Vivente: Ane Karoline Amorim Oliveira Acadêmica do curso de Fisioterapia/Bacharelado da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Ver-Sus Dourados: G5 Na última semana de janeiro/2015 participei em Dourados, município do estado de Mato Grosso do Sul, da edição de Verão 2015 do projeto de Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde (VER-SUS). Salvo o primeiro dia de vivência pois visitei pela manhã, em Campo Grande/MS, o Centro de Especialidades Odontológicas II (CEO). Foi nesta visita que soube, pela primeira vez, deste serviço de atenção terciária para atender os usuários agendados e encaminhados pelo profissional de referência da atenção básica. Sendo suas especialidades as seguintes: endodontia, periodontia, cirurgia, pacientes especiais, radiologia, estomatologia (prevenção de câncer bucal, biópsia de lesões), dentística (plantões) e tratamento para Disfunção Temporomandibular. Espaço físico com boa estrutura para receber os usuários e atendê-los, e para armazenamento de materiais. O segundo dia foi o diferencial de toda a vivência, na minha percepção. Isso porque a realidade das aldeias Bororó e Jaguapiru (I e II) e suas respectivas Unidades Básicas de Saúde está vulnerável quando comparada à realidade dos outros serviços de saúde do SUS. Falta infraestrutura e saneamento básico; falta o profissional farmacêutico na ABS; falta adesão populacional nas campanhas de vacinação; falta medicação; além de outros fatores de risco para a saúde indígena como a violência, o alcoolismo (propicia a transmissão de DSTs, sobretudo do vírus HIV) e as dificuldades em vencer as barreiras culturais que inviabilizam o acesso da população às ações de saúde. O espaço físico das UBS que atendem as aldeias, no geral, são precárias – não pela disposição deste espaço, uma vez que há salas suficientes para o atendimento da população local (sala para triagem, para o médico, para o dentista, para a enfermeira, para medicação, uma farmácia), mas nota-se um descaso no que se refere à conservação do local. Precisa de uma reforma com pintura, disponibilizar um ambiente de espera confortável aos usuários e melhorar a limpeza local. Ao terceiro dia visitamos pela manhã a UBSF Antônia Marques que dispõe de uma equipe com um médico, um dentista, um enfermeiro, quatro Agentes Comunitários de Saúde, dois técnicos de enfermagem e o farmacêutico. Abrange seis micro-áreas sendo duas zonas rurais descobertas. Possui boa estrutura física e sua atual dificuldade refere-se ao sinal ruim da rede de internet porquanto prejudica o envio do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) ao e-SUS (“estratégia do Departamento de Atenção Básica para reestruturar as informações da Atenção Básica em nível nacional”). À tarde conhecemos o Hospital Universitário de Dourados. Possui uma grande estrutura física: há duas UTIs específicas de adulto, uma infantil e uma neonatal; há um banco de leite com coleta interna (destinado para o próprio filho) e externa (destinado à doação); há 208 leitos; há a Central de Materiais e Esterilização; há uma sala com as vacinas preconizadas pelo Programa Nacional de Imunização; para a realização de exames há o equipamento de Raio-X digital e de Tomografia Computadorizada com 64 canais; há laboratórios com setores para bioquímica, parasitologia, histologia, microbiologia; há uma farmácia bem estruturada. Ele é pronto socorro referenciado e não porta aberta. Com exceção da obstetrícia que atende demanda espontânea. Nesta visita foi impactante lidar novamente com a cultura indígena, uma vez que haviam algumas crianças com paralisia cerebral hospitalizadas e abandonadas. A explicação que nos repassaram é a crença indígena de que a deficiência é resultado de feitiçaria, e por isso eles abandonam. O quarto dia de vivência propiciou que os acadêmicos acompanhassem os profissionais de suas respectivas áreas. Deste modo, uma colega e eu acompanhamos no decorrer do dia o trabalho dos fisioterapeutas, no Hospital da Vida pela manhã e na Unidade de Pronto Atendimento à tarde. Em ambos os locais os profissionais se mostraram satisfeitos com a profissão. No Hospital da Vida que é financiado pela FUNSAUD (FUNDAÇÃO DE SERVIÇO DE SAÚDE DE DOURADOS/MS) os profissionais relataram uma única dificuldade: a falta de materiais de trabalho; enquanto que a UPA dispões de equipamentos novos e boa estrutura, até porque seu funcionamento está previsto para começar no dia 10/02/2015. No último dia de vivência fomos pela manhã à Unidade Básica de Saúde da Família distrito 13 - Ramão Vieira - que cobre quatro micro-áreas, as quais possuem uma demanda de cerca de 3000 habitantes. Composta por duas equipes: uma equipe é formada por sete Agentes Comunitários de Saúde e a outra por dois Agentes Comunitários de Saúde, ambas com dois médicos (sendo um Cubano, do programa Mais Médicos), dois dentistas, dois enfermeiros. A sala de vacina está em processo de reforma, deste modo as pessoas são encaminhadas para a seleta onde está sendo feita a vacinação. À tarde conhecemos a UBS Residencial Jardim Oliveira – ESF 33. “Esta unidade aderiu ao PMAQ (Programa Para Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica)”. Dispõem de um bom espaço físico e de uma equipe com um médico, um enfermeiro, um odontólogo, um auxiliar de serviço odontológico, dois técnicos de enfermagem, seis agentes comunitários de saúde. Eles realizam visitas domiciliares e fomenta-se a reunião das equipes para direcionar as ações de acordo com a demanda.