TÉCNICO CIENTÍFICO

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BOLETIM
TÉCNICO CIENTÍFICO
Ano 1 - Nº 01 - Outubro de 2006
“A qualidade da atenção à saúde melhora com a aplicação de medidas que incorporem os resultados das melhores evidências disponíveis sobre causa, história natural, diagnóstico, tratamento e prevenção da doença”. (Institute of Medicine)
É baseado neste conceito que a Unimed de Santa Catarina lança neste primeiro número de seu Boletim Técnico Científico uma síntese das melhores evidências disponíveis sobre o Uso Profilático de Antibióticos em Cirurgia. O uso
racional, cientificamente embasado destas medicações, aumentará a probabilidade de sucesso no atendimento ao
paciente e permitirá que os recursos financeiros possam ser melhor aproveitados.
ANTIBIOTICOPROFILAXIA CIRÚRGICA(APC)
OBJETIVOS DA APC:
RACIONALIDADE DA APC
As infecções de feridas cirúrgicas estão entre as 3 infecções hospitalares mais comuns, aumentando o tempo e os custos da internação. Pacientes com infecções de sítio cirúrgico apresentam:
Risco de internação em UTI
1,6 x maior
Tempo de permanência
6,5 dias maior
Mortalidade
2,2 x maior
Aumento do custo
US$ 3089 a mais
(Kirkland et al. Infect Control Hosp Epidem 1999;20:725-30)
A antibioticoprofilaxia cirúrgica é uma das medidas de comprovada
eficácia na redução do risco infeccioso. No entanto, o uso inapropriado da APC está relacionado a:
» Perda da eficácia da profilaxia
» Aumento dos custos
» Aumento da resistência bacteriana
PAPEL DA APC
A APC não susbstitui as medidas de controle de infecção
» Higienização adequada das mãos
» Técnica cirúrgica apurada
» Rigor máximo com as técnicas assépticas
• Preparo adequado do paciente
• Evitar internação prévia à cirurgia
• Tratar infecções remotas previamente, se houver
• Cuidados pré-operatórios com a pele
A APC está recomendada em procedimentos associados com taxas
de infecção sem profilaxia ≥ 5% e naquelas onde a infecção cause
alta morbimortalidade
» Prevenir infecções em sítio cirúrgico
» Prevenir morbimortalidade infecciosa pós-operatória
» Reduzir a duração e os custos da assistência médico-hospitalar
» Não produzir efeitos adversos
» Não aumentar as taxas de resistência bacteriana do paciente e
do hospital
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA APC
» Procedimentos limpos, exceto aqueles com colocação de ma-
terial prostético, não necessitam de profilaxia. Os riscos de
efeitos adversos e de resistência bacteriana superam os benefícios.
» O momento da administração da APC é crucial. Deve ser administrada na indução anestésica para que no momento cirúrgico
o antibiótico tenha alcançado níveis bactericidas no local da
incisão. O uso de antibióticos em tempo inadequado diminui
muito os benefícios da APC.
» Com poucas exceções(cirurgia cardiovascular de grande porte
e prostatectomias) a APC deve ser dada em dose única préoperatória ou , no máximo, por 24h.
» Presença de drenos ou cateteres não justificam prolongar a APC.
» Em cirurgias contaminadas/infectadas usar antibioticoterapia
terapêutica e NÃO profilática.
CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE ANTIBIÓTICO
O antibiótico profilático em cirurgias deve:
» Abranger os germes habitualmente envolvidos com o local a
ser operado
» Alcançar e manter MIC adequado no sítio cirúrgico durante
todo o tempo da cirurgia
» Apresentar poucos efeitos adversos
» Ser o de menor custo entre os de mesma eficácia
» Apresentar pouca indução de resistência
INDICAÇÕES DE ANTIBIOTICOPROFILAXIA
CIRÚRGICA POR ESPECIALIDADES
1. Ortopedia e traumatologia
Recomendada
Não recomendada
Fixação fraturas
Prótese joelho , quadril
Fraturas expostas Gustilo I e II
Cirurgia limpa sem colocação
de prótese ou osteossíntese
Cirurgia de coluna
Antibiótico de escolha: CEFAZOLINA 1 g EV na indução anestésica
e de 8/8 horas por 24 horas
2. Cirurgia Aparelho Digestivo
Recomendada
Não recomendada
Apendicectomia
Cirurgia bariátrica
5. Cirurgias urológicas
Recomendada
Não recomendada
Prostatectomia retropúbica
Varicocelectomia
RTU
Postectomia
Biópsia transretal de próstata
Nefrectomia sem pionefrose
Ureterolitotripsia
Sondagem vesical de demora
Litotripsia extracorporea
Ressecção de tumor endovesical
Nefrectomia com pionefrose
Antibiótico de escolha: CEFAZOLINA 1 g na indução anestésica e
de 8/8 horas ou CIPROFLOXACINA 500 mg EV na indução anestésica e de 12/12h por até 72h
6. Gineco-obstétricas
Cirurgia de esôfago, estômago
e duodeno
Colecistectomia eletiva por
vídeo
Recomendada
Não recomendada
Cesareanas eletivas
Correção incontinência urinária
Colecistectomia não-eletiva
Herniorrafia sem tela
Cesareana não-eletiva
Parto vaginal com ou sem
episiotomia
Histerectomias
Aborto espontâneo
Cirurgia de mama c/ colocação
prótese
Cirurgia de mama s/ colocação
prótese
Colecistectomia a céu aberto
Cirurgia colo-retal
Antibiótico de escolha: cefazolina 1 g EV, dose única, na indução
anestésica, exceto para os procedimentos que envolvem o colon,
onde se deve dar cobertura para anaeróbios(ampícilina sulbactam
OU clindamicina ou metronidazol + gentamicina em dose única ou
até por 24h
3. Cirurgia cardio-vascular
Recomendada
Não recomendada
Colocação de próteses vasculares
Bypass coronariano
Cirurgia de aorta e de vasos MMII
Colocação de marcapasso definitivo
Estudo hemodinâmico
Cirurgia de varizes e de vasos
MMSS
Antibiótico de escolha: CEFAZOLINA 1 g EV na indução anestésica
e de 8/8 horas por até 72h, exceto na colocação de marcapassso,
onde está indicada dose única.
4. Cirurgia de cabeça e pescoço
Recomendada
Não recomendada
Cirurgia que atravessa a cavidade oral
Amigdalectomia
Cirurgia de grande porte
Adenoidectomia
Redução de fratura mandibular
Cirurgia otológica limpa, sem implante
Cirurgia que não atravessa cavidade oral
Antibiótico de escolha: CEFAZOLINA 1 g EV na indução anestésica
e de 8/8 horas por até 24h
Curetagem para remoção de restos
de aborto
Antibiótico de escolha é cefazolina em dose única. Nas curetagens,
usar doxiciclina ou metronidazol em dose única.
7. Cirurgia Plástica
Recomendada (Opcional)
Não recomendada
Cirurgias com colocação de próteses ou extenso descolamento de
pele e tecido subcutâneo
Cirurgias sem colocação de próteses ou extenso descolamento
de pele e tecido subcutâneo
Antibiótico de escolha: CEFAZOLINA em dose única na indução
anestésica
Referências bibliográficas:
1.Barker,FG. Neurosurgery 2003; 51(2): 391-400
2.Chelmow D et al. Am J Obstet Gynaecol 2001;184:656-61
3.Tanos U. J Am Coll Surg 1994;179:593-600
4.Soouthwell-Kelly JP. Clin Orthop 2004;419:179-84
5.Lewis RT. Can J Surg 2002;45(3):173-80
6.Harris A. Endoscopy 1999;31(9):718-24
7.Kriaras I. Eur J Cardiothorac Surg 2000;18(4):440-6
8.Instituto de Efectividad Clínica y Sanitária. Guia para la profilaxia antibiótica prequirúrgica. Buenos Aires. Ago/2003
9.American Society os Health-System Pharmacists. ASHP therapeutic
guidelines on antimicrobial prophylaxis in surgery. Am J Health-Syst
Pharm 1999;56:1839-88
Boletim Técnico Científico da Unimed Santa Catarina. Rua Otto Boehm, 478, Joinville - SC. Fone: 47-3441 0500.
Conselho editorial: Dr. Alvaro Koenig e Dr. Carlos Augusto Cardim de Oliveira Diagramação: Depto. de Marketing.
Periodicidade bimestral. Tiragem: 500 exemplares.
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