o município de tiradentes (mg): uma análise sobre - Unifal-MG

Propaganda
O MUNICÍPIO DE TIRADENTES (MG): UMA ANÁLISE SOBRE
DINÂMICA POPULACIONAL
André Ferreira
Email: [email protected]
Graduando em Geografia pela Universidade Federal de São João del-Rei
Marcio Toledo
Email: [email protected]
Professor Adjunto do Departamento de Geociências UFSJ.
Rafael Begname Andrade
Email: [email protected]
Graduando em Geografia pela Universidade Federal de São João del-Rei
Paula Resende Santos
[email protected]
Graduanda em Geografia pela Universidade Federal de São João del-Rei
Resumo
A população brasileira tem sofrido profundas transformações nas últimas três décadas,
o crescimento demográfico e o avanço das tecnologias transformaram o modo de vida
do homem, repercutindo na economia, no meio urbano e rural. Um dos fatores
transformantes da dinâmica populacional é a emancipação municipal, que se
intensificou no Brasil nas décadas de 1950 e 1960 e foi restringida no período do
Governo Militar, retomando após a década de 1980 e a promulgação da Constituição
Federal de 1988, quando os municípios como entes federativos passaram a
desempenhar um papel mais importante na administração pública. Os motivos para
uma emancipação são diversos e refletem as características do lugar, no entanto o
principal motivo para a criação de municípios é a existência de condições econômicas
favoráveis para manutenção do mesmo, como foi o caso da emancipação do
município de Santa Cruz de Minas, que até 1996 pertencia ao município de
Tiradentes. Diante desse acontecimento, esta pesquisa busca fazer uma análise da
população de Tiradentes, que nos gráficos e estudos demográficos sofre, no decorrer
de algumas décadas, diversos déficits populacionais devido às várias emancipações
ocorridas. Elaborada através de busca em acervos históricos, dados municipais e de
cartório, a pesquisa confirma a transição demográfica que vêm ocorrendo no Brasil
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
1239
nos últimos anos, dentro de uma escala municipal, como o aumento da expectativa de
vida, e dados que representam através de números a mudança do modo de vida do
homem, assim como a transformação do espaço onde vive.
Palavras chave: transição demográfica, dinâmica populacional, emancipação. Eixo8: Geografia
Urbana.
Abstract:
The Brazilian population has been suffering profound transformations in the last three
decades, population growth and advancement of technologies have transformed the
way of life of man, in the cities and the countryside. One of the transformants factors of
population dynamics is the municipal emancipation that, is intensified in Brazil in the
1950s and 1960s and decreased in the period of the Military Government, resuming
after the 1980 and the promulgation of the Constitution of 1988, when the
municipalities as federative entities have come to play a greater role in public
administration. The grounds for emancipation are diverse and reflect the characteristics
of the place, however the main reason for the creation of municipalities is the existence
of favorable economic conditions for maintenance of the same, as in the case of the
emancipation of the municipality of Santa Cruz de Minas, which until 1996 belonged to
the city of Tiradentes. Given this event, this research seeks to analyze the population
of Tiradentes, who in the graphics and demographic studies suffer in the course of a
few decades, the diverse population deficits occurred due to various emancipation.
Drawn up by searching historical collections, municipal databases and registries,
research confirms the demographic transition taking place in Brazil in recent years,
inside a municipal scale, as increased life expectancy, and data representing by
numbers the change of the way of life of man as well as the transformation of the
space where he lives.
Keywords: demographic transition, population dynamics, emancipation. Shaft 8: Urban
Geography.
1. Introdução
Este artigo apresenta o resultado dos estudos sobre a dinâmica populacional
do município de Tiradentes (Minas Gerais) e está baseado, principalmente, em dados
dos Censos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), década
após década, entre 1920 e 2010 (exceto em 1930, quando não houve Censo), dados
da Fundação João Pinheiro, da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros e de outros
estudos realizados pelo IBGE. Dados relacionados à natalidade e aos óbitos e
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
1240
casamentos foram obtidos em trabalho de campo junto ao Cartório de Registros do
município.
O objetivo desta pesquisa é demonstrar o processo de transformação no perfil
da população deste pequeno município mineiro ao longo do período estudado. Esta
investigação auxiliou a compreensão das oscilações populacionais ocorridas em
determinados períodos da história de Tiradentes, como veremos no corpo do texto, e
das transformações pelas quais o território mineiro vem passando ao longo do tempo
(como processos de desmembramento, redivisão, transferência, entre outros).
O município de Tiradentes, distante aproximadamente 190 quilômetros de Belo
Horizonte situa-se na chamada Mesorregião do Campo das Vertentes. A atual divisão
territorial do estado de Minas Gerais em 12 Mesorregiões foi feita pelo IBGE e tem
como principal finalidade a elaboração de políticas públicas levando em conta a
localização de atividades econômicas, sociais e tributárias contribuindo para as
atividades de planejamento, estudos e identificação das estruturas espaciais de
regiões metropolitanas e outras formas de aglomerações urbanas e rurais (IBGE,
2010). A fixação de mesorregiões baseia-se na relação social, no quadro natural como
condicionante e a rede de comunicação e de lugares como elemento da articulação
espacial.
1.1 Histórico do Município
Segundo Ferreira (1959, p. 352), os primeiros desbravadores chegaram à
região onde hoje se encontra o município de Tiradentes por volta de 1702 atraídos
pelo ouro. Com a fixação de muitos garimpeiros desenvolveu-se na região um
povoado com certa notoriedade, onde ocorreu, por exemplo, os conflitos entre
paulistas e emboabas (IBGE, 2010).
Em 12 de janeiro de 1719 foi criado o Município denominado São José do Rio
das Mortes, instalado a 28 do mesmo mês e ano, que mais tarde teve o nome trocado
para São José del Rei. O primeiro nome atribuído ao lugar, antes da elevação a
município, foi São José da Ponta do Morro, também chamado Arraial Velho do Rio das
Mortes e Arraial de Santo Antônio (Fundação João Pinheiro, 1980)
A criação do distrito se deu em 16 de fevereiro de 1724 e em virtude da Lei
provincial n.° 1.092, de 7 de outubro de 1860, foi à sede municipal elevada à categoria
de cidade, à qual, por Decreto estadual n.° 3, de 6 de dezembro de 1889, foi dado o
atual nome, Tiradentes.
Pela Lei estadual n.º 2.764, de 30 de dezembro de 1962, houve a criação de
Santa Cruz de Minas, distrito de Tiradentes. Com a Lei nº 12.030, de 21 de dezembro
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
1241
de 1995, o município de Santa Cruz de Minas foi desmembrado e emancipado do
município de Tiradentes pela Lei nº 12.050 em 29/12/1995, resultando em um grande
declínio populacional para a cidade de Tiradentes que possuía uma população
absoluta de 10236 habitantes (IBGE, 1991) e passou a ter uma população de 5759
habitantes (IBGE, 2000).
Atualmente, o município de Tiradentes, possui uma população de 6991
habitantes (IBGE, 2010) e ocupa uma área de 83,047 km² dispostos sobre um bioma
de Mata Atlântica.
1242
1.2 A análise da Estrutura da População
Para realizarmos a análise da estrutura da população do município de
Tiradentes (MG) ao longo do tempo, foram necessários ajustes e cálculos que nos
permitissem realizar a análise comparativa de dados que haviam sido coletados de
forma distinta. Cada Censo, principalmente os primeiros, organizou os dados de
acordo com as metodologias disponíveis em sua época e agrupou as informações de
maneira diferente.
Nos primeiros Censos estudados, de 1920 a 1950, por exemplo, há poucos
dados sobre a população. Eles se limitam a dados quantitativos da população absoluta
e sua separação entre homens e mulheres, além da apresentação do número de
eleitores no censo de 1950.
Para os anos de 1960 e 1970, foi possível construirmos uma pirâmide etária,
separando a população por sexo e idade, agrupada de quatro em quatro anos, de 0
até 29 anos. A partir desta faixa etária, os dados foram agrupados de nove em nove
anos até 70 anos. Toda a população acima desta idade é somada em apenas uma
faixa etária (pessoas acima de 70 anos).
A pirâmide etária do censo de 1980 se diferencia das anteriores por separar as
faixas etárias de quatro em quatro anos de 0 a 69, mas é semelhante ao agrupar em
uma faixa etária as pessoas acima de 70 anos. No censo de 1991, os dados de
estrutura etária e sexual da população não foram disponibilizados.
Em 2000 e 2010, a pirâmide etária, agrupa as faixas etárias de quatro em
quatro anos, de 0 a 99, separando em uma faixa etária as pessoas acima de 100
anos, que, ao contrário das anteriores, aumenta significantemente o número de faixas
etárias, permitindo uma maior visualização da distribuição por idade e sexo da
população idosa.
2. A estrutura da População em Tiradentes (Minas Gerais)
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
De acordo com dados coletados no escritório do IBGE, no município de São
João del-Rei (MG), o censo de 1920 contabilizou a população total em 5787 habitantes
em Tiradentes. Esse número decresceu para 3444 habitantes no censo de 1940. O
intervalo entre os dois censos é de vinte anos, haja vista que em 1930 não foi
realizado o censo. Evidências apontam que esse declínio populacional foi devido à
transferência do distrito de Barroso para o município de Dores de Campos, além de
parte da área do distrito-sede para o município de Prados, de acordo com o Decretolei n°148 de 17 de dezembro de 1938.
Conforme os dados do recenseamento de 1950, o município de Tiradentes
possuía uma população de 3727, sendo 1846 homens e 1881 mulheres, que
utilizavam do comércio, indústria, pecuária leiteira e agricultura como meio de
sobrevivência, caracterizando um município rural, com aproximadamente 70% da
população vivendo no campo e apenas 30% na sede. Naquela época, a cidade
possuía um único telefone e já um cinema e um pleito eleitoral de 1007 inscritos,
sendo que 648 votaram nas eleições de 1955 (ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS
BRASILEIROS, 1980).
Com o crescimento da cidade, em 1960, ocorreu a construção dos 5
quilômetros de asfalto, que ligam o município de Tiradentes a São João del-Rei
através da BR-265. De acordo com estudos demográficos apresentados pela
Fundação João Pinheiro (1980), embasados Censo de 1960 a população era de 4640
habitantes, grande parte constituída por crianças e jovens.
Gráfico 1 – Pirâmide etária em dados absolutos de Tiradentes em 1960
Fonte: Fundação João Pinheiro, 1980.
Organização dos autores.
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
1243
Verifica-se que de 1960 a 1970, o município cresceu uma taxa anual de 1,75%,
enquanto a área urbana de Tiradentes cresceu no mesmo período uma taxa de 2,24%
ao ano, possuindo em 1970, 5518 habitantes, 4081 na cidade e 1437 na zona rural. O
censo de 1970 evidencia uma considerável redução da população entre 20 e 29 anos,
tanto feminina quanto masculina, devido à provável migração desta população em
busca de melhores condições de trabalho e estudos fora dali. No entanto, a população
entre 30 e 39 anos, permaneceu no município em função da indústria da prata, que
teve um crescimento neste ano, mas que decaiu a partir de 1975 (FUNDAÇÃO JOÃO
1244
PINHEIRO, 1980).
Gráfico 2 – Pirâmide Etária em dados absolutos de Tiradentes em 1970
Fonte: Fundação João Pinheiro, 1980.
Organização dos autores.
Em ambas as pirâmides nota-se um gradativo afunilamento para o topo,
enquanto as bases são excessivamente largas. Tal fato poderia ser explicado pelo
índice de natalidade, mortalidade e migração, isto é, o alto índice de natalidade é
responsável pela base larga das pirâmides e seu afunilamento é explicado pelos
constantes movimentos migratórios e taxas de mortalidade, verificadas pela gradativa
queda populacional dos grupos etários acima de 60 anos.
O Censo de 1980 aponta um crescimento populacional: foram contabilizados
7.637 habitantes, 6.109 na área urbana e 1532 na área rural. A pirâmide etária de
Tiradentes indica que a população continua jovem, como foi evidenciado em 1970,
porém a expectativa de vida aumentou, ao observar o topo da pirâmide nota-se que
ela está maior do que a observada em 1970. O censo da década de 1980 contabilizou
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
1226 residências no município sendo que deste número, 236 eram alugadas e o
restante quitados.
Gráfico 3: Pirâmide Etária em dados absolutos de Tiradentes em 1980
1245
Fonte: IBGE, 1980.
Organização dos autores.
Segundo o recenseamento de 1991, a população total de Tiradentes girava em
torno de 10.236 habitantes, sendo esta população dividida em 8.892 urbana e 1.344
rural. Junto com a população, o número de residências também cresceu, passando de
1.226 em 1980 para 2.446, em 1991.
Uma nova contagem foi realizada em 1996, contabilizando 11695 habitantes,
sendo destes 10168 residentes na área urbana e 1527 residentes na zona rural,
porém, esta contagem parece inserir também a população do distrito de Santa Cruz de
Minas que, com a Lei nº 12.030, de 21 de dezembro de 1995, desmembrou-se do
município de Tiradentes, como mostrado anteriormente. A queda da população em
Tiradentes no censo de 2000 foi evidente, registrando 5759 habitantes, fato explicado
pela emancipação de Santa Cruz de Minas.
A pirâmide etária do ano de 2000 mostra que a população de Tiradentes, que
nos 1970 e 1980 eram de jovens e crianças, tornou-se adulta. As taxas de natalidade
reduziram concomitantes as taxas de mortalidade que apontam uma tendência da
população Tiradentina para o envelhecimento.
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
Gráfico 4: Pirâmide Etária em dados absolutos de Tiradentes em 2000
1246
Fonte: IBGE, 2000.
Organização dos autores.
Em 2010 a população absoluta do município era de 6961 habitantes, sendo
destes, 1585 residentes em área rural e 5376 residentes na área urbana. O número de
residências cresceu: no censo de 1991 havia 2446, enquanto o censo de 2010 indica
3162 residências. O censo de 2010 contabilizou 42 estrangeiros vivendo em
Tiradentes e 6 estrangeiros naturalizados brasileiros.
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
Gráfico 5: Pirâmide Etária em dados absolutos de Tiradentes em 2010
1247
Fonte: IBGE, 2010.
Organização dos autores.
A evolução populacional de Tiradentes apresenta dois momentos distintos e
significativos de declínio. O primeiro, entre 1920 e 1940 pode ser explicado pela
transferência do distrito Barroso para Dores de Campos, além de parte da área do
distrito-sede para o município de Prados, como já vimos. Depois deste evento a
população segue em crescimento até 1991, quando ocorre o segundo decréscimo
populacional, relacionado ao desmembramento e emancipação de Santa Cruz de
Minas, também já analisado. Após este evento a população volta a crescer como
demonstra o censo de 2010.
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
Gráfico 6: Evolução populacional de Tiradentes de 1920 a 2012.
1248
Fontes: Censos do IBGE, 1920, 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010. DataSUS,
2013.
Organização dos autores.
* Em 1930 não houve Censo.
2.1 Natalidade, Mortalidade e Casamentos
Os quadros abaixo representam o índice de natalidade e mortalidade no
município de Tiradentes, deixando evidente, desde a década de 1970, a tabulação
separada dos dados entre Tiradentes e o então distrito de Santa Cruz de Minas. Os
números revelam que, em onze anos, os índices de natalidade foram maiores 77,41%
que os de mortalidade, com picos máximos em 1976 (86,21%) e mínimos em 1970
(64,97%). Uma comparação entre os dois distritos mostra que Santa Cruz possui
índices de natalidade e mortalidade menores que os de Tiradentes, porém a
população do distrito era menor que a da sede municipal.
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
Tabela 1: Índices de mortalidade entre 1970 e 1980 no município de Tiradentes
ANO
ÓBITOS EM SANTA CRUZ
ÓBITOS NA SEDE
TOTAL
MUNICIPAL
1970
21
27
48
1971
13
16
29
1972
16
24
40
1973
19
34
53
1974
12
33
45
1975
15
28
43
1976
07
21
28
1977
07
32
39
1978
11
23
34
1979
11
19
30
1980
04
49
53
TOTAL
136
306
442
1249
Fonte: Cartório Municipal de Tiradentes apud SENAC, OMC e SINTEFOR (1981).
Organização dos autores.
Tabela 2: Índices de natalidade de 1970 a 1980 no município de Tiradentes
ANO
NATALIDADE SANTA
NATALIDADE
CRUZ
SEDE DO
TOTAL
MUNICÍPIO
1970
77
60
137
1971
86
76
162
1972
81
120
201
1973
91
128
219
1974
89
106
195
1975
79
91
170
1976
88
115
203
1977
83
81
164
1978
80Tiradentes apud SENAC, OMC84
Fonte: Cartório Municipal de
e SINTEFOR (1981). 164
Organização dos autores.
1979
85
124
209
1980
94
81
175
TOTAL
933
1066
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
1999
Em 1980 a população feminina era de 2270 mulheres, deste número, 1509 já
tinham filhos. O total de filhos tidos no município de Tiradentes era de 8351, sendo
que 6148 estavam vivos.
Dados coletados no cartório de Tiradentes mostram o número de nascidos no
município, entre 1972 a 2013. Os dados não possuem muita precisão, mas é possível
notar a tendência da população, que reduz os índices de natalidade a partir da década
de 1980, tem um aumento significativo de nascidos entre 1998 e 2008 e depois volta a
ter um decréscimo da natalidade.
Gráfico 7: Gráfico de barras dos registros de nascimentos entre maio de 1972 e
junho de 2013
Fonte: Cartório de Registros de Tiradentes, 2013.
Organização dos autores.
Havia no Cartório de Registros de Tiradentes 356 óbitos registrados entre 1973
e junho de 2013 (livro 5-C). De acordo com informações coletadas em campo, a
pequena quantidade de óbitos registrados no município deve-se ao fato das
internações hospitalares serem realizadas em São João del-Rei, e neste caso, os
óbitos são registrados na cidade onde ocorre o falecimento.
A Fundação João Pinheiro fez um levantamento das principais causas de morte
em Tiradentes entre os anos de 1970 e 1980. Nota-se que 60% das causas são por
falta de assistência médica, que na época era precária, além da dificuldade de
locomoção para outros centros. Atualmente, a cidade oferece primeiros socorros e
uma maior mobilidade para que os pacientes sejam transportados para outros centros
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
1250
com
hospitais
mais
bem
equipados.
Tabela 3: Causas mortais em Tiradentes entre os anos de 1970 e 1980
CAUSAS MORTAIS
PERCENTUAL
Insuficiência cardíaca e doenças do
13%
coração
Gastroenterite
6%
Colapso e enfarte
5%
Pneumonia e similares
5%
Hemorragias cerebrais e similares
2%
Politraumatismos
Fonte: Fundação João Pinheiro, 1980.
2%
Organização dos autores.
Morte natural
7%
De 1966 a junho de 2013 foram feitos 1286 registros de casamentos. Em trinta
Mortos sem assistência médica
60%
anos (1966 a 1996) foram registrados 900 casamentos, uma média de 300
casamentos por década, porém, de 1996 a 2006 o número reduziu para 200. O
cartório possui 186 registros de casamento de 2006 até junho de 2013.
Gráfico 8: Registro de casamentos em Tiradentes de 1966 a junho de 2013
350
300
250
200
150
100
50
0
05/1966 a
04/1976
05/1976 a
02/1986
02/1986 a
10/1996
10/1996 a
12/2006
Fonte: Cartório de Registros de Tiradentes, 2013.
Organização dos autores.
3. Considerações Finais
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
12/2006 a
06/2013
1251
O município de Tiradentes, ao longo do tempo, “perdeu” território em função da
independência dos distritos ou perda de área para outros municípios. Desde 1920 até
o último censo, 2010, o município passou por duas significativas quedas populacionais
possivelmente justificadas pela por estes fenômenos.
Para o período estudado, observamos uma mudança significativa no perfil da
população tiradentina, em 1920, 70% da população total residia no campo e em 2010
aproximadamente 29% da população total reside na área rural (IBGE, 2010). Este
processo de êxodo rural ocorreu em todo país, devido à intensa mecanização das
atividades agrícolas e a grande busca de melhores empregos e condições de vida nos
grandes centros.
Tiradentes que tem a base das pirâmides largas entre 1960 até 2000, com alta
taxa de natalidade, em 2010 tem uma redução expressiva da taxa de natalidade,
indicando um possível envelhecimento da população para os próximos anos. Além
disso pode-se observar que a expectativa de vida aumentou, de 1960 para 1970 o
número de mulheres com mais de 70 anos dobrou, tendência esta que se manteve até
os dias atuais. Nota-se também que com o desmembramento de Tiradentes e Santa
Cruz de Minas, grande parte da população com idade superior a 70 anos passou a
fazer parte do novo município.
A partir dos estudos aqui apresentados, observa-se seguindo o padrão
brasileiro, que Tiradentes, no decorrer dessas décadas e até os dias atuais, vêm
passando por um momento de transição demográfica, como mostram as pirâmides,
apresentando um crescimento da população idosa e diminuição da população jovem e
da taxa de natalidade. Segundo Alves (2008, p.5) essa transição é fruto de diversos
fatores
culturais
e
socioeconômicos.
As
pirâmides
etárias
deixam de
ser
predominantemente jovens para iniciar um processo progressivo de envelhecimento,
devido principalmente a queda da taxa de fecundidade, o que provoca mudanças no
tamanho das diversas coortes etárias e modifica o peso proporcional dos diversos
grupos de idade no conjunto da população.
4. Referencias Bibliográficas
ALVES, José Eustáquio Diniz. A transição demográfica e a janela de
oportunidades. Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial. 13p. São Paulo,
2008.
FERREIRA, Jurandyr Pires. Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. 29 de maio
de 1959.
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
1252
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Disponível em: <
http://www.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/perfil.php?codmun=316880 >. Acesso em:
18 jun. de 2013.
IBGE.
Mesorregiões
e
Microrregiões.
Disponível
em:
<
http://www.mg.gov.br/governomg/ecp/contents.do?evento=conteudo&idConteudo=695
47&chPlc=69547&termos=s&app=governomg&tax=0&taxp=5922>. Acesso em: 16 jun.
2013.
OIT/ CINTERFOR/ SENAC. Pesquisa sobre condições de trabalho e qualidade de
vida no município de Tiradentes, Estado de Minas Gerais - Brasil: Relatório Final.
Setembro, 1981.
OLIVEIRA, Jorge dos Santos. Subsídios visando a Elaboração de um Plano Diretor
para o município de Tiradentes. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) Universidade Federal Fluminense, Niterói.
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Organização espacial e preservação do centro
histórico de Tiradentes. Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação
Geral. Belo Horizonte, 1980.
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
1253
Download