MEDO, QUEM NÃO TEM?

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MEDO, QUEM NÃO TEM?
Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá
Pedro Guerra / Lenine / Robney Assis
Imagine a cena: você está sozinho em casa e com exceção da TV, o silêncio é
total... A porta da cozinha bate repentinamente. Seu coração acelera e os
músculos enrijecem. Um segundo depois, você percebe que era apenas o
vento. Você, por um momento, sentiu tanto medo que reagiu como se sua
vida estivesse em perigo.
Todo mundo sente medo. Mas porque temos essa reação tão intensa?
Na biologia, o medo é considerado um importante elemento de preservação
da vida. Em algumas espécies ele já vem desde o nascimento, o medo inato.
A presença ou mesmo o odor de um gato é sinal de perigo para ratos que
nunca tiveram contato com felinos. O medo também pode ser aprendido por
condicionamento, surgido de uma experiência ruim que não queremos
reviver.
Muitos estudos vêm sendo feitos para se entender os circuitos anatômicos,
neurológicos e hormonais envolvidos no medo. Inicialmente o perigo é
percebido pelos nossos órgãos do sentido, como olhos e ouvidos, e, em
seguida, uma região do cérebro é ativada, o tálamo. Alguns pesquisadores
acreditam que o cérebro organiza padrões de fuga e luta antes que
tenhamos consciência plena do que causou o medo. Só então ocorre uma
resposta refinada, por circuitos cerebrais bem diferentes, que nos permite
definir se a situação é mesmo perigosa ou não.
O medo é importante, mas não dá para deixá-lo tomar conta da gente,
senão, a vida pára pelo medo de morrer e pelo medo de viver.
Texto originalmente escrito por Adlane Vilas-Boas para o programa Ritmos da Ciência, da Rádio
UFMG Educativa 104,5 FM, e adaptado por Michelle de Melo.
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