TÍTULO - Para uma metodologia em EaD: Reflexões, percepções e

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Design Instrucional: Metodologias, Comunicação, Afetividade e Aprendizagem
Professor Dr. George França1
Doutor em Educação/Currículo - Novas Tecnologias em EaD pela PUC-SP.
[email protected]
Professora Msc. Liliam Maria da Silva2
Mestre em Gerontologia e Doutoranda em Educação/Currículo - PUC-SP
[email protected]
Professora Msc. Luciana Aparecida Santos 3
Mestre em Gerontologia e Doutoranda em Educação/Currículo - PUC-SP
[email protected]
Professor Dr. Paulo A. C. de Vasconcelos4
Doutor em Ciências da Comunicação – ECA/USP
[email protected]
Resumo: O presente artigo discorre sobre aspectos da experiência e percepções da
mediação on-line, tendo como foco o ensino superior e suas particularidades. Discute
a necessidade de metodologias de ensino à distância e relaciona os aspectos
comunicacionais e tecnológicos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.
Pretende discutir, assim, questões relativas à aprendizagem, passando por percepções
e metodologias, problematização dos elementos que compõem a idéia da construção
do conhecimento, didáticas e cenários dos processos de comunicação e aprendizagem,
para, finalmente, aprofundar-se nas relações afetivas da comunicação on-line e à
distância.
Palavras Chaves: metodologias, comunicação, afetividade e aprendizagem
__________________________________________________________
1
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina e Mestre em Engenharia de Produção e Sistemas - Mídia
e Conhecimento, pela mesma instituição. Atualmente é professor da Fundação . Universidade do Tocantins - UNITINS e
desenvolve pesquisa em Educação a Distância sobre a produção do conhecimento em Ambientes Virtuais de Aprendizagem AVA e didáticas contemporâneas.
2
Psicóloga e mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie. Especialista em Didática do Ensino
Superior e Comunicação e Artes pela mesma instituição; Especialista em Psicanálise pela PUC-SP. É professora responsável e
conteudista das disciplinas on-line ligadas à área de Psicologia e professora de disciplinas on-line e presenciais na Universidade
Anhembi Morumbi.
3
Graduada em pedagogia. Mestre em Gerontologia pela PUC-SP e Doutoranda em Educação/Currículo na mesma instituição.
Pós-graduada em Design, Tecnologia e Produção Gráfica. Atua como professora na Universidade Anhembi Morumbi, onde
leciona disciplinas on-line e presenciais. É professora e consultora técnico-pedagógica em projetos de Educação à Distância e
formação de professores na PUC-SP, em parceria com a Microsoft.
4
Bacharel em Direito pela UFPE. Mestre em Artes pela Universidade de São Paulo e Doutor em Ciências da Comunicação.
Atua como professor na Universidade Anhembi Morumbi, onde leciona on-line disciplinas de Filosofia e Ética. É professor da
Universidade de São Paulo na Escola de Comunicações e Artes, Laboratório de Pesquisa sobre Infância e Imaginário.
Abstract: The present article discusses aspects of experience and perceptions of
online mediation, with focus on the superior education and its particularities. It
discusses the need of distance education methodologies, establishing relations
between communicational and technological aspects involved in the teaching-learning
process. It thus has the intention of discussing issues related to learning, passing
through perceptions and methodologies, problematization of elements which compose
the idea of knowledge building, didactics and scenarios of communication and
learning processes, for, at last, going deep into the affective relations of online and
distance communication.
Keywords: methodology, communication, affection and learning
Introdução - contextos: percepções e metodologias
Este trabalho nasceu de inquietações e questionamentos decorrentes das discussões do grupo de
pesquisa denominado Design Instrucional: avaliação e metodologia em EaD, ocorrido no ano de
2007, por um grupo de professores pesquisadores na área da Educação a Distância. Este grupo
teve como propósito, naquele momento, pesquisar elementos metodológicos e formas de avaliar
processos e estratégias de Design Instrucional estabelecidas em cursos on-line e à distância,
focando, especificamente, o ensino superior brasileiro. Desse modo, estes professores
visualizam, de maneira macro, os problemas envolvidos nestes processos.
Partindo deste contexto, discute-se aqui, de maneira ampla, aspectos das percepções e elementos
da afetividade e de seus impactos positivos que se estabelecem nas relações on-line de produção
do conhecimento. Esses aspectos passam pelas questões comunicacionais de feedback,
apontando para o desenvolvimento de metodologias que se fazem presentes dentro das
articulações geradas nos processos de design instrucional e de suas tecnologias. Discute-se
também a necessidade de refletir sobre os eventos de aprendizagem que ocorrem nos Ambientes
Hipermidiáticos de Aprendizagem - AHA, em decorrência do seu design e de suas interações,
bem como os impactos causados pelo uso da tecnologia e suas aplicações nas metodologias
instrucionais de cursos à distância.
A construção do conhecimento
A construção do conhecimento, na sociedade atual, constitui-se num processo histórico que
envolve diferentes gerações, mídias e representações da informação. Esta dinâmica é parte
essencial do processo, considerando que as pessoas, a todo o momento, estão constituindo,
criando e recriando novos signos e aprendendo a viver num mundo caracterizado, atualmente,
pela necessidade cada vez mais crescente do uso das mais diversas tecnologias.
As tecnologias de informação e comunicação, em especial a internet, são utilizadas nas várias
dimensões e setores da vida humana, assumindo, assim, características distintas nas diferentes
áreas de convivência e configurando a chamada sociedade do conhecimento: “as tecnologias
provocam uma transformação social tão ampla que geram uma sociedade do conhecimento; [...]
hoje o controle dos vários segmentos da sociedade tende a formar cada vez mais um espaço
comum interativo: a cultura, a educação, a pesquisa e a comunicação” (Dowbor, 2001, p. 65-67).
Como aponta o autor, os diversos formatos e possibilidades de acesso e relação com a
informação modificam a maneira como a percebemos, processamos e significamos. Os meios de
comunicação representam para o homem grande parte de seu desenvolvimento cognitivo. Todos
esses aspectos encontram-se num processo em que a convergência das mídias é responsável por
uma importante forma de intertextualidade presente neste contexto. Esta abordagem interativa, à
medida que perpassa diferentes meios de significação, permite o estudo dos vários elementos que
compõem o design instrucional, a avaliação e as metodologias em EaD.
Dentro do debate sobre o uso de Ambientes Hipermidiáticos de Aprendizagem- AHA, na
concepção educacional prática da educação à distância, não podemos deixar de considerar a
relevância do uso de suas ferramentas, que caracterizam o suporte da proposta e da abordagem
pedagógica, desde o desenvolvimento até a implantação de um curso on-line. Nesse sentido,
projetar um ambiente de aprendizagem não é tarefa simples e pressupõe a formação de uma
equipe multidisciplinar, composta por professores com domínio do conteúdo e por especialistas
da área de informática. Segundo França (2006, p.40),
“os AHA, Ambientes Hipermidiáticos de aprendizagem – são, enfim, entendidos
como recursos utilizados para mediar, facilitar e gerir os processos de ensinoaprendizagem em cursos on-line, compostos por um conjunto de ferramentas
tecnológicas que, compostas por um conjunto ferramentas tecnológicas que,
aliadas ao design instrucional de um projeto, proporcionam a possibilidade de
distribuição de conteúdo, gerenciamento da informação e outros fatores
relacionados às interações gerais de um curso e à produção de conhecimento”.
Outro fator importante deste contexto é não transportar as estratégias de ensino da sala de aula
presencial para o ambiente hipermidiático, questão observada pelo design instrucional.
As estratégias do design instrucional devem permitir, desse modo, que o ambiente hipermidiático
de aprendizagem possa ser um espaço no qual os recursos e ferramentas são organizados, assim
como os conteúdos e atividades disponibilizados aos estudantes pelos seus professores,
permitindo a integração entre o design educacional e as necessidades de interação dos seus
utilizadores.
No que tange às questões de aprendizagem, é importante ressaltar, como aponta Vygotsky
(2003), que “o homem, em sua ação, cria instrumentos e signos para transformar a natureza e a si
mesmo, construindo a cultura. O signo age como um instrumento da atividade psicológica, de
maneira análoga ao papel de um instrumento no trabalho”. Dessa forma, pode-se refletir que a
estrutura hipermidiática - caracterizada nos ambientes de aprendizagem em EaD por sua não
linearidade - assemelha-se aos padrões de funcionamento da mente humana, o que pode,
provavelmente, estreitar o distanciamento entre o conhecimento e o ser humano, já que o contato
deste último com o conhecimento ocorre também de forma não linear.
Ainda do mesmo autor, o conceito denominado "zona de desenvolvimento proximal" sugere que
a aprendizagem desperta vários processos internos, capazes de operar somente quando o
indivíduo interage em seu ambiente ou quando se encontra em cooperação com seus
companheiros. Nessa interação, o indivíduo apreende as informações do meio e as internaliza,
transformando-as. Esta absorção não é passiva, mas uma reelaboração ou integração com os
conhecimentos que já possui. Finalmente, quando o indivíduo aprende, seu pensamento se
modifica transformando-se em novos conhecimentos e ele volta a agir no meio, transformando-o
novamente.
Didáticas - tecnologia e cenários
Neste cenário conceitual, e frente à experiência de lecionarmos em cursos superiores on-line,
surgem questionamentos referentes à observação e às diferenciações cada vez mais entrelaçadas
no relacionamento e na necessidade de se pensar metodologias e práticas consistentes para
educação à distância. Conseqüentemente, surge também a necessidade de pensar ações didáticoafetivas e comunicacionais que contribuam com o processo da aprendizagem do aluno on-line.
Por esse motivo, autores como Vygotsky, Dewey, Freud, Skinner, Piaget, Paulo Freire e outros
são bem vindos, uma vez que compartilham elementos que podem contribuir diretamente para a
construção dessas novas metodologias em EaD.
Neste sentindo, segundo França (2007, p 13):
“há sempre um forte conflito entre a modernidade dos instrumentos tecnológicos
e sua inerente qualidade na relação do ensino com a aprendizagem. Caso seja
entendida como algo espontâneo, que não exige práticas docentes claras e novas,
sem facultar à aprendizagem, nem produzir uma nova significação, essa
qualidade será falsa”.
Vimos, então, que as novas práticas de ensino exigem um novo professor com qualidades
diferentes, mais exigente e atento aos conceitos contemporâneos do ato de educar e da nova
sociedade. O professor mediador e articulador, contudo, sempre será a pessoa que criará
possibilidades de construção do conhecimento, em parceria com seus alunos, dentro dos
ambientes de aprendizagem e de acordo com as estratégias de design instrucional eleitas naquele
momento.
Depreende-se, assim, que a falsa idéia de que os processos tecnológicos resolvem todos os
problemas da aprendizagem trouxe, também, durante muito tempo dentro da EaD, uma intensa
precaução e preocupação a respeito das opções de plataformas tecnológicas e de suas
implementações comunicacionais.
Hoje, podemos observar que esses processos tecnológicos devem ser relacionados
principalmente às práticas pedagógicos e não a meros sistemas. Sendo assim, tem-se mais clareza
de que, embora a tecnologia tenha um papel de peso, necessário e importante para os sistemas de
EaD, torna-se indispensável e evidente a busca por didáticas e metodologias de ensino que
valorizem o potencial criativo e afetivo entre seus agentes.
Deste modo, não devemos perder de vista que nesta reflexão estamos falando de processos
metodológico-educacionais em convergência com as tecnologias, o que, no contexto da
educação, passa a ser uma temática bastante atual, na qual, em meio a tantas outras, se sobressai
a seguinte questão: que tipo de educação à distância se quer?
Pensar, enfim, a educação, frente a esse cenário de profusão de tecnologias e misturas de
linguagens, torna-se algo complexo em sua mais ampla dimensão, pois requer uma refinada
compreensão da figura histórico-humana em seus processos de comunicar-se, aprender, ensinar
e, principalmente, relacionar-se com um mundo em constante mudança tecnológica, mas que
ainda precisa ser mais honesto, justo, fraterno, democrático e igual para todos.
O processo de comunicação e de aprendizagem
Apesar de ser óbvia a relação entre Comunicação e Educação (independente dos suportes
envolvidos nos seus processos), no campo da Educação ainda não é consenso entre os
educadores o fato de que o processo educacional é, igualmente, um processo imantado dentro da
esfera da comunicação.
Se educação é mudança de comportamentos por assimilação e entendimento, essa mudança só se
processa dentro de um patamar de comunicação educativa. Neste sentido, a comunicação é, pois,
a transmissão de uma informação com o intuito de tornar claro e compreensível o que se
pretende para outro - ou outros. Comunicar torna-se, assim, educar para uma dada compreensão,
para dados objetivos, para diferentes sujeitos receptores.
Pensar as metodologias educacionais e suas didáticas na EaD perpassa o campo da comunicação
e suas estruturas discursivas e intertextuais. Não se deve deixar de observar, contudo, o fato de
que a construção do conhecimento nos processos de aprendizagem se dá nas estruturas
significativas e sígnicas estabelecidas nas relações com as diversas linguagens entrelaçadas,
formando, assim, os seus campos de sentido comunicacional.
Dentro dessas questões, vê-se que a comunicação compreende um intrincado equilíbrio entre
forma e conteúdo, ou, como diria Barbero (2002), “as mediações tecnológicas nas ações de elearning têm exibido uma força demasiada e, por vezes, preterimos o conteúdo, pela forma
tecnológica”. Assim, a comunicação educativa seria um verdadeiro pleonasmo, pois, na sua
essência, já pode ser entendida como tornar comum, coletivizar, num processo de sedução, para
uma dada aprendizagem significativa.
Possibilitar a aprendizagem é sempre comunicar, mas para que isso ocorra é necessário o
comprometimento das estruturas textuais, de modo a tornar o desconhecido o mais próximo
possível daquilo que é sabido pelo aluno. Selecionar o texto, decupá-lo em seu campo lexical e
aglutiná-lo a outros suportes é tarefa do comunicador educador.
A grande dificuldade do aluno na EaD, muitas vezes, é devolver ou envolver-se com as tramas
comunicativas estabelecidas nos processos de design instrucional e nos relacionamentos on-line,
no sentido de expor-se, de dizer, de mais dizer, de detalhar o seu querer dizer. É introverter em
detalhes o que lhe foi comunicado; responder, por exemplo, ao professor tutor, sintonizado com a
mensagem que lhe foi proposta e vice-versa.
Em outra Comunicação Congressual, o Intercom 2004, sublinhamos alguns aportes de Paulo
Freire, ao propor um diálogo que não pode ser transgredido, sob pena de não ser educação.
Melhor dizendo, diálogo e educação devem ser vistos a partir do ato de partilhar. Para tanto, a
educação à distancia não pode ser uma educação distante, mas uma busca mais intensa de
diálogo e de revisão (Vasconcelos et al.: 2004).
Não há educação sem comunicação, nem tampouco comunicação sem educação. Paulo Freire
(1989,) entende as relações permanentes entre ambas como cerne da Educação. Assim, ao partir
de uma relação dialógica como elemento constitutivo do conhecimento humano, e entendendo
que além desta última ainda existem as relações gnosiológicas, lógicas e históricas, o autor vê a
assunção do sujeito do saber na educação e pela educação.
Freire (1989) afirma que aquilo que caracteriza a comunicação enquanto este “comunicar
comunicando-se” é o fato de ela ser diálogo, assim como o diálogo é comunicativo. Ainda
segundo o autor, “(...) a educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é
transferência de saber, mas encontro de sujeitos interlocutores que buscam significados” (ibid.,
p. 69).
Os trabalhos dos teóricos latino-americanos preocupados com educação/comunicação e,
destacadamente, com as mídias, seus usos e recepção, como os estudos de Orozco-Gomes,
Martim-Barbero e Mario Kaplun, também reproduzem as preocupações de Paulo Freire, no que
tange ao campo das mediações.
Tais estudos, antes de proporem uma inter-relação entre um campo (da comunicação) e outro (da
educação), preocupam-se em sublinhar o papel dos campos das mediações culturais
(Vasconcelos et al.: 2004).
Aliando a atenção ao campo das mediações, é importante sublinhar o papel da afetividade, como
um verdadeiro esteio receptivo para o aluno, de modo que ele sinta-se à vontade para dizer,
expressar-se e estabelecer nexos conceituais e cognitivos.
A afetividade da comunicação
A afetividade se constrói nas relações interpessoais estabelecidas e dá sustentação ao papel da
socialização. Em toda relação humana, quer seja presencial ou virtual, somos influenciados pelos
pensamentos, sentimentos, emoções, ações, crenças e valores do outro. Dentro dos
relacionamentos de aprendizagem, o professor consciente de sua tarefa lembra-se, a todo
instante, que atrás da máquina há um ser humano que deseja ser tratado como tal; que há um
aluno buscando na interação não só o conteúdo, mas também a pessoa que, do outro lado,
encontra-se na função de educador.
Em toda relação pedagógica existe a participação de um professor e de um aluno que interagem e
relacionam-se de forma afetiva, ou seja, ambos afetando e sendo afetados um pelo outro. A
maneira pela qual o professor apresenta o conteúdo de sua disciplina está constantemente
revestida de afetos. Cada aluno será afetado de uma maneira singular no seu processo de
aprendizagem e isso ocorre indiferentemente do suporte e da tecnologia utilizados.
Alguns professores preocupam-se apenas com os conteúdos de sua aula ou com as metodologias
em si, não dando real importância ao fato de que a afetividade estabelecida nas relações de
aprendizagem sedimenta e proporciona grande parte do processo educacional no sentido da sua
aprendizagem. Tal fato pode ser observado, principalmente, quando vemos que grande parte dos
currículos e metodologias utilizados para a aprendizagem não atende aos desejos e necessidades
dos alunos, sendo distantes de sua realidade. Neste sentido, os vínculos estabelecidos na didática
e na troca de saberes ocasionados pela aproximação de seus agentes podem desencadear a
motivação necessária à compreensão, por parte do aluno, da necessidade de dialogar com
conteúdos significativos que possibilitem seu aprendizado.
A construção de conhecimento a partir de experiências tanto cognitivas como afetivas ocorrerá,
assim, através de um diálogo entre as duas partes envolvidas. Pela afetividade, pela expressão
dos sentimentos de solidariedade, sensibilidade, companheirismo e amizade criam-se ambientes
colaborativos de troca e emocionalmente sadios entre professor-tutor e aluno. Privilegia-se, desse
modo, a cooperação, a alegria e o prazer em aprender. A intersubjetividade passa, pois, a ser
mediatizada por um veículo técnico-comunicacional.
O ambiente de aprendizagem é preenchido pela linguagem não-verbal, na qual pensamentos,
sentimentos e emoções são exteriorizados, criando-se a oportunidade de reflexão e interação
entre as partes envolvidas, estimulando a automotivação e a autonomia do aluno, aspectos tão
necessários à Educação a Distância.
É o professor quem sinaliza os sentimentos de credibilidade, valorização e apreço que o fazem
acolher o aluno naquele ambiente virtual, desenvolvendo sua auto-confiança e melhorando a sua
auto-estima. Ele torna-se visível através da expressão do seu conhecimento e preenchido de
manifestações afetivas, pois se este contato for frio e não tiver afeição, o aluno tenderá a perder o
interesse pelo ensino, não atingindo os objetivos propostos. Esta é uma realidade que pode
explicar os índices de evasão em EaD.
Muitos alunos de EaD manifestam a sensação de solidão nas aulas on-line. Na verdade, seu
relato reflete uma sensação de abandono, principalmente quando não há uma interação de
qualidade entre os atores do processo. Os educandos, quando se sentem parte deste processo,
mostram-se ativos, participativos e integrados.
O novo profissional da educação deve melhor integrar as novas tecnologias e a afetividade, pois
será um professor-tutor mais criativo, menos informador e mais gestor de atividades de pesquisa,
mostrando-se, portanto, um educador mais maduro intelectual e emocionalmente. Só a tecnologia
não basta. O virtual potencializa um novo tipo de relação e de nada adianta expor o aluno on-line
à submissão de tarefas e de avaliações quantitativas de participação, se a qualidade da interação
não for valorizada.
Considerações Finais
Neste artigo, vimos algumas reflexões sobre aspectos da mediação on-line, dentre eles as
percepções de um grupo de professores e suas narrativas sobre determinados aspectos da sua
experiência que apontam para estratégias significativas de mediação em cursos on-line e à
distância.
Com o objetivo de melhor estudar os fenômenos pretendidos, resgatamos, direta ou
indiretamente, autores como Paulo Freire e Vygotsky, bem como algumas reflexões pertinentes
sobre o assunto. Dentre elas, podemos destacar elementos efetivos da comunicação, da
psicologia da aprendizagem e da filosofia da educação, com o intuito de estabelecer aspectos
relacionados ao design instrucional e suas relações interdisciplinares, implicando, assim, numa
reflexão sobre as questões metodológicas envolvidas no processo.
Fica aqui registrado o desejo de ampliar as fronteiras sobre o estudo do design instrucional e suas
relações com as disciplinas e ações que o acompanham, bem como uma vontade de compartilhar
com a comunidade cientifica nossas percepções e descobertas.
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