TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS DA RELAÇÃO

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TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS DA RELAÇÃO ENTRE AS CIDADES MÉDIAS E A
METRÓPOLE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Désirée Guichard∗
Catia Antônia da Silva∗∗
Resumo
A partir dos anos 1990, tornou-se mais nítido no território do Estado do Rio de Janeiro o papel de
cidades médias fluminenses na desconcentração das atividades econômicas e da população,
consistindo na mutação do papel dessas cidades diante do processo de reestruturação da
modernização. Esta unidade da federação é marcada por forte concentração populacional e de
riquezas na metrópole. No entanto, com essa expansão, a crise metropolitana fica evidente,
constituindo um processo de desmetropolização. Este fenômeno é atrelado à descentralização, ao
crescimento e ao fortalecimento de cidades, que passam a comandar, em sua escala na hierarquia
urbana, outros centros urbanos de sua influência regional. Destacam-se entre elas, Angra dos Reis,
Resende, Petrópolis, Campos dos Goytacazes, Macaé, Cabo Frio, entre outras. O presente trabalho
tem como finalidade analisar o processo de modernização territorial no Estado do Rio de Janeiro,
fortalecendo o papel de cidades médias, numa relação dialética com a metrópole. Esta relação
destaca-se as ações empresariais, a dinâmica populacional, com destaque para a mobilidade
espacial, e, sobretudo, o papel do Estado, historicamente, demarcado.
Palavras-chave: Modernização territorial, dinâmica populacional, metrópole.
Trabalho originalmente apresentado no II Simpósio Internacional sobre Cidades Médias na UFU,
Uberlândia, 2006.
∗
Mestre em Geografia pelo PPGG da UFF e Professora Assistente do Departamento de Geografia da Faculdade
de Formação de Professores da UERJ
∗∗
Doutora em Geografia pelo PPGG da UFRJ e Professora Adjunta do Departamento de Geografia da
Faculdade de Formação de Professores da UERJ
1- Introdução
O estado do Rio de Janeiro sofreu importantes transformações nos últimos vinte anos
com as privatizações e a implantação de novas estruturas industriais. Tais processos de
“modernização” ocorreram e ocorrem sob a égide do Neoliberalismo e da Reestruturação
Produtiva. Esta última tem a descentralização geográfica da produção como um dos
elementos. Desta forma, a produção do espaço geográfico do estado no período recente
está inserida no processo de descentralização produtiva e populacional na direção de
algumas regiões do interior.
Neste contexto de dinamização das regiões do interior, as cidades médias exercem
papéis fundamentais, pois oferecem os serviços urbanos, são locais de presença das redes
técnicas e servem de apoio à gestão do território.
O presente trabalho tem como objetivo analisar o papel das cidades médias, na
estrutura socioespacial do Estado do Rio de Janeiro e na relação com a metrópole, dentro
do contexto processo de desconcentração, produtiva e populacional, do estado do Rio de
Janeiro nas décadas de 1990 e 2000.
A definição do conceito de Cidades Médias nos últimos anos é objeto de importantes
reflexões. Atualmente, do ponto de vista estatístico, são consideradas cidades médias os
centros urbanos com mais de 100 mil habitantes. Porém, vários estudos apontam que as
cidades deste porte realizam funções diferentes na rede urbana, algumas são localizadas no
interior, como centros regionais ou não, e outras fazem parte do tecido urbano
metropolitano. Desta forma, realizam papéis completamente distintos no espaço geográfico
e não podem ser consideradas na presente pesquisa como componentes do mesmo
fenômeno urbano.
Como o presente trabalho tem como recorte espacial o estado do Rio de Janeiro, é
necessário mencionar que esta unidade federativa possui centros urbanos de porte médio
no interior e na região metropolitana. Este estudo focaliza somente as cidades médias do
interior fluminense, mostradas no mapa 1, que são as seguintes: Angra dos Reis (na Região
da Costa Verde), Resende, Barra Mansa e Volta Redonda (na Região do Médio Paraíba),
Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo (na Região Serrana), Cabo Frio (na Região das
Baixadas Litorâneas), Campos dos Goytacazes e Macaé (na Região Norte Fluminense). A
cidade de Itaperuna (na Região Noroeste Fluminense) foi incluída, mesmo com menos de
100 mil habitantes, por oferecer serviços especializados e realizar a função de centro
regional. No mapa 2 é possível perceber a grande concentração populacional do estado na
Região Metropolitana, com forte primazia da capital.
2- Em busca do recorte conceitual: relações entre as cidades médias e a metrópole
As análises das cidades médias reportam
aos estudos geográficos a partir da
orientação lablachiana sobre orientação metodológica dos estudos urbanos que indicava,
entre outros procedimentos, o estudos da cidade e sua região, buscando verificar a vida de
relações entre um cidade e sua hinterlândia (CORRÊA, 1990). Mais tarde, por meio de
orientações de outras abordagens: os estudos da rede urbana, dos sistemas urbanos e das
hierarquias das cidades, a conceituação de cidades médias aparece com mais nitidez
relacionando o número populacional (médio) e o grau de importância destas cidades na
lógica nacional da urbanização brasileira (ABREU, 1994). A literatura clássica aponta as
cidades médias como mediadoras da relação entre as metrópoles e as cidades locais e/ou
áreas agrícolas, uma vez que detinham certo nível de especialização
de comércio e
serviços que atraiam população de uma região (CORRÊA, 1990).
A leitura clássica orientada pela abordagem quantitativa, apontava a questão
demográfica como central para a definição de cidades médias, muitas vezes confundindo-as
com cidades de porte médio, o que se refere muito mais ao tamanho populacional no
ranking brasileiro, trazendo grandes transtornos aos analistas, uma vez que a dinâmica da
função urbana com certo nível de especialização de uma cidade, em geral, atrai população.
A casos em que cidades têm número de população abaixo dos limites socialmente definidos
como uma cidade de porte médio, mas tem papel importante na estrutura regional. Ao
mesmo tempo, que a definição quantitativa do que é cidade de porte médio modifica-se de
acordo com os contextos históricos, conforme analisa Milton Santos (1993).
Sobre isto ensina Santos:
No sistema urbano, as categorias consideradas como homólogas, os níveis
tidos como paralelos são cada vez mais diferenciados entre si. Há, pois,
diferenciação extrema entre os tipos urbanos. Houve um tempo em que se
podia tratar a rede urbana como uma entidade, onde as cidades se
relacionavam segundo um hierarquia de tamanho e funções. Esse tempo
passou. Hoje cada cidade é diferente da outra, não importa o seu tamanho”
(SANTOS, 1994, p. 150)
A discussão mais recente da problemática das cidades médias aparece nos textos de
Milton Santos, quando realiza o debate sobre qual é o papel das cidades médias a partir dos
anos 1980, quando se altera a natureza da urbanização brasileira. Milton Santos (1993)
aponta que no estado de São Paulo, nos anos 80, o interior crescia mais que a metrópole
paulista. Este interior estava polarizado por algumas cidades médias, centros urbanos de
regiões dinâmicas voltadas para agroindústria. Trata-se de um fenômeno novo na Geografia
e na urbanização do Brasil. Há, a partir dos anos 80, nova qualidade do papel de comando
da metrópole de São Paulo, uma maior divisão territorial do trabalho, Não só no nível do
Sudeste, mas de todo o Brasil. Milton Santos denomina este processo de dissolução da
metrópole, caracterizado pela difusão de capitais, inovações tecnológicas, plantas fabris,
serviços e idéias a partir do centro de comando que é São Paulo, pois as sedes das
principais empresas estão aí localizadas, ou seja, “São Paulo destaca-se como um
metrópole onipresente no território brasileiro” (SANTOS, 1994, p. 151).
Na nova urbanização brasileira, as cidades médias são pontos de interseção e
superposição entre horizontalidades (meios para o consumo final da população, meio de
trabalho e lugar de produção e consumo das empresas) e verticalidades (funcionam como
entrepostos, lugar de produção e distribuição de bens e serviços exigidos por elas próprias e
seu entorno, o que inclui consumo de ciência embutidas em sementes, fertilizantes, inclui
ainda consultorias e sistemas de créditos). Trata-se do advento do meio técnico-científico
informacional em que valores e práticas urbanas chegam aos espaços rurais. A
modernização da agricultura, do extrativismo e da pecuária e a instalação da produção
corporativa moderna, assim como de uma circulação, distribuição e informação corporativas,
segundo Santos e Silveira (2001) demandadas pelas cidades acaba sendo majoritariamente
reclamada pelas empresas junto ao Estado, e torna-se privilegio no estabelecimento dos
planos regionais.
As cidades médias, neste sentido constituem “uma espécie de geometria variável’,
ponto de mediação em que diferentes aglomerações participam do jogo entre o local e o
global. Segundo Milton Santos e Maria Laura Silveira (2001, p. 281):
É dessa forma que as cidades pequenas e médias acabam beneficiadas ou, ao
contrário, são feridas ou mortas em virtudes da resistência desigual dos seus produtos e de
suas empresas face ao movimento de globalização.
Conforme já vimos, as cidades médias têm como papel o suprimento imediato e
próximo da informação requerida pelas atividades agrícolas e desse modo se constituem em
interpretes da técnica e do mundo. Em muitos casos, a atividade urbana acaba sendo
claramente especializada, graças às suas relações próximas e necessárias com a produção
regional.
Neste sentido, as cidades médias têm como papel o suprimento da informação
requerida pelo campo e pelas cidades locais, respondendo às exigências em ciência,
técnica e informação, incluindo uma demanda importante de bens e serviços técnicos e
científicos, no contexto atual do desenvolvimento do capitalismo, fundamentado na
reestruturação produtiva em atividades industriais e rurais, no just in time, no ajuste do
Estados e na nova lógica da guerra dos lugares.
De acordo com Santos e Silveira (2001), as cidades médias comandam o essencial
dos aspectos técnicos da produção regional, deixando os aspectos políticos para as
metrópoles, no país e no mundo, isto porque o papel das metrópoles, nesta etapa atual do
desenvolvimento capitalista (SÁNCHES, 2002) e, em particular, da urbanização brasileira
(EGLER, 1996,. SANTOS, 1993,1994; NEGRI E PACHECO, 1994) é de condução direta ou
indireta do mercado global.
Milton Santos (1993,1994) analisa o processo de reestruturação das metrópoles na
urbanização brasileira como um processo e metropolização e desmetropolização ou de
involução metropolitana, porque em dados demográficos comparados entre os censos
anteriores a 1991 e o censo de 2000, demonstra que, em geral, os municípios-núcleo das
metrópoles crescem relativamente menos que sua periferia ou que o interior do Estado,
perdendo também postos de trabalho em atividades industriais. Assim a desmetropolização
ou involução metropolitana refere-se, sobretudo, a redução do crescimento demográfico
mediado pela migração e pela redução relativa do crescimento do número de postos de
trabalho (SANTOS, 1993). No entanto, há concentração de atividades altamente
especializadas que requerem pouca mão de obra continuam nas metrópoles. Ao mesmo
tempo, possui um quadro altamente diversificado de atividades e de ocupações profissionais
(SILVA, 2004), que continuam a abrigar os pobres, muito mais que as cidades médias.
Dizem Santos e Silveira (2001, p.285), que a grande cidade já era um lugar atrativo para os
pobres desde o período anterior a globalização e ao neoliberalismo. A globalização contribui
para aumentar tal atratividade, incluindo ai novas metrópoles, como Campinas, João
Pessoa, Santos, Goiânia, entre outros. As cidades médias como centros regionais são mais
sensíveis às demandas correspondentes a atividades estacionais. Desse modo, estas
localidades são menos capazes de atrair e reter populações mais pobres.
Neste sentido, assumindo novos papeis e novas especializações ainda que menos
numerosas como nas metrópoles, as cidades médias modernizam-se e assumem lugar de
moradia de classes médias.
Assim ensina Milton (1994, p. 152)
Por outro lado, as cidades de porte médio passam a acolher maiores
contigentes de classes médias, um número crescente de letrados,
indispensáveis a uma produção material, industrial e agrícola, que se
intelectualiza. Por isso assistimos no Brasil um fenômeno paralelo a
metropolização e de desmetropolização, pois ao mesmo tempo crescem
cidades grandes e cidades médias, ostentando ambas as categorias um
incremento demográfico parecido, devido em grande parte ao jogo dialético
entre criação da riqueza e de pobreza sobre o mesmo território. As cidades
entre 20.000 e 500.000 habitantes vêem sua população total de cerca de
sete milhões em 1950 para perto de 38 milhões em 1980, enquanto as
cidades com mais de um milhão de habitantes passam de seis milhões e
meio em 1950 para 29 milhões de residentes em 1980 (SANTOS, 1994, p.
152).
A composição demográfica que orienta o tamanho da cidade média deve se
compreendida como conseqüência do processo ampliado da urbanização que tem novos
conteúdos a partir do papel do Brasil na divisão internacional do trabalho – globalização. A
compreensão da modernização técnica, econômica e de decisões políticas é fundamental
para a compreensão do papel das cidades médias no bojo de mutações ocorridas nas
metrópoles, no campo e nas cidades locais, articuladas às mutações de projetos e
processos nacionais e globais, gerando aquilo que Milton Santos (1994) diz sobre o dado
organizacional atual é o espaço dos fluxos e da fluidez do território e não mais, como na
fase anterior (Estado de Bem Estar, Fordismo), em que o espaço era onde os fluxos da
matéria desenhada determinavam um esqueleto estático do sistema urbano, por isso
mesmo quantificável.
A compreensão da modernização e do papel das cidades médias a partir de literatura,
contribui decididamente para a orientação do quadro atual de mutações de modernização no
interior fluminense frente aos contextos de crise de metrópole do Rio de Janeiro.
Historicamente, concentradora de riqueza e de população, parece haver um processo de
desmetropolização da metrópole fluminense e sua dissolução sobre o território do Rio de
Janeiro, o que faz com que algumas cidades médias fluminenses assumam papeis
fundamentais neste contexto da modernização do interior. As seções a seguir analisarão
este processo.
3- O Legado Espacial, a Ação do Estado e o Processo de Urbanização
O estado Rio de Janeiro apresentou até os anos 1980 uma estrutura espacial
altamente concentrada. O processo de desconcentração produtiva e populacional é recente,
teve início nos anos noventa numa temporalidade e configuração espacial distintas do
estado de São Paulo. Este estado nos anos oitenta já apresentava um vigoroso crescimento
no interior, polarizado por cidades médias, e serviu de objeto de reflexão de SANTOS
(1993), já mencionado na parte inicial do texto.
A diferença do estado do Rio de Janeiro com o estado de São Paulo é explicada
pelas características e pela origem do estado do Rio de Janeiro, que apresenta uma
configuração espacial, marcada pelos seguintes elementos: a alta concentração
populacional, econômica e de infra-estrutura na Região Metropolitana, sobretudo na capital,
a presença do governo central como um forte agente na produção do espaço, a separação
institucional entre cidade do Rio e interior fluminense durante cento e quarenta anos, e uma
rede urbana desequilibrada com pouco dinamismo das cidades médias. A distribuição da
população, apresentada no mapa 2, reflete um pouco este quadro, pois apresenta-se
concentrada na Região Metropolitana e em poucos municípios do interior, onde sobressai
Campos do Goytacazes no Norte Fluminense.
A concentração é legada da sua construção no tempo histórico, em virtude do
processo de ocupação que remonta o período colonial, que resultou na organização de um
espaço marcado pela alta polarização na cidade portuária e defensiva. Esta localidade era
articulada de forma exclusiva com algumas áreas do interior. A produção e exportação de
cana-de-açúcar e café, assim como a exportação do ouro, em molde escravista, marcam
profundamente a produção do espaço fluminense, criando as bases da configuração
espacial nas quais outros processos produtivos se instalaram. Às funções de defesa e
portuária foi somada à função administrativa, de capital do Vice Reinado, Império e
República, que veio reforçar de forma exponencial a processo em tela.
Os elementos, acima mencionados, distinguem o Rio de Janeiro dos demais estados
da federação, são eles: o legado do espaço estruturado no molde do colonialismo, a rede de
cidades pouco articulada e fortemente concentrada criada sob a égide do regime
escravocrata, a forte presença do Estado, um intenso processo de concentração espacial
dos investimentos e, ainda, a divisão político-territorial entre duas unidades administrativas
durante 141 anos. Todas estas características resultaram na formação de uma rede urbana
pouco complexa, desequilibrada, fracamente articulada, fortemente concentrada na Região
Metropolitana, sobretudo na capital, e cidades intermediárias pouco dinâmicas.
O estado do Rio de Janeiro não participou da revolução agrícola do interior do Brasil,
nos anos setenta e oitenta, marcada pela agricultura “em moldes modernos” como a
agroindústria da soja, laranja e cana-de-açúcar. Somente a Região do Norte Fluminense
esteve inserida no programa do Pro-álcool, sendo assim, a cidade de Campos consolida o
papel de centro urbano regional.
A situação de primazia da cidade do Rio de Janeiro, e respectiva região
metropolitana, só começam a sofrer um processo de desconcentração econômica e
populacional a partir da década de 1990, com a retomada de investimentos no interior do
estado, em algumas regiões e, consequentemente, na dinamização das cidades médias.
4- Mudanças Contemporâneas e Produção do Espaço
As mudanças no mundo e no país nos últimos vinte anos marcaram profundamente
o estado do Rio de Janeiro. O contexto geral foi de implantação do modelo neoliberalglobalizante caracterizado pela abertura de mercado, enxugamento da estrutura do Estado,
privatizações e a busca pelo aumento da fluidez do território com a disseminação da técnica
para maximizar a reprodução do capital facilitando, assim, o deslocamento de capitais,
mercadorias e informações. Cabe ressaltar, ainda, as mudanças na gestão da produção,
denominada Reestruturação Produtiva ou Produção Flexível, que trouxeram transformações
nas relações de trabalho – redução dos direitos trabalhistas e terceirização – a separação
do local de gestão e produção e a implantação de unidades produtivas em regiões do
interior. Tal formato tem apoio nos centros urbanos de médio porte e nas estruturas do meio
técnico-científico informacional (SANTOS, 1997) que viabilizam a fluidez do território. Entre
as inúmeras razões destacam-se a diminuição dos riscos de super-produção, a fuga dos
sindicatos fortes e a diminuição do custos da produção. Este processo resulta em inúmeras
transformações, para este estudo as mais significativas são: a desconcentração geográfica
da produção, o rearranjo no tecido urbano-metropolitano, a desmetropolização e o
revigoramento das cidades médias do interior.
Este ambiente de mudanças mundiais causou transformações no Brasil, tal modelo
foi indicado como solução para as crises do Estado e da economia. Cabe ressaltar que os
resultados da implantação dessas mudanças causaram, e causam, impactos no território
brasileiro de forma desigual. O enxugamento do Estado e as privatizações atingiram
profundamente o estado do Rio de Janeiro, pois abriga o maior contingente de funcionários
públicos federais. Desta forma, ocorreu nesta unidade administrativa o maior número de
desligamentos do serviço público com os Planos de Demissão Voluntária – PDV, além
disso, as vendas das estatais CSN, ÁLCALIS, CVRD, EMBRATEL, TELEBRAS, LIGHT,
Porto do Rio, das empresas estaduais BANERJ, CERJ e CEG, resultaram na perda de
milhares de postos de trabalho.
A implantação da nova gestão da produção em moldes flexíveis foi disseminada de
maneira mais ampliada nos espaços estruturados de forma mais articulada e complexa, em
moldes capitalistas, como o estado de São Paulo. No espaço fluminense este processo se
apresenta num período mais recente, em virtude da sua singularidade já mencionada e num
momento econômico nacional de maior estabilidade, nos anos noventa.
O estado do Rio de Janeiro só apresenta uma inflexão da sua situação de crise a
partir do final da década de noventa, quando os investimentos privados originários das
privatizações começam a apresentar algum resultados, o governo federal investe
sadamente em determinadas áreas e, ainda, ocorre a entrada de capitais privados
transnacionais em alguns setores.
As empresas privatizadas, em setores tradicionais, sofreram uma reformulação na
gestão com o enxugamento e requalificação do quadro de funcionários, terceirização e
modernização do processo de produção com o intuito de aumentarem a produtividade.
Os investimentos do governo federal, vale lembrar, sempre centrais no Rio de
Janeiro, foram fundamentais, como: a transferência do LNCC – Laboratório Nacional de
Computação Científica para Petrópolis para servir de âncora ao projeto PetrópolisTecnópolis, transformando a Região Serrana numa área produtora de software, os
investimentos da Petrobrás foram direcionados para a descoberta de novos poços em águas
profundas no litoral norte fluminense e a construção do Pólo Gás-químico com unidades na
Reduc e no Terminal de Cabiúnas em Macaé, junto com a iniciativa privada. A estatal, a
partir de um acordo com BNDES e governo do estado, passou a encomendar plataformas
de petróleo, navios petroleiros e embarcações de apoio para estaleiros que tivessem
instalações no Brasil, o que promoveu o renascimento da indústria naval fluminense. O
governo do estado esteve presente, ainda, na formação de um pólo de cultivo e
beneficiamento de frutas no Norte Fluminense, Programa Frutificar.
A entrada do capital transnacional foi observada em várias áreas, pois com o
aprofundamento do modelo neoliberalismo o Estado passou a trabalhar com políticas de
fomento às privatizações com o BNDES. Quando o Estado é o agente econômico realiza
práticas de terceirização e de parcerias com a iniciativa privada, como no caso da
PETROBRAS, por exemplo, que atua com um grande número de empresas estrangeiras.
Assim, as multinacionais estão presentes na implantação do setor automotivo na Região do
Médio Paraíba, a Fábrica de caminhões da Volkswagen e a Guardian de vidros em
Resende, a Peugeot-Citorën e fornecedoras em Porto Real, já a Saint Gobain foi
responsável pela reabertura da Siderúrgica Barabará em Barra Mansa, contribuindo assim
na ampliação do setor metal-mecânico no Região do Vale do Paraíba. Na Região Serrana,
em Petrópolis a Microsoft e a Rational compõem o Parque Tecnológico FUNPAT. Porém o
setor petrolífero foi responsável pela entrada do maior número de empresas estrangeiras
tanto para atuar na produção na Região Norte Fluminense como na implantação do pólo
Gás-químico. Empresas de origens coreana, norueguesa e americana atuam no
revigoramento da indústria naval fluminense, em Niterói estão instalados os estaleiros
Jurong, Aker, Fels Setal e Ultratec, e em Angra dos Reis o Fels Setal nas dependências do
Verolme. Na Região Noroeste Fluminense, na cidade de Itaperuna, a Parmalat adquire a
antiga fábrica do Leite Glória. No setor turístico é possível apontar a presença da rede
francesa de Hotéis Mediterranée, em Mangaratiba na Região da Costa Verde, e, ainda, na
Região da Baixadas Litorâneas as novas rotas internacionais de transatlânticos que chegam
a Búzios e Cabo Frio durante todo o ano. Não devem ser esquecidos os investimentos
transnacionais na Região Metropolitana, como nos setores de telecomunicações, elétrico,
distribuição de gás, químico-farmacêutico, alimentos, petrolífero, vidro, cimento etc.
Este novo dinamismo da economia fluminense promoveu mudanças no território, um
rearranjo
do
espaço
produtivo
marcado
pelo
o
processo
de
interiorização
e
desmetropolização que proporciona novas articulações e desconcentração espacial em
relação à Região Metropolitana. Esta também é objeto de profundas transformações, que
significam a requalificação da metrópole, tema analisado por OLIVEIRA,2003. O centro
perde postos de trabalho na indústria e se consolida como lugar dos serviços e da gestão do
território, pesquisa, qualificação profissional e cultura. Os municípios do entorno
metropolitano: Itaguaí, Duque de Caxias, São Gonçalo e Itaboraí, com o Pólo Petroquímico,
se consolidam como locais de produção industrial.
Outro impacto importante decorrente das mudanças em tela é a nova dinâmica
demográfica, se no mapa 2 observa-se a alta concentração populacional, no mapa 3 chama
a atenção o êxodo nos municípios centrais da Região Metropolitana (Rio e Niterói) e a
atração nas regiões mais dinâmicas do interior e no Leste Metropolitano. Na Região das
Baixadas Litorânea as altas taxas de crescimento devem-se não só ao turismo, mas às
repercussões da atividade do petróleo em Macaé e à saída da população das classes
médias da área central, produzindo uma extensão do tecido urbano metropolitano,
(GUICHARD, 2001) (SANTOS, 2003).
No estado em questão a interiorização da economia se realiza em alguns municípios,
seletivamente definidos, porém as suas repercussões ocorrem em escala regional, como por
exemplo a mobilidade da mão-de-obra. Este processo promove novos desenhos regionais,
como a “Região do petróleo” que ultrapassa os municípios do Norte Fluminense, e a
especialização das regiões por atividades, como os setores mecânico, petrolífero, moda
íntima, tecnologia da informação, laticínio etc.
Percebe-se, ainda, a repercussão regional destas atividades verificando que elas se
apoiam em centros urbanos de porte intermediário, denominados centros regionais, que são
as Cidades Médias. Tais centros contam com estruturas técnicas e de serviços superiores,
especializados, que conferem fluidez e capacidade de dialogarem em tempo real com a
metrópole. No mapa 4, sobre as matrículas de nível superior, os municípios do interior em
evidência são sediados por Cidades Médias. Não basta a cidade possuir mais de 100 mil
habitantes, para cumprir a função de cidade intermediária entre a metrópole e os outros
centros menores na região, deve ser dotada de estrutura viária, de comunicação, comércio
(como equipamentos de informática, materiais de escritório etc.) e serviços especializados
(como bancos, correio, clínicas de saúde especializada, centros universitários, reparos
industriais, segurança, transporte de carga etc.) e não apenas os fundamentais.
Os estudos contemporâneos apontam que as cidades médias de fato são aquelas
que cumprem a função intermediária na rede urbana, são centros urbanos regionais que
realizam as funções de polarização, gestão e de apoio da metrópole no território.
(SPÓSITO,2001). As demais cidades de mesmo porte são consideradas somente cidades
de porte médio.
5- As Cidades Médias na estrutura urbana do estado
No estado do Rio de Janeiro percebe-se claramente que a definição anterior se
aplica. A análise do gráfico 1, abaixo, sobre o a relação entre população e o IQM - Indice de
Qualidade dos Municípios
1
(CIDE, 2006) permite perceber a estrutura organizacional dos
centros urbanos do estado. Na parte de cima, à direita, em destaque, os municípios do
centro metropolitano (Rio e Niterói) grandes centralizadores de infra-estrutura e com 43% da
população; na posição central, em torno da linha mediana, onde a relação infra-estrutura x
população e mais equilibrada, estão aqueles sediados por Cidade Médias, com 13% dos
fluminenses; os municípios com resultados acima da média, na parte esquerda do gráfico,
apresentam condições de infra-estrutura favoráveis aliados à pequena população, somente
1%; e na posição abaixo do esperado, na parte inferior do gráfico os municípios que fazem
parte do tecido metropolitano, que abrigam 30% dos habitantes.
Estes últimos são sediados por cidades de porte médio e pequeno, que compõem a
Região Metropolitana. Eles abrigam a população pobre metropolitana, com exceção de São
Francisco de Itabapoana. Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São Gonçalo acumulam, ainda a
função de centro industrial, assim a relação infra-estrutura x população mostra-se com
valores baixos, mesmo que eles tenham economias dinâmicas. Um exemplo é Duque de
Caxias onde estão localizados a Refinaria e o Pólo Gás Químico da Petrobrás.
Os municípios sediados por Cidades Médias, embora apareçam muito distantes das
cidades centrais, apresentam a relação IQM x População dentro da faixa “normal”, numa
posição favorável no conjunto do estado, ou seja, a infra-estrutura existente é compatível
com a população residente, o não significa que esteja bem distribuída. Embora pareça que
os seus habitantes estejam majoritariamente envolvidos com as atividades locais, estas
cidades são locais de atração populacional e apresentam moradores pobres, excluídos do
mercado de trabalho, oriundos dos fluxos regionais, tal como Macaé. Na realidade, o
número relativamente alto do IQM deve-se ao fato de que as suas estruturas servem para
atender às suas respectivas regiões e não só aos moradores locais.
É necessário acrescentar neste conjunto Itaperuna na Região Noroeste Fluminense,
mesmo que não abrigue mais de 100 mil habitantes, realiza importantes funções urbanas
em âmbito regional, e na verdade ultrapassam as fronteiras do estado em direção à Zona da
Mata mineira. Mesmo com indicadores regionais negativos de crescimento econômico e
populacional, na cidade encontra-se uma unidade industrial da Parmalat, que conta com
uma rede de 1200 fornecedores de leite in natura por toda a região. Entre os serviços
especializados estão os centros médicos (que realizam operação cardíaca inclusive) e
universitários (ver mapa 4). Assim a função que a cidade cumpre no território é mais
importante que o seu porte populacional, nem sempre um centro regional é exercido por
cidade com mais de 100 mil habitantes conforme Santos, 1993 p. 82.
A tabela 1 permite avaliar que as regiões são polarizadas por uma ou mais cidades
médias. Na Região Norte Fluminense, por exemplo, as cidades de Macaé e Campos
trabalham de forma complementar, uma é o lugar da produção e a outra da qualificação
profissional e da moradia da mão-de-obra (metade dos trabalhadores das unidades da
Petrobrás em Macaé residem em Campos). Nota-se que embora as inovações estejam
tendendo para algumas cidades, os centros industriais tradicionais exercem uma importante
participação na composição do PIB regional como Volta Redonda, Barra Mansa e Nova
Friburgo. Já Cabo Frio, Itaperuna e Angra dos Reis não dividem com outra cidade a função
de centro regional, embora respondam por contingentes populacionais e participação no PIB
regional bastante diferentes entre si, ou seja, não existe um padrão. Fica evidente que o
papel da cidade média não é abrigar o maior parcela da população ou do PIB regional, mas
oferecer infra-estrutura e serviços urbanos especializados.
Tabela 1 – Produto Interno Bruto, em valores totais e per capita, segundo as
Regiões de Governo e municípios
Estado do Rio de Janeiro – 2004
Regiões de Governo e
Valores
municípios
totais
per capita
índice
(1 000 R$)
(1,00 R$)
(Estado=100)
Estado
% região
254 839 366
População
% região
15 156 568
Valores
Número
16 814
100,00
Região Metropolitana
163 462 391
11 203 976
14 590
1 895 598
309 601
6 123
86,77
Região Noroeste Fluminense
36,41
Itaperuna
618 995
32
90 934
29
6 807
40,49
Região Norte Fluminense
8 767 459
740 927
11 833
70,38
Campos dos Goytacazes
2 683 239
30
421 825
57
6 361
Macaé
5 077 071
58
151 214
20
33 575
37,83
199,69
Região Serrana
6 649 994
783 525
8 487
50,48
Nova Friburgo
1 369 557
20
176 480
23
7 760
Petrópolis
2 966 170
45
301 552
38
9 836
Teresópolis
1 176 730
17
146 476
19
8 034
46,15
58,50
47,78
Região
das
Baixadas
5 310 554
734 543
7 230
43,00
Litorâneas
Cabo Frio
976 202
18
151 241
21
6 455
38,39
Região do Médio Paraíba
16 198 390
829 140
19 536
116,19
Barra Mansa
2 242 304
14
174 298
21
12 865
Resende
2 025 862
12
114 756
14
17 654
Volta Redonda
7 348 233
45
252 578
30
29 093
Região da Costa Verde
6.427.691
Angra dos Reis
2 812 906
76,51
105,00
173,03
288.355
22.291
132,58
43
135 521
47
20 756
123,45
Fontes: Diversas e Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – CIDE, 2006..
Cabe destacar que o processo de interiorização da economia e da população ocorre
de forma seletiva, estas atividades têm repercussões regionais, como a indústria extrativa
de petróleo e gás, dinamizam e dão novo significado às cidades médias. Promovem, ainda
um rearranjo espacial interpretado como desmetropolização, como foi apontado por na
primeira seção do texto. Trata-se de vetores do processo de expansão metropolitana
decorrente da saída de população das áreas antigas e nucleares de metrópole para os
municípios de urbanização recente. Em geral, são pessoas de classe pobre e de classe
média, que devido à violência e ao alto preço dos imóveis vão para as áreas onde a
expansão metropolitana é dada pela implementação de loteamentos e de condomínios para
estas classes. O fenômeno metropolitano deve ser compreendido pela vida de relações
cotidianas dos habitantes que transitam e usam os serviços urbanos de várias cidades. Tal
expansão populacional para espaços que ultrapassam os limites do tecido metropolitano é
considerado um fenômeno transformador do papel das cidades médias fluminense no
contexto da rede urbana. Este novo contingente populacional é portador de valores, renda e
inúmeras demandas, atribui, ainda, um novo uso do território, no momento que passa a
abrigar uma população metropolitana, ou seja, com uma vida de relações intensa com a
metrópole. (GUICHARD, 2001)
A expansão metropolitana pelo vetor econômico alcança ainda os municípios de
Macaé e Campos. Na verdade, trata-se de uma questão para ser compreendida, que
consiste na análise da modernização de municípios, tais como: Campos e Macaé em que
os agentes do comando que orientam os investimentos capitalistas têm suas sedes na
cidade do Rio de Janeiro. Pode-se citar alguns desses importantes agentes, além de outros,
tais como a Petrobrás – o mais importante agente investidor da modernização nestes
municípios -, que tem sede na cidade do Rio de Janeiro, onde inclusive comanda por meio
de tecnologias modernas o fluxo da produção nas escalas estadual e nacional (PIQUET,
2003; MONIÉ, 2003). Estão na cidade do Rio seus centros de pesquisa, de administração e
de decisão. No município de Campos dos Goytacazes é notável a presença de agentes no
setor educacional (ver mapa 4) , apoiado-se na recente dinâmica econômica e na tradição
da cidade de ser centro regional do Norte Fluminense, a Universidade Cândido Mendes –
com sede na cidade do Rio de Janeiro.
Vale reconhecer, ainda que o processo em questão resulta numa configuração
espacial que Davidovich, (2001) denominou Espaço da Metropolização, como:
Espaço esse que pode ser definido no limite de tempo de pouco mais
de duas horas, a partir, pelo asfalto e onde se faz mais intensa a presença da
metrópole. (...) Nesse espaço alguns dos antigos portos e cidades passaram
a se posicionar com pontos de apoio da metrópole, superpondo-se a funções
de centralidades de lugares,(...)na porção norte e noroeste, preservou-se de
algum modo o padrão de lugar central, projetando a cidade de Campos dos
Goytacazes como centro regional. Davidovich, 2001.
Esta configuração indica que num arco de duas horas do centro metropolitano as
cidades (médias) são subordinadas à metrópole e realizam a função de pontos de apoio.
Neste cenário, somente Campos do Goytacazes, no Norte Fluminense, exerceria a função
de centro regional.
A configuração espacial proposta pela autora é interessante pois reforça o peso da
metrópole no estado, assim como sugere a forma de expansão metropolitana no território.
Porém, não é somente Campos do Goytacazes que realiza funções de centro regional.
Pode-se afirmar que Angra, Resende, Volta Redonda, Petrópolis, Nova Friburgo, Cabo Frio,
Itaperuna e Macaé oferecem serviços urbanos e polarizam as respectivas regiões.
Entretanto, a descentralização produtiva e populacional recente é promotora de um
processo de modernização que inclui neste centros elementos, que até os anos
setenta/oitenta, estavam presentes somente na cidade central, como os serviços
especializados
e
as
redes
técnicas,
já
vistos
anteriormente.
O
processo
de
desmetropolização aponta para a presença da metrópole no interior, que se corporifica nas
cidades médias.
Assim, o centro regional ganha mais uma função, de ponto de apoio da metrópole,
ou ainda, de cidade intermediária entre a metrópole e os demais centros. Muitas decisões
empresariais são resolvidas de forma ágil acessando os centros de gestão na capital, a
partir das redes técnica. A tendência é que as Cidades Médias de regiões dinâmicas sejam
dotada cada vez mais de serviços especializados, é a nova fronteira de reprodução do
capital, vide a expansão das instituições de ensino superior e de língua estrangeira.
Conclusão
O Processo de modernização em questão é excludente, seletivo e portador de
mudanças qualitativas do urbano, cria nas cidades médias demandas por estrutura sociotécnica até então presentes somente no centro metropolitano como a rede de internet para a
pesquisa científica, os cursos de nível técnico, superior e pós graduação e a produção
industrial articulada com a produção do conhecimento. Além disso, ocorre o aumento da
renda média, com impactos nos setores imobiliário e serviços.
É necessário sublinhar que esta forte presença da metrópole no espaço fluminense
deve-se à forte presença do Estado, na figura governo central e à herança espacial
historicamente construída, o que faz esta unidade da federação apresentar uma condição
geográfica ímpar. A sua rede urbana é fortemente desigual, centralizada, pouco articulada e
dependente da capital. As novas demandas da modernização recaem sobre uma rede
estrutura para que não existissem articulações no interior. Assim, esta tendência de
desmetroplização e crescimento do interior, e respectivas cidades médias, ocorre sem uma
articulação interregional, com pouca autonomia, mas com ligação direta e intensa com a
metrópole. Enfim, novos usos num território construído preteritamente e, atualmente, em
fase de reconstrução. Um desafio.
Notas:
1- IQM – Índice que avalia o dinamismo e a infra-estrutura dos municípios para atrair investimentos.
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