Universidade do Minho Escola de Engenharia Rui Jorge Fernandes Araújo UMinho | 2012 Rui Jorge Fernandes Araújo Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Outubro de 2012 Universidade do Minho Escola de Engenharia Rui Jorge Fernandes Araújo Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Tese de Mestrado Ciclo de Estudos Integrados Conducentes ao Grau de Mestre em Engenharia Eletrónica Industrial e de Computadores Trabalho efetuado sob a orientação do Professor Doutor João Luiz Afonso Outubro de 2012 DECLARAÇÃO Rui Jorge Fernandes Araújo Endereço eletrónico: [email protected] Telefone: 964948918 Número do Bilhete de Identidade: 12564437 Título da Dissertação: Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Orientador: Doutor João Luiz Afonso Ano de conclusão: 2012 Dissertação submetida na Universidade do Minho para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Eletrónica e de Computadores É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO/TRABALHO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE; Universidade do Minho, ___/___/______ Assinatura: ________________________________________________ Dedicatória. Agradecimentos A realização do presente trabalho não teria sido possível sem o apoio, a ajuda, a orientação, a compreensão e o incentivo de algumas pessoas, a quem quero dirigir os meus sinceros agradecimentos. Em primeiro lugar, expresso um profundo agradecimento ao meu orientador Doutor João Luiz Afonso, pela disponibilidade, incentivo, acompanhamento permanente, e pelo sentido crítico na orientação, bem como por ter permitido que usufruísse de um espaço no laboratório de Eletrónica de Potência, possibilitando a execução prática do presente trabalho. De seguida, expresso também um sincero e profundo agradecimento ao bolseiro de Doutoramento Delfim Duarte Rolo Pedrosa, pelo apoio incondicional ao longo de toda a dissertação. Aos Investigadores do Grupo de Eletrónica de Potência e Energia da Universidade do Minho, nomeadamente ao Gabriel Pinto, Henrique Gonçalves, Bruno Exposto, Vítor Monteiro e Raul Almeida pela ajuda e disponibilidade, quando solicitada. A todos os colegas e amigos que realizaram a dissertação de mestrado no Grupo de Eletrónica de Potência e Energia, pelo ambiente proporcionado e pela ajuda. Aos funcionários Joel Almeida, Ângela Macedo e Carlos Torres, na qualidade de técnicos das oficinas do Departamento de Eletrónica Industrial. À minha esposa Ana Catarina Araújo Perpetua por todos os momentos passados. Finalmente, e não menos importante, aos meus pais, Belarmino Araújo Rodrigues e Esperança de Jesus Freitas Fernandes, às minhas irmãs Isaura Filipa Fernandes Araújo e Ana Catarina Fernandes Araújo, bem como a toda a minha família de uma forma geral pelo apoio incondicional. A todos, muito obrigado. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho v Resumo A bicicleta desempenha um papel importante na sociedade atual, sendo um veículo barato, versátil e amigo do ambiente, apresenta-se como um meio de transporte ideal para curtas distâncias. No entanto, para distâncias mais longas representa cansaço ao utilizador. Deste modo, começaram a ser desenvolvidas bicicletas elétricas que tem como objetivo, percorrer maiores distâncias com um menor esforço, alargando assim a sua utilidade. As bicicletas elétricas podem ser compostas por diversos constituintes, destacando-se três elementos essenciais: o motor elétrico, que permite auxiliar o utilizador na tração da bicicleta elétrica quando solicitado; as baterias, que fornecem a energia elétrica para alimentação do motor e dos componentes que são ou possam ser integrados na bicicleta elétrica; e o controlador do motor. O Grupo de Eletrónica de Potência e Energia (GEPE) da Universidade do Minho tem apostado, no estudo e desenvolvimento de soluções na área da mobilidade elétrica. Por isso, com o objetivo de alargar os conhecimentos nesta área, foi proposto o desenvolvimento de uma bicicleta elétrica. Nesta dissertação, é apresentado o estado da arte dos elementos constituintes da bicicleta elétrica (motor elétrico, baterias e controlador). Além disso, são também apresentados e descritos os constituintes auxiliares que suportam os constituintes essenciais, designadamente os sensores de posição, algoritmos de carregamento das baterias, conversores estáticos, e a monitorização das funcionalidades da bicicleta elétrica. No que diz respeito às simulações, estas permitiram estudar o comportamento dos circuitos desenvolvidos de modo a validar conceitos, ajustar parâmetros e prever problemas. Com esse objetivo, foram implementados modelos de simulação do motor BLDC, da bateria de lítio polímero e do carregador de baterias. Relativamente à implementação da bicicleta elétrica são apresentados o motor e a bateria utilizados, bem como os circuitos eletrónicos que os interligam. Para o interface com o utilizador é apresentado um LCD (Liquid Crystal Display) que informa o utilizador sobre as diversas funcionalidades da bicicleta elétrica (distância percorrida, estado de carga da bateria, velocidade atual, entre outros). Por fim, são apresentados os resultados experimentais, as conclusões e as sugestões de trabalhos futuros. Palavras-chave Motor BLDC, Inversor Fonte de Tensão, Sistemas de Carregamento de Baterias, Baterias, Bicicleta Elétrica, Mobilidade Elétrica. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - Universidade do Minho vii Abstract The bicycle plays an important role in today's society. Being a cheap, compact and environmentally friendly vehicle, it represents a good mean of transportation for short distances. However, on long journeys, the bicycle has disadvantages in terms of fatigue to the user. With this in mind, began the development of electric bikes, with the purpose of helping the user on longer trips, thus extending the usefulness of the bicycle. Electric bikes are composed of several components, by which there are three main components: the electric motor, which assists the user when such is required; the batteries, that guarantee power supply to the motor and to the others electronic components that are incorporated in the electric bicycle; and the inverter, which is responsible for converting the DC voltage of the batteries to the AC voltage required by the motor. The Group of Energy and Power Electronics (GEPE) of Minho University have been focusing on the study and development of solutions in the field of electric mobility. Therefore, and aiming to extend the knowledge in this area, it was proposed the development of an electric bike. In this dissertation is presented the state of art of several components of an electric bike (electric motor, batteries and inverter). Is also studied the auxiliary elements that support the main components, namely the Hall sensors, battery charging algorithms and static converters. Concerning the computer simulations, these allowed studying the behavior of the elements, to validate concepts, adjust parameters and predict possible problems. With that objective, is were design simulation models for the BLDC motor (Brushless Direct Current) (operation, controller and inverter), of the lithium polymer battery and the battery charger. Regarding the implementation of the electric bicycle it is presented the motor and the battery used, as well the electronic circuits that support them. To interface with the user, is presented a LCD (Liquid Crystal Display), which informs the user of several electric bicycle parameters (traveled distance, battery charge status, and present speed among others features). After electric bicycle implementation, are presented the experimental results and conclusions, as well as future work propositions. Keywords BLDC Motor, Voltage Source Inverters, Battery Charging Systems, Batteries, Electric Bicycle, Electric Mobility. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - Universidade do Minho ix Índice Agradecimentos.......................................................................................................................................... v Resumo ..................................................................................................................................................... vii Abstract ..................................................................................................................................................... ix Lista de Figuras....................................................................................................................................... xiii Lista de Tabelas ...................................................................................................................................... xix Lista de Acrónimos ................................................................................................................................. xxi CAPÍTULO 1 Introdução ......................................................................................................................... 1 1.1. Bicicletas Elétricas ....................................................................................................................... 1 1.1.1. 1.1.2. 1.2. 1.3. 1.4. 1.5. Breve História da Bicicleta Elétrica..................................................................................................... 1 O Mercado das Bicicletas Elétricas ..................................................................................................... 3 Bicicletas Elétricas no Mercado ................................................................................................... 4 Motivações ................................................................................................................................... 7 Objetivos ...................................................................................................................................... 7 Organização e Estrutura da Dissertação ....................................................................................... 8 CAPÍTULO 2 Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica ................................................................ 9 2.1. 2.2. Introdução .................................................................................................................................... 9 Motores Elétricos ......................................................................................................................... 9 2.2.1. 2.2.2. 2.2.3. 2.2.4. 2.2.5. 2.3. 2.4. Controladores de Motores Aplicados a Bicicletas Elétricas ...................................................... 17 Sensores de Posição ................................................................................................................... 18 2.4.1. 2.4.2. 2.5. Sensores de Hall ................................................................................................................................ 19 Sensor Ótico ...................................................................................................................................... 21 Baterias ...................................................................................................................................... 23 2.5.1. 2.5.2. 2.5.3. 2.5.4. 2.6. Motor de Corrente Continua .............................................................................................................. 10 Motor de Relutância Variável ............................................................................................................ 11 Motor de Indução .............................................................................................................................. 12 Motores Síncronos de Ímanes Permanentes....................................................................................... 13 Comparativo de Motores Elétricos Aplicados a Bicicletas Elétricas ................................................. 15 Baterias de Chumbo .......................................................................................................................... 25 Baterias de Lítio ................................................................................................................................ 26 Baterias de Níquel-Cádmio ............................................................................................................... 28 Baterias de Níquel Hidreto-Metálico ................................................................................................. 29 Conclusões ................................................................................................................................. 30 CAPÍTULO 3 Topologias e Técnicas de Comutação de Motores BLDC e de Sistemas de Carregamento de Baterias ...................................................................................................................... 31 3.1. 3.2. Introdução .................................................................................................................................. 31 Motor BLDC .............................................................................................................................. 31 3.2.1. 3.2.2. 3.3. 3.4. Motor Utilizado na Bicicleta Elétrica ........................................................................................ 40 Inversores de Potência ............................................................................................................... 41 3.4.1. 3.5. Inversor Fonte de Tensão .................................................................................................................. 42 Técnicas de Modulação para Inversores Fonte de Tensão Trifásicos ........................................ 42 3.5.1. 3.6. Princípio de Funcionamento do Motor BLDC ................................................................................... 32 Modelo Matemático do Motor BLDC ............................................................................................... 36 Modulação de Onda Quadrada .......................................................................................................... 43 Sistema de Carregamento de Baterias ........................................................................................ 46 3.6.1. Bateria de Lítio Polímero .................................................................................................................. 46 3.6.2. Estado de Carga da Bateria ................................................................................................................ 47 3.6.3. Algoritmos de Controlo ..................................................................................................................... 49 Corrente Constante Seguido de Tensão Constante .............................................................................................. 50 3.6.4. Conversores Estáticos ........................................................................................................................ 52 3.7. Conclusão................................................................................................................................... 56 CAPÍTULO 4 Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica ....... 57 4.1. 4.2. 4.3. 4.4. 4.5. Introdução .................................................................................................................................. 57 Sistema de Controlo do Motor BLDC ....................................................................................... 57 Circuito de Potência do Controlador .......................................................................................... 59 Controlador ................................................................................................................................ 60 Resultados de Simulação do Controlador .................................................................................. 61 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - Universidade do Minho xi Índice 4.5.1. Resultados de Simulação do Controlador com Modulação de Onda Quadrada a 120 graus e sem Controlo de Velocidade. ...................................................................................................................................... 61 4.5.2. Resultados de Simulação do Controlador com Modulação de Onda Quadrada a 120 graus com Controlo de Velocidade ....................................................................................................................................... 65 4.6. 4.7. 4.8. 4.9. 4.10. Circuito de Potência do Carregador de Baterias......................................................................... 69 Sistema de Controlo do Carregador de Baterias......................................................................... 69 Modelo da Bateria ...................................................................................................................... 70 Resultados de Simulação do Carregador de Baterias ................................................................. 71 Conclusão ............................................................................................................................... 72 CAPÍTULO 5 Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica ............................ 75 5.1. 5.2. Introdução .................................................................................................................................. 75 Sistema de Controlo ................................................................................................................... 75 5.2.1. Sensores de Corrente.......................................................................................................................... 76 5.2.2. Sensor de Tensão ............................................................................................................................... 77 5.2.3. Sensor Magnético .............................................................................................................................. 78 5.2.4. Sensor de Posição .............................................................................................................................. 79 5.2.5. Algoritmos de Controlo ..................................................................................................................... 80 5.2.6. LCD ................................................................................................................................................... 82 5.2.7. Microcontroladores ............................................................................................................................ 83 Microcontrolador Utilizado no Carregador de Baterias ....................................................................................... 83 Microcontrolador Utilizado no Controlador do Motor BLDC ............................................................................. 85 5.2.8. Funcionalidades da Bicicleta Elétrica ................................................................................................ 87 Velocímetro ......................................................................................................................................................... 87 Conta-quilómetros ............................................................................................................................................... 87 Relógio de Tempo Real ....................................................................................................................................... 88 Estado de Carga ................................................................................................................................................... 89 5.3. Circuito de Potência do Controlador do Motor BLDC............................................................... 90 5.3.1. 5.3.2. 5.3.3. 5.4. 5.5. 5.6. Circuito de Condicionamento de Sinal............................................................................................... 90 Conversor CC-CC .............................................................................................................................. 91 Inversor Trifásico ............................................................................................................................... 92 Circuito de Potência do Carregador de Baterias......................................................................... 94 Integração dos Elementos Implementados na Bicicleta Elétrica ................................................ 97 Conclusões ................................................................................................................................. 99 CAPÍTULO 6 Resultados Experimentais ............................................................................................ 101 6.1. 6.2. 6.3. 6.4. 6.5. 6.6. 6.7. Introdução ................................................................................................................................ 101 Bancada de Ensaios .................................................................................................................. 101 Ensaio do Motor a Operar como Gerador ................................................................................ 102 Ensaio do Motor BLDC em Vazio ........................................................................................... 103 Ensaio do Motor BLDC em Carga ........................................................................................... 106 Ensaio do Carregador de Baterias ............................................................................................ 108 Conclusões ............................................................................................................................... 109 CAPÍTULO 7 Conclusões e Sugestões de Trabalhos Futuros ............................................................ 111 7.1. 7.2. Conclusões ............................................................................................................................... 111 Sugestões de Trabalhos Futuros ............................................................................................... 113 Referências.............................................................................................................................................. 115 xii Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - Universidade do Minho Lista de Figuras Figura 1.1 - Primeira bicicleta elétrica patenteada [2]. ................................................................................ 1 Figura 1.2 - Bicicleta elétrica com motor no cubo da pedaleira [4]. ............................................................ 2 Figura 1.3 - Bicicleta elétrica com motor sob a roda traseira, friccionando-a [5]. ....................................... 2 Figura 1.4 - Bicicleta elétrica de marca Mercedes [9]. ................................................................................ 4 Figura 1.5 - Bicicleta elétrica da marca Ford [12]. ...................................................................................... 5 Figura 1.6 - Bicicleta elétrica da marca Órbita [13]. ................................................................................... 6 Figura 1.7 - Bicicleta elétrica e-bike da marca Smart [14]........................................................................... 7 Figura 2.1 - Classificação dos motores elétricos [17]. ............................................................................... 10 Figura 2.2 - Motor elétrico de corrente contínua para bicicletas elétricas [27]. ......................................... 11 Figura 2.3 - Motor de relutância variável passível de ser aplicado a bicicletas elétricas [21]. .................. 12 Figura 2.4 - Motor de indução aplicado a veículos elétricos [23]. ............................................................. 13 Figura 2.5 - Motor BLDC trifásico aplicado a bicicletas elétricas [25]. .................................................... 15 Figura 2.6 - Controlador de velocidade/binário para motores BLDC do fabricante ElectroCraf [26]................................................................................................................................. 17 Figura 2.7 - Controlador de velocidade para motores BLDC do fabricante Anaheim Automation [27]. ................................................................................................................................ 18 Figura 2.8 - Controlador para motores CC [28]. ........................................................................................ 18 Figura 2.9 - Princípio de funcionamento do efeito Hall [30]. .................................................................... 19 Figura 2.10 - Distribuição dos sensores de efeito Hall num motor elétrico para bicicletas de propulsão elétrica [31]. ...................................................................................................................... 20 Figura 2.11 - Estado dos sensores de efeito Hall em função da disposição dos ímanes permanentes [20]. .............................................................................................................................. 20 Figura 2.12 - Sensor ótico e seu esquema elétrico [32]. ............................................................................ 21 Figura 2.13 - Sensor ótico incremental [34]............................................................................................... 22 Figura 2.14 - Sinal de saída do sensor ótico incremental. .......................................................................... 23 Figura 2.15 - Sensor ótico absoluto [34]. ................................................................................................... 23 Figura 2.16 - Bicicleta elétrica com baterias de chumbo [38]. .................................................................. 25 Figura 2.17 - Bateria de Lítio aplicada a bicicletas elétricas [9]. ............................................................... 27 Figura 2.18 - Bateria de níquel-cádmio [40]. ............................................................................................. 29 Figura 2.19 - Bateria de níquel hidreto-metálico. ...................................................................................... 30 Figura 3.1 - Relação entre as saídas dos sensores de Hall e as tensões aplicadas ao motor BLDC. .......... 33 Figura 3.2 - Formas de onda da força contraelectromotriz e corrente do motor BLDC. ........................... 33 Figura 3.3 - Sentido da corrente nos enrolamentos do motor BLDC para seis estados. ............................ 34 Figura 3.4 - Forma de onda da tensão composta do motor BLDC à saída do inversor fonte de tensão [47]. ........................................................................................................................................ 34 Figura 3.5 - Sequência de estados para a região de condução para o motor BLDC................................... 35 Figura 3.6 - Estado dos semicondutores da parte superior durante a comutação da corrente do motor BLDC: (a) Antes da comutação; (b) Durante a comutação; (c) Depois da comutação da corrente. ............................................................................................................................................. 36 Figura 3.7 - Estado dos semicondutores da parte inferior durante a comutação da corrente do motor BLDC: (a) Antes da comutação; (b) Durante a comutação; (c) Depois da comutação da corrente. ............................................................................................................................................. 36 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho xiii Lista de Figuras Figura 3.8 - Circuito equivalente do motor BLDC e inversor de potência. ................................................ 37 Figura 3.9 - Motor BLDC de 250 W da Cristalyte utilizado na bicicleta elétrica. ..................................... 40 Figura 3.10 - Esquema elétrico de um inversor fonte de tensão................................................................. 42 Figura 3.11 - Relação entre as formas de ondas de modulação de onda quadrada a 180 graus e os sinais de comando dos semicondutores eletrónicos. .......................................................................... 43 Figura 3.12 - Circuito equivalente para cada um dos seis estados de operação do inversor com modulação de onda quadrada a 180 graus. ......................................................................................... 44 Figura 3.13 - Relação entre as formas de ondas da modulação de onda quadrada a 120 graus e os sinais de comando dos semicondutores eletrónicos. .......................................................................... 45 Figura 3.14 - Circuito equivalente para cada um dos seis estados de operação do inversor com modulação de onda quadrada a 120 graus. ......................................................................................... 45 Figura 3.15 - Bateria de lítio polímero 36 V 10 Ah, utilizada na bicicleta elétrica. ................................... 47 Figura 3.16 - Modelo de circuito equivalente linear para uma bateria. ...................................................... 48 Figura 3.17 - Modelo de circuito equivalente de Thevenin para uma bateria. ............................................ 48 Figura 3.18 - Modelo de circuito equivalente implementado para a bateria. ............................................. 49 Figura 3.19 - Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo para o primeiro modelo do algoritmo de corrente constante seguido de tensão constante. ........................................................... 50 Figura 3.20 - Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo para o segundo modelo do algoritmo de corrente constante seguido de tensão constante. ........................................................... 51 Figura 3.21 - Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo para o terceiro modelo do algoritmo de corrente constante seguido de tensão constante. ........................................................... 51 Figura 3.22 - Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo para o quarto modelo do algoritmo de corrente constante seguido de tensão constante. ........................................................... 52 Figura 3.23 - Esquemático do conversor boost. ......................................................................................... 53 Figura 3.24 - Forma de onda da corrente na indutância em regime permanente para um conversor boost. .................................................................................................................................................. 53 Figura 3.25 - Tensão de saída de um conversor boost em função do duty cycle (D). ................................ 54 Figura 3.26 - Circuito equivalente do conversor boost quando o interruptor eletrónico está ligado. ......... 54 Figura 3.27 - Circuito equivalente do conversor boost quando o interruptor eletrónico está desligado. ........................................................................................................................................... 55 Figura 4.1 - Formas de onda dos sensores de Hall (H1, H2 e H3) e dos pulsos para as gates dos semicondutores eletrónicos (g1, g2, g3, g4, g5 e g6). ............................................................................ 59 Figura 4.2 - Circuito de potência do controlador do motor BLDC implementado em PSIM. .................... 60 Figura 4.3 - Sistema de controlo do controlador do motor BLDC implementado em PSIM. .................... 60 Figura 4.4 - Sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte superior do inversor. ............... 62 Figura 4.5 - Sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte inferior do inversor. ................ 62 Figura 4.6 - Sinais de saída dos sensores de Hall do motor BLDC. .......................................................... 62 Figura 4.7 - Tensões compostas aplicadas ao motor BLDC em vazio. ...................................................... 63 Figura 4.8 - Corrente consumida pelo motor BLDC em vazio. ................................................................. 63 Figura 4.9 - Tensões compostas fornecidas ao motor BLDC para diferentes valores de carga. ................ 64 Figura 4.10 - Correntes consumidas pelo motor BLDC para diferentes valores de carga.......................... 64 Figura 4.11 – Binário resistivo aplicado ao motor BLDC. ......................................................................... 65 Figura 4.12 - Análise em pormenor da região de comutação: (a) Comutação das tensões compostas durante a comutação das correntes; (b) Comutação das correntes. .................................................... 65 Figura 4.13 - Sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte superior do inversor com controlo de velocidade. ...................................................................................................................... 66 xiv Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - Universidade do Minho Lista de Figuras Figura 4.14 - Sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte inferior do inversor com controlo de velocidade ao longo de 0,25 s. ........................................................................................ 66 Figura 4.15 - Velocidade de referência e velocidade atual do motor, sem carga, para os 3 modos de ajuda................................................................................................................................................... 67 Figura 4.16 - Tensões compostas fornecidas ao motor BLDC para os três modos de ajuda, sem carga................................................................................................................................................... 67 Figura 4.17 - Tensões compostas fornecidas ao motor BLDC em carga, para os três modos de ajuda, em carga. ................................................................................................................................. 68 Figura 4.18 – Valores RMS das tensões compostas: (a) Valores RMS das tensões compostas para o modo 1; (b) Valores RMS das tensões compostas para o modo 2; (c) Valores RMS das tensões compostas para o modo 3. ..................................................................................................... 68 Figura 4.19 - Correntes consumidas pelo motor BLDC em carga, para os três modos de ajuda, em carga................................................................................................................................................... 68 Figura 4.20 - Velocidade do motor BLDC em função da velocidade de referência para os três modos de ajuda, em carga. ................................................................................................................. 69 Figura 4.21 - Circuito de potência do carregador de baterias. ................................................................... 69 Figura 4.22 - Circuito de controlo do carregador de baterias..................................................................... 70 Figura 4.23 - Circuito do modelo da bateria implementado no PSIM. ...................................................... 71 Figura 4.24 - Resultados de simulação para o algoritmo de controlo corrente constante seguida de tensão constante: (a) Corrente fornecida à bateria; (b) Tensão aos terminais da bateria. .................. 71 Figura 4.25 - Evolução do estado de carga da bateria com o algoritmo corrente constante seguido de tensão constante. ........................................................................................................................... 72 Figura 5.1 - Sensor de corrente de efeito de Hall: (a) Sensor ACS712-20A; (b) Circuito de medição [58]. ..................................................................................................................................... 76 Figura 5.2 - Esquema elétrico do sensor de corrente do carregador de baterias. ....................................... 77 Figura 5.3 - Esquema elétrico do sensor de tensão do carregador de baterias. .......................................... 78 Figura 5.4 - Princípio de funcionamento do sensor Reed Switch [59]. ...................................................... 78 Figura 5.5 - Sensor magnético: (a) Esquema elétrico implementado; (b) Sensor magnético Reed Switch utilizado na bicicleta elétrica. ................................................................................................. 79 Figura 5.6 - Sensor ótico: (a) Sensor ótico TCST1103 da Vishay; (b) Esquema elétrico do sensor TCST1103 da Vishay.......................................................................................................................... 80 Figura 5.7 - Sensor de posição: (a) Esquema elétrico do sensor implementado; (b) Placa de circuito impresso do sensor implementado. .................................................................................................... 80 Figura 5.8 - Algoritmo de controlo utilizado na bicicleta elétrica. ............................................................ 81 Figura 5.9 - Algoritmo de controlo do sistema de carregamento da bateria utilizada na bicicleta elétrica. .............................................................................................................................................. 81 Figura 5.10 - LCD utilizado na bicicleta elétrica. ...................................................................................... 82 Figura 5.11 - Ambiente de programação utilizado na programação dos microcontroladores. ................... 83 Figura 5.12 - Diagrama de blocos do microcontrolador ATmega328P [61]. ............................................. 84 Figura 5.13 - Placa de desenvolvimento Duemilanove [62]. ..................................................................... 85 Figura 5.14 - Placa de desenvolvimento Arduino Mega [64]. ................................................................... 85 Figura 5.15 - Diagrama de blocos do microcontrolador ATmega2560 [63]............................................... 86 Figura 5.16 - Diagrama de blocos do circuito integrado DS1307 do fabricante Maxim [65]..................... 88 Figura 5.17 - Relógio de tempo real implementado: (a) Esquema elétrico; (b) Placa de circuito impresso do relógio. ........................................................................................................................... 89 Figura 5.18 - Curva de descarga da bateria de lítio polímero utilizada na bicicleta elétrica. ..................... 89 Figura 5.19 - Circuito de potência do controlador do motor BLDC implementado. ................................. 90 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - Universidade do Minho xv Lista de Figuras Figura 5.20 - Estágio de saída do sensor de Hall. ...................................................................................... 90 Figura 5.21 - Conversor buck PTB78560 da marca Texas Instruments [66]. ............................................. 91 Figura 5.22 - Conversor buck PTB78560 da Texas Instruments. ............................................................... 92 Figura 5.23 - Esquema elétrico de cada um dos braços do inversor trifásico. ........................................... 92 Figura 5.24 - MOSFETS utilizados no inversor trifásico: (a) PMOSFET IRF5210 do fabricante International Rectifier [67]; (b) NMOSFET FQP44N10 do fabricante Fairchild [68]. .................... 93 Figura 5.25 - Opto-acoplador TLP621 da Toshiba [69]. ............................................................................ 94 Figura 5.26 - Esquema elétrico do inversor trifásico implementado. ......................................................... 94 Figura 5.27 - Esquema elétrico do sistema de carregamento implementado. ............................................ 95 Figura 5.28 - NMOSFET IRF540N do fabricante International Rectifier, utilizado no conversor boost [70]. .......................................................................................................................................... 95 Figura 5.29 - Esquemático do circuito integrado LM7805C do fabricante Texas Instruments [71]. .......... 96 Figura 5.30 - Circuito de potência do carregador de baterias implementado. ............................................ 96 Figura 5.31 - Carregador de portátil utilizado como fonte de alimentação do sistema de carregamento implementado. ............................................................................................................. 97 Figura 5.32 – Integração de um interruptor de pressão no interior das manetes dos travões, para detetar quando as mesmas são pressionadas. ..................................................................................... 97 Figura 5.33 – Integração do sensor de posição e do disco com ranhuras no eixo da pedaleira da bicicleta elétrica. ................................................................................................................................ 98 Figura 5.34 – Painel de instrumentos, para ligar o sistema e selecionar o modo de ajuda (baixo, médio ou alto) na tração da bicicleta elétrica. .................................................................................... 98 Figura 5.35 – Circuito de potência e circuito de controlo do motor BLDC em pormenor (à esquerda) Circuito de potência e circuito de controlo do motor BLDC, e bateria de lítio polímero (à direita)............................................................................................................................. 98 Figura 5.36 – Aspeto final da bicicleta elétrica, desenvolvida nesta dissertação. ...................................... 99 Figura 6.1 - Bancada de ensaios utilizada para testar o funcionamento do circuito de potência e do circuito de controlo desenvolvidos para o motor BLDC. ................................................................. 102 Figura 6.2 - Formas de onda das tensões simples (20 V/div) geradas pelo motor BLDC. ....................... 102 Figura 6.3 - Funcionamento do motor BLDC como gerador: (a) Formas de onda das tensões compostas (20 V/div); (b) Sinais de saída dos sensores de Hall (1 V/div). ..................................... 103 Figura 6.4 – Sinais de comando gerados pelo microcontrolador para posteriormente serem aplicados aos semicondutores eletrónicos da parte alta do inversor fonte de tensão (2 V/div). ....... 103 Figura 6.5 - Forma de onda das 3 tensões compostas (20 V/div) aplicadas ao motor BLDC. ................. 104 Figura 6.6 - Formas de onda das tensões compostas (20 V/div) e sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte alta do inversor (2 V/div) para o funcionamento do motor BLDC no primeiro modo de ajuda. .................................................................................................. 105 Figura 6.7 - Formas de onda das tensões compostas (20 V/div) e sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte alta do inversor (2 V/div) para o funcionamento do motor BLDC no segundo modo de ajuda. .................................................................................................. 105 Figura 6.8 - Formas de onda das tensões compostas (20 V/div) e sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte alta do inversor (2 V/div), para o funcionamento do motor BLDC no terceiro modo de ajuda. ......................................................................................... 106 Figura 6.9 - Formas de onda das tensões compostas (20 V/div) e da corrente total (200 mV/div), aplicadas ao motor BLDC, com uma carga mecânica de 1 Nm. ...................................................... 106 Figura 6.10 - Formas de onda das tensões compostas (20 V/div) e da corrente total (500 mV/div), aplicadas ao motor BLDC, com uma carga mecânica de 4 Nm. ...................................................... 107 Figura 6.11 - Formas de onda das tensões compostas (20 V/div) e corrente total (500 mV/div), aplicadas ao motor BLDC, com uma carga mecânica de 7 Nm. ...................................................... 107 xvi Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - Universidade do Minho Lista de Figuras Figura 6.12 - Tensão aos terminais da bateria de lítio polímero, e corrente consumida pelo motor BLDC com carga mecânica de 7 Nm............................................................................................... 108 Figura 6.13 - Velocidade de rotação do motor BLDC em função da tensão aos terminais da bateria de lítio polímero, para um funcionamento do motor com carga mecânica de 7 Nm........................ 108 Figura 6.14 - Tensão e corrente aplicada aos terminais da bateria de lítio polímero, durante o algoritmo carregamento corrente constante com o valor de 1,5 A, seguido de tensão constante com o valor de 42 V......................................................................................................................... 109 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - Universidade do Minho xvii Lista de Tabelas Tabela 2.1 - Comparativo entre os motores BLDC e BLAC. .................................................................... 15 Tabela 2.2 - Comparativo entre o motor BLDC e o motor CC. ................................................................. 16 Tabela 2.3 - Comparativo entre o motor BLDC e o Motor de Indução. .................................................... 16 Tabela 2.4 - Resultante dos sensores de efeito Hall para cada estado do rotor. ......................................... 21 Tabela 3.1 - Características do motor BLDC utilizado na bicicleta elétrica. ............................................. 41 Tabela 3.2 - Sequência de estados para o inversor fonte de tensão com modulação de onda quadrada a 180 graus. ........................................................................................................................ 44 Tabela 3.3 - Sequência de estados para o inversor fonte de tensão com modulação de onda quadrada a 120 graus. ........................................................................................................................ 46 Tabela 5.1 - Função e descrição dos pinos do LCD utilizado na bicicleta elétrica. ................................... 82 Tabela 5.2 - Especificações e características da placa de desenvolvimento Duemilanove [62]................. 84 Tabela 5.3 - Características e especificações da placa de desenvolvimento Arduino Mega. ..................... 86 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho xix Lista de Acrónimos ADC Analog to Digital Converter BLAC Brushless AC Motor BLDC Brushless Direct Current BMS Battery Management System CA Corrente Alternada CC Corrente Contínua DC Direct Current IPM Interior Permanent Magnet LCD Liquid Crystal Display LiPo Lítio Polímero NiCd Nickel Cadmium NiMH Nickel-Metal-Hydride Pb Chumbo PCB Printed Circuit Board PM Permanent Magnet PMSM Permanent Magnet Synchronous Motor PWM Pulse Width Modulation SLA Sealed Lead Acid SRM Switch Relutance Motor SOC State Of Charge Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho xxi CAPÍTULO 1 Introdução 1.1. Bicicletas Elétricas De acordo com a legislação portuguesa presente no Decreto-lei nº44 de 2005, as bicicletas elétricas são velocípedes equipados com motor elétrico auxiliar de potência máxima contínua de 0,25 kW, cuja alimentação é reduzida progressivamente com o aumento da velocidade e é interrompida se esta atingir uma velocidade de 25 km/h, ou se o utilizador deixar de pedalar. É também obrigatório que a bicicleta de propulsão elétrica arranque usando somente a força humana, bem como o uso de capacete devidamente ajustado e apertado [1]. Deste modo, o desenvolvimento da bicicleta elétrica deve ter as seguintes especificações: motor elétrico de potência máxima contínua de 250 W; sensor de velocidade; deteção de movimento e sentido de rotação da pedaleira e não deve ter acelerador. 1.1.1. Breve História da Bicicleta Elétrica Devido à falta de informação sobre a história da bicicleta elétrica fez-se um pequeno levantamento das patentes sobre bicicletas elétricas. A primeira bicicleta elétrica patenteada remonta ao ano de 1895, nos Estados Unidos da América, por Ogden Bolton Jr., como mostra a Figura 1.1. Esta bicicleta elétrica apresentava um motor CC de seis pólos no interior do cubo da roda traseira e uma bateria de 10 V [2]. Figura 1.1 - Primeira bicicleta elétrica patenteada [2]. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 1 Capítulo 1 - Introdução Dois anos mais tarde, em 1897 Oséias W. Libbey idealizou uma bicicleta elétrica cujo motor era incorporado no eixo da pedaleira, como mostra a Figura 1.2. Este modelo foi posteriormente imitado pela marca Lafree no ano de 1990 no Reino Unido [3]. Figura 1.2 - Bicicleta elétrica com motor no cubo da pedaleira [4]. Em 1899 John Schnepf projetou uma bicicleta elétrica, onde o motor era colocado sob a roda traseira, friccionando-a (Figura 1.3). Esta patente não especifica nem o tipo de motor, nem as baterias utilizadas [5]. Figura 1.3 - Bicicleta elétrica com motor sob a roda traseira, friccionando-a [5]. Com o decorrer dos anos surgiram novas patentes para bicicletas elétricas, no entanto a maior evolução deu-se na década de 90, devido ao avanço tecnológico da eletrónica de potência na área dos controladores de motores e sensores, bem como das baterias. A evolução das baterias permitiu uma maior capacidade de armazenamento de 2 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 1 - Introdução energia, maior fiabilidade, maior robustez e principalmente um menor custo na sua aquisição, permitindo a utilização destas em bicicletas elétricas [6]. O Japão foi o primeiro país a desenvolver controladores para motores elétricos aplicados a bicicletas elétricas, tendo sido desenvolvido o primeiro motor e respetivo controlador no início da década 90 pelo fabricante Zike, rapidamente seguido pelas marcas Yamaha, Honda e Panasonic que fabricavam também unidades motorizadas para bicicletas elétricas. Estas unidades não eram baratas, contudo deu-se início à comercialização de bicicletas elétricas. A comercialização das primeiras bicicletas elétricas despertou de tal forma o interesse da população a nível mundial, que os fabricantes chineses começaram a produzir em larga escala motores embutidos no cubo da roda da bicicleta. Com o aumento na procura de motores elétricos para bicicletas elétricas, passou-se de uma única marca comercial, para cerca de cinquenta no final da década de 90. 1.1.2. O Mercado das Bicicletas Elétricas Na China estima-se que existam cerca de 120 milhões de bicicletas elétricas, este número deve-se principalmente aos incentivos governamentais chineses, de forma a diminuírem substancialmente as motas das suas ruas [7][8]. Em termos percentuais, a Holanda é a maior utilizadora de bicicletas a nível mundial, com cerca de 40% de todo o seu tráfego sendo que, dos 40%, 10% são bicicletas elétricas. Apesar da elevada percentagem de bicicletas elétricas no mundo, prevê-se que continue a crescer 9% ou 10% por ano, atingindo o número de 260 milhões de bicicletas elétricas em 2016 [8]. Em Portugal tem-se vindo a desenvolver de forma bastante positiva, um culto em torno das bicicletas elétricas. Iniciativas como, o World Bike Tour tem vindo a dar provas, não só em Portugal mas um pouco por todo o Mundo, que as bicicletas elétricas vieram para ficar [4]. O projeto Buga na cidade de Aveiro é outro bom exemplo, pois fornece bicicletas de propulsão elétrica gratuitamente durante um determinado período de tempo, mediante a apresentação de um documento de identificação. A nível nacional só existe um fabricante, a empresa Orbita, o que torna aliciante este nicho de mercado, ou seja existe ainda espaço de mercado para outras empresas [5]. Existem ainda estudos que comprovam que a mobilidade elétrica em duas rodas está em crescente expansão. De acordo com a associação da indústria de duas rodas na Alemanha (ZIV), as vendas na Alemanha aumentaram de 70000, em 2007, para 200000 unidades, em 2010, existindo previsões que apontam para crescimentos ímpares. Em 2018, a ZIV prevê que as bicicletas de propulsão elétrica irão representar 15% de todas Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 3 Capítulo 1 - Introdução as vendas de motociclos na Alemanha. A nível europeu, o aumento das vendas foi ainda maior. Em 2007, aproximadamente 200000 pessoas optaram por uma bicicleta elétrica e, de acordo com a ZIV, em 2009 este valor já atingiu os 500000. Em 2010, cerca de 700000 bicicletas de propulsão elétrica foram comercializadas em toda a Europa, um aumento de 40%, comparando com o ano anterior [9]. 1.2. Bicicletas Elétricas no Mercado Após a história das bicicletas elétricas e da análise do mercado das mesmas, serão apresentados de seguida quatro novos modelos de bicicletas elétricas existentes no mercado. No salão automóvel de Paris do ano passado, foi apresentado um conceito de bicicleta inteligente, pertencendo à marca Mercedes (Figura 1.4). Este protótipo apresenta quatro níveis de impulso, de um sistema de acionamento elétrico, não é controlada através do punho (acelerador), mas sim pelos pedais. Pesando apenas 22 kg, a bicicleta tem um alcance por carga de bateria de 30 a 50 km. A relação de transmissão é ajustada automaticamente em dois níveis, dependendo da velocidade. Relativamente à velocidade máxima, esta depende do terreno e da potência cinética que o utilizador fornece à bicicleta. Esta bicicleta apresenta um motor brushless de 250 W incorporado na roda traseira, e usa uma bateria de iões de lítio compacta, com tensão de 36 V e capacidade de 9,6 Ah, colocada no quadro acima dos pedais, ficando assim escondida. Esta bateria pode ser totalmente carregada em aproximadamente três horas [10]. Figura 1.4 - Bicicleta elétrica de marca Mercedes [10]. Também a Ford, apresentou no salão automóvel de Frankfurt uma bicicleta de propulsão elétrica, entrando assim neste mercado com um conceito deslumbrante que combina tecnologia de ponta, com sensores provenientes do mundo da Fórmula 1 e componentes topo de gama para bicicletas (Figura 1.5). O sistema de propulsão é constituído por um motor CC de 250 W no centro da roda dianteira, uma bateria de iões 4 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 1 - Introdução de lítio de 36 V, 9,3 Ah que permite 1000 ciclos com 80% de capacidade residual. A bateria encontra-se escondida no quadro, e a marca promete um alcance de até 85 km com a bateria totalmente carregada. Além disso, a bicicleta possui um controlador integrado e um sensor electrostriction, tecnologia patenteada do mundo da Fórmula 1. Figura 1.5 - Bicicleta elétrica da marca Ford [11]. Os materiais electrostriction, são utilizados para converter a energia magnética em energia cinética e vice-versa. Para tal, são necessários pelo menos 1 par de sensores de electrostriction [12] sendo que, cada um tem um eixo central. Os eixos centrais são eliminados num plano comum e são mutuamente orientados perpendicularmente um ao outro. Normalmente, são utilizados pelo menos dois pares de sensores, formando uma roseta, para facilitar a análise dos vários componentes de uma amostra, possuindo assim propriedades dielétricas sob tensão/deformação [13]. Na Fórmula 1, estes sensores ajudam a lidar com as altas rotações do motor em combinação com tensões térmicas intensas, não necessitando de contacto físico com outras partes do motor, são independentes da temperatura e completamente isentos de manutenção. Estes registam as rotações do rolamento interno e transmitem essa informação à unidade de controlo, num centésimo de segundo. A unidade de controlo, ativa ou desativa o motor elétrico instantaneamente, proporcionando uma integração perfeita entre a força do pedalar e a força do motor [11]. Em Portugal, a marca Órbita comercializa apenas uma bicicleta de propulsão elétrica (Figura 1.6), destinada para um público mais modesto, no sentido do design e do preço. Como características tem: um motor de 24 V com potência nominal de 250 W na roda dianteira, a bateria de iões de lítio com uma tensão de 24 V, 10 Ah e um carregador de 24 V, 1,8 A [14]. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 5 Capítulo 1 - Introdução Figura 1.6 - Bicicleta elétrica da marca Órbita [14]. Recentemente, também a Smart anunciou a produção em série de uma bicicleta de propulsão elétrica, de nome e-bike para o primeiro semestre de 2012. Este veículo de duas rodas junta-se ao portfólio de veículos de propulsão elétrica da marca alemã. De acordo com o portal LusoMotores, a Smart e-bike está a ser desenvolvida em cooperação com o fabricante de bicicletas de propulsão elétrica Grace, sediada em Berlim [15]. Segundo a administradora da Smart, Annette Winkler, "a smart e-bike é um verdadeiro Smart, mas em duas rodas". "Não se trata apenas de uma bicicleta extremamente bem desenhada que irá atrair certamente a atenção dentro das cidades, é também muito prática e fácil de conduzir. Qualquer pessoa pode circular com ela pela cidade, independentemente da sua forma física e do seu estado de espírito". Criada pelos designers da Smart, a e-bike possui um desenho e uma aparência invulgar, afirmando-se capaz de romper com a linha convencional de bicicletas graças à integração atrativa do sistema elétrico, como mostra a Figura 1.7. Os componentes principais, tais como a estrutura, alojamento da bateria, guiador, luzes ou guarda-lamas, foram desenhados e desenvolvidos especificamente para a Smart. Os seus pontos fortes incluem o seu desempenho ágil, pois permite ao condutor da Smart e-bike decidir a potência que o motor elétrico de 250 W deve debitar. Para tal existe um botão no guiador, onde o utilizador pode escolher entre quatro níveis de potência. Dependendo do nível de potência selecionado e da potência fornecida pelo pedalar, a carga da bateria pode durar mais de 100 km. Com mais de 400 Wh, "a bateria de iões de lítio é uma das baterias mais potentes no ambiente concorrencial", salienta a administradora da marca Smart Annette Winkler. Esta, sendo portátil pode ser carregada numa tomada convencional. O motor incorporado na roda traseira, transforma-se num gerador quando o utilizador trava. A energia cinética da travagem regenerativa é recuperada, ou seja, é convertida em energia elétrica e armazenada na bateria de iões de lítio [9]. 6 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 1 - Introdução Figura 1.7 - Bicicleta elétrica e-bike da marca Smart [15]. 1.3. Motivações A motivação primordial para o desenvolvimento de uma bicicleta elétrica, reside na necessidade de encontrar um veículo que permita o transporte de pessoas para curtas e médias distâncias, com um custo de aquisição e de manutenção reduzido. O desenvolvimento de uma bicicleta elétrica permite também aplicar os conhecimentos na área da Eletrónica de Potência, adquiridos ao longo do Mestrado Integrado de Engenharia Eletrónica Industrial e de Computadores. As bicicletas elétricas permitem solucionar alguns dos problemas das bicicletas normais, nomeadamente percorrer maiores distâncias com um menor esforço, permitir que a utilização da bicicleta seja alargada a uma faixa etária maior, no sentido em que não é necessário ter preparação física regular. Deste modo, permite a qualquer pessoa percorrer distâncias maiores, economizando substancialmente os custos de transporte quando comparado com veículos de combustão interna, designadamente nas manutenções periódicas, nos impostos de circulação, no combustível e no seguro. Assim sendo, para curtas e médias deslocações a bicicleta elétrica proporciona ao utilizador a redução de custos no transporte, e a atividade física. 1.4. Objetivos O principal objetivo desta dissertação é o desenvolvimento de uma bicicleta elétrica. Este desenvolvimento deve ser otimizado para a conversão de uma bicicleta comum numa bicicleta elétrica. Desta forma, é necessário cumprir determinados objetivos intermédios, nomeadamente a seleção do motor elétrico e das baterias, desenvolver os circuitos de potência do motor e do carregador da bateria. Desenvolver o sistema de controlo do motor e do carregamento das baterias, e por fim obter os resultados experimentais das implementações realizadas. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 7 Capítulo 1 - Introdução 1.5. Organização e Estrutura da Dissertação Nesta dissertação é descrito o desenvolvimento de uma bicicleta elétrica. Para tal encontra-se estruturada em 7 capítulos, que são apresentados e descritos de seguida. Assim, no capítulo 1 denominado por “Introdução”, são apresentados, a definição de bicicleta elétrica segundo a legislação portuguesa, uma breve introdução sobre a história da mesma, bem como o mercado financeiro e o mercado comercial das bicicletas elétricas. No capítulo 2, denominado por “Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica”, são descritos e analisados os diversos elementos constituintes de uma bicicleta elétrica, nomeadamente os motores elétricos, os controladores, os sensores de posição e as baterias. No capítulo 3, denominado por “Topologias e Técnicas de Comutação de Motores BLDC e de Sistemas de Carregamento de Baterias”, são apresentadas as topologias e técnicas de comutação de motores BLDC e de sistemas de carregamento de baterias. No capítulo 4, denominado por “Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica”, são apresentadas as simulações computacionais dos elementos constituintes da bicicleta elétrica, nomeadamente o circuito do controlador do motor BLDC e do circuito de carregamento das baterias, bem como os sistemas de controlo de ambos. No capítulo 5, denominado por “Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica”, são apresentadas as implementações dos circuitos desenvolvidos para a bicicleta elétrica, designadamente o sistema de controlo, o circuito de potência do controlador do motor BLDC e o circuito de potência do carregador de baterias. No capítulo 6, denominado por “Resultados Experimentais”, são apresentados os resultados experimentais obtidos, para o ensaio do motor como gerador, o ensaio ao motor BLDC em vazio, bem como os ensaios ao motor BLDC para 3 valores de carga mecânica diferentes. O capítulo 7, denominado por “Conclusões e Sugestões de Trabalho Futuro”, são apresentadas as conclusões do trabalho realizado, bem como as sugestões para melhorar o que foi feito ao longo desta dissertação. 8 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho CAPÍTULO 2 Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica 2.1. Introdução No decorrer deste capítulo são descritos os elementos constituintes de uma bicicleta elétrica, ou seja, são apresentados e analisados os elementos essenciais que constituem uma bicicleta elétrica, como os motores elétricos, controladores de motores elétricos, sensores de posição e baterias. Inicialmente são analisados e comparados os principais motores elétricos passiveis de serem aplicados a bicicletas elétricas. Em seguida são analisados alguns controladores de motores elétricos comercialmente existentes, destinados a bicicletas elétricas. São também apresentados os tipos de sensores de posição que alguns motores necessitam para efetuar o seu controlo em malha fechada, bem como para detetar o movimento da pedaleira da bicicleta elétrica. Posteriormente serão apresentados os tipos de baterias mais utilizadas nestas bicicletas. 2.2. Motores Elétricos O motor elétrico é uma máquina destinada a transformar energia elétrica em energia mecânica. É bastante utilizado, uma vez que reúne um conjunto de características favoráveis, das quais se podem realçar: utilização de energia de baixo custo (a energia elétrica é barata), facilidade de transporte (baixo peso), simplicidade de comando e construção, versatilidade de adaptação (cargas com diferentes características) e melhores rendimentos comparativamente com outras tecnologias [16]. Existem diferentes topologias de motores elétricos, que podem ser classificadas em dois grupos principais, os motores com escovas e os sem escovas. Resultante destes grupos principais surgem novas subclasses de topologias para motores elétricos, como mostra a Figura 2.1. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 9 Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Motor CC de Excitação Independente Excitação de Ímanes Permanentes Excitação de Campo Com Escovas Série Motor CC com Auto-Excitação Paralela Motor Elétrico Motor de Indução Motor de Relutância Sem Escovas Motor de Ímanes Permanentes Excitação de Campo-Hibrida Excitação de Ímanes Permanentes Figura 2.1 - Classificação dos motores elétricos [17]. Cada tipo de motor elétrico é de certa forma, otimizado para um tipo de aplicação específica, devido às suas características intrínsecas. Um tipo de motor elétrico pode ser utilizado em distintas aplicações, por isso a seleção do motor para uma aplicação constitui um assunto complexo, que envolve a análise dos diversos parâmetros do sistema. Os parâmetros mais comuns, a ter em conta na seleção de um motor são o tipo de ligação do motor, a exploração económica do sistema de acionamento e o controlo do motor de forma a satisfazer as necessidades físicas da carga. Com o desenvolvimento da eletrónica de potência é possível alimentar os motores elétricos através de conversores eletrónicos, ajustando também o controlo do motor de forma a respeitar as características nominais deste, em função da carga que vai acionar. Entre as diferentes topologias de motores elétricos apresentados anteriormente, os motores CC, de Indução, de Excitação de Ímanes Permanentes e de Relutância são os mais utilizados em bicicletas elétricas, visto serem os que apresentam um melhor desempenho para este tipo de aplicação [18]. 2.2.1. Motor de Corrente Continua Os motores de corrente contínua já tiveram um grande destaque nos sistemas de propulsão elétrica, não só pela sua capacidade de produzir elevado binário a baixas velocidades, mas também por apresentarem uma curva binário/velocidade adequada às 10 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica aplicações de tração. É uma tecnologia madura com um controlo simples, sendo que para alterar a velocidade de funcionamento do motor, apenas é necessário controlar a tensão aplicada ao motor. No entanto, estes são de construção volumosa, baixa fiabilidade, baixa eficiência e necessitam de uma maior manutenção, principalmente pela presença dos anéis comutadores e das escovas. Além disso, o facto de existir atrito entre os anéis comutadores e as escovas, e o facto de possuírem enrolamentos no rotor, limita a velocidade máxima com que estes motores podem operar. Os motores de corrente contínua podem ter 1, 2 ou 3 pares de pólos, dependendo da sua potência, da sua tensão e da configuração do enrolamento de campo. Em função do tipo de excitação podem ser obtidos três tipos de motores CC: o motor série, motor shunt e o motor de excitação separada. Os motores CC do tipo shunt, têm melhor controlabilidade comparativamente com os motores CC série. O motor de excitação separada é adequado para operar com um enfraquecimento de campo, devido às características do binário e do controlo de fluxo. Por outro lado, têm uma potência constante para uma ampla faixa de funcionamento. Destes três tipos de motores, o mais utilizado em bicicletas elétricas é o motor de ímanes permanentes, devido às vantagens anteriormente referidas. No mercado existem motores de ímanes permanentes especificamente construídos para a utilização em bicicletas elétricas, como mostra a Figura 2.2. Figura 2.2 - Motor elétrico de corrente contínua para bicicletas elétricas [27]. 2.2.2. Motor de Relutância Variável Com o aumento no preço dos ímanes permanentes de terras raras, os motores de relutância variável passaram a ter grande potencial para aplicações em bicicletas elétricas, quer pela não utilização dos ímanes permanentes de terras raras, quer pelas vantagens que estes motores apresentam [19]. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 11 Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Entre estas vantagens estão uma construção simples e robusta, o baixo custo de fabrico e a excelente relação entre binário e velocidade, o que permite um elevado binário a baixas velocidades e uma ampla gama de velocidades. Apesar da simplicidade na sua construção, a sua conceção e controlo são difíceis, além disto estes motores geralmente apresentam ruido acústico e ripple no binário, e o seu controlo implica a necessidade de sensores de posição. Os motores de relutância variável (Figura 2.3), sendo constituídos por pólos salientes, permitem ter três ou mais conjuntos de enrolamentos no estator, que quando alimentados magnetizam-se e atraem os pólos do rotor, o qual é constituído por materiais laminados de boa permeabilidade magnética, não existindo no rotor enrolamentos, ímanes ou anéis comutadores com escovas. Quando a distância entre os pólos do estator e do rotor é mínima, a relutância do circuito magnético é baixa. À medida que o rotor gira a indutância do enrolamento que está alimentado também varia e assim os pólos vão estar desalinhados, fazendo descer o valor da indutância e aumentar a corrente. Por sua vez, quando os pólos estão alinhados, uma vez que a indutância é grande a corrente diminui. Apesar deste princípio básico, torna-se difícil controlar o motor de relutância variável devido às constantes alterações no valor da indutância e da sua respetiva corrente. Recentemente, foi desenvolvido um modo de controlo deslizante para a utilização em veículos elétricos, de modo a lidar com as não-linearidades e minimizar a vibração da máquina devido à região de operação estar na saturação [19][20]. Figura 2.3 - Motor de relutância variável passível de ser aplicado a bicicletas elétricas [21]. 2.2.3. Motor de Indução Entre os diversos tipos de motores elétricos existentes, o motor assíncrono trifásico, mais conhecido por motor de indução, é uma máquina que se sobressai relativamente às restantes. Isto ocorre pelo facto de ter uma construção robusta, um princípio de funcionamento simples, não requerer manutenção periódica, suportar 12 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica facilmente sobrecargas, permitir inverter o sentido de marcha de forma simples, ter um comportamento estável e fiável em ambientes severos, dado que não tem contatos deslizantes na parte do rotor, e quando comparado com outros tipos de motores ser menos volumoso e pesado para a mesma potência. O termo assíncrono, é utilizado devido ao facto da velocidade de rotação do rotor não ser igual à velocidade de rotação do campo girante criado pelo estator. O termo indução, é utilizado pelo facto do movimento de rotação do rotor ser originado pelo resultado do aparecimento de forças eletromotrizes induzidas no rotor [22]. Figura 2.4 - Motor de indução aplicado a veículos elétricos [23]. O princípio de funcionamento do motor de indução, é baseado na criação de um campo magnético rotativo, resultante da aplicação de tensão alternada no estator, o que cria um fenómeno designado por campo girante, que atravessa os condutores do rotor induzindo forças eletromotrizes. Desta forma, é criado um campo magnético girante no rotor, que tem que ficar em sincronismo com o campo girante do estator, produzindo assim um movimento de rotação no rotor. De salientar, que a velocidade do rotor é sempre ligeiramente inferior à velocidade de rotação do campo girante do estator, sendo esta diferença de rotação entre a rotação do rotor e do campo girante do estator é designada por deslizamento ou escorregamento [22]. 2.2.4. Motores Síncronos de Ímanes Permanentes O motor síncrono de ímanes permanentes, é um motor onde o campo magnético do rotor e o próprio rotor giram em sincronismo com o campo magnético produzido pelo estator, ou seja, todos rodam à mesma frequência. A estrutura do rotor do motor síncrono de ímanes permanentes é relativamente diferente quando comparado com o motor síncrono de rotor bobinado, uma vez que o campo magnético produzido pelo rotor do motor síncrono de ímanes permanentes é criado por ímanes permanentes Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 13 Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica distribuídos pelo rotor, enquanto, o campo magnético criado pelo rotor do motor síncrono de rotor bobinado é obtido através da alimentação do rotor por excitação separada. A não utilização de escovas permite ao motor síncrono de ímanes permanentes ser mais robusto face ao motor CC. Além disso, o motor síncrono de ímanes permanentes é mais eficiente face ao motor de indução, uma vez que não existem perdas associadas à existência de corrente no rotor. No entanto o custo inicial deste motor é relativamente superior aos anteriormente referidos, devido essencialmente à utilização de ímanes permanentes de terras raras [24]. Além disso, a utilização deste tipo de motor em ambientes críticos, como a altas temperaturas, pode questionar-se a sua fiabilidade na medida em que os ímanes permanentes podem perder as suas propriedades físicas. Porém, este tipo de motor tem vindo cada vez mais a ser largamente utilizado na indústria devido às suas características tais como, alta eficiência, ótima relação entre potência/volume, alto binário e controlo de velocidade fácil e preciso [24]. Os motores síncronos de ímanes permanentes são classificados em dois grupos distintos, sendo essa distinção referente à disposição dos ímanes permanentes no rotor. Assim, se os ímanes permanentes estiverem colocados na periferia do rotor são denominados por PMSM (Permanent Mount Surface Magnet), permitindo uma maior densidade de fluxo, mas por sua vez tem menor robustez e menor integridade estrutural. No caso de os ímanes permanentes estarem colocados no interior do rotor, são denominados por IPM (Interior Permanent Magnet), esta configuração confere maior robustez ao motor e por isso, é apropriada para aplicações com velocidades elevadas todavia, a conceção desta configuração é relativamente mais complexa, aumentando assim o custo final do motor. A subclasse PMSM também é ela classificada quanto ao modo de colocação dos enrolamentos no estator, que por conseguinte, está diretamente relacionada com as forças contraelectromotrizes geradas. Deste modo, se o motor PMSM tiver os enrolamentos concentrados a forma de onda gerada da força contraelectromotriz é trapezoidal, por outro lado se os enrolamentos forem distribuídos, a forma de onda da força contraelectromotriz é sinusoidal. Os motores de enrolamentos concentrados são denominados por BLDC (Brushless Direct Current) (Figura 2.5) enquanto que, os motores de ímanes permanentes de enrolamentos distribuídos são denominados por PMAC (Permanent Magnet Alternating Current) ou BLAC (Brushless Alternating Current). Nestes motores, dependendo da aplicação, os ímanes permanentes podem ser construídos com material magnético forte, nomeadamente samário de cobalto e 14 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica neodímio de ferro e boro, obtendo assim um alto desempenho dinâmico, robustez, alta eficiência e alto binário, ideais para aplicações de desempenho elevado, contudo, são relativamente caros. Os mesmos motores podem igualmente ser fabricados com materiais mais acessíveis, como por exemplo a ferrite, diminuindo deste modo o preço de fabrico, contribuindo para a sua utilização em aplicações de baixo custo. Na Tabela 2.1 é apresentado um comparativo entre os motores BLDC e BLAC. Tabela 2.1 - Comparativo entre os motores BLDC e BLAC. BLDC Máquina síncrona Força contraelectromotriz trapezoidal A posição do fluxo do estator é comutada a cada 60 graus Apenas duas fases podem estar ativas ao mesmo tempo Ripple de binário nas comutações Harmónicos de baixa frequência na gama audível Menos perdas nas comutações do inversor Algoritmo de controlo simples BLAC Máquina síncrona Força contraelectromotriz sinusoidal Variação constante da posição do fluxo do estator Possibilidade de ligar as três fases ao mesmo tempo Ausência do ripple de binário nas comutações Menor conteúdo harmónico devido à excitação sinusoidal Perdas superiores nas comutações no inversor Algoritmo de controlo complexo O IPM é um motor desenvolvido com todas as características do PMSM, mas adicionalmente permite a operação com enfraquecimento de campo, permitindo ter uma maior gama de velocidades e um elevado binário quando comparado com o BLDC e BLAC [25]. Figura 2.5 - Motor BLDC trifásico aplicado a bicicletas elétricas [26]. 2.2.5. Comparativo de Motores Elétricos Aplicados a Bicicletas Elétricas Neste subcapítulo, é apresentado um comparativo entre os principais motores elétricos aplicados em bicicletas elétricas. Este comparativo, permite associar facilmente quer as vantagens quer as desvantagens relativas a cada motor, bem como as suas características. Na Tabela 2.2 é apresentado um comparativo entre o motor BLDC Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 15 Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica e o motor CC, que destaca o comportamento de cada motor para determinadas características. Tabela 2.2 - Comparativo entre o motor BLDC e o motor CC. Características Comutações Manutenção Durabilidade Velocidade/Binário Motor BLDC Motor CC Comutações eletrónicas baseadas nos sensores de Hall Baixa manutenção devido à ausência das escovas Alta Permite a operação linear em todas as velocidades com carga nominal Potência de Saída/Tamanho do Motor Alta, pois não tem queda de tensão nas escovas Alta. Redução do tamanho devido às características térmicas, pois como estes motores tem os enrolamentos no estator a dissipação é superior Inércia do Rotor Baixa, pois tem ímanes permanentes no rotor, o que melhora a resposta dinâmica Eficiência Gama de Velocidade Ruído Elétrico Custo de Fabrico Controlo Requisitos do Controlo Alta pois não contém limitações mecânicas impostas pelas escovas Baixo Alto devido à existência dos ímanes permanentes de terras raras Complexo O controlo é indispensável para o funcionamento do motor Comutação das escovas Manutenção periódica Baixa Em velocidades altas o atrito das escovas prejudica o binário Moderada Moderada / Baixa O calor produzido pela armadura é dissipado no entre ferro, aumentando a temperatura Alta inercia do rotor, o que limita a característica dinâmica Baixa pois contém limitações mecânicas das escovas Alto devido à geração do arco elétrico nas escovas Baixo Simples O controlo só é necessário para variar a velocidade A Tabela 2.3 mostra o comparativo entre o motor BLDC e o motor de Indução, que destaca o comportamento de cada motor para determinadas características. Tabela 2.3 - Comparativo entre o motor BLDC e o Motor de Indução. Características Velocidade/Binário Potência de Saída/Tamanho Inércia do Rotor Corrente Inicial Requisitos do Controlo Escorregamento 16 Motor BLDC Motor de Indução Linear, permitindo a operação em todas as velocidades com carga nominal Alta devido à utilização de ímanes permanentes Baixa pois apresenta melhores características dinâmicas Não necessita de nenhum circuito de controlo de corrente no arranque O controlo é indispensável para o funcionamento do motor, sendo que o mesmo controlador pode ser usado para variar a velocidade Não existe escorregamento entre o rotor e o estator Baixo binário quando funciona a baixas velocidades Moderado devido à existência de enrolamentos quer no estator quer no rotor Alta pois apresenta poucas características dinâmicas Necessita de um circuito de controlo de corrente no arranque. O controlo só é necessário para variar a velocidade O rotor gira a uma frequência inferior do que a do estator, existindo assim escorregamento Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica 2.3. Controladores de Motores Aplicados a Bicicletas Elétricas Os controladores de motores aplicados a bicicletas elétricas, são dispositivos que controlam o funcionamento do motor em função de determinadas variáveis. Essas variáveis, dependem fundamentalmente da topologia do motor e/ou de imposições legais, como o caso da velocidade máxima. Em função da topologia do motor, os controladores podem ser desde um simples botão de ligar/desligar ou tão complexos que controlam todos os parâmetros do motor de forma autónoma. Comercialmente existem diversos controladores para bicicletas elétricas de seguida, são apresentados e analisados alguns desses controladores. A Figura 2.6 mostra um controlador de velocidade para motores BLDC com potência máxima de 300 W comercializado pelo fabricante ElectroCraf. Este controlador pode ser alimentado com uma gama entre 11 V e 50 V, 6 A e uma frequência máxima de 50 kHz. Permite um controlo ajustável através de modos de operação para as acelerações e para o binário, sendo estes modos selecionados por pequenos botões. Este permite também salvaguardar o motor BLDC contra a inversão de marcha, sobrecorrente e sobretemperaturas. O controlador é embebido numa caixa de alumínio robusta, leve e pequena, tendo conexões para os três sinais provenientes dos sensores de Hall, para o travão, para os botões de seleção do modo de operação, para o botão de ligar/desligar e alimentação trifásica para o motor [27]. Figura 2.6 - Controlador de velocidade/binário para motores BLDC do fabricante ElectroCraf [27]. Na Figura 2.7, é apresentado um controlador desenvolvido para motores BLDC cujo valor de tensão seja inferior a 50 V, do fabricante Anaheim Automation. O controlo de corrente deste controlador pode ser ajustado através de um potenciómetro colocado na parte superior do controlador, permitindo também a leitura dos sensores de Hall e o controlo de velocidade em malha fechada, bem como detetar o sentido de rotação do motor. O controlador é protegido contra sobrecorrentes, erros de leitura dos sensores de Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 17 Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Hall e subtensões, sendo que quando detetada uma destas anomalias é ligada uma luz vermelha para notificar o utilizador [28]. Figura 2.7 - Controlador de velocidade para motores BLDC do fabricante Anaheim Automation [28]. A Figura 2.8 mostra um controlador para motores CC com potência nominal de 250 W. Este controlador de dois quadrantes foi desenvolvido para motores cuja tensão de alimentação seja entre 20 V e 50 V, com um consumo máximo de corrente de 5 A. Compatível com sinais de entrada TTL-CMOS, permite limitar a corrente fornecida ao motor, o sentido de rotação do motor, controlar a velocidade do motor através do PWM (Pulse Width Modulation) em malha aberta. Dispõe ainda de proteções contra sobrecorrentes e sobretensões, que quando detetadas ligam um LED de modo a notificar o utilizador [29]. Figura 2.8 - Controlador para motores CC [29]. 2.4. Sensores de Posição Para saber a posição instantânea do rotor do motor elétrico são necessários transdutores, de modo a realizarem a medição de grandezas físicas em grandezas elétricas. Estes transdutores podem ser de quatro tipos, designadamente o sensor ótico, o sensor de efeito Hall, o potenciómetro e o LVDT (Linear Variable Differential Transformer). Em seguida são apenas apresentados o sensor ótico e o sensor de efeito Hall, visto que são os que mais se aplicam em bicicletas elétricas. 18 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica 2.4.1. Sensores de Hall O efeito Hall foi descoberto em 1879 por Edwin H. Hall, que submeteu um condutor elétrico a um campo magnético perpendicular à direção da corrente elétrica, como mostra a Figura 2.4. Hall, após isso, verificou que surgia uma diferença de potencial elétrico nas laterais do condutor na presença desse campo magnético. Este efeito ocorre devido ao facto das cargas elétricas tenderem a desviar-se da sua trajetória original por causa da força de Lorentz, criando assim um acumulado de portadores de carga nas superfícies laterias do condutor, o que se traduz numa diferença de potencial elétrico [30]. Figura 2.9 - Princípio de funcionamento do efeito Hall [31]. A tensão de Hall é dada pele seguinte equação: VH I B ned (2.1) onde, n é a densidade da mobilidade das cargas, e é a carga do eletrão e d é a espessura do condutor. Com a descoberta do efeito Hall foram desenvolvidos sensores para os mais diversos contextos, um dos quais, a utilização em motores BLDC. Para este tipo de motores de força contraelectromotriz trapezoidal é suficiente obter informação da posição do rotor a cada intervalo de 60 graus elétricos. Esta informação da posição do rotor é posteriormente usada pelo controlador, de forma a executar as comutações do inversor. Nos motores trifásicos é utilizado um sensor de efeito Hall para cada fase (Figura 2.10), estando estes desfasados de 120 graus entre si, para determinar a posição do campo magnético do rotor. Isto porque sempre que os pólos magnéticos passam perto do sensor de efeito Hall é gerado um sinal analógico alto ou baixo indicando a passagem do pólo N (norte) ou do pólo S (sul) pelo sensor. Normalmente o pólo N corresponde ao sinal lógico alto e o pólo S ao sinal lógico baixo. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 19 Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Figura 2.10 - Distribuição dos sensores de efeito Hall num motor elétrico para bicicletas de propulsão elétrica [32]. Na Figura 2.11 é apresentado um esboço de um motor de dois pólos durante os seis estados para uma volta completa do rotor, de modo a que seja mais percetível o funcionamento dos sensores de efeito Hall em função dos ímanes permanentes no rotor do motor. A resultante dos sensores de efeito Hall para cada estado do rotor pode ser consultada na Tabela 2.4. Figura 2.11 - Estado dos sensores de efeito Hall em função da disposição dos ímanes permanentes [20]. 20 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Tabela 2.4 - Resultante dos sensores de efeito Hall para cada estado do rotor. Estado 1 2 3 4 5 6 Hall A 0 0 1 1 1 0 Hall B 1 0 0 0 1 1 Hall C 1 1 1 0 0 0 Fase Y 0 +VCC +VCC 0 -VCC -VCC Fase Z +VCC 0 -VCC -VCC 0 +VCC Fase W -VCC -VCC 0 VCC +VCC 0 2.4.2. Sensor Ótico O princípio de funcionamento do sensor ótico baseia-se na transmissão de um feixe de luz infravermelha por parte do emissor que é posteriormente recebido por um recetor. Esse feixe de luz infravermelha, invisível ao olho humano, quando interrompido, deixa de ser detetado pelo recetor. O sensor ótico, quando utilizado como sensor de posição, consiste num disco com setores transparentes e opacos, montado num eixo de rotação, onde de um lado do disco é emitido um feixe de luz infravermelha proveniente de um LED (Light-Emitting Diode) infravermelho, e do outro lado esse feixe é recebido por um fototransístor, como mostra a Figura 2.12. Os sensores óticos são largamente utilizados em inúmeras aplicações, devido à sua simplicidade de construção, alta resolução com interface digital, alta repetibilidade, por terem uma vida útil praticamente infinita pelo facto de não conterem qualquer tipo de contatos mecânicos. Porém, é um sensor frágil e normalmente necessita de circuitos de interface [33]. Figura 2.12 - Sensor ótico e seu esquema elétrico [33]. Os sensores óticos de posição podem ser divididos em dois tipos, o sensor ótico incremental e o sensor ótico absoluto. A diferença entre estes sensores reside no modo de leitura que será explicado mais abaixo. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 21 Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Sensor Ótico Incremental O sensor ótico incremental é utilizado para efetuar a realimentação da posição. O seu princípio de funcionamento é relativamente simples como mostra a Figura 2.13, deste modo, um emissor emite um feixe de luz tipicamente infravermelha sobre um disco com ranhuras distribuídas de forma regular que acompanha o eixo móvel, intercetando intermitentemente o feixe de luz. Do outro lado do disco está o recetor que deteta a sucessão de ranhuras e não ranhuras do disco que acompanha a rotação do eixo móvel, fornecendo um pulso digital por cada ranhura. Deste modo sabendo os pulsos e conhecendo o ponto de referência, obtém-se por cálculo a posição absoluta do disco [34]. Figura 2.13 - Sensor ótico incremental [35]. Este sensor apresenta como características alta precisão, alta fiabilidade e fácil implementação, contudo na prática o sensor ótico incremental pode apresentar alguns problemas, nomeadamente a calibração do sensor após o corte momentâneo da energia elétrica, risco de perda da posição em velocidades muito elevadas, pois a contagem das ranhuras do disco podem ser perdidas. Por fim, necessita de constante manutenção quando utilizado em ambientes poluídos, na medida que a sujidade pode interromper o feixe luminoso, levando a leituras incorretas. Para determinadas aplicações é normal que os sensores óticos incrementais disponham de dois canais de saída, os quais se encontram desfasados de 90 graus entre si, permitindo deste modo ter na saída não só a posição mas também o sentido de rotação. Este tipo de sensor pode ainda ser denominado de sensor em quadratura. Como se pode observar na Figura 2.14, se a saída A aparecer primeiro que a sinal B o motor encontra-se a rodar no sentido direto, caso seja a sinal B apareça primeiro que a saída A, o motor está a rodar no sentido inverso [36]. 22 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Figura 2.14 - Sinal de saída do sensor ótico incremental. Sensor Ótico Absoluto O funcionamento do sensor ótico absoluto é muito similar ao do sensor ótico incremental, como mostra a Figura 2.15. Todavia o sensor ótico absoluto usa uma escala de leitura diferente, onde a posição absoluta é determinada diretamente, ou seja o sensor ótico absoluto não necessita de uma referência. Tipicamente a saída destes sensores é digital, sendo a resolução definida pelo número de bits que corresponde ao número de sensores, isto é, se para cada posição angular houver um número N de sensores e uma codificação binária destes mesmos sensores, permite definir 2N ângulos distintos. Deste modo um disco é dividido em 2N sectores com N emissores a serem detetados por N recetores alinhados radialmente. O código binário utilizado normalmente é o código de Gray, para o qual dois números sucessivos só diferem de um dígito, isto diminui a sensibilidade do sensor a um eventual mau alinhamento entre os emissores e os recetores [37]. Figura 2.15 - Sensor ótico absoluto [35]. 2.5. Baterias As baterias são dispositivos que armazenam energia elétrica através das reações eletroquímicas que se processam no seu interior. De forma simplista, as baterias podem ser vistas como dispositivos que armazenam energia por um tempo teoricamente ilimitado, e fornecem essa mesma energia quando necessário. Assim, considera-se que Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 23 Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica as baterias apenas trocam energia entre sistemas, ou seja, recebem energia elétrica, armazenam-na sob a forma química, e posteriormente devolvem essa mesma energia novamente como energia elétrica. No entanto, durante o processo de transformação das várias formas de energia existem sempre perdas inerentes, principalmente sob a forma de calor [38]. Dependendo da finalidade a que se destinam as baterias, estas são classificadas como primárias ou secundárias, sendo que o primeiro conceito diz respeito ao tipo de baterias fabricadas com o intuito de fornecer energia elétrica uma única vez. Por outro lado, as baterias secundárias são aquelas que podem ser recarregadas um número finito de vezes. Do ponto de vista ambiental, as baterias secundárias são preferíveis em relação às baterias primárias, porque podem ser reutilizadas, todavia, ambas podem ser recicladas em locais próprios, evitando assim a poluição do meio ambiente com os elementos químicos que as constituem. Assim, a recolha e posterior reciclagem das baterias é de extrema importância, visto que, as baterias são o elemento mais utilizado para o armazenamento de energia elétrica. Como anteriormente mencionado, a vida útil das baterias é finita, e não depende apenas do processo de construção, embora seja um dos pressupostos mais importantes para a longa durabilidade das baterias. O correto procedimento de carregamento e descarregamento das mesmas, é outra característica que influencia a sua durabilidade sendo que, cada tipo de baterias tem as suas próprias especificações em termos de procedimento de carregamento e descarregamento. Respeitando estes pressupostos consegue-se atingir a fiabilidade e durabilidade máxima para a qual a bateria foi concebida. No que concerne à distinção entre baterias, são distinguíveis pelos elementos químicos que as constituem, e pelo objetivo final a que se propõem. Um exemplo típico que evidencia a diferença do tipo de aplicação e mantendo a mesma tecnologia, é o caso das baterias de chumbo, que podem ser utilizadas para alimentação do motor de arranque dos automóveis, fornecendo uma corrente elevada por um período de tempo curto, por outro lado, podem ser utilizadas em UPSs, de forma a fornecer corrente praticamente constante durante um período de tempo relativamente longo. No que diz respeito às características elétricas mais relevantes das baterias temos a capacidade de armazenamento de energia, que por norma é definida através da corrente que a mesma pode fornecer durante um período de tempo (Ah) e pela tensão que a mesma dispõe aos seus terminais (V). No entanto, a par destas, a temperatura a que a bateria está sujeita durante o carregamento e o descarregamento também é uma 24 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica caraterística muito relevante, no sentido de influenciar razoavelmente o rendimento e a vida útil das baterias. É ainda por esta característica que é difícil fazer estimativas exatas quanto ao rendimento das baterias. Por exemplo, teoricamente, uma bateria de 12 V com 7 Ah é capaz de alimentar um sistema de 12 V com uma corrente de 7 A durante uma hora, ou com uma corrente de 3,5 A durante duas horas. Porém, o rendimento para ambas as situações não é igual, devido às perdas mencionadas anteriormente. 2.5.1. Baterias de Chumbo As baterias de chumbo (Pb) são a principal opção para as mais diversas aplicações, onde é primordial o custo e a robustez. Entre outras aplicações, estas baterias são utilizadas em pequenas aplicações tais como, UPSs, no sistema de arranque e de luzes dos automóveis, em sistemas de iluminação de emergência, mas também são muito utilizadas na mobilidade elétrica, nomeadamente em veículos elétricos como fonte de energia alternativa aos veículos de combustão interna, nomeadamente, motociclos, barcos de pequeno porte, e mais recentemente em bicicletas elétricas, como mostra a Figura 2.16. Figura 2.16 - Bicicleta elétrica com baterias de chumbo [39]. Nas baterias de chumbo existem três tipos de tecnologias distintas, designadamente as líquidas, as AGM (Absorbed Glass Mat) e as de gel. Nas baterias líquidas o eletrólito move-se livremente nos compartimentos das células, permitindo ao utilizador o acesso para efetuar medições e adição de água destilada. Existem também baterias com eletrólito líquido construídas para uma manutenção mais reduzida, não permitindo o acesso ao eletrólito, sendo designadas por baterias SLA (Sealed Lead Acid). As baterias de AGM baseiam-se na tecnologia VRLA (Valve Regulated Lead Acid), são as mais recentes no que concerne a baterias de chumbo, e utilizam fibra de vidro a envolver o eletrólito, contribuindo assim para uma melhor resistência a Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 25 Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica impactos. Nas baterias de gel o eletrólito é envolvido por gel, aumentando o rendimento da bateria e não deixando estratificar o eletrólito, baseando-se também na tecnologia VRLA, e como são seladas, possuem um mecanismo de válvula para o escape dos gases [40][38]. Estas contêm um aditivo de sílica para envolver o eletrólito, formando micro fendas no gel que permitem as reações e recombinações entre a placa positiva e a placa negativa. Tipicamente, as baterias de gel são mais pequenas e requerem menos manutenção, comparativamente com as outras tecnologias de baterias de chumbo [40]. Quanto às tecnologias de construção, as baterias de chumbo são projetadas para terem taxas de descarregamento relativamente altas, mas essas taxas podem afetar a vida útil das mesmas. Por exemplo, as baterias de arranque dos automóveis fornecem uma corrente elevada num curto intervalo de tempo e não devem ser muito descarregadas. Por outro lado, as baterias de uma UPS, normalmente, estão projetadas para fornecer pouca corrente durante longos períodos de tempo e, geralmente permitem descarregamentos mais profundos. Apesar das baterias de chumbo comuns serem limitadas quanto à profundidade de descarregamento, existem as denominadas DeepCycle, que permitem descarregamentos mais profundos que as tradicionais. Os processos químicos utilizados nestas baterias são os mesmos que os utilizados nas baterias de chumbo comuns, diferindo unicamente na otimização da utilização, ou seja, as baterias Deep-Cycle são projetadas para fornecer constante de corrente por um longo período de tempo longo, podendo ter ciclos de descarregamento profundos, sem o risco de ficarem danificadas [41][40]. Para preservar ao máximo as características das baterias de chumbo o controlo do processo de carregamento e descarregamento é muito importante. Para tal, dependendo das características da bateria, existem diversos métodos de carregamento das mesmas, existindo inclusivamente, a tecnologia de baterias que permite ser carregada com os mais diversos métodos, uma vez que devido às suas características intrínsecas, podem suportar diversos estágios de tensão e/ou corrente constante, sem o risco das mesmas ficarem instáveis, contudo os limites da bateria têm que ser respeitados [33]. Não obstante, existem métodos de carregamento bastante populares que permitem carregar de forma eficaz estas baterias, como por exemplo, fornecer num primeiro estágio corrente constante seguindo um segundo estágio de tensão constante. 2.5.2. Baterias de Lítio As baterias de lítio (Li) (Figura 2.17) são o tipo de baterias mais utilizadas em bicicletas elétricas, pois apresentam maior densidade de energia/volume, são mais leves 26 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica e possibilitam longas ciclos de vida quando corretamente utilizadas. Contrariamente às baterias à base de níquel, as baterias lítio não necessitam de serem descarregadas totalmente antes de voltarem a ser carregadas, pois não apresentam “efeito de memória”. Tipicamente, o processo de descarregamento das baterias de lítio não deve ser excessivamente rápido para não provocar um sobreaquecimento indevido, ruturas ou mesmo explosões. No entanto, algumas das baterias de lítio, já dispõem de proteções incorporadas contra estes efeitos. Quando armazenadas devem estar parcialmente carregadas, tipicamente, os fabricantes recomendam 40% da capacidade de armazenamento total. Quanto à construção, estas dispõem da mais recente tecnologia, sendo esta bastante diferente das outras tecnologias de baterias. O lítio (Li) sendo o mais leve de todos os elementos químicos utilizados em baterias, tem o maior potencial eletroquímico e apresenta a melhor relação energia/peso, contudo apresentam um custo de aquisição relativamente alto. Figura 2.17 - Bateria de Lítio aplicada a bicicletas elétricas [10]. O processo químico intrínseco a estas baterias consiste na passagem de iões de lítio de um elétrodo para o outro através de um eletrólito. Esta tecnologia tem sido alvo de grande investigação tecnológica com o intuito de aumentar a sua capacidade de armazenamento, bem como a rapidez do carregamento. Neste sentido, investigadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology) construíram um protótipo de bateria onde o tempo de carregamento máximo ronda os 20 minutos. Assente na tecnologia de lítio e procurando obter o melhor desempenho, têm surgido novas topologias, tais como Lítio-polímero (LiPol), Lítio-fosfato-ferro (LiFePO), Lítio-magnésio-oxigénio (LiMnO2) e Lítio-titânio (LiTi). Relativamente à vida útil das baterias de lítio é bastante influenciada pelos processos de carregamento e descarregamento, devendo ser inteiramente respeitadas as Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 27 Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica características especificadas pelos fabricantes, nomeadamente os níveis de tensão, de corrente e de temperatura. O processo de carregamento das baterias de lítio consiste num estágio de corrente constante, seguido de um estágio de tensão constante. Como apresentado anteriormente, este algoritmo de carregamento também pode ser aplicado a baterias à base de chumbo, todavia, estas baterias requerem cuidados muito mais específicos, principalmente, porque existem várias tecnologias de baterias associadas ao lítio, e cada uma apresenta valores nominais específicos, e caso não sejam inteiramente respeitados, a bateria pode ficar instável e ocorrerem danos irreversíveis. Quando estas baterias estão associadas em série e/ou paralelo, o carregamento deve ser acompanhado por BMS (Battery Management System), ou seja um dispositivo interno ou externo que assegure níveis de tensão e correntes semelhantes em todas as baterias, caso contrário, podem ocorrer desequilíbrios entre as células [13][11]. 2.5.3. Baterias de Níquel-Cádmio As baterias de níquel-cádmio (Ni-Cd) (Figura 2.18), a par das baterias de lítio, são largamente utilizadas nos mais diversos dispositivos, no entanto, devido à grande expansão das baterias de lítio nos últimos tempos, as baterias de níquel-cádmio vão perdendo competitividade. Neste tipo de tecnologia as baterias devem ser descarregadas por completo, para evitar o efeito memória, ou seja, quando uma bateria não é descarregada totalmente, a bateria guarda a tensão que tem aos seus terminais como sendo a tensão mínima, logo quando voltar a ser descarregada a bateria em vez de ter a tensão mínima nominal vai ter uma tensão mínima que corresponde ao valor de tensão guardado. Fisicamente, estas baterias apresentam longa durabilidade, fruto dos materiais resistentes usados na construção das placas. O mesmo não acontece, por exemplo, com as baterias de chumbo, onde o chumbo que constitui as placas é corroído pelas reações químicas que ocorrem na bateria. Por esta razão, as baterias de níquel-cadmio podem atingir um elevado número de anos de uso mantendo as mesmas características físicas. O pólo positivo e o negativo da bateria encontram-se no mesmo compartimento, onde o pólo positivo se encontra coberto de hidróxido de níquel, e o negativo coberto de material sensível ao cádmio. Estes, estando imersos numa substância eletrolítica (geralmente uma solução de hidróxido de potássio), permitem a condução dos iões. 28 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica A vida útil destas baterias é relativamente longa em aplicações estacionárias e normalmente são também resistentes a carregamentos e descarregamentos rápidos, desde que os métodos destes sejam os especificados pelos fabricantes. Relativamente ao método de carregamento, estas baterias permitem correntes de carregamento elevadas. Tipicamente, quando a taxa de carregamento da bateria é de 1 C a eficiência de carregamento é de 91%, e quando é de 0,1 C a eficiência é de 71%, comprovando que se obtêm melhores resultados com taxas de carregamento mais elevadas. Obviamente, para além de maior eficiência, o tempo do carregamento também é mais reduzido. Durante o processo, nos primeiros 70% do carregamento, a eficiência ronda perto dos 100%, ou seja, quase toda a energia fornecida é absorvida pela bateria, logo esta permanece fria devido à ausência de perdas por efeito de Joule. Nos restantes 30% a bateria perde gradualmente a capacidade de armazenar energia, diminuindo ainda mais quando a bateria se encontra entre os 80 a 90% da carga completa [42]. Ao contrário das restantes tecnologias, estas baterias de níquel-cádmio baterias são carregadas com um único estágio de corrente constante, durante este estágio de corrente constante a tensão aumenta progressivamente até um ponto em que começa a estabilizar e ao fim de um certo tempo, diminui um pouco, produzindo uma variação negativa da tensão, dando por terminado o carregamento. Esta situação, conhecida como Negative Delta Voltage, traduz-se no método de deteção de fim de carregamento destas baterias. Por exemplo, se a uma bateria com carregamento completo lhe for imposto novo carregamento, o efeito Negative Delta Voltage é bastante acentuado, ou seja, o término do carregamento é praticamente instantâneo. Para se obter uma variação de tensão negativa significativa, a taxa de carregamento deve ser de pelo menos 0,5 C, caso contrário, torna-se mais difícil de detetar [43]. Figura 2.18 - Bateria de níquel-cádmio [41]. 2.5.4. Baterias de Níquel Hidreto-Metálico As baterias de níquel-hidreto-metálico (Ni-MH) (Figura 2.19) são a mais recente tecnologia de baterias à base níquel e apresentam-se como uma nova alternativa para aplicações portáteis. Essencialmente, estas baterias visam substituir as baterias de níquel-cádmio (Ni-Cd) e fazer concorrência às baterias de lítio, sendo que neste sentido, grandes investimentos têm sido feitos para apoiar a expansão desta tecnologia [44]. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 29 Capítulo 2 – Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Como estas baterias assentam na tecnologia de níquel, também são afetadas pelo efeito memória, no entanto, este não é tão intenso, ou seja, quando carregadas e descarregadas corretamente esse efeito pode ser desprezado [42]. Do ponto de vista químico e elétrico as suas características são muito semelhantes às baterias de Ni-Cd, sendo que a principal diferença consiste no uso de hidretometálico como material ativo no elétrodo negativo, ao invés do cádmio utilizado nas baterias de Ni-Cd. O elétrodo de hidreto-metálico apresenta maior densidade de energia que o elétrodo de cádmio. Normalmente, as baterias de Ni-MH possuem maior capacidade de armazenamento que as de Ni-Cd [42]. Porém as baterias de Ni-MH têm um ciclo de vida menor que as baterias de NiCd, mas em contrapartida, normalmente, permitem descarregamentos mais profundos, são também resistentes a elevadas taxas de carregamento e descarregamento, desde que os métodos destes sejam os especificados pelo fabricante [44]. O processo de carregamento destas baterias é semelhante às de Ni-Cd, podendo em muitos casos partilharem o mesmo carregador. Contudo, o método Negative Delta Voltage para detetar o fim do carregamento tem que ser mais preciso porque a queda de tensão produzida neste tipo de baterias é mais pequena [43]. Figura 2.19 - Bateria de níquel hidreto-metálico. 2.6. Conclusões Neste capítulo foram descritas e analisadas diversas topologias de motores elétricos passiveis de serem aplicados a bicicletas elétricas, sendo apresentados comparativos entre os motores BLDC e BLAC, BLDC e CC, e BLDC e Indução. Seguidamente foram apresentados três tipos de controladores para motores elétricos aplicados a bicicletas elétricas. Foram ainda apresentados e analisados os diversos sensores de posição, bem como, os sensores mais utilizados para detetar a posição do rotor do motor elétrico e para detetar o movimento da pedaleira da bicicleta elétrica. Por fim, foram apresentadas e analisadas quatro topologias de baterias que apresentam um melhor comportamento em bicicletas elétricas designadamente, as baterias de chumbo, as baterias de lítio, as baterias de níquel-cadmio e as baterias de níquel hidreto-metálico. 30 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho CAPÍTULO 3 Topologias e Técnicas de Comutação de Motores BLDC e de Sistemas de Carregamento de Baterias 3.1. Introdução Atualmente existem, quer no mercado, quer em fase de investigação, diversos tipos de bicicletas elétricas. As diferenças entre cada implementação residem fundamentalmente nas topologias de motores e de baterias. Dependendo das topologias adotadas é determinado o tipo de modulação de onda e o sistema de controlo. Neste capítulo são apresentados em concreto os elementos constituintes para o desenvolvimento da bicicleta elétrica proposta nesta dissertação. É inicialmente apresentado e analisado o princípio de funcionamento e modelo matemático do motor BLDC, sendo de seguida obtidos os parâmetros reais do motor BLDC utilizado na bicicleta elétrica. Posteriormente é apresentada uma breve introdução sobre os inversores de potência, destacando os inversores fonte de tensão. De seguida são analisadas as técnicas de modulação para inversores fonte de tensão trifásicos. Por fim é analisado o sistema de carregamento das baterias de lítio polímero, sendo abordadas: a análise da bateria utilizada na bicicleta elétrica, o estado de carga da mesma, os algoritmos de controlo aplicados a baterias de lítio polímero, bem como o tipo de conversor utilizado para efetuar o carregamento. 3.2. Motor BLDC Os motores BLDC (Brushless DC) são motores síncronos, ou seja, o campo magnético gerado pelo estator e o campo magnético gerado pelo rotor rodam à mesma frequência. A energia elétrica é convertida em energia mecânica pela ação das forças magnéticas entre os ímanes permanentes presentes no rotor e o campo magnético rotativo induzido no estator por pólos bobinados [45]. O estator de um motor BLDC consiste em lâminas de aço empilhadas umas sobre as outras, com os enrolamentos colocados nas ranhuras que são cortadas axialmente ao Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo – MIEEIC - Universidade do Minho 31 Capítulo 3 – Topologias e Técnicas de Comutação de Motores BLDC e Sistemas de Carregamento de Baterias longo da periferia interna. Tradicionalmente, este assemelha-se a um motor de indução, contudo, os enrolamentos são distribuídos de modo diferente. Os três enrolamentos do motor BLDC são normalmente dispostos em estrela, sendo que cada enrolamento é distribuído pela periferia do estator, formando um número par de pólos. A interconexão dos enrolamentos do estator é feita de forma concentrada, o que origina uma força contraelectromotriz trapezoidal [24]. Quanto ao rotor, é feito de ímanes permanentes, podendo variar de dois a oito pares de pólos. Este pode ser construído com material magnético forte, nomeadamente samário de cobalto e neodímio de ferro e boro, apresentando assim um alto desempenho dinâmico, alta robustez, alta eficiência e alto binário, sendo ideais para aplicações de elevado desempenho, contudo são relativamente caros. No entanto, os motores BLDC podem ser fabricados com materiais mais baratos, como é o caso da ferrite, diminuindo assim o preço de fabrico, o que lhe permite ser utilizado em aplicações de baixo custo [24]. 3.2.1. Princípio de Funcionamento do Motor BLDC Ao contrário do motor CC, a comutação do motor BLDC é controlada eletronicamente. Para o motor BLDC funcionar os enrolamentos do estator devem ser energizados segundo uma sequência. Deste modo é fundamental saber a posição rotor do motor, a fim de perceber qual é o enrolamento que deve ser energizado de seguida. A posição do rotor é obtida através de sensores de Hall embutidos no estator do motor, como anteriormente apresentado na Figura 2.10. A leitura dos sensores é efetuada através da combinação das três saídas digitais dos sensores (onde o valor 0 V corresponde ao sinal digital baixo e o valor de 5 V ao sinal digital alto). Desta forma resultam seis valores válidos entre as oito possíveis, sendo que cada valor equivale a um estado que por sua vez representa a posição instantânea do rotor do motor BLDC, permitindo assim informar o sistema de controlo de qual é o enrolamento que necessita de ser energizado em seguida para fazer rodar o rotor. Assim, baseado na combinação dos sinais lógicos dos três sensores de Hall é determinada a sequência exata da comutação. Na Figura 3.1 é apresentado um diagrama temporal que mostra a relação entre as saídas dos sensores de Hall e as tensões aplicadas ao motor BLDC. 32 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 3 – Controlador do Motor BLDC e Carregador de Baterias Código 011 001 101 100 110 010 011 001 101 100 110 010 H1 H2 H3 Va Vb Vc Estado 1 6 5 4 3 2 1 6 5 4 3 2 Figura 3.1 - Relação entre as saídas dos sensores de Hall e as tensões aplicadas ao motor BLDC. De salientar que a cada 60 graus elétricos, cada sensor de Hall muda de estado, resultando num total de seis estados para um ciclo elétrico [46]. No entanto um ciclo elétrico pode não corresponder a um ciclo mecânico do rotor, isto porque o número de ciclos elétricos é determinado pelo número de pares de pólos, ou seja o número de ciclos elétricos sobre um ciclo mecânico do rotor é igual ao número de pares de pólos do motor. A Figura 3.2 mostra que as correntes aplicadas aos enrolamentos do motor são praticamente quadradas, sendo que, apenas são aplicadas durante o valor constante da força contraelectromotriz, a fim de produzir um binário suave. S6 S1 S1 S2 S2 S3 S3 S4 S4 S5 S5 S6 ea ia Fase A Fase B wt ia ib ib Fase C ic wt ib ic ic eb ec wt Binário 30º 90º 150º 210º 270º 330º 390º Figura 3.2 - Formas de onda da força contraelectromotriz e corrente do motor BLDC. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 33 Capítulo 3 – Topologias e Técnicas de Comutação de Motores BLDC e Sistemas de Carregamento de Baterias A Figura 3.3 mostra o sentido da corrente nos enrolamentos do motor para seis estados fornecidos pelos sensores de Hall. a Estado 1 c a i i b c a Estado 2 b a i c i Estado 3 b c a Estado 4 b a i c Estado 5 b c Estado 6 i b Figura 3.3 - Sentido da corrente nos enrolamentos do motor BLDC para seis estados. Devido às comutações eletrónicas do motor BLDC, as formas de onda das tensões compostas aparecem com micro-cortes na tensão, como mostra a Figura 3.4. Deste modo, o inversor fonte de tensão opera em duas regiões distintas, a região de condução e a região de comutação [47]. Figura 3.4 - Forma de onda da tensão composta do motor BLDC à saída do inversor fonte de tensão [48]. 34 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 3 – Controlador do Motor BLDC e Carregador de Baterias Na Figura 3.5 é apresentado um esquema para os seis estados da região de condução. Esta região ocorre quando a forma de onda da força contraelectromotriz é constante, permitindo o fluxo de corrente da fonte de tensão para os enrolamentos do motor BLDC durante um intervalo de 60 graus. Este processo repete-se ao longo dos seis estados, sendo que em cada estado apenas dois dos seis semicondutores estão ativos, condicionando a condução da corrente em dois dos três enrolamentos do motor. D3 D1 S1 Vdc D5 D1 S5 S3 S1 + - R L R L R L Vdc D4 D6 S6 S4 ea eb Vdc D3 + - ec D2 D4 S2 D6 S6 S4 D1 Vdc D3 D5 S1 + - D4 D6 S6 S4 D1 S5 S3 D1 R L R L R L ea eb Vdc D3 Vdc D4 D4 ec R L R L R L ea eb ec D2 S2 Estado 5 D5 D1 S5 D6 S6 L D5 D6 S6 S4 S1 Vdc + - S4 R ea eb S5 ec D2 D3 R D2 + - S2 S3 L L S2 S3 Estado 2 S1 R Estado 4 Estado 1 S1 D5 S5 S3 R L R L R L ea eb Vdc D3 D5 S5 S3 + - ec D4 D2 S2 Estado 3 S4 D6 S6 R L R L R L ea eb ec D2 S2 Estado 6 Figura 3.5 - Sequência de estados para a região de condução para o motor BLDC. A região de comutação do motor BLDC é uma região transitória, que resulta da comutação da corrente entre a transição do estado atual para o estado seguinte. Esta região, é relativamente mais curta do que a região de condução, como é visível nas formas de onda das tensões. Na Figura 3.6 e na Figura 3.7 é apresentado em pormenor a transição dos estados. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 35 Capítulo 3 – Topologias e Técnicas de Comutação de Motores BLDC e Sistemas de Carregamento de Baterias D3 D1 S1 Vdc D5 D1 S5 S3 S1 + - R L R L R L ea i Vdc D4 D6 S6 S4 Vdc eb D3 + - ec D2 D4 S2 D6 S6 S4 a) D1 S1 Vdc D3 D5 S1 + - D6 S6 R L R L Vdc R L Vdc eb D3 i ec D4 D6 S6 S4 D5 eb ec R L i R L i R L R L R L R L ea eb ec D2 S2 D1 S5 D6 S6 L ea b) S3 D4 R i D5 + - D2 S1 Vdc + - S4 L S5 ea S2 D1 R D2 D3 S3 b) S1 L S2 D1 S5 D4 R a) S3 S4 D5 S5 S3 R L R L R L ea Vdc eb i D3 D5 S5 S3 + - ec D2 D4 S2 S4 c) D6 S6 i ea eb ec D2 S2 c) Figura 3.6 - Estado dos semicondutores da parte superior durante a comutação da corrente do motor BLDC: (a) Antes da comutação; (b) Durante a comutação; (c) Depois da comutação da corrente. Figura 3.7 - Estado dos semicondutores da parte inferior durante a comutação da corrente do motor BLDC: (a) Antes da comutação; (b) Durante a comutação; (c) Depois da comutação da corrente. 3.2.2. Modelo Matemático do Motor BLDC O circuito elétrico equivalente do motor BLDC utilizado na bicicleta elétrica é constituído por três fases, sendo que cada fase é constituída por uma fonte de tensão que representa a força contraelectromotriz trapezoidal e por uma indutância em série com uma resistência, que representam o enrolamento do estator do motor, como mostra a Figura 3.8. 36 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 3 – Controlador do Motor BLDC e Carregador de Baterias D3 D1 S1 D5 S5 S3 R Vdc + - R Va R Vb D4 S6 S4 D3 D6 Motor L Ia L Ib L Ic ea eb ec Vn Vc S2 Figura 3.8 - Circuito equivalente do motor BLDC e inversor de potência. A análise do motor BLDC para o modo de condução é efetuada segundo as seguintes condições: O motor não está saturado; Os enrolamentos do motor têm resistência, auto indutância e a indutância mutua constante. A resistência e a indutância das três fases são idênticas; A força contraelectromotriz é idêntica para as três fases; Os semicondutores de potência usados no inversor são ideais; As perdas no ferro são desprezadas. O modelo equivalente do motor BLDC, apresentado na Figura 3.8 contém três fases, sendo que cada uma é composta por uma resistência, uma indutância e uma fonte de tensão que representa a força contraelectromotriz. Como o sistema é ligado em Y (estrela sem neutro), a soma das três correntes é igual a zero [5]. i a ib i c 0 (3.1) ia ib ic Com base nas condições acima referidos, o modelo matemático do motor BLDC trifásico pode ser representado pela equação (3.2) em forma de matriz: va Ra v 0 b vc 0 0 Rb 0 0 0 Rc ia La i L b ab ic Lac Lba Lb Lbc Lca ia ea d Lcb ib eb dt Lc ic ec (3.2) Assumindo que, as indutâncias de fase são independentes da posição do rotor e que o sistema é perfeitamente equilibrado na sua construção mecânica, obtém-se: La Lb Lc L (3.3) Do mesmo modo, Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 37 Capítulo 3 – Topologias e Técnicas de Comutação de Motores BLDC e Sistemas de Carregamento de Baterias Lab Lba Lbc Lcb Lca Lac M (3.4) Além disso sob a condição de que as três fases são equilibradas e todas as resistências de fase são iguais, temos: Ra Rb Rc R (3.5) Aplicando as equações (3.3-3.5) à equação (3.2), a matriz pode ser reduzida para: v a R v 0 b v c 0 0 i a L 0 ib M R ic M 0 R 0 M L M M d M dt L i a e a i e b b ic ec (3.6) Usando o conceito de (3.6), a matriz da indutância acima é simplificada e a forma da matriz resultante é dada por: v a R v 0 b v c 0 0 R 0 0 i a L M 0 ib 0 R i c 0 d dt L M 0 LM 0 0 0 i a e a i e b b i c ec (3.7) Onde a forma de onda das forças contraelectromotrizes ea, eb e ec é trapezoidal, sendo que pode ser representada pela série de Fourier ou pela transformada de Laplace. Depois de obtidas as equações resultantes de um dos processos, o modelo do motor BLDC apresentado na Figura 3.8 assemelha-se à equação (3.7). O binário eletromagnético é expresso como: Tm (e a i a e b i b e c i c ) (3.8) m onde, ea é a força contraelectromotriz na fase A em Volts (entre a fase e o neutro), eb é a força contraelectromotriz na fase B em Volts (entre a fase e o neutro), ec é a força contraelectromotriz na fase C em Volts (entre a fase e o neutro), ia é a corrente no estator na fase A em Amperes, ib é a corrente no estator na fase B em Amperes, ic é a corrente no estator na fase C em Amperes, ωm é a velocidade angular mecânica em radianos/segundo; ωr é a velocidade angular elétrica em radianos/segundo, que é dada por r 38 P m , onde P é o número de pólos. 2 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 3 – Controlador do Motor BLDC e Carregador de Baterias Com uma representação, no domínio de Laplace a construção de um diagrama de blocos do motor BLDC é facilitada, uma vez que as formas de onda da força contraelectromotriz são periódicas, podem ser modelados por uma função periódica [5]. A equação da tensão de um motor BLDC é a mesma que a do motor de corrente contínua com escovas. Deste modo pode ser representada no domínio dos tempos, substituindo a equação (3.7), pela equação (3.8): v(t ) R i a (t ) k e m (t ) La di a (t ) dt (3.9) onde, v(t) é a tensão entre fase e neutro expressa Volts, ia é a corrente de armadura expressa Amperes, La é a indutância na armadura expressa Henry, k e m (t ) é a força contraelectromotriz entre a fase e o neutro, k e é a constante em Volts/rad da força contraelectromotriz. Utilizando a transformada de Laplace temos que: I a ( s) V ( s) k e m R sLa (3.10) Isolando a corrente em ordem ao tempo, obtemos di a (t ) v(t ) R E (t ) i a (t ) dt La La La (3.11) Onde, E (t ) k e m é a força contraelectromotriz periódica, em função ao ângulo do rotor. A relação entre a potência elétrica, Pe,, e a potência mecânica, Pm, é: Pe E ia Pm Tmm (3.12) O binário eletromagnético, Tm, é proporcionalmente linear à corrente de armadura, ia Tm K T i a (3.13) onde, KT é uma constante de binário. Assim a equação 3.13 pode ser substituída na equação 3.15: Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 39 Capítulo 3 – Topologias e Técnicas de Comutação de Motores BLDC e Sistemas de Carregamento de Baterias Tm E m ia (3.14) Tendo em conta as condições iniciais, kT E m k e m r ke (3.15) A equação do binário é: Tm (t ) TL (t ) J d m B m dt (3.16) Onde, TL é o binário de carga, J é o momento de inercia e B é o coeficiente de amortecimento. A equação do movimento pode também ser expressa no domínio de Laplace: m Tm TL ( B sJ ) (3.17) do mesmo modo a equação 3.17 pode ser expressa no dominio de Laplace, Tm 3.3. k T (V ( s) k e m ) R sL (3.18) Motor Utilizado na Bicicleta Elétrica O motor BLDC utilizado no desenvolvimento da bicicleta elétrica é apresentado na Figura 3.9. Este motor enquadra-se no grupo de motores síncronos de ímanes permanentes. Figura 3.9 - Motor BLDC de 250 W da Cristalyte utilizado na bicicleta elétrica. A disposição do motor BLDC no interior do cubo da roda traseira da bicicleta elétrica, confere-lhe um design simples e compacto. Para determinar algumas das características do motor BLDC utilizado na bicicleta elétrica foi necessário efetuar algumas medições, que podem ser consultadas na Tabela 3.1. Estas características foram 40 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 3 – Controlador do Motor BLDC e Carregador de Baterias determinadas com a ajuda da ponte RLC PM630A do fabricante Philips. A resistência do estator foi obtida a partir da medição da resistência entre fases e dividida por dois, uma vez que os enrolamentos do estator estão ligados em estrela. Do mesmo modo foi determinado o valor da indutância. A frequência nominal do motor BLDC foi determinada através do funcionamento do motor BLDC como gerador, e os pares de pólos através da saída dos sensores de Hall. Tabela 3.1 - Características do motor BLDC utilizado na bicicleta elétrica. Características Potência nominal Ligação dos enrolamentos no estator Tensão Nominal Corrente Nominal Binário Nominal Rotação Nominal Frequência Nominal Número de pólos Resistência do estator por fase Indutância do estator por fase Sensores de Hall 3.4. Valor 250 W Y 36 V 6,94 A 6,63 Nm 547,6 rpm 36,4 Hz 8 0,453 Ω 206 mH Sim Inversores de Potência Os inversores também denominados por conversores CC-CA, têm como objetivo transformar uma tensão/corrente contínua numa tensão/corrente alternada periódica, com amplitude e frequência controlada. Mediante a grandeza física que se pretende transformar (tensão ou corrente), o barramento de corrente contínua (CC) do inversor de potência é composto por elementos armazenadores de tensão ou elementos armazenadores de corrente. Deste modo, dependendo dos elementos armazenadores de energia, os inversores apresentam duas topologias distintas, denominadas por inversor fonte de tensão, se a tensão de entrada for constante ou inversor fonte de corrente, se a corrente de entrada permanecer constante. Das duas topologias anteriormente apresentadas, apenas será analisada a topologia inversor fonte de tensão, a qual será implementada no desenvolvimento desta dissertação. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 41 Capítulo 3 – Topologias e Técnicas de Comutação de Motores BLDC e Sistemas de Carregamento de Baterias 3.4.1. Inversor Fonte de Tensão A topologia inversor fonte de tensão (VSI – Voltage Source Inverter), como o próprio nome o indica, tem uma fonte de tensão no barramento CC, a qual deve garantir uma tensão de entrada constante. Na Figura 3.10 é apresentado o esquema elétrico do inversor fonte de tensão trifásico desenvolvido para a bicicleta elétrica. Este inversor de baixa potência é constituído por um elemento armazenador de tensão no barramento CC e por seis semicondutores eletrónicos, mais especificamente MOSFETs, nomeadamente três do tipo PMOSFETs (S1, S2 e S3) e três do tipo NMOSFETs (S4, S6 e S2), que incluem os respetivos díodos de freewelling no seu encapsulamento (D1, D2, D3, D4, D5 e D6). D3 D1 S1 D5 S5 S3 vab v ca vbc Vdc + - D4 S4 D6 S6 D2 S2 Figura 3.10 - Esquema elétrico de um inversor fonte de tensão. Dependendo da técnica de modulação usada para os inversores fonte de tensão é necessário garantir que os semicondutores de cada braço estejam em oposição de estado, ou seja, se o semicondutor da parte superior (S1, S2 ou S3) estiver ativo, o semicondutor da parte inferior (S4, S6 ou S2) do mesmo braço deve estar desligado, e vice-versa, de modo a garantir que o barramento CC não é curto-circuitado. 3.5. Técnicas de Modulação para Inversores Fonte de Tensão Trifásicos As técnicas de modulação aplicadas a inversores fonte de tensão, são usadas para modelar a tensão contínua do barramento CC numa tensão alternada periódica com amplitude e frequência pretendida. Desta forma, mediante a tensão alternada periódica pretendida, a modulação para inversores fonte de tensão pode ser do tipo: onda quadrada, SPWM (Sinusoidal Pulse Width Modulation) ou SVPWM (Space Vector Pulse Width Modulation). No entanto, 42 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 3 – Controlador do Motor BLDC e Carregador de Baterias neste item apenas será analisada a modulação de onda quadrada, devido ao facto do motor BLDC utilizado na bicicleta elétrica ser alimentado com tensões trapezoidais. 3.5.1. Modulação de Onda Quadrada A modulação de onda quadrada é a técnica de modulação mais simples para controlar um inversor fonte de tensão. Esta técnica pode ser efetuada com dois tipos de sinais aplicados aos semicondutores, nomeadamente a modulação de onda quadrada a 180 graus e a modulação de onda quadrada a 120 graus. Na modulação de onda quadrada a 180 graus, cada semicondutor está ativo durante 180 graus, e em cada modo de operação são ativos três dos seis semicondutores, existindo um total de seis modos de operação por período, sendo que, cada um tem a duração de 60 graus. Os sinais de comando aplicados ao inversor com modulação de onda quadrada a 180 graus podem ser vistos na Figura 3.11. Estes sinais estão desfasados de 60 graus uns dos outros, de forma a obter à saída do inversor tensões trifásicas equilibradas. g1 wt 0 g2 wt 0 g3 wt 0 g4 wt 0 g5 wt 0 g6 wt 0 Vab vs wt 0 Vbc vs wt 0 Vca vs wt 0 0º 60º 120º 180º 240º 300º 360º Figura 3.11 - Relação entre as formas de ondas de modulação de onda quadrada a 180 graus e os sinais de comando dos semicondutores eletrónicos. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 43 Capítulo 3 – Topologias e Técnicas de Comutação de Motores BLDC e Sistemas de Carregamento de Baterias Na Figura 3.12 é apresentado o circuito equivalente para cada um dos seis estados de operação do inversor com modulação de onda quadrada a 180 graus, com uma carga puramente resistiva ligada em estrela. + - c R a R b R a + - c Estado 1 + - b R c R a R b R R + - R c R a R + - Estado 5 Estado 4 R b R c R Estado 3 Estado 2 R b + - a c R a R b R Estado 6 Figura 3.12 - Circuito equivalente para cada um dos seis estados de operação do inversor com modulação de onda quadrada a 180 graus. A sequência de estados com modulação de onda quadrada a 180 graus para o inversor fonte de tensão é apresentada na Tabela 3.1, onde os seis semicondutores do inversor fonte de tensão são apresentados por S1, S2, S3, S4, S5 e S6, e as tensões de saída por Va, Vb e Vc. Dependendo do estado, a tensão entre fases é alterada, bem como a sua polarização, ou seja, em cada estado a polarização é trocada em dois dos três enrolamentos do motor. Tabela 3.2 - Sequência de estados para o inversor fonte de tensão com modulação de onda quadrada a 180 graus. Estado 1 2 3 4 5 6 S1 ON ON ON OFF OFF OFF S2 OFF ON ON ON OFF OFF S3 OFF OFF ON ON ON OFF S4 OFF OFF OFF ON ON ON S5 ON OFF OFF OFF ON ON S6 ON ON OFF OFF OFF ON VA VCC VCC VCC - VCC - VCC - VCC VB -VCC -VCC VCC VCC VCC - VCC VC VCC -VCC -VCC -VCC VCC VCC Na modulação de onda quadrada a 120 graus cada semicondutor está ativo durante 120 graus, e em cada modo de operação apenas são ativos dois dos seis semicondutores, existindo um total de seis modos de operação por período, sendo que, cada um tem a duração de 60 graus. Na Figura 3.13 são apresentadas as formas de onda dos sinais aplicados ao comando dos semicondutores, bem como as tensões à saída do inversor. 44 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 3 – Controlador do Motor BLDC e Carregador de Baterias Na Figura 3.14 é apresentado o circuito equivalente para cada um dos seis estados de operação do inversor com modulação de onda quadrada a 120 graus, com uma carga puramente resistiva e ligada em estrela. g1 wt 0 g2 wt 0 g3 wt 0 g4 wt 0 g5 wt 0 g6 wt 0 Van vs wt 0 Vbn vs wt 0 Vcn vs wt 0 0º 60º 120º 180º 240º 300º 360º Figura 3.13 - Relação entre as formas de ondas da modulação de onda quadrada a 120 graus e os sinais de comando dos semicondutores eletrónicos. R b R c R + + - a Estado 1 + - R c R b R + - Estado 2 b R a R c R Estado 4 a + - b R c R a R Estado 3 c R a R R b Estado 5 + - c R b R R a Estado 6 Figura 3.14 - Circuito equivalente para cada um dos seis estados de operação do inversor com modulação de onda quadrada a 120 graus. A sequência de estados com modulação de onda quadrada a 120 graus para inversor fonte de tensão é apresentada na Tabela 3.2, onde os seis semicondutores do Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 45 Capítulo 3 – Topologias e Técnicas de Comutação de Motores BLDC e Sistemas de Carregamento de Baterias inversor fonte de tensão são apresentados por S1, S2, S3, S4, S5 e S6 e as tensões de saída por Va, Vb e Vc. Tabela 3.3 - Sequência de estados para o inversor fonte de tensão com modulação de onda quadrada a 120 graus. Estado 1 2 3 4 5 6 3.6. S1 ON ON OFF OFF OFF OFF S2 OFF ON ON OFF OFF OFF S3 OFF OFF ON ON OFF OFF S4 OFF OFF OFF ON ON OFF S5 OFF OFF OFF OFF ON ON S6 ON OFF OFF OFF OFF ON VA VCC VCC 0 - VCC - VCC 0 VB - VCC 0 VCC VCC 0 - VCC VC 0 - VCC - VCC 0 VCC VCC Sistema de Carregamento de Baterias Das tecnologias de baterias analisadas no capítulo 2 apenas são abordadas neste item as topologias de carregamento para baterias de lítio. O processo de carregamento das baterias de lítio implica que o mesmo tenha como referência as características nominais fornecidas pelo fabricante, bem como o tipo de tecnologia da bateria, no sentido de preservar a vida útil da bateria e reduzir substancialmente os riscos de destruição da mesma [49]. Para que todos os parâmetros da bateria sejam respeitados durante o carregamento, é necessário implementar carregadores específicos para cada tipo de bateria. Estes carregadores são tipicamente conversores estáticos que controlam o fluxo de potência sob a forma de tensão e corrente aplicada às baterias. O tipo de conversor estático a utilizar como meio de ligação entre a rede elétrica e a bateria, depende essencialmente do tipo da aplicação e da tensão de saída em função da tensão de entrada. O algoritmo de controlo aplicado ao conversor estático permite que as características da bateria sejam cumpridas, ou seja, o algoritmo de controlo é quem controla o valor da tensão e o valor da corrente, aplicados à bateria. 3.6.1. Bateria de Lítio Polímero A bateria é um dos elementos mais importantes na bicicleta elétrica, no sentido em que determina diretamente o desempenho da mesma. Deste modo para o desenvolvimento da bicicleta elétrica foi adquirida uma bateria de lítio polímero com tensão nominal de 36 V e 10 Ah. O lítio (Li) sendo o mais leve de todos os metais utilizados em baterias, é também o que apresenta maior potencial eletroquímico, ou seja, as baterias de lítio contém a maior densidade de energia por peso. A bateria de lítio polímero é uma tecnologia 46 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 3 – Controlador do Motor BLDC e Carregador de Baterias derivada das baterias de lítio, apresentando alta capacidade de energia, pequeno tamanho, peso reduzido, baixa taxa de autodescarga e longos ciclos de vida, parâmetros ideais para serem utilizadas em bicicletas elétricas. O custo das baterias de lítio polímero é relativamente excessivo quando comparado com as baterias de chumbo, no entanto com o amadurecer desta tecnologia os custos estão a diminuir gradualmente [50][51]. O processo químico envolvido nas baterias de lítio polímero faz uso do dióxido de lítio cobalto como elétrodo positivo e de um carbono especial altamente cristalizado no elétrodo negativo, no entanto ambas as reações são mediadas pelo eletrólito. O eletrólito líquido da bateria de lítio polímero é composto por LiPF6 (Lithium Hexafluorophosphate) e solventes orgânicos [51]. A reação química no elétrodo positivo é dada por: LiCoO2 Li1 x CoO2 xLi xe (3.19) A reação química no elétrodo negativo é dada por: Cn xLi xe Cn Lix (3.20) De forma geral: LiCoO2 Cn Li(1 x ) CoO2 Cn Lix (3.21) A Figura 3.15 mostra a bateria de lítio polímero com tensão nominal de 36 V e uma carga de 10 Ah, utilizada na bicicleta elétrica. Figura 3.15 - Bateria de lítio polímero 36 V 10 Ah, utilizada na bicicleta elétrica. 3.6.2. Estado de Carga da Bateria Para desenvolver um carregador de baterias de lítio polímero é fundamental ter um conhecimento aprofundado das suas características eletrodinâmicas. Conhecer o estado de carga de uma bateria composta por várias células a partir da tensão aplicada Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 47 Capítulo 3 – Topologias e Técnicas de Comutação de Motores BLDC e Sistemas de Carregamento de Baterias aos seus terminais e da sua corrente é possível, desde que o modelo matemático usado para o descrever esteja correto [52]. O comportamento das baterias pode ser representado por dois modelos distintos. O primeiro, mais extenso, é baseado em reações químicas que se produzem dentro das baterias, denominados por modelos eletroquímicos [53]. O segundo modelo consiste em conceber um sistema elétrico que tenha um comportamento semelhante ao de uma bateria real, este denominado por modelo de circuito equivalente. Nesta dissertação apenas é abordado o modelo de circuito equivalente. Modelos de Circuitos Equivalentes para Baterias Apesar da grande variedade de modelos de circuitos equivalentes, a maioria utiliza um condensador para representar a capacidade de armazenamento de carga da bateria. O modelo linear apresentado na Figura 3.16 é o modelo mais simples para representar uma bateria, o qual é constituído por uma fonte ideal de tensão com uma tensão de circuito aberto VOC e por uma resistência equivalente em série RS, que representa a resistência interna da bateria. + RS VOC VBAT - Figura 3.16 - Modelo de circuito equivalente linear para uma bateria. O modelo equivalente de Thevenin apresentado na Figura 3.17 consiste numa fonte de tensão, em duas resistências e num condensador. Sendo que a fonte de tensão VOC tem o valor da tensão de circuito aberto, a resistência RS representa a resistência interna da bateria, o condensador CO representa a capacidade dos elétrodos das células que compõem a bateria, e a resistência RO representa a resistência não linear entre os elétrodos e o eletrólito [52]. CO RS + RO VBAT VOC Figura 3.17 - Modelo de circuito equivalente de Thevenin para uma bateria. 48 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 3 – Controlador do Motor BLDC e Carregador de Baterias Quantos mais elementos forem adicionados ao modelo equivalente de Thevenin melhores são os dados obtidos para representar os fenómenos de resposta a sobrecargas e de autodescarga que ocorrem quando as baterias estão em circuito aberto [54]. No entanto, o modelo de circuito equivalente que irá ser utilizado para representar a bateria da bicicleta elétrica foi proposto em [55], cujo esquema elétrico é apresentado na Figura 3.18. Este, apresenta como principal vantagem, o facto dos parâmetros serem grandezas elétricas, o que permite a integração com outros circuitos eletrónicos e ser simulados em ambientes de simulação da área de Eletrónica de Potência. RS VSOC RA CCOND + - VOC(VSoC) RTS RTL CTS CTL IBAT + VBAT IBAT - Figura 3.18 - Modelo de circuito equivalente implementado para a bateria. O modelo de circuito equivalente implementado consiste em dois circuitos separados, mas relacionados entre si por uma fonte de tensão controlada por tensão e por uma fonte de corrente controlada por corrente. Um dos circuitos representa a capacidade de armazenamento de energia da bateria e a carga armazenada durante o carregamento ou descarregamento da bateria. O segundo descreve a resistência interna da bateria e o comportamento transitório em diferentes cargas. A fonte de tensão controlada por tensão representa a dependência não linear entre o SOC (State-OfCharge) e VOC. A tensão VOC é normalizada de forma a que VOC = 1 V, o que equivale a um SOC de 100%. Dado que a tensão se normaliza a 1 V e C = Q/V, sendo C a capacidade em Farad’s, Q a carga em Coulombs e V a tensão em volts, o valor do condensador CCond é dado por: Ccond 3600 Capacidade f1 (Ciclo ) f 2 (Temperatura) (3.22) onde, a Capacidade é a capacidade nominal da bateria, f1 é o coeficiente de envelhecimento e f2 o coeficiente da temperatura [55]. 3.6.3. Algoritmos de Controlo Devido à natureza das reações químicas do lítio, as baterias de lítio (Li) não suportam sobrecargas nem sobredescargas. Deste modo se a estratégia de controlo não for adequada o risco de estas se danificarem é elevado. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 49 Capítulo 3 – Topologias e Técnicas de Comutação de Motores BLDC e Sistemas de Carregamento de Baterias Tipicamente, os algoritmos de controlo usados nos carregadores de baterias tem como objetivo garantir que as características fornecidas pelo fabricante de baterias são cumpridas na íntegra de modo a preservar a vida útil das mesmas. Entre as características apresentadas pelos fabricantes de baterias apenas algumas são de estrema importância para o algoritmo de controlo, nomeadamente a tensão máxima, a tensão mínima, a corrente máxima e a temperatura máxima admissíveis pela bateria. De salientar que o tempo associado ao carregamento das baterias é diretamente relacionado com estas características [51]. Apesar da existência de diversos algoritmos de controlo para as diferentes tecnologias de baterias, apenas é abordado o algoritmo de corrente constante seguido de tensão constante, sendo que este é o mais usado para as baterias de lítio-polímero [51]. Corrente Constante Seguido de Tensão Constante O algoritmo de corrente constante seguido de tensão constante pode ser subdividido em quatro modelos de controlo, de forma a garantir um carregamento em conformidade com as especificações gerais dos fabricantes de baterias de lítio. O primeiro modelo apresenta um algoritmo de controlo de dois estágios, onde no primeiro estágio de carregamento é imposto à bateria uma corrente constante até que a tensão seja aproximadamente 10% superior à tensão nominal. Num segundo estágio a bateria é carregada com um valor de tensão constante, igual à tensão nominal, até que a corrente diminua para um valor próximo de zero. Com este segundo estágio a bateria fica totalmente carregada, uma vez que no primeiro estágio a bateria apenas contém 85% do SOC [56]. Na Figura 3.19 é apresentada a evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo para este algoritmo de controlo. 1º Estágio Tensão Corrente 2º Estágio Corrente (A) 2 40 Vn 1,5 32 1 16 0,5 8 1 2 3 4 5 6 Tensão (V) 48 2,5 7 Tempo (h) Figura 3.19 - Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo para o primeiro modelo do algoritmo de corrente constante seguido de tensão constante. 50 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 3 – Controlador do Motor BLDC e Carregador de Baterias O segundo modelo descreve um algoritmo de controlo cujo primeiro estágio consiste em aplicar uma corrente constante até que a tensão seja 10% superior ao valor nominal. O segundo estágio consiste em aplicar tensão constante 10% superior ao valor nominal, até finalizar o carregamento, ou seja, até que a corrente diminua para um valor próximo de zero [57]. A evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo para o algoritmo de corrente constante seguido de tensão constante do segundo modelo está representada na Figura 3.20. 1º Estágio Tensão Corrente 2º Estágio Corrente (A) (1+0,1)*Vn 2 40 1,5 32 1 16 0,5 8 1 2 3 4 5 6 Tensão (V) 48 2,5 7 Tempo (h) Figura 3.20 - Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo para o segundo modelo do algoritmo de corrente constante seguido de tensão constante. O processo de carregamento do terceiro modelo é análogo aos anteriores, no primeiro estágio a corrente é mantida constante até a bateria atingir uma tensão 20% superior à nominal. Seguidamente é imposta uma tensão 10% superior à tensão nominal até que a corrente tenha um valor próximo de zero. A Figura 3.21 mostra a evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo para o algoritmo de carregamento do terceiro modelo. 1º Estágio Tensão Corrente 2º Estágio Corrente (A) (1+0,1)*Vn 2 40 1,5 32 1 16 0,5 8 1 2 3 4 5 6 Tensão (V) 48 2,5 7 Tempo (h) Figura 3.21 - Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo para o terceiro modelo do algoritmo de corrente constante seguido de tensão constante. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 51 Capítulo 3 – Topologias e Técnicas de Comutação de Motores BLDC e Sistemas de Carregamento de Baterias Por último, no quarto modelo a tensão atinge o valor de 20% superior à tensão nominal do primeiro estágio, de seguida o algoritmo mantém a tensão constante e aguarda que a corrente diminua cerca de 90% da corrente consumida no início do segundo estágio. Após isso, aplica um terceiro estágio que impõe à bateria uma tensão constante de 10% superior à tensão nominal até que a corrente diminua para um valor muito próximo de zero. Com este algoritmo a bateria é carregada totalmente, no entanto o risco de sobreaquecimento é maior. A evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo para este algoritmo de carregamento está representada na Figura 3.22. Tensão Corrente 2º Estágio Corrente (A) 2,5 3º Estágio 48 (1+0,2)*Vn (1+0,1)*Vn 2 40 1,5 32 1 16 0,5 8 1 2 3 4 5 6 Tensão (V) 1º Estágio 7 Tempo (h) Figura 3.22 - Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo para o quarto modelo do algoritmo de corrente constante seguido de tensão constante. Após a análise do estado de carga e do processo de carregamento de cada um dos quatro modelos do algoritmo de controlo, corrente constante seguido de tensão constante, decidiu-se utilizar o segundo modelo para carregamento da bateria de lítio polímero visto que é o recomendado pelo fabricante da bateria. 3.6.4. Conversores Estáticos Durante o planeamento do desenvolvimento da bicicleta elétrica foi proposto que o carregador de baterias deveria ser isolado. Deste modo optou-se pela utilização de um carregador de computador portátil, que tipicamente é barato mais o conversor boost. Dado que a tensão fornecida pelo carregador do computador portátil é de 20 V em corrente contínua, existe a necessidade de conceber uma fonte comutada que permita elevar esta tensão para a tensão máxima suportada pela bateria de lítio polímero adquirida. Este estágio vai permitir a execução do algoritmo de controlo corrente constante, seguido de tensão constante. 52 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 3 – Controlador do Motor BLDC e Carregador de Baterias A fonte comutada é constituída pelo circuito de potência e pelo sistema de controlo. O circuito de potência é constituído por quatro elementos essenciais, nomeadamente um interruptor eletrónico, um díodo, uma indutância e um condensador. Com estes quatro elementos e com um controlo adequado, é possível controlar a tensão de saída a partir de uma tensão de entrada não controlada. Dependendo da tensão de saída pretendida o circuito da fonte comutada pode ser de três tipos, denominados por buck, boost e buck-boost. Destes três tipos de fontes comutadas, apenas será analisada a fonte comutada boost, para posteriormente ser implementada. Fonte Comutada Boost Para acoplar ao carregador de computador portátil foi concebida uma fonte comutada boost para elevar a tensão na saída do carregador. Como anteriormente mencionado a fonte comutada boost é composta por quatro elementos essenciais, estando estes dispostos da seguinte forma (Figura 3.23). + L D VS M C Carga G - Figura 3.23 - Esquemático do conversor boost. Quando o interruptor eletrónico M é ligado por um determinado tempo t1 a indutância L fica em paralelo com a fonte de tensão da entrada VS, permitindo à indutância armazenar energia. Se o interruptor eletrónico for desligado por um tempo t2, a energia armazenada na indutância e a energia proveniente da fonte de entrada VS são transferidas para a carga e para o condensador através do díodo D1. A forma de onda da corrente na indutância em regime permanente pode ser vista na Figura 3.24. Figura 3.24 - Forma de onda da corrente na indutância em regime permanente para um conversor boost. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 53 Capítulo 3 – Topologias e Técnicas de Comutação de Motores BLDC e Sistemas de Carregamento de Baterias A equação da tensão na indutância no momento em que o interruptor eletrónico está ligado é dada por: vL L di dt (3.23) O valor de pico a pico da corrente de ripple na indutância é expresso como: I Vs t1 L (3.24) A tensão de saída instantânea é dada por: vo Vs L I t 1 Vs (1 1 ) Vs t2 t2 1 D (3.25) O condensador de saída C, mostrado na Figura 3.23, tem como objetivo, que a tensão de saída seja praticamente contínua. Através da equação (3.25) conclui-se que aumentando o D (duty cycle), a tensão na carga aumenta, e a tensão é mínima quando D é igual a zero. Contudo, o conversor boost tem limitações de hardware, logo não pode ser ligado continuadamente, tal que D seja igual a 1 [58]. Para valores de D perto da unidade, a tensão de saída tende para valores muito elevados e instáveis para pequenas variações de D, como mostra a Figura 3.25. VO / VS 6 5 4 3 2 1 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 k Figura 3.25 - Tensão de saída de um conversor boost em função do duty cycle (D). Na Figura 3.26 é apresentado o circuito equivalente do conversor boost quando o interruptor eletrónico está ligado. Deste modo, a carga é alimentada pelo condensador de saída, enquanto é armazenada energia na indutância. L + iL iO VS C Carga - Figura 3.26 - Circuito equivalente do conversor boost quando o interruptor eletrónico está ligado. 54 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 3 – Controlador do Motor BLDC e Carregador de Baterias Na Figura 3.27 é apresentado o circuito equivalente do conversor boost quando o interruptor eletrónico está desligado. Deste modo, a carga e o condensador de saída são alimentados pela fonte de tensão da entrada (VS). L + D iS iC VS iO C Carga - Figura 3.27 - Circuito equivalente do conversor boost quando o interruptor eletrónico está desligado. A corrente na indutância para o primeiro modo é dada pela equação (3.23) e pode ser expressa como: i1 (t ) VS t I1 L (3.26) Onde, I1 é a corrente inicial para o modo 1. De modo a limitar o aumento da corrente é necessário garantir a seguinte condição: di1 0 dt ou VS 0 A corrente no modo 2 é dada por: VS L di2 E dt (3.27) Resolvendo a equação (3.26) em ordem à corrente, obtém-se: i2 (t ) VS E t I2 L (3.28) Onde, I2 é a corrente inicial para o modo 2. Para o sistema ser estável, a corrente deve descer sob a condição: di2 0 dt ou VS E Se estas condições não forem satisfeitas, a corrente na indutância irá aumentar de tal forma que poderá degradar todo o sistema. No entanto, para se obter um sistema controlado de transferência de energia é necessário que o valor da tensão VS seja menor que a tensão E, ou seja 0 < VS < E [58]. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 55 Capítulo 3 – Topologias e Técnicas de Comutação de Motores BLDC e Sistemas de Carregamento de Baterias 3.7. Conclusão Neste capítulo foram descritas e analisadas as topologias e técnicas de comutação de motores BLDC e de sistemas de carregamento de baterias. Inicialmente foi apresentado e descrito o princípio de funcionamento do motor BLDC, e o modelo matemático do mesmo, bem como o motor BLDC adquirido para a bicicleta elétrica. Em seguida foi dado destaque à topologia do inversor fonte de tensão e às técnicas de modulação aplicadas ao mesmo, para o acionamento e controlo do motor BLDC. Posteriormente foi apresentado e descrito o sistema de carregamento de baterias, sendo apresentado inicialmente a bateria de lítio polímero adquirida para a bicicleta elétrica, bem como o estado de carga da bateria onde foram descritos os modelos de circuitos equivalentes para as mesmas. Seguidamente foi descrito o algoritmo de controlo para carregamentos de baterias, designado por corrente constante seguida de tensão constante. Por fim, foi descrito o conversor estático do tipo fonte comutada boost, com o intuito de ser acoplado à saída de um carregador de baterias de um computador portátil para elevar a tensão de saída e efetuar o algoritmo de controlo do carregamento das baterias. 56 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho CAPÍTULO 4 Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica 4.1. Introdução As ferramentas de simulação de circuitos ou de sistemas elétricos desempenham cada vez mais, um papel fundamental no desenvolvimento e análise de projetos elétricos, permitindo assim a otimização e a análise do desempenho de circuitos ou sistemas mesmo antes da sua implementação. A utilização deste tipo de ferramentas proporciona ao utilizador facilidades no teste de diversos tipos de topologias e de sistemas de controlo e segurança, hipótese de comparação e/ou discussão dos resultados, e uma redução de custos, que é sempre um ponto crucial na criação e desenvolvimento de projetos. Para o desenvolvimento da bicicleta elétrica foi necessário recorrer fundamentalmente à ferramenta de simulação PSIM, de modo a validar e otimizar os sistemas propostos para esta dissertação. Esta ferramenta foi utilizada devido ao facto do Grupo de Eletrónica de Potência e Energia (GEPE) da Universidade do Minho facultar aos seus alunos licenças de utilização deste software. O PSIM é um simulador robusto e de fácil utilização, na medida que permite o uso de diversos blocos funcionais que modelam diversos componentes elétricos. É também de realçar os blocos C e DLL (Dynamic Link Library), que permitem o uso da mesma linguagem de programação dos microcontroladores e DSPs (Digital Signal Processor). As simulações efetuadas no âmbito desta dissertação centralizam-se no sistema de controlo do motor BLDC e no sistema de carregamento de baterias de lítio polímero. 4.2. Sistema de Controlo do Motor BLDC O motor BLDC utilizado no desenvolvimento da bicicleta elétrica dispõe de três sensores de Hall. Cada sensor de Hall fornece à saída um sinal digital nível alto com a duração de 180 graus elétricos, e um sinal digital de nível baixo com a mesma duração. Com os três sinais provenientes dos sensores de Hall é determinada a posição Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 57 Capítulo 4 – Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica instantânea do rotor. Com a posição instantânea do rotor obtida através dos sensores de Hall, e com a técnica de controlo de modulação de onda quadrada a 120 graus, o sistema de controlo determina para os seis estados de comutação os respetivos sinais de comando dos semicondutores eletrónicos do inversor fonte de tensão, de modo a produzir as tensões trapezoidais aplicadas ao motor BLDC. Para controlar a velocidade da bicicleta elétrica foi implementado um sistema de controlo de binário em série com a modulação de onda quadrada a 120 graus, de forma a proporcionar ao utilizador uma determinada gama de velocidades, uma vez que com a modulação de onda quadrada a 120 graus só são permitidas velocidades de funcionamento praticamente constantes. Deste modo o controlo de velocidade é baseado no controlo de binário, que por sua vez é dada pela variação da tensão aplicada aos terminais do motor BLDC. O valor da tensão é controlado por PWM (Pulse Width Modulation) aplicado aos sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte alta do inversor fonte de tensão. Com base num controlador simples e pouco dispendioso, foram implementados três modos de ajuda ao utilizador, os quais devem ser selecionados por ele, uma vez que a bicicleta elétrica não pode ter acelerador devido à legislação. Estes três modos de ajuda correspondem a três valores predefinidos de tensão: ajuda máxima, ajuda média e ajuda mínima. Estes modos de ajuda por sua vez regulam o valor de tensão aplicada aos terminais do motor BLDC, como acontece nos tradicionais motores CC. A modulação PWM apenas se aplica aos semicondutores eletrónicos da parte superior do inversor fonte de tensão (g1, g3 e g5), como mostra a Figura 4.1, com o intuito de reduzir as perdas de comutação, o aquecimento dos semicondutores eletrónicos, bem como os requisitos do microcontrolador A velocidade do motor é obtida através de um sensor de velocidade aplicado na roda da frente da bicicleta elétrica, a qual posteriormente é comparada com o tipo de ajuda selecionada pelo utilizador. Após a comparação o erro obtido é processado através de um controlador PI (Proporcional-Integral). 58 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 4 – Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica E1 E2 E3 E4 E5 E6 E1 E2 E3 E4 E5 E6 E1 H1 H2 H3 G1 G4 G3 G6 G5 G2 Figura 4.1 - Formas de onda dos sensores de Hall (H1, H2 e H3) e dos pulsos para as gates dos semicondutores eletrónicos (g1, g2, g3, g4, g5 e g6). 4.3. Circuito de Potência do Controlador O circuito de potência do controlador do motor BLDC a implementar, assenta na topologia de inversor fonte de tensão descrita no capítulo 3. O circuito de potência do controlador apresentado na Figura 4.2 é constituído por um inversor trifásico fonte de tensão, sendo este constituído por seis MOSFETs (Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistors), três do tipo P na parte superior do inversor e três do tipo N na parte inferior do inversor, e por uma fonte de tensão contínua no barramento CC, de forma a emular a bateria utilizada na bicicleta elétrica. O circuito de potência do controlador também é constituído por um bloco que representa o motor BLDC. Este bloco disponível no simulador PSIM denominado por BDCM (Brushless DC Machine) apresenta o mesmo sistema de equações que descreve o motor BLDC. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 59 Capítulo 4 – Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Figura 4.2 - Circuito de potência do controlador do motor BLDC implementado em PSIM. 4.4. Controlador O controlador do motor BLDC, assenta na modulação de onda quadrada a 120 graus, e é apresentado na Figura 4.3, sendo constituído por um bloco C com quatro entradas e seis saídas. As entradas recebem os três sinais provenientes dos sensores de Hall e um sinal de controlo de velocidade, enquanto nas saídas são enviados seis sinais de comando para os semicondutores eletrónicos do inversor fonte de tensão. Com a utilização do bloco C pretende-se que a simulação do sistema de controlo seja, tanto quanto possível, realista quando comparada com os dispositivos propostos para a implementação física. Figura 4.3 - Sistema de controlo do controlador do motor BLDC implementado em PSIM. 60 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 4 – Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica 4.5. Resultados de Simulação do Controlador Neste item são apresentados os resultados de simulação do controlador do motor BLDC, para o modelo de controlo descrito no item 4.3. Os resultados de simulação serão analisados em duas partes distintas. Inicialmente são apresentados os resultados de simulação do controlador do motor BLDC em vazio e em carga, com a técnica de modulação de onda quadrada a 120 graus em função dos sensores de Hall. Com este modelo de simulação pretende-se analisar apenas o controlo utilizado no controlador com base nos sinais provenientes dos sensores de Hall, para posteriormente saber que semicondutores eletrónicos devem ser ligados ou desligados no inversor fonte de tensão, de modo a produzir as tensões trapezoidais aplicadas ao motor. Na segunda parte serão apresentados os resultados de simulação do controlador do motor BLDC com base no controlo de velocidade. Com este modelo pretende-se analisar o comportamento do motor para os três modos de ajuda pré-selecionados pelo utilizador. 4.5.1. Resultados de Simulação do Controlador com Modulação de Onda Quadrada a 120 graus e sem Controlo de Velocidade. Os três sinais provenientes dos sensores de Hall do motor BLDC são ligados ao sistema de controlo para que possa ser determinada a posição instantânea do rotor. Sabendo a posição instantânea do rotor, e com a técnica de modulação de onda quadrada a 120 graus, o sistema de controlo do controlador determina para os seis estados de comutação os sinais de comando dos semicondutores eletrónicos do inversor fonte de tensão, de modo a produzir as tensões trapezoidais aplicadas ao motor BLDC. De seguida são analisados os sinais de comando de cada semicondutor eletrónico do inversor fonte de tensão em função dos sinais provenientes dos sensores de Hall do motor BLDC. Na Figura 4.4 são apresentados os sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte superior do inversor fonte de tensão. A Figura 4.5 mostra os sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte de baixo do inversor fonte de tensão. Na Figura 4.6 são apresentados os três sinais provenientes dos sensores de Hall com comutação bipolar. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 61 Capítulo 4 – Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica G1 G3 G5 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 Time (s) Tempo (s) Figura 4.4 - Sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte superior do inversor. G2 G4 G6 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 Time (s) Tempo (s) Figura 4.5 - Sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte inferior do inversor. H1 H2 H3 1 0.5 0 -0.5 -1 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 Time (s) Tempo (s) Figura 4.6 - Sinais de saída dos sensores de Hall do motor BLDC. Na Figura 4.7 são apresentadas as formas de onda das tensões compostas em regime permanente aplicadas ao motor em vazio. Esta simulação permite analisar as tensões trapezoidais aplicadas aos terminais do motor BLDC que são geradas pelo sistema de controlo com base na modulação de onda quadrada a 120 graus em função dos sinais provenientes dos sensores de Hall. 62 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 4 – Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Tempo (s) Figura 4.7 - Tensões compostas aplicadas ao motor BLDC em vazio. As formas de onda das correntes consumidas pelo motor em vazio são apresentadas na Figura 4.8, onde se podem observar que as formas de onda das correntes são praticamente quadradas. Deste modo o binário produzido pelo motor é praticamente constante, ou seja, quando está a funcionar sem carga, o motor BLDC não apresenta binário pulsante. Tempo (s) Figura 4.8 - Corrente consumida pelo motor BLDC em vazio. Após a validação do sistema de controlo do controlador do motor BLDC em vazio, de seguida é analisado o comportamento do mesmo em carga. Para tal foi utilizado um bloco funcional de carga mecânica controlada externamente, que existe na biblioteca do simulador PSIM. Esta carga mecânica quando acoplada ao veio do motor permite simular diversos níveis de carga mecânica durante a simulação. Desta forma foi colocada uma fonte de tensão do tipo Piecewise Linear do PSIM no sinal de controlo da carga mecânica, de modo a produzir diferentes cargas ao longo da simulação. O valor da carga mecânica é definido pelo valor da tensão aplicada no sinal de controlo. Este valor Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 63 Capítulo 4 – Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica de tensão é diretamente proporcional ao valor da carga mecânica, ou seja, 1 V corresponde a um binário de 1 Nm. A análise do desempenho do motor BLDC em função dos diferentes valores de carga mecânica podem ser vistas em pormenor nas três figuras seguintes. Na Figura 4.9 são apresentadas as formas de onda das três tensões compostas aplicadas pelo motor elétrico para os diferentes valores de carga; Na Figura 4.10 são apresentadas as correntes consumidas pelo motor elétrico para os diferentes valores de carga; Na Figura 4.11 é apresentado a forma de onda do binário. Tempo (s) Figura 4.9 - Tensões compostas fornecidas ao motor BLDC para diferentes valores de carga. Tempo (s) Figura 4.10 - Correntes consumidas pelo motor BLDC para diferentes valores de carga. Nos resultados desta simulação podem também ser vistos pequenos cortes entre as tensões compostas, que representam a região de comutação descrita no item 3.2.1. Este fenómeno é originado pelas comutações do inversor fonte de tensão entre o estado atual e o estado seguinte, o que introduz pequenas oscilações no binário. 64 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 4 – Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Tempo (s) Figura 4.11 – Binário resistivo aplicado ao motor BLDC. A Figura 4.12 apresenta ao pormenor a região de comutação permitindo visualizar a comutação da corrente (Figura 4.12 (b)) e analisar a comutação das tensões compostas durante a comutação das correntes (Figura 4.12 (a)). De salientar que a duração da região de comutação é de apenas 50 µs, no entanto esta região é tanto maior quanto maior for a corrente solicitada pelo motor BLDC. Vab (V) Vbc (V) Vca (V) 40 20 (a) Comutação das tensões durante a comutação das correntes 0 -20 -40 Ia (A) Ib (A) Ic (A) 15 10 5 (b) 0 Comutação das correntes -5 -10 -15 0.08004 0.08006 0.08008 0.0801 0.08012 0.08014 Time (s) Tempo (s) Figura 4.12 - Análise em pormenor da região de comutação: (a) Comutação das tensões compostas durante a comutação das correntes; (b) Comutação das correntes. 4.5.2. Resultados de Simulação do Controlador com Modulação de Onda Quadrada a 120 graus com Controlo de Velocidade Neste subitem são apresentadas e analisadas as simulações de controlo com base na técnica de modulação de onda quadrada a 120 graus em conjunto com o controlo de binário. O controlo de binário do controlador é baseado no controlo da tensão aplicada aos terminais do motor BLDC. Neste sentido foi utilizada a modulação por largura de pulso, a qual é aplicada aos sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 65 Capítulo 4 – Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica superior do inversor fonte de tensão, de modo a proporcionar ao utilizador três modos de ajuda. Para simular o controlo de velocidade foi utilizada uma fonte de tensão com três níveis de tensão, correspondendo cada um ao modo de ajuda selecionado pelo utilizador. O valor da tensão é utilizado como referência da velocidade, que posteriormente é subtraída à velocidade atual do motor, resultando daí, o erro da velocidade. Este erro é processado por um controlador PI do qual resulta a referência do valor de duty cycle para aplicar nos semicondutores de potência. A Figura 4.13 mostra a modulação por largura de pulso dos sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte superior do inversor fonte de tensão em função dos sensores de Hall, gerados pelo sistema de controlo de binário. Na Figura 4.14 podem ser vistos os sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte inferior do inversor sem modulação. G1 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0.11028 0.11029 0.1103 Time (s) 0.11031 0.11032 Tempo (s) Figura 4.13 - Sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte superior do inversor com controlo de velocidade. G2 G4 G6 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 Time (s) Tempo (s) Figura 4.14 - Sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte inferior do inversor com controlo de velocidade ao longo de 0,25 s. 66 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 4 – Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica A Figura 4.15 mostra o comportamento da velocidade atual em função da velocidade de referência para os três modos de ajuda que podem ser selecionados pelo utilizador, para o motor BLDC a funcionar em vazio. Modo 3 Modo 2 Modo 1 Tempo (s) Figura 4.15 - Velocidade de referência e velocidade atual do motor, sem carga, para os 3 modos de ajuda. Na Figura 4.16 são apresentadas as formas de onda das tensões compostas fornecidas ao motor BLDC para os três modos de ajuda, podendo ser visto que, as tensões compostas fornecidas ao motor BLDC variam de amplitude em função do modo de ajuda selecionado, através da modulação por largura de pulso. Modo 1 Modo 2 Modo 3 Tempo (s) Figura 4.16 - Tensões compostas fornecidas ao motor BLDC para os três modos de ajuda, sem carga. Após a validação do sistema de controlo de binário do controlador do motor BLDC com funcionamento em vazio, de seguida é analisado o comportamento do mesmo em carga. Para tal foi novamente utilizado um bloco funcional de carga mecânica controlada externamente. O desempenho do motor BLDC com carga, para os três modos de ajuda pode ser analisado em pormenor nas seguintes figuras. Na Figura 4.17 são apresentadas as Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 67 Capítulo 4 – Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica formas de onda das tensões compostas fornecidas ao motor BLDC em carga, para os três modos de ajuda. Na Figura 4.19 são apresentadas as correntes consumidas pelo motor em carga, para os três modos de ajuda. Na Figura 4.20 são apresentados os valores de velocidade de referência e da velocidade do motor BLDC, para os três modos de ajuda. Modo 1 Modo 2 Modo 3 Tempo (s) Figura 4.17 - Tensões compostas fornecidas ao motor BLDC em carga, para os três modos de ajuda, em carga. (a) (b) (c) Figura 4.18 – Valores RMS das tensões compostas: (a) Valores RMS das tensões compostas para o modo 1; (b) Valores RMS das tensões compostas para o modo 2; (c) Valores RMS das tensões compostas para o modo 3. Modo 1 Modo 2 Modo 3 Tempo (s) Figura 4.19 - Correntes consumidas pelo motor BLDC em carga, para os três modos de ajuda, em carga. 68 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 4 – Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Modo 1 Modo 3 Modo 2 Modo 1 Tempo (s) Tempo (s) Figura 4.20 - Velocidade do motor BLDC em função da velocidade de referência para os três modos de ajuda, em carga. 4.6. Circuito de Potência do Carregador de Baterias Como mencionado anteriormente no subitem 3.6.4, o carregador de baterias será implementado com base numa fonte comutada do tipo boost, ligada à saída de um carregador de computador portátil. Deste modo, o circuito de potência do carregador de baterias, apresentado na Figura 4.21, é constituído por uma fonte de tensão contínua de 20 V, que representa a saída isolada do carregador de baterias de um computador portátil. Esta fonte é ligada, à entrada da fonte comutada boost, que é constituída por uma indutância de 220 µH, por um interruptor eletrónico, por um díodo rápido, e por um condensador de saída de 10 µF de polipropileno. O circuito de potência é também ele, constituído por um bloco bateria, que representa o modelo da bateria de lítio polímero utilizada nesta dissertação. Figura 4.21 - Circuito de potência do carregador de baterias. 4.7. Sistema de Controlo do Carregador de Baterias O sistema de controlo do carregador de baterias, implementado no ambiente de simulação PSIM, foi desenvolvido num bloco C, na medida em que o código de controlo da simulação possa ser posteriormente utilizado na implementação física do circuito de controlo do carregador. Com este intuito, na Figura 4.22 está representado o Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 69 Capítulo 4 – Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica sistema de controlo constituído por um bloco C com cinco entradas e duas saídas. Como entradas tem-se inicialmente: o valor da tensão de saída da fonte comutada boost, ao qual é multiplicado um ganho de 10; o valor da corrente de saída da fonte comutada; a tensão do estado de carga do modelo da bateria; a tensão aos terminais do modelo da bateria; e por último o número de células da bateria. Quanto às saídas, temos em primeiro o valor resultante do controlador PI internamente implementado no bloco C, que depois é comparado com uma onda triangular, da comparação resulta o valor de referência para a modulação de largura de impulso. Quanto à segunda saída, corresponde ao valor de referência da fonte de tensão controlada do modelo da bateria. Figura 4.22 - Circuito de controlo do carregador de baterias. 4.8. Modelo de Baterias O modelo de baterias proposto em [52] é apresentado na Figura 4.23, tendo sido este, implementado no ambiente de simulação PSIM, de forma a modelar o comportamento da bateria de lítio polímero utilizada nesta dissertação. O modelo de baterias apresentado é constituído por dois circuitos separados, que no entanto, estão interligados por uma fonte de tensão controlada por tensão e por uma fonte de corrente controlada por corrente. A Figura 4.23 (a) modela a capacidade de armazenamento de energia da bateria, bem como a carga armazenada durante o processo de carregamento ou descarregamento da mesma. Na Figura 4.23 (b) o circuito apresentado modela a resistência interna da bateria e o comportamento transitório para diferentes cargas. A fonte de tensão controlada por tensão representa a dependência não linear entre o estado de carga (Vsoc) e o valor de tensão (Vbo). A tensão Vbo é normalizada de forma que Vbo = 1 V, que equivale a um estado de carga de 100%. 70 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 4 – Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Figura 4.23 - Circuito do modelo da bateria implementado no PSIM. 4.9. Resultados de Simulação do Carregador de Baterias Neste item são analisadas as simulações computacionais relativas ao carregador de baterias, com o algoritmo de controlo de corrente constante seguida de tensão constante aplicado ao modelo da bateria. Neste algoritmo de controlo, num primeiro estágio, a corrente permanece constante com o valor de 3 A, enquanto a tensão aumenta progressivamente até atingir o valor de 42 V. Posteriormente é imposta uma tensão constante aos terminais da bateria com o valor de 42 V, até que, a corrente seja de aproximadamente 0,1 A. Na Figura 4.24 são apresentados os resultados de simulação, para o algoritmo de controlo de corrente constante seguida de tensão constante aplicado ao modelo da bateria. De salientar que, a Figura 4.24 (a) mostra a corrente fornecida à bateria, sendo que no instante inicial, o valor da corrente é aumentado progressivamente até este atingir o valor de referência. A Figura 4.24 (b) mostra a forma de onda da tensão, aplicada aos terminais da bateria, note-se que, no instante inicial a tensão da bateria é de 33 V, o que corresponde ao mínimo valor de tensão recomendado para a bateria. Ibat (A) (a) 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 Vbat (V) 44 42 40 (b) 38 36 34 32 0.02 0.04 0.06 0.08 Time (s) Tempo (s) 0.1 0.12 0.14 0.16 Figura 4.24 - Resultados de simulação para o algoritmo de controlo corrente constante seguida de tensão constante: (a) Corrente fornecida à bateria; (b) Tensão aos terminais da bateria. Na Figura 4.25 é apresentada a evolução do estado de carga da bateria em percentagem, com o algoritmo de controlo de corrente constante seguida de tensão constante. Note-se que, durante o 1º estágio, o estado de carga da bateria aumenta Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 71 Capítulo 4 – Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica progressivamente de forma linear, devido à corrente constante fornecida à bateria. No 2º estágio, o estado de carga da bateria continua a aumentar, mas de forma mais lenta, devido ao decréscimo da corrente. Figura 4.25 - Evolução do estado de carga da bateria com o algoritmo corrente constante seguido de tensão constante. 4.10. Conclusão Neste capítulo foram apresentados os modelos de simulação dos elementos constituintes da bicicleta elétrica desenvolvida no âmbito desta dissertação de mestrado. Para o motor BLDC utilizado na bicicleta elétrica foram apresentados e analisados o sistema de controlo do motor BLDC, o circuito de potência do controlador e o sistema de controlo do controlador, bem como os resultados obtidos a partir dos mesmos. Para a bateria de lítio polímero, utilizada no desenvolvimento da bicicleta elétrica, foram apresentados o circuito de potência do carregador de baterias, o sistema de controlo do carregador e o modelo da bateria, bem como os resultados obtidos a partir dos mesmos. Inicialmente foram determinados os sinais provenientes dos sensores de Hall com base no modelo do motor BLDC disponível no programa PSIM. Sabendo a posição instantânea do rotor do motor BLDC, foi simulado o sistema de controlo, de duas formas distintas. Primeiro foi simulado o sistema de controlo com base na modulação de onda quadrada a 120 graus, sem controlo de velocidade, e com o motor a operar em vazio e em carga. Nestas simulações foram analisadas as correntes quase quadradas consumidas pelo motor BLDC, as formas de onda das tensões compostas trapezoidais aplicadas ao motor, e o desempenho do motor BLDC para diferentes valores de carga. Posteriormente o sistema de controlo foi simulado com base na modulação de onda quadrada a 120 graus, com controlo de velocidade e com o funcionamento do motor 72 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 4 – Simulações Computacionais dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica BLDC em vazio e em carga. O objetivo destas simulações foi o de analisar o desempenho do motor BLDC para os diferentes s de ajuda selecionados pelo utilizador. Posteriormente foi simulado o controlo do carregamento de baterias, sendo testado o algoritmo de controlo corrente constante seguido de tensão constante aplicado ao carregador de baterias, foi também simulado o modelo da bateria, de forma a ter o estado de carga da mesma. Assim sendo, as simulações realizadas e apresentadas neste capítulo, foram essenciais para validar os sistemas de controlo, quer o do motor BLDC, quer o carregamento da bateria de lítio polímero, utilizados no desenvolvimento da bicicleta elétrica. Permitiram também validar e ajustar os ganhos proporcionais e integrais dos sistemas de controlo, de forma a otimizar todo o sistema desenvolvido. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 73 CAPÍTULO 5 Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica 5.1. Introdução Neste capítulo é descrita a implementação dos elementos constituintes da bicicleta elétrica. Numa primeira fase são apresentadas, a implementação do sistema de controlo, a implementação dos sensores e a implementação das funcionalidades da bicicleta elétrica (velocímetro, conta-quilómetros, data e hora e o modo de ajuda). Posteriormente é apresentado o circuito de potência do controlador do motor BLDC, o qual é composto por um conversor CC-CC, por um inversor fonte de tensão trifásico e pelo circuito de condicionamento de sinal dos sensores de Hall. Por fim, é apresentado o circuito de potência do carregador de baterias, o qual integra um regulador de tensão linear, um circuito amplificador e uma fonte comutada boost. As implementações acima referidas, foram previamente testadas em breadboard e após serem validadas, foram reproduzidas em circuitos PCB (Printed Circuit Board). Foi também utilizada uma ferramenta de desenho de PCBs, designadamente o PADS, para conceber o esquemático dos circuitos implementados. O fabrico destas PCBs foi realizado nas oficinas do Departamento de Eletrónica Industrial da Universidade do Minho. 5.2. Sistema de Controlo O principal objetivo do sistema de controlo da bicicleta elétrica é garantir que as normas aplicadas a bicicletas elétricas são respeitadas. Assim, neste item são descritos e apresentados 4 tipos de sensores, nomeadamente os sensores de corrente, o sensor de tensão, o sensor magnético e o sensor de posição. De seguida são apresentados os algoritmos de controlo para a bicicleta elétrica e para o sistema de carregamento da bateria. Posteriormente é apresentado o display LCD (Liquid Crystal Display) e os microcontroladores utilizados na bicicleta elétrica e no sistema de carregamento de Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 75 Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica baterias. Finalmente são descritos e apresentados as funcionalidades da bicicleta elétrica (velocímetro, conta-quilómetros, data e hora e o modo de ajuda). 5.2.1. Sensores de Corrente Para efetuar as medições dos valores das correntes no controlador do motor BLDC e no carregador de baterias foram utilizados sensores de corrente de diferentes topologias. Desta forma, para medir o valor da corrente consumida pelo motor BLDC foi utilizado um sensor de efeito de Hall. O sensor de corrente adotado na implementação é o sensor de efeito de Hall ACS712-20A fabricado pela Allegro (Figura 5.1 (a)) [59]. Este sensor foi escolhido, na medida em que permite medições de correntes até 20 A, e porque apresenta como características: a medição de corrente continua e/ou alternada, a saída do valor da corrente medida é dada em tensão, baixo offset na saída, boa linearidade, grande largura de banda e boa imunidade a interferências eletromagnéticas [59]. Na Figura 5.1 (b) é apresentado o circuito do sensor ACS71220A implementado para a medição da corrente. A saída do sensor (VIOUT) tem uma inclinação positiva quando o sentido da corrente é conduzido dos pinos 1 e 2 para os pinos 3 e 4, sendo que a relação da tensão em função da corrente percorrida entre os pinos é de 100 mV/A. A condução da corrente através dos pinos anteriormente mencionados do sensor apresenta apenas uma resistência de 1,2 mΩ, proporcionando baixas perdas de energia. Os terminais de alimentação do sensor são eletricamente isolados dos pinos utilizados para a medição da corrente, o que permite ao sensor ACS712-20A ser utilizado em aplicações que requerem isolamento elétrico. (a) (b) Figura 5.1 - Sensor de corrente de efeito de Hall: (a) Sensor ACS712-20A; (b) Circuito de medição [59]. Para medir o valor da corrente no carregador de baterias foi utilizada uma resistência de potência ligada em série com a bateria (Figura 5.2). Esta resistência, com 76 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica valor nominal de 0,1 Ω e 5 W, foi escolhida para que, aos terminais desta apareça uma tensão cuja relação seja de 100 mV/A. O valor de tensão aos terminais da resistência é obtido apenas num dos terminais, visto que o outro terminal da resistência se encontra ligada ao nível de tensão 0. L D DC M Bateria C G Rs R2 Vin R1 Vout + Figura 5.2 - Esquema elétrico do sensor de corrente utilizado no carregador de baterias. A tensão aos terminais da resistência é amplificada utilizando a montagem amplificadora não inversora com ganho de 10 (equação (5.1)), de forma a aumentar a resolução do sinal para posteriormente ser adquirido pelo ADC (Analog Digital Converter) do microcontrolador. Vout (1 R2 ) Vin R1 (5.1) 5.2.2. Sensor de Tensão Devido ao algoritmo de controlo do carregador de baterias foi necessário implementar um sensor de tensão, para adquirir o valor instantâneo da tensão, nos terminais da bateria. Os sensores de tensão isolados normalmente apresentam um custo de aquisição relativamente elevado. Deste modo a medição da tensão é realizada diretamente ou seja o circuito de medição da tensão não é isolado. No entanto foi necessário implementar um divisor resistivo para proceder à aquisição do valor da tensão, uma vez que, quer a tensão mínima quer a tensão máxima da bateria são valores muito acima dos valores nominais adquiridos pelo ADC do microcontrolador. Deste as resistências do divisor resistivo foram determinadas através da equação (5.2) de forma, a que a tensão VST esteja compreendida entre 0 e 5 V quando aos terminais da bateria estiver uma tensão entre 30 V e 45 V. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 77 Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica VST R2 Vin R1 R2 (5.2) Na Figura 5.3 é apresentado o esquema elétrico para a medição da tensão aos terminais da bateria. L DC D M G C R1 VST Bateria R2 Figura 5.3 - Esquema elétrico do sensor de tensão utilizado no carregador de baterias. 5.2.3. Sensor Magnético A velocidade é uma variável relevante para o sistema de controlo da bicicleta elétrica, uma vez que a legislação portuguesa obriga a que, a alimentação do motor seja interrompida quando a velocidade for igual ou superior a 25 km/h. Deste modo foi utilizado um sensor magnético para efetuar a leitura da velocidade da bicicleta elétrica. Dentre os diversos tipos de sensores magnéticos comercialmente existentes, foi utilizado um Reed Switch, o qual apresenta um modo de funcionamento muito semelhante a um interruptor. Este sensor, por defeito encontra-se em circuito aberto, mas quando na presença de um elemento ferromagnético o circuito elétrico é fechado. O funcionamento do sensor Reed Switch pode ser analisado com mais pormenor na Figura 5.4. Figura 5.4 - Princípio de funcionamento do sensor Reed Switch [60]. Na Figura 5.5 (a) é apresentado o esquema elétrico do circuito implementado para obter a velocidade da bicicleta elétrica, o qual mostra o sinal medido do sensor magnético é posteriormente adquirido pelo microcontrolador. Este sinal digital é obtido 78 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica através do elemento magnético, ou seja, quando este se encontra perto do sensor o sinal medido é de 0 V, quando isso não acontece o sinal medido é de 5 V. Na Figura 5.5 (b) é apresentada a imagem do sensor magnético Reed Switch utilizado, onde à esquerda pode ser visto o componente magnético que se coloca nos raios da roda, e à direita o sensor que é colocado na forqueta, junto à roda dianteira da bicicleta elétrica. 5V R1 Sinal Elemento magnético Sensor (a) (b) Figura 5.5 - Sensor magnético: (a) Esquema elétrico implementado; (b) Sensor magnético Reed Switch utilizado na bicicleta elétrica. 5.2.4. Sensor de Posição Para cumprir com as normas legislativas apresentadas no capítulo 1 foi necessário implementar um sensor que permita adquirir a informação necessária acerca do movimento da pedaleira, ou seja, deve indicar se o utilizador está a pedalar ou não e em que sentido ele pedala. Deste modo, foi necessário escolher um sensor, ou conjunto de sensores, que possibilitasse a leitura dessa informação. Após pesquisa, foi concluído que a forma menos dispendiosa de adquirir a informação sobre o movimento da pedaleira era utilizar um conjunto de dois sensores óticos, de forma que, à passagem de um disco com ranhuras pelos sensores indique o sentido de rotação da pedaleira. A utilização destes dois sensores quando desfasados de 90 graus, permitem determinar em que sentido a pedaleira está a rodar, pois dependendo da rotação da pedaleira, surgem diferentes combinações de sinal, resultante da leitura dos sensores. Entre os diversos sensores óticos comercialmente existentes pretendia-se um que fosse fiável, barato, pequeno e que o encapsulamento seja robusto. Desta forma, a Figura 5.6 (a) mostra o sensor ótico TCST1103 da Vishay, utilizado para adquirir a informação da pedaleira da bicicleta elétrica [61]. Na Figura 5.6 (b) é apresentado o esquema elétrico do circuito implementado. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 79 Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica (a) 1 3 2 4 (b) Figura 5.6 - Sensor ótico: (a) Sensor ótico TCST1103 da Vishay; (b) Esquema elétrico do sensor TCST1103 da Vishay. A Figura 5.7 (a) mostra o esquema elétrico do circuito implementado para a aquisição do movimento da pedaleira. Já na Figura 5.7 (b) é apresentada a placa de circuito impresso desenhada e implementada para ser colocada na bicicleta elétrica de forma a determinar o movimento da pedaleira. 5V Sinal A 50 Ω 10 kΩ Sinal B 50 Ω 10 kΩ (a) (b) Figura 5.7 - Sensor de posição: (a) Esquema elétrico do sensor implementado; (b) Placa de circuito impresso do sensor implementado. 5.2.5. Algoritmos de Controlo Neste item são descritos os algoritmos aplicados ao controlador do motor BLDC, bem como ao controlo do sistema de carregamento. O algoritmo de controlo utilizado no controlador do motor é apresentado na Figura 5.8. Inicialmente são inicializadas todas as variáveis do sistema, de seguida é realizada uma verificação do estado dos diversos elementos constituintes da bicicleta elétrica, nomeadamente: a informação dos três sensores de Hall, o valor da corrente atual; o modo de ajuda, e o sensor da pedaleira. Posteriormente é verificado se os travões da bicicleta elétrica estão acionados, e em caso positivo o algoritmo passa para a próxima instrução, senão fica no mesmo estado. A instrução seguinte verifica se o utilizador está a pedalar, se sim volta a verificar se o utilizador pedala para a frente, se em ambas as verificações o resultado for não o algoritmo passa para a primeira verificação. Seguidamente o algoritmo verifica se a bicicleta elétrica está a circular a menos de 25 km/h, se estiver, verifica qual é o modo 80 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica de ajuda atual para ajustar o valor de duty-cycle em função do modo de ajuda. Caso a bicicleta elétrica circule a 25 km/h ou mais, o algoritmo de controlo volta para a verificação inicial. Não Início O travão não está acionado ? Inicialização das variáveis Circula a menos de 25 km/h? Não Sim Sim Verificação do estados dos diversos elementos constituintes da bicicleta elétrica O utilizador está a pedalar? Sim Qual o modo de ajuda atual ? Modo 1 Modo 3 Sim Modo 2 Ajuste do valor de duty-cycle correspondente Está a pedalar para a frente? Ajuste do valor de duty-cycle correspondente Ajuste do valor de duty-cycle correspondente Figura 5.8 - Algoritmo de controlo utilizado na bicicleta elétrica. O algoritmo de controlo do sistema de carregamento apresentado na Figura 5.9, serve como base para o controlo do conversor boost, de modo a que, a bateria possa ser carregada com corrente constante, seguida de tensão constante. Para tal, o algoritmo de controlo começa por inicializar todas as variáveis do sistema de carregamento, de seguida verifica se a tensão aos terminais da bateria é inferior a 40 V, se sim aplica o algoritmo de corrente constante até que a tensão aos terminais da bateria seja igual ou superior 40 V. Caso a tensão aos terminais da bateria seja igual ou superior a 40 V, o algoritmo verifica se a corrente é inferior a 0,2 A, se sim volta para a primeira verificação, senão aplica o algoritmo de tensão constante até a corrente ser inferior a 0,2 A. Início Inicialização das variáveis Sim Tensão na bateria inferior a 40 V? Não Corrente inferior a 0,2 A? Sim Não Aplicação do algoritmo de corrente Aplicação do algoritmo de tensão Figura 5.9 - Algoritmo de controlo do sistema de carregamento da bateria utilizada na bicicleta elétrica. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 81 Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica 5.2.6. LCD A monitorização dos parâmetros da bicicleta elétrica é realizada com recurso a um LCD. Este permite informar o utilizador sobre os parâmetros da bicicleta elétrica, como por exemplo, o estado das baterias, a velocidade instantânea, distância percorrida, avisos de erros, o modo de ajuda selecionado, hora e data. Na Figura 5.10 é apresentado um LCD de quatro linhas com vinte caracteres cada, do fabricante DisplayTech, que foi implementado para a bicicleta elétrica. Este LCD de 16 pinos apresenta como principais características: comunicação paralela, rapidez de escrita (46 µs) e luz de fundo azul para uma boa visualização da informação. Figura 5.10 - LCD utilizado na bicicleta elétrica. Para uma melhor visualização da informação no LCD foi implementado um circuito com um potenciómetro para regular a intensidade da luz de fundo do LCD e outro potenciómetro que regula a intensidade do contraste dos caracteres. Na Tabela 5.1 é apresentada a função e descrição dos pinos do LCD utilizado na bicicleta elétrica. Tabela 5.1 - Função e descrição dos pinos do LCD utilizado na bicicleta elétrica. Pino 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 82 Função Descrição Alimentação Alimentação VO RS Seleção: R/W Seleção: E Seleção: B0 LSB (Low Significant Bits) B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 MSB (Most Significant Bits) A K GND 5V Tensão para o ajuste de contraste 1- Dados, 0-Instrução 1-Leitura, 0-Escrita 1-Habilita, 0-Desabilitado Barramento de Dados Ânodo (LED) Cátodo (LED) Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica 5.2.7. Microcontroladores Para o desenvolvimento dos elementos constituintes da bicicleta elétrica foi necessário recorrer à utilização de dois microcontroladores distintos, na medida em que um dos microcontroladores será utilizado no carregador de baterias, e o outro no controlador do motor BLDC. No entanto, a programação em linguagem C de ambos os microcontroladores foi realizada com o ambiente de programação Arduino Alpha, como mostra a Figura 5.11. Este ambiente de simulação open source, permite a criação de novos programas em linguagem C, bem como a compilação e debug do programa desenvolvido. Figura 5.11 - Ambiente de programação utilizado na programação dos microcontroladores. Microcontrolador Utilizado no Carregador de Baterias Para implementar o controlo do carregador de baterias foi utilizado um microcontrolador ATmega328P do fabricante ATMEL. Este microcontrolador de 8-bits apresenta como características: alto desempenho/baixo consumo; funciona com cristais até 20 MHz; 10000 ciclos de escrita/apagar da memória Flash; 2 contadores/temporizadores de 8-bits com prescaler separados e com modo de comparação; 1 contador/temporizador de 16-bits com prescaler separado e com modo de comparação e modo de captura; 6 pinos de PWM; 6 canais de ADCs de 10-bits; TWI (Two Wire Interface); comparador analógico; e finalmente um watchdog programável [62]. O diagrama de blocos deste microcontrolador pode ser consultado na Figura 5.12. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 83 Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Figura 5.12 - Diagrama de blocos do microcontrolador ATmega328P [62]. A placa de desenvolvimento Duemilanove do fabricante Arduino, apresentada na Figura 5.13, foi utilizada apenas para programar o microcontrolador ATmega328P, devido à simplicidade no que confere à programação, baixo custo e ao facto de ser open source. As especificações e características da placa de desenvolvimento Duemilanove podem ser consultadas na Tabela 5.2. Tabela 5.2 - Especificações e características da placa de desenvolvimento Duemilanove [63]. Tensão de alimentação 5V Tensão de entrada (nominais) 7 V-12 V Tensão de entrada (máximos) 6 V-20 V Pinos E/S digitais 14 (dos quais 6 podem ser utilizados como PWM) Pinos analógicos de entrada 6 Corrente por pino de E/S 40 mA Corrente no pino de 3,3 V 50 mA Velocidade do relógio 16 MHz 84 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Figura 5.13 - Placa de desenvolvimento Duemilanove [63]. Microcontrolador Utilizado no Controlador do Motor BLDC O controlador do motor BLDC foi implementado no microcontrolador ATmega2560 do fabricante ATMEL. Isto porque, a placa de desenvolvimento Arduino Mega do fabricante Arduino, apresentada na Figura 5.14, é baseada neste microcontrolador de elevado desempenho com um custo de aquisição reduzido. Este microcontrolador de 8-bits de baixo consumo energético, dispõe das seguintes características: memória flash de 256 kBytes; 10000 ciclos de escrita/apagar da memória Flash e 100000 ciclos na EEPROM; 2 contadores/temporizadores de 8-bits com prescaler separados e com modo de comparação; 4 contadores/temporizadores de 16-bits com prescaler separado e modo de comparação e modo de captura; 1 contador em tempo real; 4 canais de PWM de 8-bits; 12 canais de PWM programáveis com resolução de 2 a 16 bits; 16 canais com ADC de 10-bits; 4 canais de serial USART; TWI (Two Wire Interface) e comparador analógico integrado [64]. Figura 5.14 - Placa de desenvolvimento Arduino Mega [65]. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 85 Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica O diagrama de blocos do microcontrolador ATmega2560 pode ser analisado na Figura 5.15. Figura 5.15 - Diagrama de blocos do microcontrolador ATmega2560 [64]. As características e especificações da placa de desenvolvimento Arduino Mega podem ser consultadas na Tabela 5.3. Tabela 5.3 - Características e especificações da placa de desenvolvimento Arduino Mega. Tensão de alimentação 5V Tensão de entrada (nominais) 7 V-12 V Tensão de entrada (máximos) 6 V-20 V Pinos E/S digitais 54 (dos quais 15 podem ser utilizados como PWM) Pinos analógicos de entrada 16 Corrente por pino de E/S 40 mA Corrente no pino de 3,3 V 50 mA Memória flash 128 kB (dos quais 4 kB utilizados como bootloader) Velocidade do relógio 16 MHz 86 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica 5.2.8. Funcionalidades da Bicicleta Elétrica Neste item são apresentadas algumas das funcionalidades implementadas na bicicleta elétrica. A implementação destes indicadores básicos, mostrados no LCD, tem como objetivo essencial a apresentação de algumas informações importantes para o utilizador, como a velocidade, o conta-quilómetros, a data e hora, e o estado de carga da bateria. Estas funcionalidades descritas são apresentadas e analisadas de seguida, de um modo particular e em pormenor. Velocímetro O velocímetro implementado na bicicleta elétrica pode ser visualizado no LCD, e tem como objetivo informar o utilizador a que velocidade a bicicleta circula. A implementação do velocímetro é determinada pela distância percorrida num intervalo de tempo. Partindo deste princípio, procedeu-se à medição do raio da roda da bicicleta (32 cm) e posteriormente ao cálculo do perímetro da roda com base no raio (equação (5.3)). Proda 2 Rroda (5.3) Proda 2 0,32 2,011m Sabendo o perímetro e com a informação do sensor magnético Reed Switch colocado na forqueta da bicicleta elétrica foi implementada uma interrupção externa que é ativada quando o elemento magnético passa pelo sensor. Com a interrupção implementada, configurou-se um timer para determinar o tempo de cada interrupção, desta forma, obtém-se as duas variáveis para se proceder, ao cálculo da velocidade Velocidade km / h 3,6 distância m tempos (5.4) O valor 3,6 é utilizado para a conversão de m/s para km/h. Conta-quilómetros Para a implementação do conta-quilómetros recorre-se à funcionalidade do velocímetro. Visto que, a cada volta da roda da bicicleta elétrica é ativada uma interrupção externa, e como em cada interrupção são percorridos aproximadamente 2 metros, então é contado o número de interrupções externas e multiplicado pelo perímetro da roda. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 87 Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Por razões de processamento do microcontrolador, a resolução da variável contaquilómetros é atualizada até à décima de quilómetro, ou seja, o valor apresentado no LCD vai sendo incrementado 0,1 km de cada vez. Desta forma, a variável que conta o número de interrupções externas deve atingir 50 transições até ser acrescentado uma décima de quilómetro no LCD. Relógio de Tempo Real Para implementar o relógio de tempo real foi utilizado o circuito integrado DS1307 do fabricante Maxim. Este circuito integrado é um relógio de tempo real que apresenta um calendário completo e permite a utilização de 56 bytes de memória RAM [66]. Este relógio/calendário proporciona a informação dos segundos, minutos, horas, dia, dia da semana, mês e ano, sendo que os meses são automaticamente acertados quanto ao número de dias, inclusive para os anos bissextos. O DS1307 permite também a configuração da exibição da hora em formato de 24 horas ou 12 horas com a indicação AM e PM. Na Figura 5.16 é apresentado o diagrama de blocos do circuito integrado DS1307. O correto funcionamento do DS1307 depende essencialmente da utilização de uma pilha de 3 V conectada ao pino Vbat, para fazer o backup da informação, e de um cristal com frequência igual a 32,768 kHz, conectado entre os pinos x1 e x2. Este cristal é específico para este tipo de aplicações, na medida em que, ao ser acoplado a um contador de 16 bits, tem-se exatamente 1 s quando o bit mais significativo troca de estado. A transferência de dados do circuito integrado para o microcontrolador é feita em I2C pelos pinos SCL e SDA, os quais necessitam de resistências de pull-up, visto que a saída é em coletor aberto. Figura 5.16 - Diagrama de blocos do circuito integrado DS1307 do fabricante Maxim [66]. 88 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Na Figura 5.17 (a) é apresentado o esquema elétrico implementado do relógio de tempo real com base no DS1307. A Figura 5.17 (b) mostra a placa de circuito impresso desenvolvida para fornecer a data e hora. VCC VCC Cristal R2 R1 X1 X2 SCL R3 VCC SQW/OUT DS1307 SDA VBat GND + - (a) (b) Figura 5.17 - Relógio de tempo real implementado: (a) Esquema elétrico; (b) Placa de circuito impresso do relógio. Estado de Carga Para estimar o nível de carga da bateria foi necessário traçar a curva de descarga da bateria de lítio polímero. Na Figura 5.18 é apresentada a curva de descarga da bateria quando utilizada na alimentação do motor BLDC com uma carga mecânica com binário de 7 Nm. Traçando uma reta sobre a curva de descarga é possível associar o valor atual de tensão na bateria ao nível de carga existente. 45 V Tensão (V) 36 V 27 V 18 V 0 min 20 min 40 min 60 min 80 min 100 min 120 min 140 min 160 min Tempo (min) Figura 5.18 - Curva de descarga da bateria de lítio polímero utilizada na bicicleta elétrica. Para que a informação referente ao nível de carga da bateria seja visualizável no LCD, foi necessário implementar um divisor resistivo para converter a tensão da bateria numa tensão admissível pelo ADC do microcontrolador. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 89 Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Assim, com base no valor da tensão da bateria e com a curva de descarga, é estimado um valor de carga para um determinado valor de tensão. 5.3. Circuito de Potência do Controlador do Motor BLDC O circuito de potência do controlador apresentado na Figura 5.19, é constituído por um inversor fonte de tensão trifásico, pelo respetivo circuito de comando/isolamento, por um conversor CC-CC, e por um circuito de condicionamento de sinal. De seguida são analisados com maior pormenor todos estes circuitos. Figura 5.19 - Circuito de potência do controlador do motor BLDC implementado. 5.3.1. Circuito de Condicionamento de Sinal O circuito de condicionamento de sinal presente no circuito de potência do controlador foi implementado para obter os sinais provenientes dos sensores de Hall. Uma vez que a sua saída é feita em coletor aberto, foi necessário colocar uma resistência de pull-up à saída de cada sensor para obter o sinal do sensor de Hall, como mostra a Figura 5.20. 5V Efeito de Hall R1 VH Sensor de Hall Figura 5.20 - Estágio de saída do sensor de Hall. 90 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica 5.3.2. Conversor CC-CC No desenvolvimento da bicicleta elétrica foi necessário implementar um conversor CC-CC, de modo a converter a tensão da bateria numa tensão constante de 5 V, para a alimentação do circuito de controlo, do microcontrolador e dos sensores. Deste modo foi utilizado o PTB78560 da marca Texas Instruments apresentado na Figura 5.21. Este conversor buck de 30 W foi projetado para operar com uma gama de tensão entre 18 V e 60 V na entrada, e três valores de tensão predefinidos na saída, designadamente 3,3 V, 5 V e 12 V. Como principais características o PTB78560 apresenta proteção contra sobrecorrentes, contra subtensões e sobretensões na entrada, bem como um isolamento elétrico até 1500 Vdc [67]. Figura 5.21 - Conversor buck PTB78560 da marca Texas Instruments [67]. Assim, com a utilização do PTB78560, é possível manter uma tensão constante de 5 V na saída independentemente do estado de carga da bateria, bem como o isolamento elétrico entre o controlo e o circuito potência. A Figura 5.22 mostra o conversor buck implementado com base no PTB78560. De salientar que, do lado da entrada do conversor o pino NEN corresponde ao enable do conversor, o qual deve estar conectado ao terminal negativo para que o conversor funcione, uma vez que o sinal logico é negado. É também necessário o uso de um condensador eletrolítico de 100 µF, conectado entre os terminais de alimentação +Vi e -Vi, para estabilizar a tensão de entrada. Quanto ao lado da saída do conversor, o pino +Sense e o -Sense são conectados entre o terminal positivo e o terminal negativo da saída, de modo a efetuar o controlo em malha fechada do sistema. No pino VoAdjust é colocada uma resistência com valor de 5,7 kΩ de modo a selecionar uma tensão constante de 5 V na saída do conversor, e finalmente, no pino VoBUS é colocado um condensador eletrolítico de 220 µF para estabilizar a tensão de saída. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 91 Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica PTB78560 +Vbat +Sense +Vi Vo VoBUS VoAdjust C1 NEN C2 VoCOM -Vbat -Vi Rset -Sense Figura 5.22 - Conversor buck PTB78560 da Texas Instruments. 5.3.3. Inversor Trifásico Nesta dissertação foi necessário implementar um inversor trifásico, uma vez que, o motor BLDC utilizado na bicicleta elétrica é também ele trifásico. Este inversor é composto por seis MOSFETs, sendo que três são do tipo PMOSFET na parte superior do inversor, e três do tipo NMOSFET na parte inferior do inversor. A utilização destes dois tipos de MOSFETs diferentes em cada um dos braços do inversor trifásico, permite economizar até 4 fontes isoladas, das quais três seriam necessárias para ativar os 3 sinais de comando dos MOSFETs da parte superior e uma para ativar os 3 MOSFETs da parte inferior do inversor. Assim, como mostra a Figura 5.23, a utilização do PMOSFET na parte superior do inversor permite que o sinal de comando tenha como referência o potencial mais alto (VCC), e por outro lado, a utilização do NMOSFET na parte inferior do inversor permite que o sinal de comando tenha como referência o potencial mais baixo (-VCC). +Vcc G1 Fase A G4 -Vcc Figura 5.23 - Esquema elétrico de cada um dos braços do inversor trifásico. 92 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Deste modo, foram utilizados três PMOSFETs IRF5210 do fabricante International Rectifier na parte superior do inversor. Estes semicondutores eletrónicos apresentam como características: uma resistência drain source com valor de 0,06 Ω quando em condução, uma tensão de entrada máxima de 100 V e uma corrente máxima de 40 A [68]. Quanto aos MOSFETs da parte inferior do inversor, foram utilizados três NMOSFETs FQP44N10 da fabricante Fairchild. Estes NMOSFETs foram selecionados como complementares dos PMOSFETs. Estes apresentam como características: uma resistência drain source com valor de 0,039 Ω quando em condução, uma tensão máxima de 100 V e uma corrente máxima de 43,5 A [69]. D G D G S S (a) (b) Figura 5.24 - MOSFETS utilizados no inversor trifásico: (a) PMOSFET IRF5210 do fabricante International Rectifier [68]; (b) NMOSFET FQP44N10 do fabricante Fairchild [69]. A implementação de circuitos de comando para a ativação dos MOSFETS é necessária, uma vez que os sinais enviados do microcontrolador são insuficientes para a ativação dos semicondutores eletrónicos. Assim, como mostra a Figura 5.26, para o PMOSFET (S1, S3 ou S5) é utilizado um circuito de comando que quando recebe o sinal do microcontrolador (g1, g3 ou g5) ativa o foto-transístor do opto-acoplador, que por sua vez coloca o terminal de comando (G1, G3 ou G5) do PMOSFET conectado a -Vcc, levando-o à saturação. Para o circuito de comando do NMOSFET (S2, S4 ou S6) o princípio de funcionamento é semelhante, ao seja, quando recebe o sinal do microcontrolador (g2, g4 ou g6) ativa o foto-transístor do opto-acoplador, que por sua vez coloca o terminal de comando (G2 ou G4 ou G6) do PMOSFET conectado a +Vcc, levando-o à saturação. Em ambos os circuitos de comando, é utilizado o opto-acoplador TLP621 do fabricante Toshiba (Figura 5.25) para isolar o circuito de controlo do circuito de potência. O TLP621 consiste num foto-transístor acoplado oticamente a um díodo emissor, que é ativado por uma luz infravermelha. Apresenta como características: uma tensão máxima de coletor emissor de 55 V; uma corrente máxima de 60 mA na entrada; e uma tensão de isolamento de 5000 V [70]. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 93 Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica 4 Figura 5.25 - Opto-acoplador TLP621 da Toshiba [70]. +Vcc g3 g1 S1 R2 R1 g5 S3 R7 R6 G1 R11 G3 -Vcc G5 -Vcc -Vcc Fase A g4 Fase B g6 Fase C g2 +Vcc +Vcc R3 +Vcc R8 R13 S6 S4 R4 R9 G4 R5 S5 R12 S2 R14 G6 G2 R15 R10 -Vcc Figura 5.26 - Esquema elétrico do inversor trifásico implementado. 5.4. Circuito de Potência do Carregador de Baterias Na Figura 5.27 é apresentado o esquema elétrico do circuito de potência do carregador de baterias implementado, o qual é constituído, por: um conversor boost, um microcontrolador ATmega328P, um sensor de corrente, um sensor de tensão, um regulador linear de tensão LM7805, e um amplificador operacional LM324. De salientar que a tensão de entrada é dada por um carregador de baterias de um computador portátil com o valor de 20 V. Para controlar o sistema de carregamento foi utilizado o microcontrolador ATmega328P, descrito no item 5.2.7, que em função dos valores fornecidos pelos sensores de corrente e de tensão, descritos nos itens 5.2.1 e 5.2.2, varia o duty-cycle aplicado ao semicondutor eletrónico do conversor boost, com o objetivo de fornecer à bateria uma corrente constante seguida de tensão constante. 94 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica L +Vin D +Vo M R3 C1 G R1 R4 R2 -Vin R5 -Vo R8 LM7805 R7 C2 - 8P C6 LM324 32 C5 R6 + AT me ga C3 C4 Figura 5.27 - Esquema elétrico do sistema de carregamento implementado. O conversor boost é composto por um NMOSFET IRF540N do fabricante International Rectifier (Figura 5.28), por uma indutância 220 µH, por um condensador de polipropileno com valor de 10 µF de 100 V e por um díodo BYV26B. O semicondutor eletrónico IRF540N apresenta como principais características uma resistência drain source com o valor de 44 mΩ, uma tensão máxima de 100 V e uma corrente máxima de 33 A [71]. D G S Figura 5.28 - NMOSFET IRF540N do fabricante International Rectifier, utilizado no conversor boost [71]. A alimentação do circuito de controlo foi realizada com a utilização do circuito integrado LM7805C, de modo a converter a tensão de entrada do conversor, numa tensão constante com o valor de 5 V. Na Figura 5.29 é apresentado o esquemático do LM7805C do fabricante Texas Instruments. Este regulador de tensão, com três pinos, apresenta como características uma tensão máxima de 25 V na entrada e uma corrente de saída até 1,5 A [72]. Na implementação são colocados 2 condensadores para filtrar a tensão de entrada e a tensão de saída. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 95 Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Figura 5.29 - Esquemático do circuito integrado LM7805C do fabricante Texas Instruments [72]. O valor da resistência de potência utilizada para medir o valor da corrente é de 0,1 Ω. Deste modo, para a aquisição do valor da corrente foi necessário implementar um circuito amplificador com ganho 10, na medida de aumentar a resolução do valor da tensão medida aos terminais da resistência, pois, no caso de a resistência ser percorrida por uma corrente de 1 A, o valor de tensão medido é de apenas 100 mV. Com base nos elementos descritos anteriormente, é apresentado na Figura 5.30 o circuito de potência do carregador de baterias implementado. Figura 5.30 - Circuito de potência do carregador de baterias implementado. A Figura 5.31 mostra o carregador de baterias de computador portátil utilizado como fonte de alimentação do sistema de carregamento implementado. Este carregador regulável com potência nominal de 120 W permite uma tensão de saída de 20 V. 96 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Figura 5.31 - Carregador de portátil utilizado como fonte de alimentação do sistema de carregamento implementado. 5.5. Integração dos Elementos Implementados na Bicicleta Elétrica Neste item é apresentada a integração dos elementos implementados na bicicleta elétrica. De salientar que, todas as integrações realizadas podem ser aplicadas a qualquer bicicleta. Inicialmente procedeu-se à colocação do motor BLDC na roda traseira, bem como a colocação do pinhão de velocidades. De seguida, como mostra a Figura 5.32, procedeu-se à integração de dois interruptores de pressão no interior das manetes dos travões para detetar quando as mesmas são ativadas. Assim, quando pressionada uma manete do travão ou ambas, o motor BLDC deixa de auxiliar o utilizador na tração da bicicleta elétrica. Figura 5.32 – Integração de um interruptor de pressão no interior das manetes dos travões, para detetar quando as mesmas são pressionadas. Posteriormente foi integrado o sensor de posição na pedaleira da bicicleta elétrica, de modo que o sistema de controlo possa determinar quando o utilizador está a pedalar e em que sentido pedala. A Figura 5.33 mostra a integração do sensor de posição, bem como do disco com ranhuras no eixo da pedaleira da bicicleta elétrica. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 97 Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica Figura 5.33 – Integração do sensor de posição e do disco com ranhuras no eixo da pedaleira da bicicleta elétrica. Seguidamente, como mostra a Figura 5.34 foi integrado um painel de instrumentos, para que o utilizador possa ligar o sistema e selecionar o modo de ajuda (baixo, médio ou alto) na tração da bicicleta elétrica. Figura 5.34 – Painel de instrumentos, para ligar o sistema e selecionar o modo de ajuda (baixo, médio ou alto) na tração da bicicleta elétrica. Após a integração dos elementos constituintes da bicicleta elétrica foi necessário fazer uma caixa (Figura 5.35) para colocar a bateria de lítio polímero, o circuito de potência do controlador do motor BLDC e o circuito de controlo de uma forma simples, robusta, prática e barata. Figura 5.35 – Circuito de potência e circuito de controlo do motor BLDC em pormenor (à esquerda) Circuito de potência e circuito de controlo do motor BLDC, e bateria de lítio polímero (à direita). 98 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 5 – Implementação dos Elementos Constituintes da Bicicleta Elétrica 5.6. Conclusões Ao longo deste capítulo foi descrita a implementação dos elementos constituintes da bicicleta elétrica, designadamente o sistema de controlo, o circuito de potência do controlador do motor BLDC e o circuito de potência do carregador de baterias. Na Figura 5.36 é apresentado o aspeto final do desenvolvimento da bicicleta elétrica, proposta nesta dissertação. Inicialmente foram implementados os elementos constituintes do sistema de controlo, nomeadamente os sensores de corrente, o sensor de tensão, o sensor magnético, e o sensor de posição, bem como os algoritmos de controlo, o LCD, os microcontroladores, e os parâmetros da bicicleta elétrica. Para o circuito de potência do controlador do motor BLDC foram implementados, um circuito de condicionamento de sinal, um conversor CC-CC buck e um inversor fonte de tensão trifásico. Para o circuito de potência do carregador de baterias foram implementados, um conversor CC-CC boost, um regulador de tensão linear e um amplificador operacional. Por fim foram integrados os elementos implementados na bicicleta elétrica, de um modo simples, pratico, robusto e barato. Com base na implementação dos circuitos desenvolvidos, foi necessária a aprendizagem da ferramenta de desenho PADS, de forma a desenhar os esquemáticos das PCBs, bem como a aprendizagem dos métodos de soldadura dos componentes nas PCBs. Figura 5.36 – Aspeto final da bicicleta elétrica, desenvolvida nesta dissertação. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 99 CAPÍTULO 6 Resultados Experimentais 6.1. Introdução Neste capítulo são apresentados os resultados experimentais dos diversos sistemas desenvolvidos para a bicicleta elétrica. Inicialmente é apresentada a bancada de ensaios utilizada para efetuar os ensaios ao motor BLDC, de seguida são mostrados os resultados obtidos no ensaio do motor a funcionar como gerador. Posteriormente são apresentados os resultados experimentais do ensaio do motor BLDC em vazio, no qual são analisadas as formas de onda das tensões compostas aplicadas ao motor, bem como o sistema de controlo de velocidade. Em seguida, são mostrados os resultados experimentais obtidos no ensaio do motor BLDC com carga mecânica, de modo a determinar o desempenho do mesmo. São também apresentados os resultados experimentais obtidos no ensaio do motor BLDC alimentado pela bateria de lítio polímero. Por fim são mostrados os resultados experimentais do ensaio do carregador de baterias implementado. 6.2. Bancada de Ensaios Para testar o funcionamento do circuito de potência e do circuito de controlo desenvolvidos para o motor BLDC utilizado na bicicleta elétrica, foi necessário recorrer à utilização de uma bancada de ensaios existente no laboratório do Grupo de Eletrónica de Potência e Energia (GEPE) da Universidade do Minho. Esta bancada de ensaios permite aplicar e controlar a carga mecânica aplicada ao motor, fornecer a velocidade de rotação do motor e mostrar o valor de binário aplicado ao motor. A Figura 6.1 mostra a plataforma desenvolvida para acoplar o motor BLDC à bancada de ensaios. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 101 Capítulo 6 – Conclusão e Sugestões de Trabalhos Futuros Figura 6.1 - Bancada de ensaios utilizada para testar o funcionamento do circuito de potência e do circuito de controlo desenvolvidos para o motor BLDC. 6.3. Ensaio do Motor a Operar como Gerador Neste item são mostrados os ensaios efetuados ao motor BLDC a operar como gerador. Para tal foi acoplado ao pinhão da roda traseira da bicicleta uma corrente (cadeia metálica) que está interligada à pedaleira, de modo que, ao girar a pedaleira faça girar a roda e por sua vez o motor BLDC. Assim, para obter o ensaio do motor como gerador, foi necessário rodar a pedaleira manualmente. Na Figura 6.2 são apresentadas as formas das tensões simples geradas pelo motor BLDC. Figura 6.2 - Formas de onda das tensões simples (20 V/div) geradas pelo motor BLDC. A Figura 6.3 apresenta as formas de onda das tensões compostas, bem como os sinais de saída dos sensores de Hall, para uma tensão eficaz de aproximadamente 37 V. Este ensaio permite analisar a relação das tensões compostas em função dos sinais de saída dos sensores de Hall, de forma a determinar a sequência de comutações para o inversor fonte de tensão. 102 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 6 – Conclusões e Sugestões de Trabalhos Futuros (a) (b) Figura 6.3 - Funcionamento do motor BLDC como gerador: (a) Formas de onda das tensões compostas (20 V/div); (b) Sinais de saída dos sensores de Hall (1 V/div). 6.4. Ensaio do Motor BLDC em Vazio Neste item são apresentados os resultados experimentais do ensaio do motor BLDC em vazio, tendo este como principal objetivo, verificar o funcionamento do circuito de controlo desenvolvido. Assim, antes de ligar o motor BLDC ao inversor fonte de tensão, foram analisados os sinais de comando gerados pelo microcontrolador para serem aplicados aos semicondutores eletrónicos do inversor. A Figura 6.4 mostra os sinais de comando com modulação PWM, aplicados apenas aos semicondutores eletrónicos da parte alta do inversor fonte de tensão. Figura 6.4 – Sinais de comando gerados pelo microcontrolador para posteriormente serem aplicados aos semicondutores eletrónicos da parte alta do inversor fonte de tensão (2 V/div). Após a validação dos sinais de comando gerados pelo microcontrolador, procedeu-se à ligação do motor BLDC à saída do inversor fonte de tensão, sendo verificadas as formas de onda aplicadas ao motor. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 103 Capítulo 6 – Conclusão e Sugestões de Trabalhos Futuros A Figura 6.5 mostra as formas de onda das 3 tensões compostas aplicadas ao motor. Estas formas de onda são o resultado do controlo por modulação de onda quadrada a 120 graus sem controlo de velocidade. Podem também ser vistos nesta figura os micro-cortes nas formas de onda das tensões. Estes micro-cortes ocorrem quando a corrente comuta de uma fase para outra [73]. Figura 6.5 - Forma de onda das 3 tensões compostas (20 V/div) aplicadas ao motor BLDC. O controlo de binário do motor BLDC é realizado pela seleção de um dos três modos de ajuda por parte do utilizador, no qual varia o valor da tensão aplicada aos terminais do motor. A variação do valor da tensão aplicada aos terminais do motor é conseguida pela modulação por largura de pulso. Assim sendo, o controlo de binário depende do valor de duty-cycle aplicado a cada um dos semicondutores eletrónicos da parte alta do inversor fonte de tensão. Na Figura 6.6 são apresentadas as formas de onda das tensões compostas aplicadas ao motor, bem como os 3 sinais de PWM gerados pelo microcontrolador, para o funcionamento do motor BLDC no primeiro modo de ajuda. Neste modo de ajuda o valor de tensão aplicada ao motor é de aproximadamente 20 V. 104 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 6 – Conclusões e Sugestões de Trabalhos Futuros Figura 6.6 - Formas de onda das tensões compostas (20 V/div) e sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte alta do inversor (2 V/div) para o funcionamento do motor BLDC no primeiro modo de ajuda. Do mesmo modo, na Figura 6.7 são apresentadas as formas de onda das tensões compostas aplicadas ao motor, bem como os 3 sinais de comando gerados pelo microcontrolador, para o funcionamento do motor BLDC no segundo modo de ajuda. Neste modo de ajuda o valor de tensão aplicada ao motor é de aproximadamente 35 V. Figura 6.7 - Formas de onda das tensões compostas (20 V/div) e sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte alta do inversor (2 V/div) para o funcionamento do motor BLDC no segundo modo de ajuda. Finalmente, na Figura 6.8 são apresentadas as formas de onda das tensões compostas aplicadas ao motor, bem como os 3 sinais de comando gerados pelo Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 105 Capítulo 6 – Conclusão e Sugestões de Trabalhos Futuros microcontrolador, para o funcionamento do motor BLDC no terceiro modo de ajuda. Neste modo de ajuda o valor de tensão aplicada ao motor é de aproximadamente 40 V. Figura 6.8 - Formas de onda das tensões compostas (20 V/div) e sinais de comando dos semicondutores eletrónicos da parte alta do inversor (2 V/div), para o funcionamento do motor BLDC no terceiro modo de ajuda. 6.5. Ensaio do Motor BLDC em Carga Neste item são apresentados os resultados experimentais do motor BLDC em carga. Deste modo, foi utilizada a bancada de ensaios para variar a carga mecânica aplicada ao motor de forma a testar o desempenho do circuito de potência do controlador, bem como do seu sistema de controlo. Na Figura 6.9 são apresentadas as formas de onda das tensões compostas aplicadas ao motor, bem como da corrente total aplicada ao motor para uma carga mecânica de 1 Nm. A medição do valor total de corrente foi obtida através de uma resistência de 0,1 Ω colocada em série com o barramento CC, e medido o valor da tensão aos terminais da resistência. Figura 6.9 - Formas de onda das tensões compostas (20 V/div) e da corrente total (200 mV/div), aplicadas ao motor BLDC, com uma carga mecânica de 1 Nm. 106 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 6 – Conclusões e Sugestões de Trabalhos Futuros Na Figura 6.10 são apresentadas as formas de onda das tensões compostas aplicadas ao motor, bem como da corrente para uma carga mecânica de 4 Nm. De salientar que a escala do valor da corrente medido foi alterado de 200 mV para 500 mV. Figura 6.10 - Formas de onda das tensões compostas (20 V/div) e da corrente total (500 mV/div), aplicadas ao motor BLDC, com uma carga mecânica de 4 Nm. Na Figura 6.11 são apresentadas as formas de onda das tensões compostas aplicadas ao motor BLDC, bem como da corrente para uma carga mecânica de 7 Nm. Figura 6.11 - Formas de onda das tensões compostas (20 V/div) e corrente total (500 mV/div), aplicadas ao motor BLDC, com uma carga mecânica de 7 Nm. Finalmente, na Figura 6.12 são apresentados os resultados experimentais obtidos no ensaio do motor BLDC a funcionar em regime permanente com uma carga mecânica de 7 Nm, e com a bateria lítio polímero como fonte de alimentação do barramento CC do inversor fonte de tensão. Este ensaio tem como objetivo verificar o desempenho, do controlador do motor BLDC, bem como da bateria de lítio polímero adquirida para o desenvolvimento da bicicleta elétrica. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 107 Capítulo 6 – Conclusão e Sugestões de Trabalhos Futuros Tensão na bateria Corrente aplicada ao motor 50 V 5A 40 V 4A 30 V 3A 20 V 2A 10 V 1A 0V 0 min 15 min 30 min 45 min 60 min 75 min 90 min 0A 105 min 120 min 135 min 150 min Figura 6.12 - Tensão aos terminais da bateria de lítio polímero, e corrente consumida pelo motor BLDC com carga mecânica de 7 Nm. No mesmo ensaio foram também registados os valores da velocidade de rotação do motor BLDC em função da tensão aos terminais da bateria, como mostra a Figura 6.13. Velocidade do motor Tensão no barramento CC 200 rpm 50 V 160 rpm 40 V 120 rpm 30 V 80 rpm 20 V 40 rpm 10 V 0 rpm 0 min 15 min 30 min 45 min 60 min 75 min 90 min 0V 105 min 120 min 135 min 150 min Figura 6.13 - Velocidade de rotação do motor BLDC em função da tensão aos terminais da bateria de lítio polímero, para um funcionamento do motor com carga mecânica de 7 Nm. 6.6. Ensaio do Carregador de Baterias Neste item são apresentados os resultados experimentais do carregador de baterias. O algoritmo utilizado foi o de corrente constante seguido de tensão constante. Inicialmente, neste algoritmo de carregamento é aplicada uma corrente constante com o valor de 1,5 A, até que, a tensão aos terminais da bateria de lítio polímero atinja o valor de 42 V. De seguida, é aplicada uma tensão constante com o valor de 42 V, e o valor da 108 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 6 – Conclusões e Sugestões de Trabalhos Futuros corrente de carregamento passa a ser determinada pelas características da bateria de lítio polímero. Na Figura 6.14 são apresentados os resultados experimentais do carregamento da bateria de lítio polímero utilizada no desenvolvimento da bicicleta elétrica. Como se pode verificar, num primeiro estágio, a corrente mantem-se constante com o valor de aproximadamente 1,5 A, enquanto a tensão aos terminais da bateria aumenta gradualmente até atingir os 42 V. Depois, num segundo estágio com a imposição de tensão constante, a corrente deixa de ser constante e passa a ser determinada pelas características da bateria de lítio polímero. A duração total deste carregamento é de aproximadamente 14 horas, no entanto com 11 horas de carregamento poderia se concluir que a bateria está praticamente carregada. Bateria de LiPo 36 V 10 Ah Tensão Corrente 50 V 2,5 A 40 V 2,0 A 30 V 1,5 A 20 V 1,0 A 10 V 0,5 A 0V 0,0 A 0h 1h 2h 3h 3h 4h 5h 6h 7h 8h 8h 9h 10h 11h 12h 13h 13h 14h Figura 6.14 - Tensão e corrente aplicada aos terminais da bateria de lítio polímero, durante o algoritmo carregamento corrente constante com o valor de 1,5 A, seguido de tensão constante com o valor de 42 V. 6.7. Conclusões Numa primeira fase deste capítulo, foi apresentada a bancada de ensaios existente no laboratório do GEPE, de forma a aplicar carga mecânica constante ao motor BLDC. De seguida foram apresentados os resultados experimentais obtidos no ensaio do motor como gerador, no qual foi determinada a relação das tensões compostas em função dos sinais de saída dos sensores de Hall, de forma a determinar a sequência de comutações para o inversor fonte de tensão. Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 109 Capítulo 6 – Conclusão e Sugestões de Trabalhos Futuros Posteriormente foi realizado o ensaio ao motor BLDC em vazio, com o intuito de verificar o funcionamento do circuito de potência e do circuito de controlo desenvolvidos. Numa primeira fase, foram verificados os sinais de comando gerados pelo microcontrolador, antes de conectar o motor ao inversor. De seguida conectou-se o motor BLDC ao inversor e foram analisadas as formas de onda das tensões compostas, Neste item, foram ainda analisadas as formas de onda das tensões compostas aplicadas ao motor BLDC para os 3 modos de ajuda. Seguidamente foram realizados os ensaios ao motor BLDC e obtidos os resultados, para 3 valores de carga mecânica diferentes, nomeadamente 1 Nm, 4 Nm e 7 Nm, e registadas as formas de onda das tensões compostas, e da corrente. Foi ainda realizado um ensaio experimental em regime permanente ao motor BLDC, com a bateria de lítio polímero como fonte de alimentação do barramento CC do inversor fonte de tensão, e verificados os valores de tensão aos terminais da bateria, a corrente fornecida ao motor, bem como a velocidade de rotação do motor em função da tensão aos terminais da bateria de lítio polímero. Numa segunda fase foi realizado o ensaio experimental ao circuito de potência do carregador de baterias implementado. Neste ensaio foi utilizado o algoritmo de controlo corrente constante seguido de tensão constante, no qual o valor da corrente constante foi de 1,5 A e o valor da tensão constante foi de 42 V. Deste modo, o carregamento da bateria de lítio polímero demorou cerca de 14 horas para ficar totalmente carregada, no entanto às 11 horas de carregamento poder-se-ia concluir que a bateria estava carregada, uma vez que a corrente consumida pela mesma, nesse momento era inferior a 100 mA. 110 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho CAPÍTULO 7 Conclusões e Sugestões de Trabalhos Futuros 7.1. Conclusões Nesta dissertação foi apresentado e descrito o desenvolvimento de uma bicicleta elétrica. Inicialmente foi apresentada, a definição de bicicleta elétrica segundo a legislação portuguesa, seguida de uma breve introdução sobre a história das bicicletas elétricas, bem como sobre o mercado financeiro e o mercado comercial das bicicletas elétricas. No capítulo 2 foram descritos e analisados os diversos elementos constituintes de uma bicicleta elétrica, nomeadamente os motores elétricos mais utilizados para este tipo de aplicação, os controladores aplicados, e foram ainda descritos os sensores de posição utilizado, para detetar o movimento da pedaleira e o sentido de rotação, por fim foram descritas 4 topologias de baterias que apresentam melhor desempenho em bicicletas elétricas, nomeadamente as baterias de chumbo, de lítio, níquel cadmio e níquel hidreto metálico. No capítulo 3 foram apresentadas as topologias e técnicas de comutação de motores BLDC e de sistemas de carregamento de baterias. Inicialmente foi apresentado e descrito o princípio de funcionamento e o modelo matemático do motor BLDC, bem como o motor adquirido para o desenvolvimento da bicicleta elétrica. De seguida foram descritas as topologias de inversores de tensão e as técnicas de modulação aplicadas ao mesmo. Foram também apresentados e descritos o estado de carga da bateria, os modelos de circuitos equivalentes para modelar as baterias, e o algoritmo de controlo corrente constante seguido de tensão constante. Para finalizar este capítulo foi descrito e apresentado o conversor estático boost. No capítulo 4 foram apresentadas as simulações computacionais dos elementos constituintes da bicicleta elétrica. Inicialmente com base no modelo do motor BLDC disponível no programa PSIM, foram determinados os sinais provenientes dos sensores de Hall. Seguidamente foi simulado o circuito de controlo com base na modulação de onda quadrada a 120 graus sem controlo de velocidade, e com o motor a operar em vazio e em carga. Nestas simulações foram analisadas as correntes fornecidas ao motor Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho 111 Capítulo 6 – Conclusão e Sugestões de Trabalhos Futuros BLDC, as formas de onda das tensões compostas aplicadas ao motor, bem como o desempenho do motor BLDC para diferentes valores de carga. Posteriormente foi simulado o controlo de velocidade aplicado ao motor BLDC em vazio e em carga. No capítulo 5 foi descrita a implementação dos elementos desenvolvidos para a bicicleta elétrica, designadamente o circuito de controlo e o circuito de potência para o motor BLDC, bem como o circuito de potência e circuito de controlo do carregador de baterias. Numa primeira fase foram implementados os elementos desenvolvidos para o circuito de controlo, nomeadamente os sensores de corrente, o sensor de tensão, o sensor magnético e o sensor de posição, bem como os algoritmos de controlo, o LCD, os microcontroladores, e os parâmetros da bicicleta elétrica. Posteriormente foram implementados os circuitos desenvolvidos para o circuito de potência do controlador do motor BLDC nomeadamente o circuito de condicionamento de sinal, o conversor CCCC buck e o inversor fonte de tensão trifásico. Por fim, foram ainda implementados um conversor CC-CC boost, um regulador de tensão linear e um amplificador operacional, que se encontram integrados no circuito de potência do carregador de baterias. No capítulo 6, foram apresentados os resultados experimentais obtidos nos diversos ensaios, para tal foi utilizado a bancada de ensaios existente no laboratório do GEPE, de forma a aplicar carga mecânica constante ao motor BLDC. De seguida foram apresentados os resultados experimentais obtidos, para o ensaio do motor como gerador, no qual foi determinada a relação das tensões compostas em função dos sinais de saída dos sensores de Hall, de forma a determinar a sequência de comutações para o inversor fonte de tensão. Posteriormente foi realizado o ensaio ao motor BLDC em vazio, com o intuito de verificar o funcionamento do circuito de controlo desenvolvido. Seguidamente foram realizados os ensaios ao motor BLDC, para 3 valores de carga mecânica diferentes e registadas as formas de onda das tensões compostas e da corrente. Foi ainda realizado um ensaio experimental em regime permanente ao motor BLDC, com a bateria de lítio polímero como fonte de alimentação do barramento CC. Finalmente foi realizado o ensaio experimental ao circuito de potência do carregador de baterias implementado, sendo utilizado o algoritmo de controlo corrente constante seguido de tensão constante. No qual o valor da corrente constante foi de 1,5 A e o valor da tensão constante foi de 42 V. Com estes valores de tensão e de corrente, o carregamento da bateria de lítio polímero demorou cerca de 14 horas para ficar totalmente carregada. 112 Desenvolvimento de uma Bicicleta Elétrica Rui Jorge Fernandes Araújo - MIEEIC - Universidade do Minho Capítulo 6 – Conclusões e Sugestões de Trabalhos Futuros 7.2. Sugestões de Trabalhos Futuros Com os resultados obtidos nesta dissertação pode-se concluir que os elementos desenvolvidos para a bicicleta elétrica são adequados. Todavia, é necessário efetuar algumas alterações de forma a otimizar o desempenho da bicicleta elétrica. Assim sendo recomenda-se os seguintes desenvolvimentos: - Utilização de um microcontrolador específico para tratar da monitorização da bicicleta elétrica, uma vez que, com a utilização do mesmo microcontrolador para a monitorização e para o controlador do motor o sistema não tem tempo suficiente para executar todas as tarefas atribuídas. - Reduzir o tamanho das placas de circuito impresso do circuito de potência e do circuito de controlo desenvolvidas, ou até mesmo utilizar uma só placa para ambos; - Aquisição de células de lítio polímero separadas em vez da bateria adquirida, de forma a otimizar o espaço e a distribuição do peso na bicicleta elétrica. - Estudo, desenvolvimento e implementação de um sistema de travagem regenerativa, de forma a recuperar a energia cinética da bicicleta elétrica durante as travagens e descidas. - Implementação de um sistema BMS (Battery Management System), para obter um melhor rendimento no carregamento e descarregamento, bem como otimizar o número de ciclos de vida útil das baterias. - Desenvolvimento e implementação de um carregador de baterias de lítio polímero isolado, sem recorrer à utilização do atual carregador de baterias de computador portátil. 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