Comparação entre métodos de inoculação de Didymella bryoniae para seleção de porta-enxertos de melão rendilhado. Letícia Akemi Ito; Leila Trevizan Braz; Margarete Camargo. UNESP–FCAV, Departamento de Produção Vegetal, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, Jaboticabal–SP, 14884-900, e-mail: [email protected] RESUMO Avaliaram-se dois métodos de inoculação, de Didymella bryoniae, em diversos portaenxertos para melão rendilhado. O experimento foi dividido em dois Ensaios. No Ensaio I, foi utilizado o método descrito por Salles (2000), que utiliza uma suspensão de inóculos no coleto das mudas. No Ensaio II, foi utilizado o método descrito por Verzignassi et al. (2004), que utiliza um palito, contendo micélio do fungo, nas mudas. No Ensaio I, destacaram-se como resistentes os porta-enxertos: progênies de melancia 1a, 2a, 5a, 1b, 2b e 5b; as abóboras: Kirameki, Shelper, Ikky e Agroceres (canhão seca) e o maxixe. No Ensaio II, destacaram-se como resistentes apenas Shelper, Kirameki e ikky. O método do palito é o mais indicado para a inoculação de Didymella bryoniae e seleção de portaenxertos de melão rendilhado. Palavras-chave: Porta-enxertos, Didymella bryoniae, método de inoculação. ABSTRACT – Comparison among inoculation methods of Didymella bryoniae to rootstocks selections to Cucumis melo var. reticulatus. Evaluated two inoculation methods of Didymella bryoniae in several rootstocks to cucumis melo var. reticulatus. This experiment war share in two tests. Test I, was made the method described for Salles (2000), how utilize a inocule suspension on the seedlings. Test II was made the Verzignassi et al. (2004) method, who utilize a toothpick containig fungos, on the seedlings. Test I showed with resistantes the rootstocks: Watermelons progens 1a, 2a, 5a, 1b, 2b e 5b; the pumpkins: Kirameki, Shelper, Ikky and Agroceres and maxixe. Test II , it showed how more resistantes only the pumpikins: Shelper, Kirameki e Ikky. The toothpick method is more indicated to Didymella bryoniae inoculation and rootstocks selections. Keywords: Rootstocks, Didymella bryoniae, method of inoculation. INTRODUÇÃO O patógeno D. bryoniae, que vem ocasionando elevados prejuízos na cultura do melão, é de difícil isolamento em meio de cultura, pois apresenta crescimento micelial lento em relação aos contaminantes (SALLES, 2000). Testes de patogenicidade são feitos com diferentes métodos de inoculação. Um método testado por Siviero e Menten (1995) utilizou palito de dente colonizado com o micélio do fungo (Diaporthe phaseolorum f. sp. meridionalis) causador do cancro da haste em soja e comprovou a eficiência do método em reduzir o trabalho e o espaço de tempo para a avaliação da resistência de genótipos. Verzignassi et al. (2004) adaptaram o método descrito por Siviero e Menten (1995) para inoculação de D. bryoniae em melão rendilhado e pepino-japonês, obtendo resultados semelhantes, já que os sintomas evoluíram em curto espaço de tempo. Devido à dificuldade de isolamento do patógeno, este trabalho teve por objetivo, comparar método de inoculação de Salles (2000), ao de Verzignassi et al. (2004) de D. bryoniae em Cucurbitáceas. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa de vegetação, no Setor de Olericultura e Plantas Aromático-Medicinais, que pertence ao Departamento de Produção Vegetal e na casa de vegetação pertencente ao Departamento de Fitossanidade, situados na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Câmpus de Jaboticabal - UNESP. O fungo foi isolado da haste de meloeiro com sintomas característicos da doença. Foram realizados dois Ensaios. No Ensaio I, foram utilizados como tratamentos os genótipos: abóboras Ikky, Agroceres, Kirameki e Shelper; Progênies de melancia: 1a, 2a, 3a, 5a, 1b, 2b, 3b, 5b e o maxixe; a inoculação, realizada através da adição do inóculo, em que são adicionados 20 mL da suspensão de conídios (106 conídios por mL) sobre o coleto de cada muda, método descrito por Salles (2000) . A inoculação foi realizada quando as mudas apresentavam duas folhas definitivas. As avaliações foram realizadas de 15 em 15 dias após a inoculação. No Ensaio II, foram utilizados como tratamentos: as abóboras Ikky, Agroceres, Shelper; Progênies de melancia: 1a, 5a, 1b e 5b; maxixe e melão ‘Base’; a inoculação realizada através do método do palito, com micélio de fungo, nas mudas, método descrito por Verzignassi (2004). A inoculação foi feita cinco dias após o transplantio. Na ocasião da inoculação, as plantas foram mantidas em câmara úmida, por 48 horas. Passado este período estas retornaram à casa de vegetação. As avaliações foram realizadas de cinco em cinco dias após a inoculação. O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, constando o Ensaio I, de 13 tratamentos e quatro repetições (cada parcela foi constituída por um vaso contendo duas plantas) e o Ensaio II, de nove tratamentos e quatro repetições (cada parcela constituída por um vaso contendo três plantas). As avaliações dos Ensaios foram realizadas através de uma escala de notas adaptadas por Dusi, Tasaki e Vieira (1994). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, e as médias, comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1, são apresentados os resultados das três primeiras avaliações (ao; 15, 30 e 45 dias após a inoculação) do Ensaio I. Não foram observadas lesões características de cancro da haste, porém a progênie 3b mostrou-se suscetível nas avaliações realizadas aos 60 dias e aos 75 dias (Tabela 2) da inoculação, entretanto não atingiu nota 2. A progênie 3a mostrou resistência menor, entretanto não atingiu nota 2. As progênies: 1a, 2a, 5a, 1b, 2b e 5b, as abóboras: Kirameki, Shelper, Ikky e Agroceres (canhão seca) e o Maxixe mostraram-se resistentes à D. bryoniae. Os resultados encontrados com os genótipos de abóboras e de maxixe coincidiram com os resultados de Salles (2000), ou seja, mostraram-se resistentes ao cancro da haste. No Ensaio II as avaliações foram realizadas de cinco em cinco dias após a inoculação (Tabela 2). Na primeira avaliação, foram observadas lesões encharcadas características de cancro-da-haste e morte de todas as plantas das progênies de melancia. Já no maxixe e no melão ‘Base’, as lesões encharcadas foram evoluindo até a exsudação de goma (Figura 11) e morte de algumas plantas. As abóboras: Agroceres, Ikky e Shelper não obtiveram sintomas característicos da doença, e todas permaneceram vivas, assim como todas as testemunhas de cada tratamento que foram inoculadas apenas com o palito contendo meio de BDA sem colônia do fungo. O método de inoculação de D. bryoniae por meio do “palito” é mais eficiente que o método que utiliza a suspensão de conídios sobre o coleto da planta, na seleção de portaenxertos para melão rendilhado. LITERATURA CITADA DUSI AN; TASAKI S; VIEIRA JV. 1994. Metodologia para avaliação de resistência à Didymella bryoniae em melão. Horticultura Brasileira 12: 43-44. SALLES MA. 2000. Reação de genótipos de melão e porta-enxertos ao oídio e/ou ao cancro-da-haste e na compatibilidade da enxertia. 38f. Monografia (Trabalho de Graduação em Agronomia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal. SIVIERO A; MENTEN JOM. 1995. Uso do método do palito para inoculação de Diaporthe phaseolorum f. sp. meridionalis em soja. Summa Pytopathologica. Jaguariúna, v.21, n:3-4, p. 259-260. VERZIGNASSI JR; VIDA JB; GASPAROTTO F; CORTEZ GLS; LORENZETTI ER; FARIA GS; TESSMANN DJ; SEVERINO JJ. 2004. Método do palito para inoculação de Didymella bryoniae em melão nobre e pepino “japonês”. Fitopatol. Bras., Brasília, v. 29 (suplemento), p. 154. Tabela1. Médias das notas atribuídas aos sintomas de cancro da haste, nos portaenxertos, aos 60 e 75 dias após a inoculação com Didymella bryoniae, utilizando o método descrito por Salles (2000), Ensaio I. UNESP-FCAV, Jaboticabal – SP, 2006. GENÓTIPOS 60 dias 75 dias 2 1 NOTAS NOTAS NOTAS NOTAS2 Progênie de melancia 1a 0,00 1,00 b3 0,00 1,00 b3 Progênie de melancia 2a 0,00 1,00 b 0,00 1,00 b Progênie de melancia 3a 0,44 1,18 ab 0,44 1,18 ab Progênie de melancia 5a 0,00 1,00 b 0,00 1,00 b Progênie de melancia 1b 0,00 1,00 b 0,00 1,00 b Progênie de melancia 2b 0,06 1,03 b 0,06 1,03 b Progênie de melancia 3b 0,75 1,30 a 0,88 1,35 a Progênie de melancia 5b 0,00 1,00 b 0,00 1,00 b Kirameki 0,00 1,00 b 0,00 1,00 b Shelper 0,00 1,00 b 0,00 1,00 b Maxixe 0,00 1,00 b 0,00 1,00 b Ikky 0,00 1,00 b 0,00 1,00 b Agroceres 0,00 1,00 b 0,00 1,00 b CV (%) 9,17 9,05 DMS (Tukey, 5%) 0,2389 0,2367 1 NOTAS: 0 - ausência de sintomas visíveis; 1 - lesão encharcada na haste da planta até 1cm de diâmetro; 2 - lesão encharcada na haste da planta com mais de 1cm de diâmetro; 3 - lesão parcialmente necrosada na haste com murcha parcial da planta; e 4 - necrose da haste com murcha total e morte da planta; 1 Médias transformadas em x + 1 ; Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem significativamente, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. 2 3 Tabela 2. Médias das notas atribuídas aos sintomas de cancro da haste, nos portaenxertos, aos 20 dias após a inoculação com Didymella bryoniae, utilizando o método descrito por Verzignassi et al (2004), Ensaio II. UNESP-FCAV, Jaboticabal – SP,2006 Genótipos Notas1 Notas2 Maxixe 2,23 1,80 b3 Melão Base 2,36 1,82 b Progênie de melancia 1a 4,00 2,24 a Progênie de melancia 5a 4,00 2,24 a Progênie de melancia 1b 4,00 2,24 a Progênie de melancia 5b 4,00 2,24 a Shelper 0,00 1,00 c Ikky 0,00 1,00 c Agroceres 0,00 1,00 c CV (%) 4,78 DMS (Tukey, 5%) 0,1987 1 NOTAS: 0 - ausência de sintomas visíveis; 1 - lesão encharcada na haste da planta até 1cm de diâmetro; 2 - lesão encharcada na haste da planta com mais de 1cm de diâmetro; 3 - lesão parcialmente necrosada na haste com murcha parcial da planta, e 4 - necrose da haste com murcha total e morte da planta; Médias transformadas em x + 1 ; Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem significativamente, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. 2 3