FEA – USP – PÓS-GRADUAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO Disciplina: EAD – 5860 / Marketing Estratégico/Prof. Dr. Geraldo Luciano Toledo Alunos: Daniel Chaim, Francisco Carlos, Marcos Bedendo Respostas da Sessão 7 – 13/09/2016 Pergunta 1: Discuta o conceito de visão da firma (corporação) e indique seus componentes A visão da firma, segundo Hax & Maljuf (1991), é uma frase permanente (ou que não deve ser alterada com frequência) que comunica a natureza da existência da organização nos seguintes termos: proposito corporativo, escopo de negócio, e liderança competitiva. Ele serve para regular os relacionamentos entre os stakeholders da firma, e para afirmar os objetivos amplos buscados pela firma. Ele é formado por: - a missão da firma - a segmentação de negócios (identificação das Business Units (BUs)) - as integrações verticais e horizontais (interações das BUs) - filosofia corporativa A missão da firma é aquilo que é esperado por ela para o presente e futuro em relação ao seu produto, mercado, geografia, ou seja, o que ela pretende atingir. O como atingir também deve estar presente na declaração da missão. As BUs são identificadas a partir da segmentação dos produto-mercado alvo da organização. A quantidade delas pode variar de acordo com o tamanho e interesse da firma. O segmento, de modo geral, deve congregar produto-mercado que atendem a necessidades similares de um mesmo público. Ele deve ser especifico o suficiente para que não se confunda com outros segmentos, e amplo o suficiente para suportar a estrutura da BU. As integrações entre as BUs devem ser definidas do ponto de vista horizontal e vertical. As estratégias horizontais são aquelas que são orientadas pela estratégia corporativa, e que direcionam objetivos e politicas através das BUs distintas, mas inter-relacionadas. As integrações verticais são as interfaces que levam em consideração os limites de onde a firma deve agir (ex: decisões de make or buy), as relações com os fornecedores, distribuidores e clientes, e quando essas relações devem ser alteradas para melhorar ou modificar a posição competitiva da empresa. A filosofia da empresa também é parte de sua visão. A filosofia da corporação deve articular o relacionamento entre os seus stakeholder. É o como fazer e as relações que devem ser estabelecidas entre cada stakeholder. Ele deve conter os elementos éticos, crenças e regras de comportamento. Desta maneira, a visão da firma segundo Hax e Majluf (1991), parecem ser alguns elementos essenciais para a gestão da empresa, já que determinam objetivos amplos, regras de conduta e relacionamento entre a empresa e seus stakeholders. Alguns elementos chamam a atenção nessas definições dos autores. O primeiro deles é a subordinação da “Missão” da empresa à sua “Visão”. Os autores parecem sugerir que este documento permanente é a Visão da empresa, e os demais elementos, incluindo a missão, são sub tópicos desse. Outros autores, como Prahalad e Hamel (1990) discutem o conceito de core competence como uma proposta de integração entre as estratégias da corporação e as estratégias das BUs para respostas mais rápidas à competitividade do mercado com ambientes externos rapidamente mutáveis. Dessa forma, é cabível a chamada de “Missão” o proposito pouco alterável da empresa, e de “Visão” o caminho que ela deve trilhar para atingi-la. Kotler também acaba seguindo a mesma linha, adicionando que a missão e visão são alteráveis com o passar do tempo, e que a empresa deve planeja-la de maneira vaga e possível de ser alterado quando o atingimento da missão passa a ser iminente. A própria lógica interna das propostas de Hax e Majluf (1991) merecem alguns questionamentos. Ainda que eles indiquem que a visão é esse documento maior, quando descrevem a filosofia da empresa eles acabam indicando que ela pode ser a origem da própria visão, numa relação que não é mais de subordinação, mas talvez de definição conjunta. Ainda assim, o texto dos autores não parece querer ser determinante nas definições de cada termo. Ele parece ser, propositalmente, vago, como que deixando em aberto múltiplas interpretações por outros autores, e até mesmo por gestores, que podem preferir uma ou outra interpretação que melhor se adeque aos seus objetivos organizacionais. Desta maneira, ainda que contribua para um direcionamento estratégico da organização, a visão da corporação de Hax e Majluf parecer ser feita para estar aberta a interpretações e melhorias, mais do que tentar ser um guia definitivo para a definição dos elementos de missão, visão e filosofia empresarial. PRAHALAD, C. K e HAMEL, G. "The core competence of the corporation". Harvard Business Review, v. 90, n. 3, p.79-91, May/June, 1990.