A CULTURA DA PINHA COMO ALTERNATIVA ECONÔMICA PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIÃO NORTE FLUMINENSE Poliana D. Zampirolli1 Adelmo Golynski2 Paulo Marcelo de Souza3 Niraldo José Ponciano4 José Paccelli S. M. Rocha5 RESUMO A pesquisa teve como objetivo determinar, mediante o cálculo do valor presente líquido e da taxa interna de retorno, a rentabilidade da produção de pinha na região Norte Fluminense, bem como identificar, por meio da análise de sensibilidade, os itens de maior peso na determinação dessa rentabilidade. A produção de pinha apresenta-se como atividade viável para essa região. Todos os indicadores utilizados apresentaram resultados satisfatórios. O preço de venda da pinha foi identificado como a variável de maior efeito sobre a rentabilidade do empreendimento, sendo importantes também a mão-de-obra, o preço das embalagens e os equipamentos de irrigação. A produção de pinha não ofereceu risco econômico em seu projeto. Palavras Chave: rentabilidade, análise econômica, risco econômico. 1 . INTRODUÇÃO Na região Norte Fluminense as explorações agropecuárias tem sido a cultura da canade-açúcar e a criação de gado de corte, cuja geração de emprego por unidade de área é muito pequena. Essa pequena diversificação da produção agropecuária é uma característica bastante indesejável sob o aspecto da sustentabilidade de desenvolvimento econômico da região. Diante dessa situação, torna-se fundamental a busca de alternativas para diversificação da agricultura dessa região, e que venha gerar emprego e renda com a finalidade de promover a recuperação da economia regional. Portanto, é nessa linha que a fruticultura vem surgindo como uma alternativa viável e rentável, visando ao desenvolvimento de pequenas e médias propriedades rurais, além da fixação dos trabalhadores no campo, devido à maior demanda de mão-de-obra. Tem sido constatada a obtenção de produtividades satisfatórias no cultivo de algumas fruteiras de características tropicais e subtropicais temperadas, como é o caso da fruta do conde ou pinha, uma fruta facilmente encontrada nas feiras livres e supermercados brasileiros, embora não seja variedade nativa do país. Classificada como exótica, inclusive no mercado interno, as espécies de pinha, representam, a princípio, uma alternativa de negócio atraente, dado os elevados preços que seus frutos alcançam no mercado, com conseqüente interesse por parte dos produtores. Segundo dados do IBGE (2003), a área de pinha no Brasil, em 1996, foi de 6500 ha, sendo cultivada, principalmente, nos estados de Pernambuco, Alagoas, Bahia e São Paulo. No Nordeste, produziram-se 87% deste total, dos quais, 18% em Pernambuco, estado em que há 1 Mestranda em Produção Vegetal da Univ. Est. do Norte Fluminense, Campos, RJ. E-mail: [email protected] Mestrando em Produção Vegetal da Univ. Est. do Norte Fluminense, Campos, RJ. E-mail: [email protected] 3 Professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos, RJ. E-mail: [email protected] 4 Professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos, RJ. E-mail: [email protected] 5 Engº Agrônomo da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos, RJ. E-mail: [email protected] 2 grande potencial produtivo para o cultivo desta cultura. O estado do Rio de Janeiro, apesar do potencial existente para o cultivo de fruteiras, ainda não é um grande produtor de frutas, com destaque apenas para o maracujazeiro e o abacaxizeiro, sendo que existia em 1996 uma área cultivada com pinha de, aproximadamente, 35 ha. Existe uma certa incerteza dos agricultores quanto ao mercado para seus produtos, que poderão se destinar ao abastecimento da própria região, para consumo in natura ou para processamento pelas agroindústrias, ou ainda serem comercializados nos mercados vizinhos, principalmente nas cidades do Rio de Janeiro e de Vitória. Há também interesse no mercado europeu e canadense pela fruta e seus derivados. Apesar de não dispor de dados estatísticos mais concretos sobre a cultura da pinha, é notório o crescimento da demanda na comercialização dos frutos. Dentro da região metropolitana do Rio de Janeiro, por exemplo, a comercialização dos frutos da pinheira vem aumentando, significativamente, nas centrais de abastecimento do estado do Rio de Janeiro (CEASA-RJ, 1999). Entre os anos de 1998 e 1999, o incremento foi de 747 t para 2.951 t de frutos comercializados, respectivamente. Quase a totalidade de frutos comercializados nos mercados do Rio de Janeiro é proveniente do Nordeste Brasileiro. Seja qual for o destino de sua produção, o essencial é que a fruticultura represente uma atividade rentável e que possa figurar como alternativa de investimento para os agricultores da região em estudo, há muito tempo dedicando-se a poucas atividades tradicionais, e estando, por isso, mais susceptíveis ao efeito das mudanças nas condições de mercado desses produtos. A realização dessa pesquisa teve como ponto de partida a constatação de que a Região Norte Fluminense, marcada pelo cultivo intensivo e extensivo de cana-de-açúcar, apresenta uma forte vocação para a fruticultura. O presente trabalho teve, como objetivo, determinar mediante o cálculo de indicadores de resultados econômicos, a rentabilidade da produção de frutas. Buscou-se também, determinar por meio das análises de sensibilidade e de risco, maior eficiência na tomada de decisão por parte dos produtores rurais da Região Norte Fluminense. 2 . METODOLOGIA 2.1 . Avaliação da viabilidade econômica A análise da viabilidade financeira foi realizada em duas etapas, a primeira delas consistindo na construção dos fluxos de caixa que, uma vez obtidos, possibilitaram o cálculo dos indicadores de rentabilidade das atividades consideradas. Os fluxos de caixa são estimativas, as melhores possíveis de acordo com o tempo disponível, do empenho dedicado e do dispêndio de dinheiro empregado num projeto de investimento. A característica comum a todos os projetos de investimento é a possibilidade de estimar o desembolso e os retornos futuros do fluxo de caixa correspondente (LAPPONI, 2000). Todos os preços empregados na análise econômica, sejam de produtos, de equipamentos ou de insumos, foram coletados na própria região, para refletir o real potencial econômico das alternativas testadas. Foram utilizados, como indicadores de resultado econômico, o valor presente líquido (VPL) e a taxa interna de retorno (TIR) que têm, como vantagem, o fato de que considerarem o efeito da dimensão tempo dos valores monetários. O VPL representa o resultado de todas as entradas e saídas do projeto, depois de tomar-se o custo de oportunidade do capital (BUARQUE, 1991). Consiste em transferir para o instante atual todas as variações de caixa esperadas, descontá-las a uma determinada taxa de juros, e somá-las algebricamente (NOGUEIRA, 1999). 1 Segundo LAPPONI (2000), o modelo matemático do valor presente líquido do projeto de investimento pode ser escrito da seguinte forma: VPL = − I + Ou seja, FC 3 FC1 FC 2 + + + .... 1 + K 1 (1 + K 1 )(1 + K 2 ) (1 + K 1)(1 + K 2 )(1 + K 3 ) n FCt t t =1 (1 + K ) VPL = − I + ∑ (1) Em que, VPL é o valor presente líquido; I é o investimento de capital na data zero, FCt representa o retorno na data t do fluxo de caixa; n é o prazo de análise do projeto; e, k é a taxa mínima para realizar o investimento, ou custo de capital do projeto de investimento. O critério para seleção, segundo esse método, é de que devem ser aceitos somente projetos com valor presente positivo. Em outras palavras, devem ser aceitos apenas os projetos cujo valor presente dos retornos, calculado com a taxa mínima requerida k, supera o valor presente do investimento. A TIR de um projeto é a taxa de juro que zera o VPL de seu fluxo de caixa. É aquela que torna o valor presente dos lucros futuros equivalentes aos dos gastos realizados com o projeto, caracterizando, assim, a taxa de remuneração do capital investido (FRIZZONE e SILVEIRA, 2000). Uma das vantagens desse indicador, relativamente ao valor presente líquido, é que ele não requer o conhecimento prévio da taxa de desconto, visto que esta é determinada endogenamente, como resultado da anulação do fluxo descontado do projeto. Como principal desvantagem, esse método pode apresentar resultados múltiplos ou indeterminados, em situações onde o fluxo de caixa não se apresenta na forma convencional, isso é, com uma única inversão de sinal. Matematicamente, seu valor é obtido por: FCt FC n FC1 FC 2 VPL = 0 = − I + + + ... + + ... + 2 t 1 + TIR (1 + TIR ) (1 + TIR) (1 + TIR ) n que, com o somatório dos retornos descontados, pode ser escrita: n FCt 0 = −I + ∑ t t =1 (1 + TIR ) (2) De acordo com esse método, devem ser aceitos investimentos que apresentem taxa interna de retorno superior à taxa mínima requerida k. 2.2 . A tomada de decisão sob condições de risco Aparentemente existe uma relação positiva entre a rentabilidade e a receita de uma empresa; o aumento da receita é acompanhado do aumento de rentabilidade e vice-versa. Essa relação não é tão simples, pois enquanto a melhor receita possível pode ser zero, a menor rentabilidade possível poderá ser negativa. Para lidar com os riscos e incertezas na análise de projetos, utiliza-se o ponto de equilíbrio, que se refere ao nível mínimo de produção e vendas necessárias para que o projeto, uma vez instalado, possa operar sem prejuízo. É admissível que, com a redução da produção, as receitas e os custos variáveis devem cair na mesma proporção, enquanto permanecem constantes a custos fixos. O ponto de equilíbrio pode ser escrito como: 2 n= CF RT − CV (3) Em que: n é a fração da produção necessária para que não haja prejuízo; CF representa os custos fixos; RT representa a receita total e CV representa os custos variáveis. Embora o ponto de equilíbrio não seja muito recomendado para avaliação de projetos agropecuários, devido à falta de controle por parte do produtor, sobre a produção, ele ainda se faz muito importante para esta avaliação, por identificar a que margem de produtividade devese trabalhar sobre a produtividade admitida pelo projeto, para que se tenha segurança de retornos financeiros, ela também nos mostra a que margem começa a ter desembolso, por parte do produtor para cobrir os custos de produção. Além da produtividade considerada por hectare, outros elementos que afetam o orçamento possuem probabilidade de variarem, como por exemplo, os preços dos insumos e produtos. Na avaliação econômica de um projeto precisa-se decidir que preços usar no orçamento para se fazer às recomendações. Algumas vezes é difícil de prever a que níveis estarão os preços um ano ou vários mais tarde ou é difícil estimar os custos de oportunidade de um determinado insumo, como a mão-de-obra, por exemplo. Para estimar a amplitude desses preços usamos o método da análise de sensibilidade. A análise de sensibilidade consiste em estimar o impacto que cada um dos itens do projeto, sejam eles de custo ou de receita, tem sobre o resultado financeiro do projeto. Esse procedimento permite avaliar de que forma as alterações de cada uma das variáveis do projeto podem influenciar na rentabilidade dos resultados esperados (BUARQUE, 1991). O procedimento básico para se fazer uma análise de sensibilidade consiste em escolher um indicador a sensibilizar; definir uma função em que o indicador apresenta-se como dependente dos itens do projeto; implementar choques ou variações em uma ou mais variáveis, mantendo-se constantes todas as demais e fazer a comparação do novo indicador com o indicador inicialmente calculado. Qualquer empreendimento está sujeito a riscos e incertezas, sobretudo os empreendimentos agropecuários, devido ao diverso número de variáveis aleatórias que envolvem, razão pela qual é de fundamental importância à utilização e aperfeiçoamento de instrumentos auxiliares no processo de tomada de decisão sob condições de incerteza. Para avaliar o risco envolvido nos diversos sistemas, será empregada a técnica da simulação de Monte Carlo, que é um dos métodos que utilizam probabilidade na análise dos riscos, o mais simples do ponto de vista prático, além de apresentar custo razoavelmente baixo. O princípio básico do processo de simulação reside no fato de que a freqüência relativa de ocorrência do acontecimento de certo fenômeno tende a aproximar-se da probabilidade matemática de ocorrência desse mesmo fenômeno, quando a experiência é repetida um grande número de vezes e assume valores aleatórios dentro dos limites estabelecidos (HERTZ, 1964). De acordo com WOILER e MATHIAS (1996), o processo de simulação pode ser resumido na seguinte seqüência: 1. Seleciona-se um valor para cada uma das variáveis, dentro das distribuições preestabelecidas. A determinação destes valores deve ser feita de modo aleatório. 2. Tendo os valores, calculam-se os quadros financeiros correspondentes. 3. A seguir, calculam-se os indicadores que serão utilizados na análise como, por exemplo, a taxa de retorno. 4. Os passos anteriores são repetidos certo número de vezes, de modo que seja obtida uma distribuição estatisticamente adequada do resultado. 3 5. Finalmente, tendo a distribuição da taxa de retorno, será possível fazer os cálculos dos indicadores que permitem medir o risco associado à determinada alternativa de investimento. A Figura 1, adaptada de WOILER e MATHIAS (1996), ilustra o processo de Simulação de Monte Carlo. Fonte: WOILER e MATHIAS (1996). Figura 1 – Processo de simulação de Monte Carlo. 4 2.3 . Fonte de dados No trabalho, foi considerada a cultura da pinha para consumo in natura, que, segundo especialistas, é atividade passível de ser cultivada na região. As informações necessárias, isto é, os coeficientes técnicos e os dados de preço, utilizados para formar o fluxo de caixa das atividades, foram obtidos a partir de experiências de produção desenvolvidas em localidades específicas da Região Norte Fluminense. 3 . RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os objetivos deste estudo, foi determinada a viabilidade de implantação da cultura da pinha na Região Norte Fluminense. Os indicadores de rentabilidade utilizados foram o VPL e a TIR, sendo que o valor presente líquido com horizonte de 20 anos apresentou-se positivo, para todas as taxas de desconto consideradas. Para uma taxa mínima de atratividade de 12,00%, a cultura da pinha apresentou valor presente líquido de R$13.378,99. Em relação a TIR, a atividade seria recomendada uma vez que apresentou este indicador com valor de 19,71%, superior a maior taxa mínima de atratividade (12,00%). Os resultados são apresentados na Tabela 1. É importante ressaltar que, em todo o estado, está em vigor o Programa Frutificar, do governo estadual, que tem linha de crédito específica para algumas frutíferas, com recursos emprestados a uma taxa anual de 2,00%, sem correção monetária. O fato, entretanto, é que essa taxa de desconto é muito baixa, não refletindo as condições reais de custo de financiamento ou custo de oportunidade de capital. Tabela 1 – Valor presente líquido com horizonte de planejamento de 20 anos, e taxa interna de retorno para o cultivo de pinha na região Norte do Estado do Rio de Janeiro. PINHA TMA 2,00 % 6,00 % 8,00 % 10,00 % 12,00 % VPL 67.361,29 36.982,80 27.018,42 19.344,44 13.378,99 TIR 19,71% A Figura 2 apresenta o ponto de equilíbrio, mostrando a fração da produção necessária para que não haja prejuízo. Observa-se que para a cultura analisada, o nível mínimo de produção necessário para que não ocorram perdas está em torno de 40,00% e o nível mínimo de produção necessário para que não haja desembolsos efetivos está em torno de 20,00%. 5 18000 CUSTOS E RECEITAS 16000 14000 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00 PRODUÇÃO (%) RT CF1 CF2 CV CT1 CT2 Figura 2 – Ponto de Equilíbrio para a cultura da pinha. A Tabela 2 apresenta os resultados da análise de sensibilidade, mostrando o efeito, sobre a taxa interna de retorno da cultura advindo de uma variação, no sentido desfavorável, de 1,00% nos preços dos insumos e produtos. Observa-se que para a cultura analisada, o preço do produto foi a variável de maior impacto sobre a taxa interna de retorno dos sistemas de produção considerados. Assim, para uma queda de 1,00% no preço recebido pelo agricultor, ocorreria, nos sistemas propostos pela pesquisa, redução da taxa interna de retorno, em pontos percentuais, de 0,33% para cultura da pinha. Os itens de maior peso na determinação do resultado financeiro da atividade foram depois do preço de venda, o custo de mão-de-obra, seguida do custo com embalagens e do equipamento de irrigação. Tabela 2 – Redução, em pontos percentuais, no valor presente líquido e na taxa interna de retorno da cultura da pinha, decorrente de uma variação desfavorável de 1,00% no preço dos insumos e do produto. ITEM Preço do produto Mão-de-obra Embalagens Equipamento de irrigação VPL 12.728,98 13.274,34 13.315,89 13.356,69 (%) -5,00 -0,93 -0,62 -0,32 TIR 19,40% 19,66% 19,68% 19,69% VARIAÇÃO -0,33% -0,07% -0,04% -0,03% Pode-se dizer que o produtor rural convive com a incerteza freqüentemente e uma das finalidades da avaliação econômica de projetos é diminuir o grande risco assumido nas decisões, interessando ao produtor saber qual a margem de segurança dos resultados da análise, antes de tomar sua decisão final. A avaliação econômica baseada nos indicadores e na análise de sensibilidade é necessária, porém insuficiente para uma tomada de decisão segura, cabendo assim, acrescentar a análise de risco para oferecer uma estimativa quantitativa. Nesse sentido, a análise de sensibilidade realizada anteriormente é apenas o primeiro passo para lidar com riscos uma vez que considera a influência das variáveis 6 independentemente, quando se sabe que variáveis correlacionadas devem ser analisadas em conjunto. É importante que se tenha noção das probabilidades de ocorrência de situações adversas, bem como suas conseqüências sobre os resultados do projeto. A distribuição de probabilidade acumulada do VPL foi obtida mediante Simulação de Monte Carlo. Sabe-se que as informações usadas na avaliação de projetos são sempre projeções para o futuro dos valores das variáveis que formam o fluxo de caixa e, portanto, são estimativas sujeitas a erros. Com essa análise têm-se condições de oferecer as probabilidades de que o projeto venha a reduzir certos valores especificados. Observa-se pela simulação que a probabilidade do produtor obter um VPL negativo é baixo para a cultura analisada. Para a cultura da pinha temos uma probabilidade de 2,34% do VPL < 0. Pela simulação de Monte Carlo, nota-se que a atividade da pinha não oferece riscos econômicos em seu projeto. O preço do produto é o item cuja variação tem maior impacto sobre a rentabilidade da cultura analisada, e esse é um problema da maior relevância, uma vez que o risco envolvido nesses empreendimentos pode ser elevado. A comercialização apresenta-se como um dos problemas para a fruticultura, e o processo de agroindustrialização destes produtos, já em curso na região, surge como forma de amenizar a instabilidade do preço pago ao produtor. 4 . CONCLUSÕES De modo geral, os resultados possibilitaram concluir que a fruticultura apresenta-se como atividade viável para a região Norte do Estado do Rio de Janeiro. A atividade analisada mostrou-se viável para as várias taxas de atratividade consideradas, inclusive pela de 12,00% ao ano. Pela a análise do ponto de equilíbrio pode se concluir que somente uma queda muito elevada na produção estimada fará com que este projeto não dê lucro. Essa análise é tanto mais importante quanto maior for a insegurança que se tenha nas projeções de mercado. A análise de sensibilidade revelou que, no sistema proposto, o preço de venda do produto é a variável cuja mudança tem maiores impactos sobre a rentabilidade. Esse resultado é coerente com a instabilidade dos preços no mercado de frutas dado a sua característica de elevada perecibilidade. Pode-se concluir que, pela freqüência com que aparece como item de peso na determinação dos resultados financeiros dos sistemas de cultivo, a mão-de-obra é, depois do preço do produto, o fator de maior importância para o sucesso dos empreendimentos. Variações nos preços das embalagens apresentam, também, efeitos significativos sobre a rentabilidade da fruteira considerada. A análise também mostrou que o custo do equipamento de irrigação apresenta-se como um item de grande impacto sobre a rentabilidade. Além dos indicadores de rentabilidade, afirmações mais seguras sobre o risco envolvido no investimento somente podem ser feitas após o conhecimento da distribuição de probabilidade. Mediante a simulação de Monte Carlo, pode-se concluir que é baixa a probabilidade dos produtores de pinha obterem valores presentes líquidos negativos. Dessa forma, os resultados obtidos permitem concluir que a cultura da pinha é rentável na região Norte do Estado do Rio de Janeiro e pode ser mais uma opção ao produtor interessado em diversificar suas atividades. Por ser relativamente nova na região, a pinha necessita de mais estudos técnicos e econômicos, principalmente voltados para irrigação, adubação, pós-colheita (climatização) e na comercialização da fruta. Apesar das condições favoráveis ao desenvolvimento da cultura da pinha na Região, o que está expresso através dos indicadores, é necessário uma análise da cadeia produtiva com a finalidade de identificar os fatores limitantes ou pontos de estrangulamento ao longo das diversas etapas que formam a mesma. Deve-se, também, considerar o aspecto da competitividade que é importante em projetos dessa natureza. 7 5 . BIBLIOGRAFIA AGRIANUAL 2003. Anuário da Agricultura Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Agros Comunicação, 2003, 544p. BUARQUE, C. Avaliação econômica de projetos. 6 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1991. 266p. CEASA – RJ, Análise de comercialização. Secretaria de Estado de Agricultura, Abastecimento, Pesca e Desenvolvimento do Interior. Rio de Janeiro/RJ. 1999. FRIZZONE, J. A., SILVEIRA, S. F. R. Análise econômica de projetos hidroagrícolas. In: SILVA, D. D, PRUSKI, F. F. Gestão de recursos hídricos: aspectos legais, econômicos, administrativos e sociais. 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