Atmosfera Terrestre

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INSTITUTO FEDERAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA
CATARINA
Departamento Acadêmico de Saúde e Serviços
Curso Técnico de Meteorologia
Disciplina:
Semestre:
Alunos:
Sigla:
Atmosfera Terrestre
Professor
Michel Nobre Muza
INTRODUÇÃO
METEOROLOGIA SINÓTICA
Histórico
O termo sinótica (do grego synoptikos) significa elaborar uma visão geral de um todo.
Na meteorologia, este termo é utilizado no contexto de dimensões horizontais e tempos de
duração de fenômenos atmosféricos como ciclones e anticiclones extratropicais, cavados e
cristas no escoamento atmosférico, zonas frontais e correntes de jato. Relaciona-se também com
a padronização de horários para as observações meteorológicas e junção das informações
coletadas para a posterior confecção de mapas ou cartas sinóticas. A limitação na escala
horizontal mínima dos fenômenos é dada pela distância entre as estações de superfície.
Atualmente, os fenômenos de escalas menores, denominados de escala subsinótica,
como bandas de precipitação, com tempestades severas, frentes de rajada e nuvens tipo cumulus
podem ser observados pêlos radares e satélites. Antigamente estes sistemas eram investigados
por aviões, os quais não conseguiam uma amostragem simultânea de vários lugares, e, portanto,
não permitiam uma análise detalhada da estrutura espacial.
Genericamente, o tratamento físico-matemático do deslocamento do ar na atmosfera
terrestre torna-se complicado pelo fato de ambos, atmosfera e Terra, encontrarem-se em
movimento. Por isso, antes de se discutirem os diversos tipos de escoamentos, é fundamental
que se conheçam as forças predominantes no sistema Terra-atmosfera, inclusive as
conseqüências da rotação da Terra sobre os movimentos.
Inicialmente, neste tópico de meteorologia sinótica, serão trabalhados estes conceitos
gerais sobre os movimentos atmosféricos, através de seus aspectos físicos e observações
meteorológicas. Os tópicos principais são revisões de conceitos básicos, as forças Fundamentais,
inerciais e não-inerciais, que atuam na atmosfera e o sistema de equações governantes. Através
da análise de escala, definem-se os ventos teóricos geostrófico, gradiente, ciclostrófico e térmico.
Análise de advecção térmica pela variação vertical do vento e os ventos observados locais e
globais. Finalmente se tratará da estrutura vertical dos sistemas de altas e baixas pressões.
FORÇAS FUNDAMENTAIS QUE ATUAM NA ATMOSFERA
Pela segunda lei de Newton, a taxa de variação do "momentum" (quantidade de
movimento) de um sistema é igual à soma de todas as forças que nele atuam. Para movimentos
atmosféricos de interesse meteorológico, as forças preponderantes são: força gravitacional, força
devida ao gradiente de pressão e força de fricção. Note-se, entretanto, que a segunda lei de
Newton se aplica apenas aos referenciais inerciais (como o das três estrelas fixas). No caso em
que a rotação da Terra é considerada, o que implica a adoção de um sistema de coordenadas
que gira conjuntamente com a Terra (referencial não inercial), algumas forças "aparentes" devem
ser adicionadas para que a segunda lei de Newton possa ainda ser aplicada. Tais forças são:
força centrífuga (oposta à centrípeta, em virtude da rotação da Terra) e força de Coriolis. A tabela
abaixo mostra a respectiva força e sua aplicação na atmosfera.
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Tabela 1 – Força fundamentais que atuam na circulação do ar na atmosfera.
FORÇA DEVIDO AO GRADIENTE DE PRESSÃO
O gradiente de pressão (Pa m) é uma quantidade dimensional que expressa a direção
e a taxa de variação ao redor de um determinado local. Sabe-se que são dois os parâmetros
meteorológicos responsáveis diretamente pelas variações de pressão, a densidade e temperatura
do ar. Assim, existe uma força devido a diferença de pressão, orientada das altas pressões paras
as baixas pressões (contrário do gradiente).
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FORÇA DE CORIOLIS
No início do século 19, Gaspard Coriolis desenvolveu um princípio matemático para
descrever o movimento de objetos em relação a um sistema de referência não-inercial, em
rotação uniforme, tal como a Terra. Seu princípio recebeu o nome de Força de Coriolis - um
pouco enganoso, pois o efeito não é realmente uma força, mas uma ilusão dos sistemas de
referência que aparece para o observador como se fosse uma força invisível.
O efeito pode melhor ser descrito como se segue: A Terra gira de oeste para leste, de
modo que um objeto viajando em um curso retilíneo do pólo norte ao equador estará influenciado
pela rotação da Terra que gira embaixo dele. O resultado final é que o objeto se desvia para
oeste em relação ao seu destino pretendido. Para um observador externo, parece como se o
objeto tivesse uma trajetória levemente curvada para oeste. O efeito é mais pronunciado quanto
mais próximo o objeto em movimento estiver do equador. Do mesmo modo, um objeto movendose para o norte a partir do equador parecerá se desviar para o leste. A regra prática é que no
hemisfério norte os objetos se desviam para o lado direito do sentido do movimento; no
hemisfério sul, para o lado esquerdo.
(b)
(a)
Fig. 1 – Efeito da Força de Coriolis no deslocamento norte-sul sobre a Terra
Os efeitos da Força de Coriolis são partes da vida diária: no hemisfério norte, os aviões se
desviam levemente para a direita e, portanto, precisam estar constantemente corrigindo sua rota;
estradas de ferro na direção norte-sul tendem a desgastar primeiro os trilhos da direita; e os rios
sofrem erosão primeiramente do lado direito de suas encostas. A atmosfera também está sujeita
a esta força, e os ventos para o norte tendem a se tornar ventos para nordeste durante seus
percursos.
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Fig. 2 - Efeito da Força de Coriolis sobre os ventos.
A Força de Coriolis também age sobre os movimentos oceânicos. No hemisfério norte, os
movimentos das águas tendem a assumir o sentido horário, enquanto no hemisfério sul o desvio
é no sentido anti-horário.
A seguir, descreve-se um exercício de fixação para destacar a aceleração de Coriolis, na
superfície da Terra, como um referencial não inercial.
Um “globo terrestre”, comum em salas de aula, é posto a girar ao redor de um eixo vertical,
acionado por um pequeno motor com redutor de velocidades. Um fio de linha sustenta uma
bolinha sobre a superfície do globo. Posto a girar, nota-se perfeitamente a deflexão do fio para a
direita (atente para o sentido correto da rotação do globo).
Fig. 3 – O efeito de Coriolis em função da rotação da Terra.
Quando se inclui o efeito da rotação da Terra, a força de Coriolis faria com que os
ventos em superfície se tornassem mais ou menos de leste e os de ar superior de oeste. Isto
significa que os ventos de superfície soprariam contra a rotação da Terra, que é, de oeste. Esta é
uma situação impossível, por que os ventos de superfície teriam um efeito de frenagem sobre a
rotação da Terra. A energia cinética dos ventos se converteria em calor de atrito e os ventos se
desacelerariam. Portanto, corrente de leste em uma latitude precisa ser equilibrada por corrente
de oeste em outra zona latitudinal.
DISTRIBUIÇÕES OBSERVADAS DE VENTO E PRESSÃO NA SUPERFÍCIE
A distribuição dos sistemas de altas e baixas pressões influencia os padrões de ventos
e precipitação. Uma grande diferença de pressão faz com que o ar se mova mais rapidamente,
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resultando em ventos fortes. Uma diferença menor causa ventos mais fracos. Nos locais onde
houver linhas isobáricas mais apertadas entre si os gradientes de pressão serão mais elevados e
existirão ventos fortes.
São diferenças no aquecimento e movimento da atmosfera que criam diferenças na
pressão atmosférica. Onde há massas de ar frio descendente, geram-se regiões de altas
pressões. Onde massas de ar quente ascendem, há regiões de baixas pressões. A água dos
oceanos mantém uma temperatura mais consistente; arrefece e aquece mais lentamente que a
terra. No inverno, os continentes arrefecem mais do que os oceanos e, isso cria regiões de altas
pressões sobre eles. No verão, acontece o oposto; os continentes aquecem mais e o ar quente
ascendente sobre eles gera regiões de baixas pressões sobre eles.
CICLONES E ANTICICLONES
Um ciclone (ou centro de baixas pressões) é uma região em que ar relativamente
quente se eleva e favorece a formação de nuvens e precipitação. Por isso, tempo nublado, chuva
e vento forte estão normalmente associados a centros de baixas pressões. A instabilidade do ar
produz um grande desenvolvimento vertical de nuvens cumuliformes associadas a fortes chuvas.
São indicados no mapa meteorológico pela letra B (de baixa pressão) e são áreas onde a
pressão atmosférica é a mais baixa que na sua vizinhança e em volta do qual existe um padrão
organizado de circulação de ar.
À medida que o ar flui dos centros de altas pressões para um centro de baixas
pressões, pela ação do gradiente de pressão, é defletido pela força de Coriolis de tal modo que
os ventos circulam em espiral ao longo das isóbaras, com um desvio no sentido da depressão, e
na direção ciclônica, isto é, na direção oposta ao dos ponteiros de um relógio no HN e no sentido
inverso no HS. Os ciclones são fáceis de reconhecer num mapa de observações à superfície
pelos ventos que tendem a fluir com uma rotação horária (HS) e nas imagens de satélite pela
configuração em forma de vírgula de bandas de nuvens.
No HS, um ciclone em desenvolvimento é tipicamente acompanhado (a oeste do
centro de baixas pressões) de ventos de sul no lado oeste transportando para norte o ar frio e
seco de uma massa de ar frio, com uma frente fria marcando o limite do avanço de massa de ar
mais fria e seca. A leste do centro de baixas pressões, ventos de norte transportam ar mais
quente e úmido para latitudes maiores contribuindo para o desenvolvimento de precipitação.
Um anticiclone (ou centro de altas pressões) é uma região em que o ar se afunda
vindo de cima (e aquece e fica muito estável) e suprime os movimentos ascendentes necessários
à formação de nuvens e precipitação. Por isso, bom tempo (seco e sem nuvens) está
normalmente associado aos anticiclones. São indicados num mapa pela letra A e são áreas onde
a pressão atmosférica é a mais alta na sua vizinhança. À medida que o ar flui a partir dos centros
de altas pressões é defletido pela força de Coriolis de tal modo que os ventos circulam em volta
dele na direção dos ponteiros de um relógio no Hemisfério Norte (e no sentido inverso no
Hemisfério Sul) - a chamada direção anticiclônica.
Num anticiclone o movimento do ar é descendente, em espiral, expandindo-se à
superfície, enquanto numa depressão o movimento é ascendente, em espiral, concentrando-se à
superfície.
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CONVERGÊNCIA E DIVERGÊNCIA
Embora o transporte vertical seja pequeno comparado com o movimento horizontal, ele
é muito importante para o tempo. Ar ascendente é associado com nebulosidade e precipitação,
enquanto subsidência produz aquecimento adiabático e condições de céu limpo.
Consideremos inicialmente a situação em torno de uma baixa pressão na superfície
(ciclone), onde o ar está "espiralando" para dentro. O transporte de ar para o centro causa uma
diminuição da área ocupada pela massa de ar, um processo chamado convergência horizontal.
Como conseqüência, o ar deve acumular-se, isto é, aumentar sua altura. Este processo gera uma
coluna de ar mais "alta" e, portanto mais pesada. Contudo, a baixa de superfície pode existir
apenas enquanto a coluna de ar acima permanece leve. Conseqüentemente, um ciclone de
superfície deveria erradicar-se rapidamente. Para que uma baixa superficial exista por um tempo
razoável, deve haver compensação em alguma camada acima. A convergência na superfície
poderia ser mantida, por exemplo, se divergência em nível superior ocorresse na mesma
proporção (Fig. 4). A convergência em superfície sobre um ciclone causa um movimento
resultante para cima. A velocidade deste movimento vertical é pequena, geralmente menor que 1
km/dia. Ar ascendente sofre resfriamento adiabático e conseqüente aumento da umidade relativa.
Nuvens e precipitação podem eventualmente desenvolver-se, de modo que ciclones são
usualmente relacionados a condições instáveis e tempo "ruim". A divergência em nível superior
pode ocasionalmente até mesmo exceder a convergência na superfície, o que resulta na
intensificação do fluxo para o centro do ciclone na superfície e na intensificação do movimento
vertical. Assim, a divergência em nível superior pode intensificar estes centros de tempestade,
assim como mantê-los. Por outro lado, divergência inadequada em nível superior permite que o
fluxo na superfície "preencha" e enfraqueça o ciclone na superfície. Pode ocorrer também que é a
divergência em nível superior que primeiro cria a baixa na superfície ao iniciar fluxo ascendente
na camada imediatamente abaixo e eventualmente abrindo caminho até a superfície, onde o fluxo
para dentro é então estimulado.
Fig. 4 - Esquema das correntes de ar associados com ciclones e anticiclones.
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Assim como os ciclones, os anticiclones precisam também ser mantidos a partir de
cima. O fluxo de massa para fora na superfície é acompanhado por convergência em nível
superior e subsidência geral na coluna (Fig. 4). Como ar descendente é comprimido e aquecido, a
formação de nuvens e precipitação é improvável em um anticiclone e, por isso, eles são
usualmente associados com tempo "bom". Além disso, num anticiclone o gradiente de pressão é
geralmente fraco numa grande região em volta do centro e os ventos são fracos.
Devido à estreita ligação entre ventos e sistemas de tempo, consideraremos alguns
fatores que contribuem para a convergência ou divergência horizontal. Já mencionamos o atrito
sobre correntes de ar curvas, que faz com que o vento cruze as isóbaras para a área de pressão
mais baixa. O atrito também causa convergência quando a corrente de ar é reta. Quando o ar se
move da superfície relativamente lisa do oceano para a terra, por exemplo, o atrito crescente
diminui a velocidade do vento, resultando num acúmulo de ar. Portanto, ventos convergentes e ar
ascendente acompanham a corrente de ar do oceano para a terra (Fig. 5). Este efeito contribui
para as condições nebulosas sobre a terra freqüentemente associadas com uma brisa marítima.
Por outro lado, divergência e subsidência acompanham a corrente de ar da terra para o oceano,
devido à velocidade crescente (Fig. 5).
Fig. 5 - Divergência e convergência devido a topografia e o atrito.
As montanhas, que também atrapalham o fluxo de ar, causam divergência e convergência ainda
de outra maneira. Quando o ar passa sobre uma cadeia de montanhas, a coluna de ar precisa
reduzir-se verticalmente, o que produz divergência horizontal em altitude. Ao atingir o sotavento
da montanha, a coluna de ar aumenta verticalmente, o que causa convergência horizontal em
altitude.
A previsão do deslocamento de centros de baixa pressão é importante para a previsão de curto
prazo. Além disso, os meteorologistas precisam também determinar se a circulação em ar
superior intensificará um ciclone embrionário ou suprimirá seu desenvolvimento. É muito
importante entender a circulação atmosférica total.
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SISTEMAS FRONTAIS
Uma frente é uma zona de transição entre duas massas de ar de densidades diferentes. Estas
diferenças de densidade são freqüentemente causadas por diferenças de temperaturas - as
frentes normalmente separam massas de ar com temperaturas diferentes. Geralmente, uma
massa de ar é mais quente e úmida do que a outra. Massas de ar estendem-se horizontalmente e
verticalmente. Assim, a extensão ascendente de uma frente é chamada de superfície frontal ou
zona frontal.
A FORMAÇÃO DE UM SISTEMA FRONTAL
A figura abaixo mostra a seqüência de formação de um sistema frontal, para o no hemisfério Sul,
na região de formação das frentes polares. O processo inicia-se pela formação de uma
depressão, a origem de um ciclone e posteriormente o sistema frontal composto pelas frentes
quente e fria.
1. As depressões começam com uma 2. Torcidas pelo efeito Coriolis, as duas
saliência na frente polar, onde o ar polar massas de ar giram em torno de uma
e o tropical se encontram.
área de baixa pressão que se
aprofunda.
3. A torção da frente desenvolve dois 4. Finalmente, a frente fria alcança a
braços – a frente quente e a frente fria – frente quente, erguendo-a do chão para
e se move lentamente para leste.
criar uma frente "oclusa".
A vida de uma depressão
Muitas depressões atmosféricas nascem sobre o mar. Neste local, massas de ar tropicais
quentes e úmidas e massas de ar polares frias e secas colidem junto a uma linha imaginária
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chamada "frente polar". A depressão começa quando o ar tropical se avoluma na direção do pólo.
À medida que a massa de ar tropical se eleva acima da massa polar, vai criando uma área de
baixa pressão na crista da saliência. O ar polar avança com rapidez para substituir o ar quente
que sobe. Logo depois, ventos começam formar espirais em torno do centro de baixa pressão,
enquanto as fendas frias se aquecem. A depressão se aprofunda e a frente polar começa a
desenvolver uma nítida torção. Em uma das extremidades, o ar quente continua a mover-se
lentamente para sobre o ar frio numa inclinação gradual (a frente quente). Na outra, o ar frio
avança sob o ar quente (a frente fria). A depressão se aprofunda e é lentamente carregada para
leste por ventos fortes na atmosfera superior.
Acima do solo, a superfície frontal inclina-se num ângulo baixo permitindo o ar a uma maior
temperatura cobrir o ar mais frio. Idealmente, as massas de ar em ambos os lados da frente
mover-se-iam na mesma direção e velocidade. Nesta condição, a frente agiria simplesmente
como uma barreira que segue juntamente com as massas de ar e nenhuma massa poderia
penetrar. Mas geralmente, a distribuição de pressão através de uma frente permite uma massa de
ar mover-se mais rapidamente do que a outra. Assim, uma massa de ar avança ativamente contra
a outra e elas colidem.
Quando uma massa de ar se move de encontro à outra, resulta daí uma mistura ao longo da
superfície frontal. Na maioria das vezes, as massas não perdem as suas identidades quando uma
é sobreposta na outra. Qualquer massa que avança, é sempre um ar mais quente e menos denso
que é forçado a subir, ao passo que o ar a uma menor temperatura e mais denso atua com uma
cunha ocorrendo assim o levantamento.
Para identificar uma frente num mapa do tempo de superfície, os meteorologistas utilizam:





mudanças rápidas de temperaturas sobre uma distância relativamente pequena;
mudanças na umidade de ar (mudanças no ponto de orvalho);
alteração na direção dos ventos;
pressão e mudanças em pressão;
nuvens e padrões de precipitação.
Abaixo estão relacionados os tipos de frentes que compões um sistema frontal:
Frente Quente Uma frente quente tem ar quente e úmido atrás de si. Esse ar
quente sobe acima do ar frio por ser menos denso e forma
nuvens ao longo da frente. À medida que a frente quente se
aproxima, há uma queda maior da pressão e a nebulosidade, a
temperatura mantém-se constante ou sobe lentamente, salvo se
cair um pouco por efeito da chuva. Ocorre, algumas vezes,
instabilidade suficiente para formar nuvens cumulonimbus e
trovoadas. À medida que a chuva cai, através do ar mais frio, a
evaporação das gotas, em combinação com a turbulência do ar
inferior, pode resultar na formação de nevoeiros. Com a
passagem da frente, vem a elevação normal da temperatura,
variação da direção do vento e melhoria das condições de
tempo, embora possa haver persistência de alguma
nebulosidade na massa de ar quente.
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Frente Fria
Em uma frente fria o ar quente é empurrado e substituído pelo
ar frio. Como no caso da frente quente, a estrutura vertical do ar
quente é que vai determinar as reações com referência à
nebulosidade e precipitação. À medida que uma frente fria
comum se aproxima há chuvas fortes podendo haver fortes
rajadas de vento ou violentas tempestades. Com a passagem da
frente há um aumento da pressão, uma queda brusca e grande
de temperatura, um aumento na força do vento e uma variação
na sua direção. Essas alterações são comumente seguidas por
uma rápida modificação para tempo sem nuvens, embora
algumas nuvens possam persistir por algum tempo.
Frente Oclusa Uma frente oclusa é uma frente complexa onde uma frente fria
se encontra com uma frente quente. Num mapa do tempo, a
posição na superfície é representada por uma linha alternada
com triângulos e semicírculos estendidos em direção do
movimento. As condições de tempo associadas a este tipo de
frente é geralmente complexo. A maioria de precipitação é
produzida pelo ar quente levantado no alto. Quando as
condições são suficientes, a nova frente sozinha tem a
capacidade de iniciar precipitação.
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Frente
Estacionária
Uma frente estacionária é uma frente quase estacionária onde
o fluxo de ar em ambos os lados da frente não se dirige para a
massa de ar fria ou para a massa de ar quente, mas é paralelo à
linha da frente. As frentes estacionárias formam-se quando uma
frente avançando retarda ou pára sobre uma região. Em um
mapa do tempo, a posição na superfície é representada por uma
linha com triângulos estendidos para o ar mais quente de um
lado e semicírculos estendidos para o ar mais frio no outro. Uma
mudança na temperatura e/ou uma troca de direção de ventos
são geralmente observados quando um local é atravessado por
esta frente.
9. MASSAS DE AR
Embora as temperaturas do ar próximo ao solo sejam mais elevadas nas regiões equatoriais e
mais baixas nas regiões polares, a temperatura do ar não diminui constantemente se nos
deslocarmos do equador ao pólo. Ao invés disso, observa-se a existência de um amplo volume de
ar quente ocupando as latitudes tropicais, no interior do qual as variações de temperatura são
muito reduzidas. Analogamente, sobre as regiões polares encontram-se extensas porções de ar
frio com gradientes térmicos também reduzidos. Essas grandes porções de ar com propriedades
bastante uniformes são denominadas massas de ar.
As massas de ar adquirem suas propriedades por permanecerem sobre determinada região da
superfície da Terra por um período de tempo suficientemente longo para que as propriedades
termodinâmicas — temperatura e umidade — alcancem praticamente um estado de equilíbrio,
constituindo-se, assim, num volume praticamente homogêneo, com poucas variações dessas
propriedades.
Uma massa de ar pode ser definida como sendo uma grande porção de ar que apresenta
homogeneidade horizontal de temperatura e umidade. Apresenta propriedades físicas quase
uniformes a um mesmo nível de altitude, principalmente no que se refere à temperatura e
umidade. As massas de ar se formam sobre grandes áreas uniformes de terra ou de água, sobre
as quais a circulação do vento é fraca. Sob tais condições, o ar próximo à superfície vai, de modo
gradual, adquirindo características uniformes que se aproximam daquelas da superfície, enquanto
que o ar superior vai se ajustando às condições de temperatura e umidade da camada logo
abaixo. Os principais processos que permitem esse ajustamento são a radiação, a convecção
vertical, a turbulência e o movimento horizontal do ar (advecção).
As massas de ar são, eventualmente, carregadas pela circulação geral da atmosfera para longe
de suas regiões de origem. Dessa forma, o ar tropical, quente e úmido equatorial é na direção dos
pólos, enquanto que ar polar, frio e seco, se desloca para o equador terrestre. À medida que as
massas de ar se deslocam, tendem a reter usas propriedades, principalmente em altitude. As
camadas da superfície modificam-se, em função das superfícies sobre as quais se deslocam. As
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propriedades da região-fonte, sobre a qual a massa se originou, irão refletir as suas
características e, por conseguinte, a própria denominação que identificará a massa de ar. Assim,
o sistema de classificação das massas de ar mais comumente usado baseia-se nas
propriedades térmicas da superfície sobre a qual as massas se originam: massa equatorial (E),
tropical (T), polar (P) Pode também ocorrer a formação de massas de ar em consequência do
afundamento do ar troposférico superior, que acumula-se à superfície. Este fenômeno é
denominado subsidência (S) e associa-se, em geral, à presença de uma alta pressão à superfície.
Ao descer, o ar é comprimido adiabaticamente (isto é, sem realizar trocas de calor com o
ambiente ao redor), resultando em uma massa de ar quente e seca. As características de
umidade são representadas pêlos termos "continental" (c) e "marítima" (m), correspondendo ao
ar seco e úmido, respectivamente. É comum também a utilização dos termos “Atlântico” (a) ou
“Pacífico” (p), especificando o oceano de origem da massa de ar marítima.
De acordo com esses critérios, uma massa de ar que se forma na região tropical, sobre o Oceano
Atlântico, é identificada por Ta; originando-se na região polar continental, será representada por
Pc. Enquanto a massa tropical do Pacífico, Tp, é quente e úmida, a continental polar, Pc. é seca e
fria.
Quando uma massa de ar se desloca de sua região de origem, ela vai progressivamente
perdendo as características originais em conseqüência das trocas diabáticas com a superfície
sobre a qual escoa e também em virtude dos movimentos verticais que vão ocorrendo. Ao se
deslocar, caso a massa de ar seja mais "quente" do que a superfície, passa a ser identificada
acrescentando-se-lhe a letra w. Caso contrário, acrescenta-se-lhe a letra k.
Por exemplo, uma massa Ta, ao deslocar-se sobre o continente mais "frio", é identificada como
Taw. Analogamente, uma massa Pc, ao deslocar-se sobre um oceano "quente", passa a Pck.
Considerando os critérios de estabilidade e instabilidade da atmosfera, é fácil concluir que a
massa Pck tende a ser instável, pois o ar frio polar, ao escoar sobre uma superfície quente, irá
apresentar um decréscimo da temperatura com a altitude (isto é, um gradiente vertical de
temperatura negativo) e convecção. Por outro lado, uma massa do tipo Tcw tende a ser estável,
uma vez que a camada de ar junto ao solo, estando mais fria em relação às camadas mais
baixas, criará uma situação em que o ar mais frio e denso se encontra abaixo de um ar mais
quente e menos denso, inibindo os movimentos verticais. Nestas circunstâncias, partículas
poluentes em suspensão serão impedidas de subir, concentrando-se próximo à superfície e
prejudicando a visibilidade.
Sobre a América do Sul, as massas de ar predominantes são as seguintes:
a) Massa Equatorial Continental, Ec: forma-se basicamente sobre a Região Amazônica, área
dominada por baixas pressões. Nela predominam os movimentos convectivos, intensificados pela
convergência dos ventos alísios de nordeste e de sudeste. Sua atuação estende-se bastante ao
sul no verão, retraindo-se ao máximo no inverno.
b) Massa Equatorial Marítima, Em: ocorre sobre os oceanos Atlântico e Pacífico, resultante da
convergência dos alísios (ZCIT — zona de convergência intertropical). Como tal, desloca-se
latitudinalmente ao longo do ano, atingindo latitudes de até 8°S no verão; no inverno retorna ao
Hemisfério Norte, aluando, inclusive, sobre o extremo norte do continente sul-americano.
c) Massa Tropical Continental, Tc: está associada à baixa pressão predominante sobre a
Região do Chaco, em consequência do grande aquecimento da superfície, especialmente no
verão. Este superaquecimento continental dá origem a uma massa quente e seca, instável,
apresentando intensa atividade convectiva, que se estende até 3.000 m. Apesar disso, as
precipitações associadas são fracas, predominando céu pouco nublado, o que favorece ainda
mais o aquecimento diurno e o resfriamento noturno.
d) Massa Tropical Marítima, Tm: forma-se sobre os oceanos Atlântico e Pacífico, associada aos
Anticiclones do Atlântico Sul e do Pacífico Sul. Os anticiclones, à superfície, induzem a
subsidência do ar superior, como descrito anteriormente. Este ar subsidente, quente e seco,
sobrepondo-se ao ar úmido e menos aquecido que repousa sobre a superfície oceânica, dá
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origem a uma camada de inversão situada entre 500 e 1.500 m de altitude. Assim, a Tm é
formada por duas camadas: uma inferior, fria e úmida, e outra superior, quente e seca. A umidade
que se acumula na parte inferior da Tm dá origem à formação de nuvens do tipo cumulus de
pequena extensão vertical; por isso provocam poucas chuvas, geralmente no litoral ou
associadas à orografia, quando a massa desloca-se sobre o continente. No inverno, com o
deslocamento do Anticiclone do Atlântico Sul para o continente, a Tm passa a ser uma massa
puramente subsidente continental, Sc, incapaz de provocar sequer a formação de nuvens,
predominando céu claro e ausência de chuvas, o que irá caracterizar a estação seca. A Tm do
Pacífico exerce importante papel no tempo e no clima do Brasil, na estação do verão, por meio de
um mecanismo que a associa com a Tc. Nessa estação a Tm do Pacífico transborda sobre a
Cordilheira dos Andes, indo alimentar a depressão do Chaco sob a forma de brisa de montanha.
Excetuando esse fenômeno, a Cordilheira dos Andes atua como um divisor entre as massas
continentais a leste e as massas marítimas a oeste.
e) Massa Polar Marítima, Pm: acha-se associada aos anticiclones migratórios que se localizam
na região subantártica. Em virtude dos mecanismos de subsidência associados, a Pm é
originalmente muito estável, mas, à medida que se desloca para o norte ou para o nordeste, a
inversão desaparece e a massa passa a ser instável. Embora existam em todas as estações, são
mais imensas no inverno e por isso desempenham maior destaque sobre o continente nessa
estação, quando suas incursões atingem as baixas latitudes.
f) Massa Antártica Continental, Ac: origina-se na mesma região durante todo o ano, isto é,
sobre o Continente Antártico e áreas adjacentes permanentemente cobertas de gelo. Uma visão
global das regiões-fonte, das configurações das massas de ar e do escoamento geral
predominante sobre o Hemisfério Sul, ao verão e no inverno, é mostrada nas Figuras 8.1 (a) e 8.1
(b). Sobre o Brasil, a atuação das massas de ar é bastante variável ao longo do ano. A Figura 8.2
mostra o domínio geográfico médio das diversas massas nas quatro estações do ano. Em tal
figura, "Ec" é o mesmo que "Ec"; "Em" o mesmo que "Em" etc. Por outro lado, CIT significa o
mesmo que ZCIT (zona de convergência intertropical), sendo, portanto, a região de encontro
entre os ventos alísios de norte e sul; a sigla ZD, ao contrário, significa a zona de divergência dos
alísios do Hemisfério Sul, causada pela atuação do Anticiclone do Atlântico Sul, que promove os
ventos dominantes de norte e nordeste, em especial quando aquele anticiclone aproxima-se ou
situa-se sobre o continente brasileiro.
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Fig. 8.2 – Domínio médio das massas de ar nas quatro estções do ano no Brasil.
CIRCULAÇÃO SECUNDÁRIA OU LOCAL
São Irregularidades dentro da Circulação Geral dos Ventos, podem ser locais dependendo da
diferença de temperatura entre seus pontos.
A. Brisa Marítima: Do oceano para o continente, é mais intensa no período da tarde e no verão.
B. Brisa Terrestre: Do continente para o oceano, é mais intensa no período da noite e no
inverno.
C. Ventos de Vale: É mais intenso a tarde e no verão. Pode gerar Turbulência.
D. Ventos de Montanha: É mais intenso a noite (de madrugada) e no inverno.
E. Vento FOHEN: É o vento quente e seco que desce a encosta de uma montanha.
F. Ventos de Monções: (Monção de Verão – Massas de ar Provenientes do oceano) (Monção de
Inverno – Massas provenientes do continente seguindo para o oceano).
G. Vento
Catabático:
Todo
vento
que
desce
a
Montanha
(SOTAVENTO)
H. Vento Anabático: Todo vento que sobe a encosta de uma montanha. (BARLAVENTO)
14
Aplicações da Hidrostática
A força de gravidade
Uma partícula de massa unitária em repouso sobre a superfície da Terra, observada de um
sistema de referencial em rotação com a Terra, está sujeita à uma forca centrífuga Ω2R, onde Ω é
a velocidade angular de rotação da Terra e R é o vetor posição do eixo de rotação da partícula.
O peso de uma partícula de massa m, em repouso na superfície da Terra é a forma de reação da
Terra nessa partícula (força gravitacional “mg’”) e a força centrífuga. Então, a combinação da
força gravitacional e da força centrífuga define a força de gravidade (comumente chamada de
gravidade).
g  g '2 R
(1)
A força gravitacional é dirigida para o centro da Terra, enquanto a força centrífuga é dirigida para
o espaço, mas perpendicular ao eixo de rotação da Terra. Portanto, a gravidade não é dirigida
para o centro da Terra, exceto nos pólos e no Equador.
A equação da hidrostática
A pressão do ar em alguma altura na atmosfera é exatamente a força por unidade de área
exercida pelo peso de todo o ar que repousa acima dessa altura (Wallace e Hobbs, 2005).
Consequentemente, a pressão atmosférica diminuía com a altura. A força resultante agindo numa
camada δz da atmosfera é proporcional à espessura da camada acima e a força de gravidade
(Fig. 1). Se o resultante da força dirigida para cima (ou para fora) é igual a força dirigida para o
centro da Terra, dizemos que a atmosfera está em balanço hidrostático (equilíbrio).
Figura 7.1: Balanço das forcas verticais em uma atmosfera em equilíbrio hidrostático.
Fonte: Holton, 1979.
15
Considera uma coluna vertical de ar sobre uma área horizontal (Fig. 7.1). A massa de ar entre z e
z + δz na coluna é ρ δz, onde ρ é a densidade do ar na altura z. A força dirigida para baixo agindo
nessa camada de ar é exatamente o peso do ar, ou seja, g ρ δz , onde g é a aceleração da
gravidade na altura z. Considera-se agora, a força vertical que age na camada de ar entre z e z +
δz devido a pressão do ar circundante. A variação da pressão na altura z para z + δz é igual a δp.
Como a pressão diminui com a altura, δp é negativo. Além disso, a pressão no limite inferior da
camada δz é levemente maior do que no limite superior da camada δz, assim a força vertical na
camada é a força devido o gradiente de pressão dirigido para cima, isto é, – δp. Então para uma
atmosfera em balanço hidrostático,
p  gz
Ou
p
  g
z
(2)
A pressão em qualquer altura z é igual ao peso do ar em repouso na coluna vertical sobre uma
área acima daquele nível. Se a massa da atmosfera terrestre for uniformemente distribuída em
todo globo, desconsiderando a topografia da Terra, a pressão no nível do mar seria 1013 hPa que
é referida como atmosfera padrão, equivalente a unidade de medida 1 atm.
Geopotencial
O Geopotencial Φ em algum ponto da atmosfera da Terra é definido como o trabalho necessário
para elevar a massa de 1 kg do nível do mar para esse ponto. O trabalho é feito contra o campo
gravitacional da Terra. Assim, Φ é o potencial gravitacional por unidade de massa. As unidades
do geopotencial são J.kg-1 ou m2.s-2. A força (em N ou kg.m. s-2) sobre 1 kg de massa na altura
z acima do nível do mar é numericamente igual a g. Então o trabalho (J) para elevar 1 kg de
massa de z para z + δz é gdz (dz = z1 – z2).
d  gdz
(3)
Considerando eq. (2),
d  
1

dp
(4)
O geopotencial na altura z é dado pela eq. (3) onde Φ ao nível do mar deve ser zero (z = 0) por
convenção. O geopotencial em um particular ponto na atmosfera depende somente da altura
desse ponto e não do caminho pelo qual a unidade de massa tomou para chegar nesse ponto. O
trabalho executado para elevar uma massa de 1 kg de um ponto A com geopotencial ΦA para um
ponto B com ΦB é igual a chamada altura geopotencial Z, defina então como,
16

Z
g0
(5)
Onde g0 é a aceleração média da gravidade na superfície da Terra (frequentemente considerada
como 9,81 m.s-2). A altura geopotencial é usada como uma coordenada vertical em muitas
aplicações atmosféricas em que sua energia tem um papel importante, por exemplo, nos
movimentos atmosféricos de grande escala. A tabela 1 mostra os valores de z e Z, onde são
aproximadamente iguais na mais baixa atmosfera onde g ~ g0a o.
Tabela 2: Valores de altura geopotencial (Z) e aceleração da gravidade (g) em 40º lat para altura
geométrica (z). Fonte: Wallace and Hobbs, 2006.
Z (km)
0
1
10
100
500
g (m.s-2)
9.81
9.80
9.77
9.50
8.43
z (km)
0
1.00
9.99
98.47
463.6
Em meteorologia, não é conveniente utilizar a densidade de um gás (ρ), porque este geralmente
não é medido. Assim, considerando a eq. (3) e a equação do gás ideal temos que,
p
pg

z
RT
(6)
Ou, através da Temperatura Virtual (temperatura que o ar seco poderia ter a mesma densidade
do ar úmido considerando a mesma pressão),
p
pg

z
Rd Tv
(7)
E considerando a eq. (4), temos que,
d   Rd Tv
dp
p
(8)
Integrando entre os níveis de pressão p1 e p2, com geopotencial Φ1 e Φ2, respectivamente,

2
1
d  

p2
p1
Rd Tv
dp
p
(9)
ou
17
 2  1   Rd

p2
p1
dp
p
Tv
(10)
Como pela eq. (5), temos,
R
Z 2  Z1   d
g0

p2
p1
Tv
dp
p
(10)
Essa diferença Z2 – Z1u é referida como espessura (geopotencial) de uma camada entre os níveis
de pressão p1 e p2.
Equação hipsométrica (hipsometria: medição de altura)
Uma atmosfera isotérmica, por exemplo, temperatura constante com a altura (isto é, Tv = cte),
então,
Z 2  Z1  H ln
p1
p2
(10)
Ou
H
RT
g0
(11)
Sendo H uma escala de altura H = 29,3 T (T em Kelvin). Essa escala de altura é
aproximadamente bem aplicável em baixos níveis onde existe turbulência e os gases em geral,
são proporcionalmente misturados, satisfazendo R. Já acima do nível de influencia da turbulência,
a distribuição vertical dos gases é controlada pela difusão molecular. Então, a escala de altura
deve ser definida individualmente para cada gás presente no ar. Entretanto, essa aproximação é
muito grosseira, pois a temperatura na atmosfera varia com a altura. Porém, a eq. 10 pode ser
integrada se definirmos uma temperatura virtual média (Fig. 7).
Figura 7.2: Perfil vertical da Tv. Se área ABC = área CDE, então tem-se Tv média para In p entre os níveis
de p1 e p2. Wallace and Hobbs, 2006.
18
Z 2  Z1 
Rd Tv
p
ln 1
g0
p2
(12)
A eq. 12 é chamada de equação hipsométrica. Antes do advento dos sensores remotos da
atmosfera por radiômetros a bordo dos satélites, a espessura era estimada exclusivamente de
dados de radiossondas, que mediam a pressão, temperatura, umidade em vários níveis na
atmosfera. A Tv em cada nível era calculada e os valores médios de varias camadas eram
estimados usando o método gráfico como ilustrado na Figura 7.2. Hoje é possível construir mapas
topográficos da distribuição da altura geopotencial em uma determinada superfície de pressão.
Em movimentos de uma dada superfície de pressão para outra acima ou abaixo desta, a
mudança na altura geopotencial é geometricamente relacionada com espessura dessa camada e
diretamente proporcional a Tv média da camada. Portanto, se a distribuição 3-dimensional da Tv
é conhecida em conjunto com a distribuição da altura geopotencial em uma superfície de pressão,
é possível inferir na distribuição da altura geopotencial de alguma outra superfície de pressão. A
mesma relação hipsométrica entre o campo de temperatura 3-dimensional e a amostra de uma
superfície de pressão pode ser usada qualitativamente para uma boa noção da distribuição e
estrutura dos sistemas de altas e baixas pressões.
A figura 8(a) mostra um exemplo ilustrativo do ar próximo ao centro de um furacão, que é mais
quente do que o ar circundante. Consequentemente, a intensidade da tempestade relativa a
depressão das superfícies isobáricas precisa diminuir com a altura. Os ventos em tal centro de
baixa quente sempre exibem maior intensidade próximo a superfície e diminuem com o aumento
da altura. Por outro lado, algumas baixas nos níveis superiores não estendem-se até a superfície
(Fig 8b). De acordo com a equação hipsométrica, essas baixas devem ter o centro frio abaixo do
nível em que elas alcançam suas maiores intensidades e centro quente acima deste nível.
Figura 8: Seção transversal de um plano em longitude e altura. As linhas sólidas indicam superfícies de
pressão constantes. Regiões em vermelho (azul ) indicam espessura maior (menor) do que área adjacente.
Fonte: Wallace and Hobbs, 2006.
19
Figura 9: Estrutura de sistemas de baixas e altas pressões. Fonte: INMETt e CPTEC
Redução da pressão ao nível do mar
Em regiões montanhosas a diferença na pressão de superfície de uma estação de observação
para outra é fortemente influenciada pela elevação do terreno. Para obter um consistente mapa
de pressão, importante para analise de sistemas sinóticos (por exemplo), é necessário reduzir a
pressão a um nível de referência, ou seja, o nível do mar. Assim, para uma camada entre a
superfície da Terra e o nível do mar a eq. (12) assume que,
Z 2  H . ln
p1
p2
(13)
Onde Z1 = 0. Resolvendo para a pressão ao nível do mar p1.
Z 
p1  p2 . exp 2 
H 
(14)
Considerando altitudes de poucos metros acima do nível do mar e os valores típicos de Z2 ~ 1000
hPa e H médio 8000 m, a correção da pressão é ~ 1 hPa para cada 8 m.
20
REVISÃO DE ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS
VELOCIDADE ANGULAR
A velocidade angular de um sistema representa a taxa de giro do mesmo em tomo de
um determinado ponto ou eixo de referência. Matematicamente, é o ângulo descrito na unidade
de tempo, tendo como unidade radianos por segundo. No caso da Terra, nosso planeta realiza
um giro completo em tomo de seu eixo de rotação em aproximadamente 24 horas. Portanto, sua
velocidade angular é de aproximadamente 7,3 x 10 rad s . O movimento de rotação pode também
ser descrito em termos de velocidade linear, ou seja, se uma partícula descreve um arco δS no
tempo δt, como ilustra o esquema na figura 10.
3
-1
Figura 10 – Relação entre a Velocidade angular e tangencial (linear).
FORÇA CENTRÍPETA
De acordo com a primeira lei de Newton, um corpo em movimento continuará em
movimento, com velocidade constante, a menos que uma força resultante externa atue sobre ele.
Isto significa que, para um corpo deslocar-se em trajetória curva (mudando a direção de seu vetor
velocidade), mantendo-se, entretanto, constante o módulo do vetor velocidade, alguma força
deverá estar continuamente atuando sobre o mesmo, para modificar a direção do vetor
velocidade. Esta é a força centrípeta. Observando, na Figura 2, a trajetória de uma partícula de
A até B, em torno de O, tendo V 1e V2 o mesmo módulo e sendo, ambos, perpendiculares a r, e
admitindo V1 = V2 = V (apenas em módulo), então pode-se escrever:
at V (1)
onde a é o módulo da aceleração da partícula.
Figura 11 - Trajetória de uma Partícula em Movimento Circular.
Como /t=,
21
(2)
(3)
As equações 2 e 3 são formas distintas da força centrípeta por unidade de massa ou,
simplesmente, aceleração centrípeta. Como os vetores V1 e V2 são ambos, perpendiculares a r,
o vetor a será dirigido para O. daí o sinal negativo em 2.
CONSERVAÇÃO DO MOMENTO ANGULAR
O momento angular L de uma partícula, em relação a um ponto de referência (origem), é o
produto vetorial do vetor posição da partícula r , pelo "momentum" (quantidade de
movimento) p de tal partícula, isto é,
(4)
sendo p = mV, em que m representa a massa da partícula e V o vetor velocidade.
Obviamente, pela definição, o momento angular é um vetor perpendicular ao plano formado pelos
vetores r e p.
.
Como se pode demonstrar (veja nos textos básicos de Física), "o momento angular de
um sistema permanece constante, a menos que seja aplicado um torque externo a
esse sistema". Essa é a lei da conservação do momento angular. A título de exemplo,
considere o movimento circular de uma partícula, ilustrado na Figura 3. O momento
angular dessa partícula será:
(5)
em que j é um vetor unitário perpendicular ao plano formado pêlos vetores r e V(regra
da mão direita).
Figura 12 - Momento Angular de uma Partícula que se Move num Círculo de Raio r, com
Velocidade V.
Tomando apenas o modulo do momento angular L e por unidade de massa, tem-se
22
finalmente:
L=r.V
(6)
A única força responsável por esse movimento circular (com velocidade constante em
módulo) é a força centrípeta, a qual é dirigida para a origem, não imprimindo, portanto,
torque à partícula (em relação à origem). Assim, pela lei da conservação do momento
angular, a quantidade (r. V) é CONSTANTE, isto é,
L = r . V = . r2 = Constante,
(7)
ou seja, diminuindo-se r, então V e aumentam, e vice-versa. Esta situação pode ser facilmente
comprovada numa simples experiência prática. Considerar-se-á uma pessoa girando uma
pedra presa a um fio, com velocidade V e raio r, como na Figura 4. Se, de repente, o fio
começar a se enrolar no dedo de tal pessoa, observar-se-á que a velocidade V aumentará
na medida em que a pedra for se aproximando do dedo (raio diminuindo). Não se deve
esquecer, entretanto, de que a equação (7) só é válida na ausência de torque externo
resultante (por causa da fricção etc.).
Figura 13 – Exemplo de conservação do momento angular.
No caso da Terra, para parcelas de ar que giram em planos perpendiculares ao seu eixo de
rotação, a equação (7) deve ser reescrita como:
LR t 2 cos2  (8)
uma vez que r  R tcos, sendo R t o raio da Terra.
Figura 14 - Relação Entre o Raio da Terra, R t , a Latitude, e a Distância do Eixo de
23
Rotação na Superfície em que Ocorre o Movimento, r.
Como exemplo, imagine-se uma parcela de ar no Equador, inicialmente em repouso com relação
à superfície da Terra, e, portanto, com velocidade V R t (em razão do movimento de rotação
da Terra) relativa a um referencial inercial, como o das três estrelas fixas. Se essa parcela for
forçada a se deslocar em direção a um dos pólos, por meio de alguma força dirigida para o eixo
de rotação da Terra, ela chegará à latitude com uma velocidade V ' V / cos, pela
conservação do momento angular. Se, por exemplo, for igual a 60°, V ' 2V , o que mostra que
a parcela, inicialmente em repouso no equador, terá uma velocidade na direção oeste-leste (em
relação à Terra) cada vez maior, à medida que ela se desloca em direção aos pólos. Aplicações
da conservação do momento angular são muito úteis ao estudo da dinâmica da atmosfera, como
será visto adiante.
Sistema de Equações Atmosféricas
Baseados na forças fundamentais que atuam na atmosfera, os movimentos são
governados por 3 princípios básicos. Conservação de massa, momentum e energia.
Matematicamente eles são expressões pelo sistema de equações abaixo.
Equação do Movimento (momentum)
A equação da termodinâmica e suas aplicações foram desenvolvidas no eixo específico
de termodinâmica. A equação da continuidade, que expressa o princípio de conservação
de massa (ou volume), possui dois termos, que indicam fisicamente que a variação da
densidade de um sistema esta diretamente relacionada com a convergência ou divergência
de massa. A figura 6 mostra os termos da equação e seu significado físico.
Figura 15 - Significado físico dos termos da equação da continuidade.
24
Através da relação da equação de estado, a redução da densidade do ar (d/dt < 0)
devido ao aquecimento ou a redução pressão, está associada à convergência de massa (. V <
0). Como exemplo, temos o aquecimento na região equatorial que gera os movimentos
convectivos nesta região. A relação inversa também é válida. Um aumento na densidade do ar
(d/dt > 0) devido ao resfriamento do ar ou o aumento da pressão, está relacionado com
divergência de massa (. V > 0). No cinturão dos anticiclones subtropicais (em torno de 30S e
30N), encontramos o ar frio subsidente (descendente) que diverge nestas regiões e inibe a
formação de precipitação. No caso de não haver variação da densidade do ar (ar incompressível),
o termo de divergência é nulo, não havendo nem convergência nem divergência de massa.
Já a equação do movimento, que expressa a conservação de momentum , mostra
matematicamente a relação da aceleração do movimento tridimensional na atmosfera com as
forças inerciais e não-inercias responsáveis por este movimento. A figura 7 mostra os termos da
equação e seu significado físico.
Figura 7 - Significado físico dos termos da equação da continuidade.
É importante ressaltar que o movimento na atmosfera pode se dar tanto no plano
horizontal (componentes Vx e Vy do vetor V), como na vertical, através da componente Vz.
ANÁLISE DE ESCALA
Existem alternativas para se resolver estas equações, quer seja para fins diagnósticos, ou
para fins prognósticos. Uma delas é usar amplamente os princípios de análise e previsão
numérica das técnicas computacionais. Desde o advento do primeiro supercomputador
(ENIAC), os meteorologistas têm sido os primeiros usuários. Os grandes centros de
previsão de tempo, como o CPTEC no Brasil, possuem os melhores supercomputadores
disponíveis, e mesmo assim ainda existem limitações na atividade de previsão, em virtude
das limitações dos computadores, sem entrar no mérito da limitação da distribuição espacial
heterogênea dos dados e sua acurácia. Outra alternativa, largamente empregada, é fazer
simplificações nas equações, tornado-as simples e de fácil manuseio para soluções
analíticas ou numéricas. Essa técnica baseia-se no princípio de análise de escala, ou
seja, busca-se na natureza os valores típicos das diversas grandezas envolvidas nas
equações. De posse destes dados, calcula-se a ordem de grandeza dos termos existentes
na equação. A partir daÍ, escolhe-se a aproximação mais conveniente, de acordo com as
características físicas do fenômeno a ser estudado.
Visando compreender melhor a importância dos termos da equação do movimento em
25
escala sinótica, associados a mudanças de tempo em latitudes médias (45) e na escala
espacial de 1000 Km, os valore típicos são os seguintes:
Parâmetro de Coriolis fo ~ 10-4 (admensional)
A figura 8 mostra os termos da equação do movimento nas componentes horizontais (X e
Y) e as respectivas ordem de grandezas. Percebe-se que dois termos destacam-se por
possuíres maiores grandezas. São os termos de Coriolis (força de Coriolis) e do gradiente
de pressão). Esta aproximação resultará em uma equação simples, mas altamente
relevante denominada aproximação geostrófica.
Figura 16 - Resultado da aproximação geostrófica através da análise de escala.
Para se analisar os movimentos atmosféricos deve-se considerar pelo menos duas
camadas distintas na atmosfera. A CAMADA LIMITE PLANETÄRIA, que se estende
desde a superfície até no máximo 3 Km de altura, onde o perfil de velocidade depende
fortemente da da rugosidade do solo (Força de atrito), do gradiente de temperatura junto a
superfície e do módulo da velocidade do ar. Quanto maior a influência do atrito, menor a
velocidade do vento. Acima dessa camada temo a ATMOSFERA LIVRE, onde as forças
viscosas se anulam e o escoamento não sofre o efeito do atrito. Nessa região trataremos a
seguir do estudo dos ventos “teóricos” na atmosfera.
VENTO GEOSTRÓFICO
A aproximação geostrófica é o resultado do balanço entre a força de coriolis e do gradiente
de pressão. A figura 9 mostra o exemplo de uma circulação anticiclônica no HN, com o giro
no sentido horário. Como a força gradiente de pressão (FP) atua sempre das altas em
26
direção as baixas pressões, e a força de coriolis (FCO) é perpendicular ao movimento,
desviando para a direita (esquerda no HS), a aproximação geostrófica somente será válida
quando o vento “soprar” paralelo as isóbaras.
Figura 17 - Movimento geostrófico ao longo das isóbaras no HN.
Segundo Holton (1979), o vento geostrófico “sopra” paralelo as isóbaras ou isoípsas (igual
geopotencial) deixando valores mais altos a esquerda no Hemisfério Sul e a direita no
Hemisfério Norte (Lei de Buys-Ballot). A aproximação geostrófica em latitudes média
permite estimar vento com erro de 10 a 15% e, não possui aplicação prática na Região
Tropical.
Como o parâmetro de coriolis é dado pela relação fo=2sen(), onde é a velocidade
angular da Terra e a latitude do local, conclui-se que o vento geostrófico é uma boa
aproximação do vento real na atmosfera livre, exceto nas vizinhanças do Equador (sen()
-> 0) e em onde o escoamento é excessivamente curvo, como nos centros de altas e
baixas pressões. Da expressão do vento geostrófico conclui-se também que Vg é maior à
proporção que aumenta o gradiente de pressão e diminui a densidade do ar.
VENTO GRADIENTE
Como se viu, o vento geostrófico deixa de ser uma boa aproximação do vento real próximo ao
Equador e em escoamentos excessivamente curvos, como em torno dos ciclones e anticiclones
em ambos os hemisférios. A aproximação desse tipo de movimento denomina-se vento gradiente
e é o resultado do balanço entre a força de coriolis, do gradiente de pressão e da força centrífuga.
Este escoamento ocorre tangente as isóbaras, as quais são
curvas, e também ocorre na atmosfera livre, desprezando-se os efeitos de fricção e o módulo do
vento é constante.
A figura 10 mostra balanço de forças da circulação do vento gradiente ao longo dos centros de
alta e baixa pressão no HN. No caso do centro de baixa pressão (giro antihorário
no HN e horário no HS), a força gradiente de pressão (FP) é contra balançada pela força de
coriolis (FCO) e a centrífuga (FCE). Já no centro de alta pressão (giro horário no HN e anti-horário
no HS), a força de coriolis (FCO) é contra balançada pela força gradiente de
pressão (FP) e pela força centrífuga (FCE).
Figura 18 – Balanço de forças associado ao vento gradiente no HN.
27
Algumas comparações, bem como observações práticas podem ser concluídas:
- o vento gradiente torna-se cada vez mais fraco ao aproximarmos de um centro de alta
pressão, ocorrendo o inverso nas baixas pressões.
- teoricamente, o vento geostrófico é maior que o vento gradiente na circulação ciclônica, e
o gradiente supera o vento geostrófico na circulação anticiclônica.
- as aproximações geostrófica e gradiente em latitudes média permite estimar vento com
erro de 10 a 15%. Nos trópicos o uso do vento gradiente torna-se imperativo devido à
presença dos ciclones tropicais.
VENTO CICLOSTRÓFICO
Trata-se de uma circulação de escala horizontal suficientemente pequena, como nos tornados e
redemoinhos, onde a força de coriolis pode ser desprezada quando comparada
a gradiente de pressão. É fácil verificar que esse escoamento ocorre próximo a BAIXA
PRESSÃO. Portanto, é considerado um caso particular do vento gradiente (Coriolis é desprezada
em relação ao gradiente de pressão). Como exemplo, podemos citar um escoamento atmosférico
curvo com escala horizontal pequena (Ex: tornados – raio ~300m
e ventos fortes ~ 30m/s = 108Km/h). A figura 11 mostra o balanço de forças do vento
ciclostrófico para o HN.
Figura 19 - Balanço de forças associado ao vento ciclostrófico no HN.
VENTO TÉRMICO
Embora o regime dos ventos da média e alta troposfera seja bastante diferente de superfície,
esses regimes estão relacionados entre si através da temperatura média da camada. Isso pode
ser demonstrado matematicamente através da equação do vento térmico, mostrada abaixo.
Onde Vg 2 é o vento geostrófico no nível inferior e Vg1 é o vento geostrófico no nível superior.
Essa denominação só existe pelo fato desse vento existir somente se exista uma gradiente
horizontal de temperatura ao longo das superfícies isobáricas, pois matematicamente, o vento
térmico também pode ser expresso pelas equações abaixo.
(13)
ou
(14)
28
A figura 12 ilustra graficamente a relação do vento térmico entre duas superfícies
isobáricas de 1000 (2) e 500 (1) hPa. Vg 2 e Vg1 representam o vento nestes níveis,
respectivamente. Seus módulos, assim como do vento térmico, são inversamentes
proporcionais ao afastamento das isolinhas e, consequentemente, diretamente
proporcionais ao gradiente.
Figura 20 – Relação entre o Vento Térmico (VT) e o vento geostrófico nos níveis 500 hPa
(Vg1) e 1000 hPa (Vg2) e campo de espessura da camada 1000/500 hPa.
A análise da figura mostra que o vento térmico “sopra” paralelo as isotermas, ou isolinhas
de espessura (equação de espessura da camada em termodinâmica), deixando o AR
FRIO a DIREITA e AR QUENTE a ESQUERDA – HS.
Por esta discussão, conclui-se que variações horizontais da temperatura (devido ao
diferencial de radiação com a latitude, ou ao aquecimento diferencial entre oceanos e
continentes, são responsáveis pelo cizalhamento vertical do vento. Isso é mais evidente
próximo as regiões temperadas, onde as variações térmicas são mais intensas. Daí o
vento apresentar uma maior intensidade nessas regiões. Nos trópicos, as variações são
pequenas e o vento varia pouco na vertical.
O contrário também é válido. Ao se medir o vento na vertical, podemos tirar conclusões
sobre a advecção horizontal de temperatura. Matematicamente, a adveção térmica é dada
pela equação abaixo,
AT V.T
(15)
onde fisicamente podemos afirmar que o vento é o responsável pela advecção (transporte)
térmica na camada. A figura 13 mostra dois exemplos de advecções fria (a) e quente no
HS.
Figura 21 – Exemplos de advecções fria (a) e quente no HS.
29
VARIAÇÃO DO VENTO COM A ALTURA
Através da relação do vento térmico, conhecendo campo de temperatura e vento Vg 2 numa
superfície mais baixa (p2) é possível estimar o vento Vg1 na superfície mais alta (p1), através da
relação abaixo.
Vg1 =VT+ Vg2
(16)
A análise da figura 14 mostra que há advecção quente da situação 1 para a situação 2, pois
houve um acréscimo de temperatura na camada. Conseqüentemente o ângulo entre
Vg 2 e Vg1 sofreu uma variação anti-horária no HS. Por analogia, uma advecção fria está
associada com o giro horário do vento de baixo para altos níveis. O inverso ocorre no HN.
No caso de ocorrer advecção fria, a temperatura da camada diminui rapidamente c/ altura,
gerando instabilidade. Caso ocorra advecção quente: temperatura aumenta c/ altura, gerando
estabilidade.
Figura 22– Advecção quente associado ao giro do vento no sentido anti-horário no HS.
As figuras abaixo mostram exemplos de aplicação dos conhecimentos de vento
geostrófico, gradiente e térmico, associados as advecções térmicas na troposfera.
Figura 23 – Exemplo de circulação em superfície geostrófica e gradiente e do sentido do
vento térmico no HS.
30
Figura 24 – Exemplo do giro horário e anti-horário do vento geostrófico associado a
adveção fria e quente, respectivamente, no HS.
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