SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO EM EDIFÍCIOS Angra do Heroísmo, Maio 2011 Segurança passiva Marco Miguel [email protected] Programa: Condições exteriores comuns Acessibilidades; Limitação à propagação do incêndio pelo exterior; Abastecimento das viaturas de socorro; Densidade de carga de incêndio modificada (extra); Condições de comportamento ao fogo, isolamento e protecção Resistência ao fogo; Compartimentação geral corta-fogo; Isolamento e protecção de locais de risco; Exemplos de aplicação Marco Miguel 2011 2 Condições exteriores comuns Manual de Segurança Contra Incêndio em Edifícios, ENB, Sintra (2004) Acessibilidades Os edifícios devem ser servidos por vias, com ligação permanente à rede viária pública, que permitam aproximação, o estacionamento a e a manobra das viaturas de socorro, dependendo as suas características da altura do edifício. Marco Miguel 2011 3 Condições exteriores comuns Acessibilidades Altura do edifício VIA DE ACESSO H≤9m H>9m 4m 5m 3,5 / 7 m 6 / 10 m Raio de curvatura 11 m 13 m Inclinação 15% 10% 130kN 260 kN Altura útil Largura da via Capacidade de suporte Marco Miguel 2011 4 Condições exteriores comuns Acessibilidades Edifícios com H ≤ 9 m Estacionamento até 30 m de uma saída do edifício que faça parte dos seus caminhos de evacuação, que no caso de centros urbanos antigos, essa distância pode ser aumentada para 50 m; Edifícios com H > 9 m Estacionamento junto à fachada – faixa de operação! Marco Miguel 2011 5 Condições exteriores comuns Faixa de operação: • A distância entre o ponto mais saliente da fachada e a faixa de operação: entre 3 a 10 m; • A largura mínima: 7 m; • O comprimento mínimo de 15 m; • Capacidade de resistir ao punçoamento de 170 kN/Ø20cm; • Permanentemente livre de obstáculos; • Intersectar os planos verticais tirados pelos pontos de penetração e pelo átrio de entrada Marco Miguel 2011 6 Condições exteriores comuns Acessibilidade de fachadas : • Em edifícios com H > 9 m, tem que se garantir acesso a, pelo menos, uma fachada do edifício. Imagem cedida por C.F.Castro Imagem cedida por C.F.Castro Marco Miguel 2011 7 Condições exteriores comuns Os PONTOS DE PENETRAÇÃO, constituídos por vãos de porta ou janelas (≥ 1,2m x 0,6m), devem assegurar o acesso a todos os pisos até uma altura de 50 m, à razão de um por cada 800 m2 de área de piso ou fracção. Devem possuir abertura fácil pelo exterior ou serem facilmente destrutíveis pelos bombeiros. Manual de Segurança Contra Incêndio em Edifícios, ENB, Sintra (2004) Marco Miguel 2011 8 Condições exteriores comuns Em edifícios com H ≤ 9 m, no caso DOS PONTOS DE PENETRAÇÃO serem vãos de janela, o pano do peito deve possuir espessura máxima de 0,3 m numa extensão de 0,5 m abaixo do peitoril, para permitir o engate das escadas manuais de ganchos. Imagem retirada do siite www.rsblisboa.com.pt; 2011 Marco Miguel 2011 9 Propagação do incêndio pelo exterior vãos sobrepostos de compartimentos de fogo distintos é de 1,1 m; Marco Miguel 2011 Ventilação táctica, ENB, Sintra (2005) Distância mínima entre 10 Propagação do incêndio pelo exterior ≥1m ≥1m b ≥ 1,1 m c c b+c ≥ 1,1 m Marco Miguel 2011 11 Propagação do incêndio pelo exterior diedros Manual de Segurança Contra Incêndio em Edifícios, ENB, Sintra (2004) Em fachadas com ângulos inferiores a 135º, deve existir uma faixa vertical de protecção: • Edifício com H ≤ • Edifício com H > 28 m – EI 30 28 m – EI 60 ângulos ≤ 100º – ângulos > 100º e <135º – 1,5 + 1,5 m 1+1m Marco Miguel 2011 12 Propagação do incêndio pelo exterior Edifícios em confronto: d ≥ 4 m, para edifícios H ≤ 9 m d ≥ 8 m, para edifícios H > 9 m Ventilação táctica, ENB, Sintra (2005) No caso de não se garantir estas distâncias, as paredes exteriores devem garantir classe de resistência ao fogo padrão EI 60 ou REI 60 e vãos com elementos fixos E 30. Marco Miguel 2011 13 Propagação do incêndio pelo exterior Parede de empena: EI 60 – para edifícios com H ≤ 28 m EI 90 – para edifícios com H > 28 m Marco Miguel 2011 Manual de Segurança Contra Incêndio em Edifícios, ENB, Sintra (2004) Guarda-fogos, no mínimo de 0,60 m. 14 Coberturas Acesso a coberturas: H ≤ 28 m – a partir das zonas comuns (pode ser por alçapão) H > 28 m – através de escadas protegidas Tipo de cobertura: H > 28 m – terraço acessível H ≤ 28 m – as coberturas com guarda exterior em toda a sua periferia ≥ 0,60 m. Manual de Segurança Contra Incêndio em Edifícios, ENB, Sintra (2004) Marco Miguel 2011 15 Abastecimento de veículos de socorro Os hidrantes exteriores (NP EN 1484:2007) com preferência de marcos de incêndio: - Instalados junto ao lancil dos passeios; - Localizados até 30 m de qualquer das saídas do edifício. Marco Miguel 2011 16 Abastecimento de veículos de socorro Alternativa → bocas-de-incêndio: • Devem ser instaladas a uma cota de nível entre 0,6 e 1 m acima do pavimento ou nos lancis dos passeios; • Uma por cada 15 m de fachada, ou fracção, quando esta exceder 7,5m ; Marco Miguel 2011 17 Abastecimento de veículos de socorro Quando não existe rede pública de abastecimento, os hidrantes devem ser alimentados por depósito de reserva de água com capacidade mínima de 60 m3, assegurando um caudal mínimo de 20 l/s por cada hidrante, com um máximo de dois, à pressão dinâmica mínima de 150 kPa. Marco Miguel 2011 18 Resistência ao fogo Marco Miguel 2011 19 Resistência ao fogo Definição de acordo com o RT SCIE: ―Propriedade de um elemento de construção ou de outros componentes de um edifício, de conservar, durante um período de tempo determinado, a estabilidade e/ou a estanquidade e/ou o isolamento térmico e/ou a resistência mecânica e/ou qualquer outra função específica, quando sujeito ao processo de aquecimento resultante de um incêndio.‖ Propriedade dos produtos de construção, medida pelo tempo durante o qual, sob a acção de um incêndio, os produtos continuam a desempenhar as funções para os quais foram concebidos. Marco Miguel 2011 20 Resistência ao fogo Essa classificação é expressa em minutos e, de acordo com os eurocódigos, tem como parâmetros principais: R - capacidade de suporte de carga; E - estanquidade a chamas e gases quentes; I - isolamento térmico; W – radiação; C - fecho automático; S – passagem de fumo; P ou PH - continuidade de fornecimento de energia ou sinal; G – resistência ao fogo; K – capacidade de protecção contra o fogo; Marco Miguel 2011 21 Resistência ao fogo A conjugação destes parâmetros, indicam a função a desempenhar por um dado produto de construção: R - Capacidade de suporte de carga - estrutural (Anterior EF – estável ao fogo), como pilares, lajes e vigas, garantindo a resistência mecânica; E - Estanquidade a chamas e gases quentes – Compartimentação (Anterior PC- pára-chamas), como portas e paredes, não desempenhando funções de suporte; Marco Miguel 2011 22 Resistência ao fogo EI - Estanquidade a chamas e gases quentes, bem como o isolamento térmico – Compartimentação (Anterior CF – corta-fogo), como portas e paredes, não desempenhando funções de suporte; REI - Capacidade de suporte de carga, garantindo a estanquidade a chamas e gases quentes, bem como o isolamento térmico – Compartimentação e estrutural (Anterior CF – corta-fogo). Marco Miguel 2011 23 Resistência ao fogo R - capacidade de suporte de carga E - estanquidade a chamas e gases de quentes; EI - Estanquidade a chamas e gases quentes, e isolamento térmico - REI ?? Marco Miguel 2011 24 Elementos estruturais Categorias de risco Utilização-tipo 1ª 2ª 3ª 4ª I, III a X R/REI 30 R/REI 60 R/REI 90 R/REI 120 II, XI e XII R/REI 60 R/REI 90 R/REI 120 R/REI 180 Com funções de suporte (apenas!) - R Com funções de suporte e compartimentação - Marco Miguel 2011 REI 25 Construção Civil, ENB, Sintra (2003) Elementos estruturais Marco Miguel 2011 26 Compartimentação corta-fogo Tem como função garantir a protecção do edifício, ou impedir a propagação do incêndio ao resto do edifício • Paredes • Pavimentos • Vãos de comunicação Marco Miguel 2011 Construção Civil, ENB, Sintra (2003) ou, ainda, fraccionar a carga de incêndio. 27 Manual de Segurança Contra Incêndio em Edifícios, ENB, Sintra (2004) Compartimentação corta-fogo - exemplo Marco Miguel 2011 28 Isolamento entre UT’s distintas 1ª 2ª 3ª 4ª Elementos de isolamento e protecção EI/REI 30 EI/REI 60 EI/REI 90 EI/REI 120 Paredes e pavimentos E 15 C E 30 C EI 45 C CCF Vãos de comunicação EI/REI 60 EI/REI 90 EI/REI 120 EI/REI 180 Paredes e pavimentos E 30 C EI 45 C CCF CCF Vãos de comunicação Categorias de risco UT I, III a X II, XI e XII Atenção às fronteiras!!! Marco Miguel 2011 29 Compartimentação corta-fogo UT Área máxima (m2) I 1 600 m2 II 6 400 m2 Acima do P. Rfª 3 200 m2 Abaixo do P. Rfª III, VI, VII, VIII, IX e X 1 600 m2 IV e V (pisos s/ locais de 1 600 m2 risco D) IV e V (pisos c/ locais de risco D) XI XII Observações 800 m2 800 m2 Acima do P. Rfª 400 m2 Abaixo do P. Rfª Depende da categoria de risco e zona de implantação Marco Miguel 2011 30 Compartimentação corta-fogo Regra – cada piso constitui um compartimento corta-fogo distinto, devendo ser compartimentado sempre que ultrapassar as áreas máximas Excepções: - UTI da 1.ª categoria de risco; - UT III, IV, V, VII ou VIII: H ≤ 9 m, até 3 pisos , apenas um abaixo de P. Rfª, A piso ≤ 800 m2, A 3pisos ≤ 1600 m2 e locais de risco D apenas no P.Rf.ª Marco Miguel 2011 31 Compartimentação corta-fogo Excepções (cont.): - UTI VI, IX e X: com uma H livre de fumos ≥ 4 m; - UT VIII: de acordo com condições específicas - o limite aumenta para 8 000 ou16 000 m2. - As áreas podem ser duplicadas se instalados sprinklers, excepto UTI e locais de risco D. Marco Miguel 2011 32 Isolamento e protecção de locais de risco Local de risco Paredes e pavimentos Portas A - - B EI/REI 30 E 15 C C EI/REI 60 E 30 C C+ EI/REI 90 E 45 C D EI/REI 60 E 30 C E EI/REI 30 E 15 C F EI/REI 90 E 45 C Marco Miguel 2011 33 Vias horizontais de evacuação – exigências de protecção • Vias de UT’s da 3ª e 4ª categorias de risco; • Vias com comprimento superior a 30 m; • Vias com mais de 10 m em pisos acima de 28 m ou em pisos abaixo do plano de referência; • Vias que sirvam locais de risco B, caso estes não disponham de alternativa; • Vias incluídas nos caminhos horizontais de evacuação de locais de risco D; • Vias em impasse com mais de 10 m, excepto se todos os locais dispuserem de alternativa; • Galerias fechadas de ligação entre edifícios ou corpos do mesmo edifício. Marco Miguel 2011 34 Isolamento e protecção de vias de evacuação A envolvente de vias horizontais de evacuação que carecem de protecção, devem respeitar: Altura Pequena (H ≤ 9m) Média ou grande (9m ≤ H ≤ 50m) Muito grande (H ≥ 50m) Paredes e pavimentos Portas EI / REI 30 E 15 C EI / REI 60 E 30 C EI / REI 90 E 45 C Marco Miguel 2011 35 Protecção de vias verticais de evacuação exigências Todas as vias verticais de evacuação têm de ser protegidas, com excepção de: • Sirvam em exclusivo espaços da UT I da 1ª categoria de risco; • Sirvam em exclusivo espaços afectos às UT III, VII e VIII ou IV e V com locais de risco D apenas no plano de referência, em edifícios com H < 9 m desde que: - sirvam no máximo 3 pisos, com um máximo de 1 piso abaixo do plano de referência; - A ≤ 1600 m2 no total dos 3 pisos servidos e 800 m2/piso; • Consistam em escadas que interligam níveis diferentes no interior de um mesmo compartimento de fogo. Marco Miguel 2011 36 Protecção da envolvente de vias verticais de evacuação Categorias de risco Utilização-tipo 1ª 2ª 3ª 4ª I, III a X REI 30 REI 60 REI 90 REI 120 II, XI e XII REI 60 REI 90 REI 120 REI 180 ―...classe de resistência ao fogo com um escalão de tempo não inferior ao exigido para os elementos estruturais do edifício...‖ Marco Miguel 2011 37 Isolamento e protecção de locais de risco Agregação de locais de risco A: • Um conjunto de locais de risco A inseridos no mesmo compartimento corta-fogo será classificado como um local de risco B se o seu efectivo global atingir os valores limite dos locais de risco B; • Esse conjunto inclui as circulações (horizontais ou verticais) contidas nesse compartimento de fogo. G ab 5 G ab 5 IS G ab 5 G ab 4 G ab 4 E1 G ab 4 G ab 4 G ab 4 S . R euniões 20 G ab 4 G ab 5 G ab 6 G ab C 2 G ab 4 G ab 4 G ab 6 G ab 6 E2 S . R euniões 15 E fec tivo total 107 pes s oas Marco Miguel 2011 40 Isolamento e protecção de locais de risco Agregação de locais de risco D ou E: • Locais de risco D (ou E) inseridos no mesmo compartimento corta-fogo também se podem agregar em conjunto com as circulações (horizontais) contidas nesse compartimento. UCI num hospital Piso de umBox hotelBox Qrt 2 Qrt 2 Arrumo Qrt 2 Qrt 2 Box Qrt 2 Qrt 2 E1 Qrt 2 Box Box Box Qrt 2 de Posto Box Qrt 2 Controlo Qrt 2 Qrt 2 Box Qrt 2 Qrt 2 Qrt 2 Qrt 2 Qrt 2 E2 Box Qrt 2 Qrt 2 Box Qrt 2 C opa de pis o Sala de Descanso Box Box Inst. Sanit. Marco Miguel 2011 Box 41 41 Isolamento e protecção de locais de risco Ligação cozinha / sala de refeições: CF 60 CF 60 Cozinha com P> 20 kW FUMO Cozinha com P> 20 kW Sala de refeições FUMO Extracção na cozinha CF 60 CF 60 Sala de refeições Extracção na cozinha <- Painel de cantonamento CF 60 CF 60 Compensação de volume a partir da sala de refeições ção de volume exterior CF 60 CF 60 Opção A:Cozinha isolada Opção B: Conjunto isolado (!) Marco Miguel 2011 42 42 Isolamento e protecção de locais de risco Coexistências: UT VIII Armazém Comércio ? • Situação 1: Utilização mista (UT VIII+XII); • Situação 2: Utilização exclusiva (UT VIII). Marco Miguel 2011 43 Reacção ao fogo ―Resposta de um produto ao contribuir pela sua própria decomposição para o início e o desenvolvimento de um incêndio, avaliada com base num conjunto de ensaios normalizados.‖ A reacção ao fogo dos produtos de construção, caracteriza-se pelo comportamento ao fogo, em termos de contributo para a origem e desenvolvimento de um incêndio. Marco Miguel 2011 44 Reacção ao fogo – classificação LNEC M0 - Materiais não combustíveis - BETÃO / PEDRA / PRODUTOS CERÂMICOS M1 - Materiais não inflamáveis - TINTA M2 - Materiais dificilmente inflamáveis - TECIDOS IGNIFUGADOS M3 - Materiais moderadamente inflamáveis - TACOS DE MADEIRA / VINIL M4 - Materiais facilmente inflamáveis - ESFEROVITE Marco Miguel 2011 45 Reacção ao fogo A classificação de reacção ao fogo, tem como base as normas comunitárias – euroclasses (Decisões da Comissão das Comunidades Europeias n.ºs 2000/147/CE e 2003/632/CE), recorrendo para tal a 7 classes de reacção ao fogo, as quais se classificam em A1, A2, B, C, D, E e F, que no caso de pavimentos acresce um índice FL. A cada classe acrescem duas classificações complementares, sendo a primeira para classificar a produção de fumo (s1, s2 e s3) e a segunda para classificar a produção de gotículas ou partículas incandescentes (d0, d1 e d2). Marco Miguel 2011 46 Reacção ao fogo Classificação de acordo com as especificações LNEC M0 M1 M2 M3 M4 Sem classificação Classificação segundo o sistema europeu Classificação complementar Classes Produção de fumo Queda de gotas/partículas inflamadas A1 — — A2 s1 d0 A2 Não exigível d0 B Não exigível d0 A2, B Não exigível d1 C Não exigível d0 d1 D Não exigível d0 d1 A2, B, C, D Não exigível d2 E — Ausência de classificação d2 F — — Marco Miguel 2011 47 Obrigado pela atenção. [email protected]