Desse conjunto, foram definidas algumas comunidades *Mestre em Pedagogia – Câmpus Videira. **Graduanda em Pedagogia – Câmpus Videira ***Graduanda em Pedagogia – Câmpus Videira ****Doutora em Educação - Câmpus Videira *****Mestre em Ciência da Computação - Câmpus Videira V 88 V adequadas ao perfil da proposta para realização de pesquisa com vistas a conhecer como a comunidade mantém os costumes e as tradições italianas. Nesses locais, foram aplicados questionários para identificação do que se mantém da língua, cultura e gastronomia, entre outros fatores. Como exemplo de perguntas do questionário aplicado destacam-se algumas como: “As pessoas em família costumam falar italiano?” “A comida típica italiana faz parte do cardápio da família?” “A família tem o hábito de cantar cantigas italianas?” As possíveis respostas poderiam ser: sempre, com frequência, raramente, nunca. Em relação à culinária, identifica-se uma forte predominância da culinária italiana na região. Assim sendo, o projeto oportunizou a realização de um concurso gastronômico. Um conjunto de mais de setenta receitas foi escolhido para compor um livro de edição bilíngue (Português/Italiano). O livro será lançado ainda no decorrer deste ano, em evento gastronômico a ser realizado em parceria com a Prefeitura de Videira. Exemplares serão distribuídos, visando difundir as receitas nele contidas, contribuindo assim para a manutenção da cultura italiana, cumprindo os objetivos do projeto. Na parte da extensão, as atividades de língua e canto são desenvolvidas em um grupo de estudos, sendo realizadas nas dependências do IFC- Câmpus Videira, além da equipe organizadora do evento gastronômico agendado em parceria com a Prefeitura Municipal de Videira através da Secretaria Municipal da Cultura. Com as atividades espera-se obter os seguintes resultados: Mapeamento da presença da cultura de origem italiana e da língua italiana em Videira e região; Divulgação de receitas gastronômicas que fazem parte da história de famílias de ascendência italiana; Contribuição junto às comunidades envolvidas, por meio das atividades propostas, motivando-as a manterem e a fortalecerem os costumes e as tradições de origem italiana na região. Resultados e discussão Os principais resultados obtidos com o projeto são descritos a seguir, considerando primeiramente a parte da extensão e na sequência a pesquisa realizada: V 89 V Figura 1. Grupo de Canto Italiano “Voci del Vigneto” O grupo de canto italiano “Voci del Vigneto”, composto por membros tanto internos quanto externos ao IFC. O repertório do grupo é composto por músicas italianas de domínio público e preferencialmente conhecidas pela comunidade. Vale ressaltar que no início das atividades o conhecimento da língua italiana era bem variado entre os participantes, tendo alguns um conhecimento avançado ou sendo a sua própria língua materna e outros em fase inicial e necessitando, portanto, de um nivelamento básico, possibilitando o acompanhamento das atividades. Foi priorizado o ensino da língua principalmente por meio da música, uma vez que o foco do projeto já descrito anteriormente foi contribuir para manter e cultivar a cultura italiana na região e não um curso formal com perfil acadêmico. A Figura 1 apresenta o grupo na sua primeira apresentação realizada na III Semana da Pedagogia do IFC, em Maio de 2014. A Figura 2 apresenta parte do grupo Italiano na mesma apresentação. Figura 2. Parte do Grupo de Canto Italiano “Voci del Vigneto” V 90 V Figura 3. Capa do Livro de Receitas Bilíngue do Concurso Mangiare A Figura 3 apresenta a capa do livro de receitas bilíngue do concurso Mangiare. O livro é resultado de um concurso de receitas, sendo estas selecionadas por especialistas e pessoas experientes na área da gastronomia. Foram selecionadas 100, receitas sendo estas apresentadas no livro nas línguas portuguesa e italiana. Na Figura 4 é apresentado um dos pratos cuja receita faz parte do livro. O prato foi apreciado com outros em uma degustação realizada para a escolha/teste das receitas no momento da avaliação. Figura 4. Receita Mangiare Coelho ao Vinho Branco V 91 V Em relação a pesquisa, foram obtidos os seguintes resultados: Foram aplicados os questionários em cinco municípios na região [2] conforme mostrado na Figura 5 (Videira, Iomerê [1], Pinheiro Preto, Arroio Trinta e Salto Veloso [3]), definidos pela predominância da cultura italiana. O objetivo do questionário foi fazer um levantamento de como as pessoas contribuem para manter as tradições italianas, seja na gastronomia, seja por meio da língua ou da música. No total foram aplicados 615 questionários e, como resultado da pesquisa, conclui-se que a culinária italiana está presente sempre ou com frequência nas famílias entrevistadas. Já a língua e o canto raramente são mantidos por eles. Figura 5. Cidades participantes da Pesquisa Os questionários foram aplicados por famílias, conforme cálculo amostral e com embasamentos em dados estatísticos do IBGE [2010] e Secretaria da Saúde [2014]. V 92 V Conclusão A realização de cursos abertos a toda a comunidade é de extrema importância para as instituições de ensino. No caso específico do presente projeto, procura-se contribuir para manter e cultivar as tradições da cultura italiana em Videira e região, por meio do canto, da língua e da gastronomia. Procura-se dar continuidade ao trabalho em relação ao canto através do grupo italiano, sendo este o de maior interesse e mais procurado pela comunidade. Como trabalhos futuros é possível pensar em outras estratégias e contribuições para aumentar o contato com a língua e o canto italiano nas famílias da região, mantendo assim cada vez mais viva a cultura predominante. Agradecimentos Agradecimentos a Pró-Reitoria de Extensão do Instituto Federal Catarinense - PROEX-IFC por disponibilizar os recursos para a realização do projeto. Referências [1] ANSILIEIRO, Eliane et al. Rio dos Cochos - A Bom Sucesso - Uma História Viva entre Nós - Iomerê -SC, 2003 [2] PIAZZA, Walter F. – Italianos em Santa Catarina. Lunardelli, 2001 [3] SCAPIN, Alzira - O que somos - De onde viemos - Prefeitura de Salto Veloso - Agência Vale Visare - Salto Veloso, 1996 [4] SILVA, Diogo Dreyer da – A Imigração Italiana – Disponível em: http:// www.educacional.com.br - Acesso em: 26 de Junho de 2014 V 93 V Capa: papel Supremo Duo Design 250g Miolo: papel off-set 90g Fonte: Alegreya Fotos capa: http://pixabay.com/ , Cecom - Câmpus Videira Impressão e acabamento: Polimpressos