A IMPORTÂNCIA DAS MONITORIAS PARA A FORMAÇÃO DO ACADÊMICO DO CURSO DE MATEMÁTICA – LICENCIATURA, MODALIDADE PRESENCIAL, DA UNISUL. Dalmo Gomes de Carvalho Paloma Nandi Fabro RESUMO Este artigo tem como proposta apresentar o relato de uma pesquisa realizada com o objetivo de verificar a importância das monitorias para a formação do acadêmico do curso de Matemática, modalidade presencial, da UNISUL. A pesquisa foi realizada durante segundo semestre de 2008 com estudantes do curso que comumente freqüentam esta atividade oferecida pelo curso, desde 2001. Os resultados desse estudo foram obtidos através de entrevistas estruturadas com um grupo de seis alunos. Esta investigação possibilitou perceber que a monitoria é uma atividade de apoio discente ao processo de ensino do professor e de aprendizagem do aluno que apresenta dificuldade de aprendizagem em determinados conteúdos desenvolvidos em sala de aula. Ficando evidente na fala dos alunos entrevistados as contribuições que a monitoria oferece aqueles que apresentam dificuldade de aprendizagem em sala de aula. Também, constamos que o espaço físico utilizado para atendimento, disponibilidade de horários e quantidade de monitores merecem adequações para melhor efetivação dessa atividade. Palavras-chave: Monitoria. Ensino-aprendizagem. Dificuldade de aprendizagem. Docente da UNISUL. Graduação em Matemática. Especialista em Matemática Superior e Mestre em Engenharia de Produção pela UFSC. Graduada em Matemática e cursando Especialização em Educação Matemática pela UNISUL. 1 INTRODUÇÃO Este trabalho apresenta as principais conclusões da pesquisa, subsidiada com bolsa do Art 1701, assim conhecida no meio acadêmico catarinense e pela UNISUL, realizada com o objetivo de avaliar a importância das monitorias no processo de ensino-aprendizagem, na visão dos alunos matriculados e que habitualmente utilizam os serviços do curso de Matemática da UNISUL, modalidade presencial, dos Campi de Araranguá/SC e Tubarão/SC, a partir da implantação do PPC de 2001-2. Para realização da pesquisa, utilizamos como instrumento de coleta de dados a entrevista individual estruturada com alunos matriculados e que normalmente utilizam esta atividade de ensino-aprendizagem. As entrevistas foram desenvolvidas, individualmente, com seis alunos, no final do segundo semestre de 2008. Queríamos, com a entrevista, permitir que os alunos revelassem o que pensam sobre os serviços de monitorias e sua relação de ensino-aprendizagem com o monitor. O referencial teórico tomado como suporte foram as resoluções da UNISUL sobre monitorias, o projeto pedagógico do curso de Matemática (2001) e os trabalhos de FARIA (2003), SCHNEIDER (2006, 2007) publicados sobre o tema. 2 As Monitorias: Possibilidade de Ensino-Aprendizagem Encontrar dificuldades de aprendizagem em sala de aula está se tornando cada vez mais comum no meio acadêmico, devido à defasagem de conteúdos básicos nos diversos níveis de ensino e áreas de conhecimento, vinda desde as primeiras séries iniciais do sistema escolar. Essas dificuldades de aprendizagem devem ser supridas em todas as fazes curriculares, independentemente do nível de ensino, com destaque para a escolaridade superior, para que tenhamos uma formação mais eficiente, atendendo, dessa forma, as novas exigências profissionais que a sociedade impõe. 1 Art 170: É o artigo da Constituição Estadual de Santa Catarina que concede bolsas de estudo e bolsas de pesquisa, para o pagamento total ou parcial das mensalidades dos alunos economicamente carentes, regularmente matriculados nos cursos de graduação das instituições de Ensino Superior. Este artigo foi alterado pela LEI COMPLEMENTAR Nº 420, de 01 de agosto de 2008 que alterou o art. 2º da Lei Complementar Nº 281, de 2005, que regulamenta o referido artigo. Segundo Haag et al (2008, p. 1) “a monitoria é um serviço de apoio pedagógico que visa oportunizar o desenvolvimento de habilidades técnicas e aprofundamento teórico, proporcionando o aperfeiçoamento acadêmico”. Neste pressuposto Faria (2003), afirma que a monitoria pode ser entendida também como um espaço de cooperação entre os alunos empenhados em construir o conhecimento em colaboração, pois esta interação é um espaço criado para que eles possam fazer todas as perguntas que quiserem. A atividade de monitoria é, sem dúvida, uma forma de contribuir para um conhecimento mais vasto para o monitor e propiciando maior experiência através da orientação do processo de ensino-aprendizagem, visto que auxilia os alunos na apreensão e na produção do conhecimento, possibilitando um maior entendimento dos assuntos apresentados em sala de aula. Para Baraúna (2001 apud SCHNEIDER, 2004), o trabalho de monitor tende a promover e instigar o aluno por meio de constante acompanhamento e assessoria, garantindo a eficácia no processo ensino-aprendizagem. Pois, o mesmo tende a estudar mais para estar preparado para as dificuldades encontradas por seus colegas, e com isto tornasse um facilitador do conhecimento. Segundo Faria & Schneider (2004-mimeo), o trabalho de monitoria pode ser compreendido como uma atividade de apoio discente ao processo de ensino-aprendizagem, pois ao mesmo tempo o aluno monitor passa a ter um trabalho conjunto com seu orientador através da troca de informações importantes e construtivas em sua iniciação a docência. Na atividade de monitoria cada individuo integrante reorganiza os conhecimentos já adquiridos e passa a querer completá-las de forma mais complexa, mas de acordo com suas necessidades. Como afirma Schneider (2007), do mesmo modo que o monitor se torna um “auxiliar” do professor ele tende a ser um “programador de atividades”, ou melhor, dizendo um “facilitador” do aprendizado em sala de aula, mostrando que a relação de ensinoaprendizagem torna-se especial pelo trabalho em conjunto entre professor-alunos, alunosalunos. No processo de querer aprender mais e ao mesmo tempo ajudar os outros, a monitoria tornasse um ato de consciência ética para consigo, fazendo com que o ser humano goste de transmitir, melhor dizendo, trocar conhecimentos com seus colegas, sem menosprezar suas dificuldades e seus medos, sempre ajudando e incentivando a alcançarem o conhecimento esperado. Neste contexto, a monitoria proporciona uma experiência muito valiosa tanto para o aluno monitor quanto para o aluno que a freqüenta, principalmente em um curso de formação de professores. 3 As Monitorias na UNISUL e no Curso de Matemática Na Universidade do Sul de Santa Catarina-UNISUL, as monitorias estão regulamentadas na Resolução 47/2007 GR, de 12 de novembro de 2007, que “dispõe sobre a regulamentação do Programa de Monitorias para os cursos de graduação e para os cursos superiores de tecnologia”. Nesta resolução “entende-se por monitoria uma atividade de ensino e de aprendizagem, vinculada às necessidades de formação acadêmica do aluno e oferecida em uma ou mais disciplinas afins dos cursos de graduação e dos cursos superiores de tecnologia”. Essa proposta de atividade acadêmica esta inserida no projeto pedagógico do curso de Matemática, em conformidade com Lei nº. 5540/68, de 28 de novembro de 1968, que “fixa normas de organização e funcionamento de ensino superior e sua articulação com a escola Média e dá outras providências”, determinando, em seu Art. 41, que “as universidades deverão criar as funções de monitor para alunos do curso de graduação que se submeterem a provas específicas, nas quais demonstrem capacidade de desempenho em atividades técnicodidáticas de determinada disciplina”. Nesse contexto o exercício de monitorias tem permitido ao acadêmico monitor vivenciar e auxiliar os alunos com dificuldade em conteúdos clássicos da Matemática, bem como, auxiliar o docente orientador em refletir sua metodologia implicando “num fazer” diferente. Com a implantação de um programa de monitorias no curso de Matemática, todos são beneficiados, ou seja, todos saem ganhando: aluno atendido, monitor, professor orientador e o curso. O aluno com dificuldades nos conteúdos da disciplina acaba tirando dúvidas e aprendendo de outra forma, os monitores ganham experiência profissional e aprendizado e o curso porque essas atividades propiciam atuações e percursos diferenciados de aprendizagem, facilitando a construção do conhecimento, pois a articulação e integração entre as disciplinas e atividades de ensino, pesquisa e extensão, garantem a consistência do projeto pedagógico e que pode ser visualizada através de diferentes eixos e relações. Esta forma de oferecimento das monitorias no curso confirma os objetivos apresentados por Schneider (2006) para esta atividade: “a) contribuir para o desenvolvimento da competência pedagógica; b) auxiliar os acadêmicos na apreensão e produção do conhecimento; c) possibilitar ao acadêmico-monitor certa experiência com a orientação do processo de ensino-aprendizagem”. A partir destas reflexões e afirmações, direcionou-se o presente estudo buscando responder à seguinte pergunta diretriz: quais as contribuições das monitorias implantadas, a partir da reformulação do PPC, em 2001-2, para promover a melhoria no processo ensinoaprendizagem das disciplinas, por meio do atendimento aos alunos pelo monitor? 4 Considerações Finais A monitoria é uma atividade de apoio discente ao processo de ensino do professor e de aprendizagem do aluno que apresenta dificuldade de aprendizagem em determinados conteúdos desenvolvidos em sala de aula. Acreditamos que um dos pontos mais fortes desse serviço é que a monitoria seja um espaço nos quais os alunos possam tirar dúvidas daqueles conteúdos que não conseguiram internalizar em sala de aula. Esta contribuição da monitoria ficou evidente na fala dos alunos entrevistados. Além disso, pelo fato da monitoria ser um serviço de suporte ao trabalho de sala de aula do professor, a atuação do monitor é fundamental para que ocorra o estabelecimento de uma relação muito forte com aqueles alunos que procuram para tirar dúvidas ou mesmo para fazer questionamentos que não teriam coragem para fazer em sala de aula. A relação monitor-aluno acaba se tornando um grande atrativo para aqueles que apresentam dificuldade de aprendizagem. Essa relação estabelecida entre aluno e monitor é fortemente favorecida pelo tipo de comunicação utilizada no processo de atendimento, pois a linguagem está mais próxima da realidade de ambos. Portanto a monitoria apresenta-se como um espaço riquíssimo de ensino-aprendizagem e de interação com os colegas do curso, ao mesmo tempo, que dá oportunidade de rever os conteúdos trabalhados pelo professor em sala de aula para a realização de avaliações, trabalhos escolares e atividades de sala de aula. Dessa forma, reforça a idéia da importância da prática de monitoria pelos alunos do curso de Matemática. Para atendimento a estas contribuições que a monitoria pode oferecer, a pesquisa possibilitou detectar que são necessários maiores disponibilidade e flexibilidade de horários por semana. Outro dado interessante foi em relação ao espaço ocupado para oferecer o atendimento de monitoria, que se mostra pequeno. A opção, até o momento, pelo uso do laboratório de Matemática, em Araranguá/SC, quanto em Tubarão/SC, é porque o mesmo dispõe de diversos materiais didáticos, construídos ao longo das disciplinas, que podem facilitar o aprendizado do aluno em determinados conteúdos. Outro resultado importante sobre as contribuições da monitoria, detectado na fala dos alunos entrevistados, foi em relação à atuação do professor em sala de aula ao afirmarem que não perguntam por vergonha ou por dificuldade em entender o que o professor está expondo sobre determinado conteúdo, que permitem reflexões e discussões sobre a forma de apresentação do conteúdo pelo professor, evidenciando que o mesmo esteja partindo do conhecimento científico e não do conhecimento concreto do aluno, ou seja, que o professor não está tendo a preocupação de dar a base suficiente desse conhecimento inicial para que o aluno consiga chegar ao conhecimento científico. Assim, reflexões e discussões podem ser desencadeadas a respeito da relação professor-aluno estabelecida em sala de aula. O estudo não se esgota aqui, pois pode desencadear discussões e reflexões que tornem as monitorias do curso de Matemática e da instituição mais envolventes e atrativas. Dessa forma, contribuirá para traçar novos cenários pedagógicos de gestão do curso, principalmente no tange ao oferecimento e avaliação de novas propostas. Referências Bibliográficas FARIA, J.; SCHNEIDER, M.S.P.S. Monitoria: uma abordagem ética. (2004 - mimeo). FARIA, J.P. A monitoria como prática colaborativa na universidade. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2003. HAAG, Guadalupe S. et al. Contribuições da monitoria no processo ensino-aprendizagem em enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem. Nº. 61(2). Brasília, 2008. 215 p. NASCIMENTO, Jorge Luis do. Uma proposta metodológica para a disciplina de cálculo I. Disponível em: <http://www.google.com.br/search?hl=ptBR&q=falta+de+conte%C3%BAdos+b%C3%A1sicos&btnG=Pesquisar&meta=>. Acesso em 29 jun. 2009. SCHNEIDER, M.S.P.S. Monitoria: instrumento para trabalhar com a diversidade de conhecimento em sala de aula. Revista Eletrônica Espaço Acadêmico, Nº. 65, Mensal, 2006. SCHNEIDER, M.S.P.S. Monitoria e colaboração: criação de um espaço de desenvolvimento. Artigo apresentado para o Exame de Qualificação de Artigo em Área Complementar, como requisito para a obtenção do título de Doutora – LAEL-PUC/SP, 2007. TORRES, Monitoria Virtual no Moodle: Uma Proposta para Reconstruir os Pré-Requisitos de Cálculo “A”. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Matemática)-Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2007. UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA. Resolução N. 47/2007 GR. Dispõe sobre a regulamentação do Programa de Monitorias para os cursos de graduação e para os cursos superiores de tecnologia. Tubarão, 12 de novembro de 2007. UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA. Projeto Pedagógico do Curso de Matemática – Licenciatura. Tubarão, 2001.