Região, regionalização e as redes de atenção à saúde Fabio Betioli Contel Departamento de Geografia FFLCH/USP ENSP/FIOCRUZ – Dezembro de 2016 Região como categoria e conceito • A Região como categoria da geografia (assim como espaço, território, lugar, fronteira, meio, paisagem, área, etc) • A polissemia do termo – Definições do senso comum – Os usos pelas demais áreas do conhecimento (economia, sociologia, psicologia, medicina, etc.) – As diferentes definições na geografia • Regionalização – Processo de formação das regiões – “Fato” e “ferramenta” (RIBEIRO, 2006) As bases da definição das regiões na geografia • As regiões naturais (síntese da geologia, clima, relevo, solo e vegetação) • As regiões geográficas (combinação entre elementos físicos e humanos) – a ideia de gênero de vida e paisagem (Vidal de La Blache, 1922) • Cholley (1951): as regiões derivam da combinação de tres fatores: 1. Físicos; 2. Bióticos; 3. Humanos • Max Sorre (1952) e o conceito de “complexo patogênico” As propostas de regionalização do território do IBGE (1942, 1970, 1990) • • • • 1942: base nas regiões naturais (critério “estável” e amplo) 1970: golpe militar e planejamento econômico Internacionalização da economia Difusão do meio técnico-científico-informacional e a formação de uma rede urbana nacional • As tres principais influências – New geography (W. Christaller, Brian Berry) – Paradigma Perroux/Boudeville – Michel Rochefort e a região como resultado da coesão das redes urbanas regionais • Grandes regiões do IBGE (1970): “demarcar espaços homogêneos e espaços polarizados” • Subsidiar políticas de desenvolvimento regional • A nova urbanização e as “regiões metropolitanas” (1973) • Outros aspectos importantes – Produção de estatísticas – Uso em livros didáticos – “auto-consciência coletiva” do país Marxismo, região e regionalização • O diálogo com a categoria totalidade (Hugo Zemelman, Jose Luis Coraggio, Milton Santos) • Yves Lacoste (1976) e a região como “conceito-obstáculo” (“desnaturalização” das definições) • Alain Lipietz (1977), Francisco de Oliveira (1977) e Ann Markusen (1981): as regiões e as formas de “articulação” e “dominação” capitalista Allen Scott (2003) e as novas formas de regionalização econômica • A “escola italiana” e os “novos distritos industriais” • a “escola francesa” e os “meios inovadores” (ou “tecnolopolos”) • a “escola californiana”: – “desintegração vertical” das cadeias produtivas e os “arranjos produtivos locais” – O conceito de “cidade-região global” (SCOTT et al, 2001) Milton Santos e a reconceitualização da região • Globalização e fragmentação • A difusão seletiva do meio técnicocientífico-informacional (1993; 2001) e a “região concentrada” • Horizontalidades e verticalidades – A importância das redes – A força dos lugares Região, regionalização e suas aplicações na área da saúde • A região natural e o perfil epidemiológico – “complexos patogênicos” e as doenças infectocontagiosas – Doenças emergentes e reemergentes (HIV/AIDS, dengue, zika, cólera, malária, febre amarela, etc) • A transição demográfica e epidemiológica – Do habitat rural ao urbano e o envelhecimento – As doenças crônicas não-transmissíveis – A morbimortalidade por causas externas Região, regionalização e suas aplicações na área da saúde • A vida urbana e os fatores de risco – A “metropolização do espaço” – O papel do “meio técnico” • As técnicas da informação e a sociedade de consumo • Sedentarismo, obesidade, estresse, tabagismo, etc • A “tecnificação” da medicina e a saúde como mercadoria – A segregação socio-espacial • Áreas degradadas e/ou sem equipamentos urbanos de cidadania (centro e periferia) • A violência urbana • A noção de “amenidades urbanas” • A proposta da “regionalização do cotidiano” (WERLEN, 1993) Região, regionalização e suas aplicações na área da saúde • A rede urbana como base para a macroestruturação do Sistema Único de Saúde – As redes urbanas regionais e a distribuição da atenção secundária e terciária (o “setor terciário superior” de Rochefort/Labasse, 1965) – A atenção primária (unidades básicas/PSF, sistemas logísticos e sistemas de apoio) • A rede urbana e os impactos econômicos da rede de atenção à saúde – Bem estar psico-fisiológico dos indivíduos – A localização do complexo industrial e os “arranjos produtivos locais” • Estímulo à inovação • Geração de renda e emprego regional e localmente Alguns pontos para concluir • O espaço geográfico como dimensão central da universalização da saúde • Redes urbanas e Redes de Atenção à Saúde: um debate necessário • A importância da educação e o “desconforto criador” da pobreza urbana (SANTOS, 1996)