Universidade Comunitária Regional de Chapecó

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Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UNOCHAPECÓ
EMANOELI COSER
AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA DE PRAGAS E MOLÉSTIAS NA CULTURA DO MILHO (Zea
mays L.) CRIOULO E CONVENCIONAL NO MUNICÍPIO DE XAXIM – SC.
Chapecó – SC, 2010
2
Emanoeli Coser
AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA DE PRAGAS E MOLÉSTIAS NA CULTURA DO MILHO (Zea
mays L.) CRIOULO E CONVENCIONAL NO MUNICÍPIO DE XAXIM – SC.
Monografia (Relatório de Trabalho de
Conclusão de Curso), apresentado à
Unochapecó como parte dos requisitos para
obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo.
Orientadores: Eng.º Agr.º Lucilene de Abreu
Eng.º Agr.º Mauro Casanova
Chapecó – SC, 2010
II
3
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força e coragem por ter superado todos
os obstáculos e dificuldades encontradas nestes 05 anos de faculdade.
Minha eterna gratidão aos meus pais Darci e Neli Coser por terem me dado a chance de
estudar, apesar de todas as dificuldades e pedras encontradas no caminho
A meu noivo Mauro que me apoio e me ajudou em todos os momentos em que precisei.
Aos meus irmãos e meus amigos que me aturaram em dias de mau humor, alegrias,
tristezas e aqueles dias de festas, e que torceram pela minha vitoria.
Pela minha orientadora Lucilene de Abreu, pelo aprendizado que me proporcionou
durante o período de estagio e na elaboração do TCC.
Aos queridos colegas que dividiram comigo alegrias, tristezas, desafios e que neste
momento dividem o tão esperado gostinho da conquista.
Agradeço eternamente pelo amor, carinho, e amizade de todos que tiveram ao meu lado, e
que de alguma forma contribuirão na minha formação profissional. AMO MUITO VOCÊS.
AGRADECIMENTOS
III
4
EPÍGRAFE
¨ Todos os dias Deus nós da um momento em que é possível mudar tudo o que nos
deixa infelizes. O instante mágico é o momento em que um ¨sim¨ ou um ¨não¨ pode mudar
toda a nossa existência¨.
(Paulo Coelho)
IV
5
RESUMO – INTRODUÇÃO: O presente trabalho foi desenvolvido na UNOCHAPECÓ - Campus Chapecó, em
uma propriedade rural do município de Xaxim – Santa Catarina, durante o período de setembro de 2009 a
fevereiro de 2010. OBJETIVO: O experimento foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a incidência de
pragas e moléstias na cultura do milho crioulo (Zea mays L.) e convencional no município de Xaxim – SC.
MATERIAL E MÉTODOS: No experimento foi utilizado o delineamento de blocos casualizados (DBC) onde
foram utilizados 03 variedades de milho, sendo milho crioulo Cunha, milho Fortuna e hibrido Pioneer 30F53,
onde foram submetidos a nove tratamentos e três repetições: Milho crioulo sem aplicação de adubo, Milho
crioulo com aplicação de NPK na semeadura, Milho crioulo com aplicação de NPK na semeadura mais
nitrogênio na superfície, Fortuna sem aplicação de adubo, Fortuna com aplicação de NPK na semeadura, Fortuna
com aplicação de NPK na semeadura mais nitrogênio na superfície, Pioneer 30F53 sem aplicação de adubo,
Pioneer com aplicação de NPK na semeadura e Pioneer 30F53 com aplicação de NPK na semeadura mais
nitrogênio na superfície. RESULTADOS: Na analise de variância para ao incidência de pragas demonstrou
diferença estatística significativa (p<0,5) para a contagem total de lagarta da espiga (Helicoverpa zea), sendo que
o tratamento que teve maior ataque da Helicorpa zea foi o hibrido Pioneer 30F53 com NPK na semeadura, e o
menos atacado foi o Cunha sem aplicação de adubo. Para a contagem total da lagarta do cartucho (Spodoptera
frugiperda) não demonstrou diferença estatística significativa em ambos os tratamentos. Na analise de variância
para a incidência de moléstias demonstrou diferença estatística signifunicativa (p<0,5) para a contagem total de
planta atacadas pelo carvão do milho (Ustilago maydis), sendo que o tratamento que demonstrou maior
incidência de Ustilago maydis foi o Cunha com NPK na semeadura mais nitrogênio na superfície e o que
demonstrou menor incidência foi o Fortuna sem aplicação de adubo seguido dos híbridos Pioneer 30F53.
CONCLUSÕES: Não houve diferença significativa entre os tratamentos para a Spodoptera frugiperda, em
relação a Helicoverpa zea, o maior ataque foi o hibrido Pioneer 30F53, o milho crioulo Cunha e o Fortuna
apresentaram-se como resistente a Helicoverpa Zea, já em reação a ocorrência do Ustilago maydis, o milho
crioulo Cunha submetidos aos tratamentos com adubação teve maior incidência e a variedade Fortuna e o hibrido
Pioneer 30F53 apresentaram-se como resistente.
Palavras-chaves: Spodoptera frugiperda; Helicoverpa zea; Ustilago maydis; plantas atacadas
V
6
SUMÁRIO
RESUMO..............................................................................................................................IV
LISTA DE ILUSTRAÇÕES...............................................................................................VI
LISTA DE TABELAS.........................................................................................................VIII
LISTA DE SÍMBOLOS.......................................................................................................IX
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................................13
3 MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................................26
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................35
5 CONCLUSÕES...................................................................................................................48
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................49
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................50
GLOSSÁRIO..........................................................................................................................53
ANEXOS.................................................................................................................................54
VI
7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 01.
Vista geral do experimento (Xaxim, SC – 24/IV/2009).................................26
Ilustração 02.
Cultivar de milho Fortuna (Xaxim, SC – 22/II/2010)....................................28
Ilustração 03.
Cultivar de milho híbrido Pioneer 30F53
(Xaxim, SC - 22/II/2010)................................................................................28
Ilustração 04.
Cultivar de milho crioulo Cunha (Xaxim, SC – 22/II/2010)..........................29
Ilustração 05.
Dessecação da área experimental (Xaxim, SC – 03/VIII/2009).....................30
Ilustração 06.
Semeadura do milho na área do experimento
(Xaxim, SC – 06/IX/2009)..............................................................................31
Ilustração 07.
Adubação na semeadura na área do experimento
(Xaxim, SC – 06/IX/2009)..............................................................................32
Ilustração 08.
Colheita do milho na área experimental
(Xaxim, SC – 22/II/2010)................................................................................33
Ilustração 09.
Média das Temperaturas (ᵒC) entre os meses de Setembro de 2009 a Fevereiro
de 2010 (Xaxim, SC – 18/III/2010).................................................................36
Ilustração 10.
Volume de Precipitação (mm) entre os meses de Setembro de 2009 a
Fevereiro de 2010 (Xaxim, SC – 18/III/2010).................................................36
Ilustração 11.
Umidade Relativa do Ar (%) entre os meses de Setembro de 2009 a Fevereiro
de 2010 (Xaxim, SC – 18/III/2010).................................................................37
Ilustração 12.
Número de plantas atacadas pela Spodoptera frugiperda, no experimento
realizado na safra 2009/2010 no Município de Xaxim – SC, onde o milho se
encontrava no estádio V7
(Xaxim, SC – 08/XI/2009)..............................................................................39
Ilustração 13.
Número de plantas atacadas pela Helicoverpa zea, em um experimento
8
VII
desenvolvido no Município de Xaxim – SC, na safra 2009/2010 quando o
milho encontrava-se no estádio R1
(Xaxim, SC – 02/I/2010)...............................................................................40
Ilustração 14.
Levantamento de plantas atacadas pelo Ustilago maydis, realizado em um
experimento no Município de Xaxim – SC, na safra 2009/2010, estádio R1
(Xaxim, SC – 02/I/2010)...............................................................................43
9
VIII
LISTA DE TABELAS
Tabela 01.
Características avaliadas nas variedades de milho crioulo
(Xaxim, SC – 15/IV/2010)...........................................................................14
Tabela 02.
Identificação de pragas encontradas no experimento na safra 2009/2010,
realizado no Município de Xaxim – SC
(Xaxim, SC – 08/XI/2009)...........................................................................38
Tabela 03.
Levantamento de plantas com sintomas ou sinais de moléstias encontrada
no experimento na safra 2009/2010, no Município de Xaxim – SC
(Xaxim, SC – 02/I/2010)..............................................................................42
Tabela 04.
Descrição dos materiais utilizados para a realização do experimento no
Município de Xaxim – SC, na safra 2009/2010
(Xaxim, SC (10/V/2009).............................................................................46
IX
10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Abreviatura 01 – et al
Abreviatura 02 – m
Abreviatura 03 – SC
Abreviatura 04 – cm
Abreviatura 05 – mm
Abreviatura 06 – adup
Abreviatura 07 - %
Abreviatura 08 – Kg/ha
Abreviatura 09 - ᵒC
Abreviatura 10 - ha
Abreviatura 11 – NPK
Abreviatura 19 – R3
Abreviatura 20 – ml
Abreviatura 21 – Kg
Abreviatura 22 – L
Abreviatura 23 – UTH
Abreviatura 24 – UN
.......................................................mais de um autor
.......................................................metros
.......................................................Santa Catarina
.......................................................centímetros
.......................................................mililitros
.......................................................citado por outro autor
.......................................................porcentagem
.......................................................kilogramas por hectare
......................................................graus Celsius
......................................................hectares
......................................................nitrogênio, fósforo e
potássio
......................................................nitrogênio
......................................................nitrogênio por hectare
......................................................milímetros por hectare
......................................................Delineamento de Blocos
Casualisados
......................................................sete folhas desenvolvidas
......................................................fase de pendoamento
......................................................embonecamento e
polinização
......................................................fase de grão leitoso
......................................................milímetros
......................................................kilogramas
......................................................litros
......................................................unidade trabalho homem
......................................................unidade
Abreviatura 25 – UR
......................................................umidade relativa do ar
Sigla 01 – UFSC
......................................................Universidade Federal de
Santa Catarina
.....................................................Centro de Ciências
Agrárias
......................................................Departamento de fitotecnia
Abreviatura 12 –N
Abreviatura 13 – N/ha
Abreviatura 14 – ml/ha
Abreviatura 15 – DBC
Abreviatura 16 – V7
Abreviatura 17 – VT
Abreviatura 28 – R1
Sigla 02 – CCA
Sigla 03 – FIT
X
11
Sigla 04 – ONG’s
Sigla 05 – PTA
Sigla 06 – CAPA
Sigla 07 –
Sintraf/Anchieta
Sigla 08 – APACO
Sigla 09 – EPAGRI
Sigla 10 – Cfa
Sigla 11 – EMBRAPA
Sigla 12 – CEPAF
Sigla 13 – T1
Sigla 14 – T2
Sigla 15 – T3
Sigla 16 – T4
Sigla 17 – T5
Sigla 18 – T6
Sigla 19 – T7
Sigla 20 – T8
Sigla 21 – T9
......................................................Organizações não
Governamentais
......................................................Rede Projetos Tecnologias
Alternativas
......................................................Associação de pequenos
agricultores
......................................................Sindicato dos
Trabalhadores na Agricultura Familiar de Anchieta
......................................................Associação de Pequenos
Agricultores do Oeste Catarinense
.....................................................Empresa de Pesquisa
Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina
.....................................................Zona climática subtropical
úmido
.....................................................Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária
.....................................................Centro de Pesquisa para
Agricultura Familiar
......................................................tratamento um
......................................................tratamento dois
......................................................tratamento três
......................................................tratamento quatro
......................................................tratamento cinco
......................................................tratamento seis
......................................................tratamento sete
......................................................tratamento oito
......................................................tratamento nove
1 INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays L.) é um dos cereais mais cultivados e produzidos no mundo. A
sua importância se dá devido a grande adaptação as diferentes condições ambientais, ao seu
valor nutricional, destinado tanto para a alimentação humana quanto animal e também pela
geração de renda, principalmente pela produção de grãos.
O milho crioulo é produzido em maioria por agricultores familiares como alternativa
para a sustentabilidade, devido ao alto custo de sementes de milho convencional. Devido a
isto, muitos agricultores estão buscando informações através do melhoramento genético,
visando adquirir um maior conhecimento sobre a cultura e obter potencial produtivo e maior
resistência ao ataque de pragas e moléstias.
Conhecer as características e a variabilidade genética das cultivares de milho crioulo,
justifica-se pelo fato de ainda serem variedades bastante utilizadas pelos agricultores
familiares, alem de serem resistente às adversidades de solo, clima, pragas e possibilitarem
redução no custo de produção aos agricultores, pois os mesmos produzem sua própria
semente. Em geral, as espigas apresentam-se bem empalhadas e resistentes, tornando-se
assim, uma defesa contra o caruncho, principal praga dos grãos armazenados, e as sementes
podem ser semeadas em solos com baixa fertilidade, pois é um milho que não exige altas
adubações (CAMARA, 2005).
A produção de sementes de milho crioulo é uma alternativa viável as pequenas
propriedades rurais, visando reduzir custos de produção como a compra de agroquímicos e
12
sementes e viabilizar a produção dentro da propriedade, com sementes próprias tendo
menores custos nas criações de aves coloniais, suinocultura e na produção de leite
(SANGALETTI, 2007).
De acordo com Soares et al. (1998), a grande maioria dos agricultores que cultivam
milho crioulo possuem propriedades pequenas, muito próximas umas das outras, tornando-se
quase impossível a existência de lavouras separadas por mais de 400 metros, distâncias
mínimas necessárias para produção.
Portanto, resgatar a diversidade das sementes crioulas é uma iniciativa de grande
importância, pois é através do conhecimento e da luta dos agricultores que essas variedades
não serão perdidas e irá garantir a sustentabilidade dos agroecossistemas e a preservação da
agricultura familiar (WAGATSUMA, et al., 2007).
Como o grande problema da cultura do milho e de outros cereais é o ataque de pragas
e moléstias, principalmente na fase vegetativa, o milho crioulo é uma alternativa para se obter
uma boa produção, sem grandes investimentos, pois o mesmo é menos afetado pelo ataque de
pragas e moléstias, devido a sua rusticidade e adaptação.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a incidência de pragas e moléstias na
cultura do milho crioulo e no milho convencional, no município de Xaxim – SC, buscando
contribuir para informações sobre materiais genéticos em relação aos problemas
fitossanitários.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Origem do Milho
O milho (Zea mays L.), pertence à família das Poaceae e é originário da América
Central. A palavra milho vem do Latim ¨mulium¨, que significa mil ou, ¨um grão que produz
mil grãos¨. Foram os povos indígenas os primeiros a cultivarem este cereal para suprir as
necessidades de alimento das tribos e a demanda da população (DUARTE, 2007).
A família Poaceae, compreende várias espécies agrupadas em cerca de vinte tribos. O
milho pertence à tribo Maydeae, cuja principal característica é apresentar plantas monóicas,
ou seja, plantas que possuem inflorescência masculina e feminina separadas na mesma planta
(SOARES et al., 1998).
Segundo Canci (2002) o milho é uma Poaceae altamente prolifera que se une com
muitos povos, apresenta grãos de diversas cores (amarelo, laranja, azul, roxo, cinza e
vermelho) e formas. Produzem espigas que variam de cinco a sessenta centímetros de
comprimento e grãos muito pequenos como o milho pipoca com variação na largura de dois a
vinte milímetros.
O ciclo da cultura vai de 90 até 360 dias, dependendo da variedade, para que ocorra a
floração, os dias são influenciados pelas horas de luz e temperatura.
A Tabela 01 apresenta as características avaliadas nas variedades de milho crioulo,
principalmente o milho Cunha, em experimento realizado na região Oeste Catarinense
(ALVES et al., 2008).
14
Tabela 01. Ciclo da cultura, altura de plantas, densidade de plantas, espaçamento entre
fileiras, população de plantas, número de espigas, porcentagem de acamamento e rendimento
realizado em Florianópolis/UFSC/CCA/FIT, 2001 (Xaxim, SC – 15/IV/2010)
Variedade
Ciclo
Altura
Densidade
Espaçamento
População
Numero de
Acamamento
Rendimento
Cultivo
plantas
plantas /m
entre linhas
de
espiga/planta
de plantas (%)
de Grãos
(dias)
(cm)
(m)
plantas/ha
Cunha
150
220
3,6
1,09
33611
1,28
7
4995
Pixurum*
145
250
4,1
1,04
39091
1,14
9
3288
Amarelão
164
243
4,1
0,99
41419
1,37
10
3927
Mato
175
238
3,9
1,01
38451
1,17
11
4217
Asteca
158
214
4,2
0,98
42778
1,03
4
3083
Palha
150
308
4,7
1,01
46757
1,23
6
3104
Branco
133
229
4,4
1,00
43945
0,99
6
3029
Sol da
133
200
4,4
1,03
42683
1,00
11
3633
Cateto
180
253
3,9
1,00
38500
1,17
7
3900
Embrapa
120
180
3,5
1,00
35000
1,00
3
5800
(Kg/há)
Grosso
Roxa
Manhã
*Estão incluídas todas as variedades do grupo Pixurum. Fonte: ALVES et al. (2004).
O milho é um dos cereais mais cultivados em todas as regiões do Brasil e do mundo,
sendo de grande importância para a balança comercial de vários países, tanto o produto como
os subprodutos, além de ser a cultura de maior expressão, tanto em área ocupada quanto em
volume produzido (CATÃO et al., 2007).
O milho não é só uma cultura anual, sua importância vai muito além disso, está
diretamente relacionada com a produção agropecuária brasileira, além dos fatores econômicos
e sociais. Devido a sua versatilidade de uso, pelo aumento da produção animal e pelo aspecto
social, o milho é um dos mais importantes produtos do setor agrícola do Brasil (CRUZ, 2006
apud MAGNANTI e PEREIRA, 2008).
15
Canci e Carpeggiani (2000), citam que há cerca de 10 mil anos atrás, quando surgiu a
agricultura familiar, as mulheres começaram a produzir suas próprias sementes em casa, onde
eram selecionadas as diferentes variedades crioulas e plantadas pelos próprios agricultores,
reduzindo assim seu custo de produção e obtendo o domínio no processo de produção de
sementes. Atualmente, apesar de não existirem todas as variedades, ainda é possível recuperar
as variedades que ainda existem e se tornar autônomo na produção.
Devido à importância do milho para a agricultura familiar, ele se tornou indispensável
para a sobrevivência da população e base para a economia brasileira. Há vários anos, ONG's
(Organizações Não Governamentais) da Rede PTA (Rede Projeto Tecnologias Alternativas),
procuram técnicas alternativas para essa cultura, pois é produzida na maioria das propriedades
rurais do país, buscando sua própria autonomia na produção através de sistemas do manejo de
solo, podendo assim diminuir os riscos de produção e o uso de recursos externos como
sementes, adubos e venenos (SOARES et al., 1998).
Segundo os mesmos autores, os primeiros trabalhos realizados com variedades locais
de milho surgiram do anseio de comunidades de agricultores por produzir sua própria
semente. Em geral, esses agricultores vinham percebendo grande aumento do preço das
sementes de milho hibrido e o uso de insumos, principalmente e adubos sintéticos, o qual
aumenta os custos de produção.
O uso de sementes crioulas possibilita as famílias reduzir custos de produção,
diminuindo o uso de agroquímicos e sementes de fora e com isso aumentar a renda através da
venda de sementes produzidas (SANGALETTI, 2007).
De acordo com Sangoi et al. (2000), o milho é cultivado em todo o território brasileiro
com diferentes características de clima, solo e de tecnologia aplicada, que estão diretamente
ligadas ao aparecimento de moléstias, principalmente as foliares, de colmo e de espiga. A
medida que se aumenta a população de plantas por hectare, ocorre um aumento significativo
16
na ocorrência das moléstias de colmo causadas por Fusarium moliniforme, Colletotrichum
graminicola e Diploidia maydis.
2.2 Milho e Agricultura Familiar
Cultivares de milho crioulas são sementes que foram introduzidas ao longo do tempo e
que passaram por um período de adaptação em diferentes regiões e foram sendo selecionadas
pelos agricultores através da seleção massal (WAGATSUMA et al., 2007).
O milho crioulo é uma variedade reproduzida sem a perda de suas características
originais ou degeneração (CANCI, 2002).
Segundo Paterniani et al. (2000) apud Magnanti e Pereira (2008), as populações
crioulas são também conhecidas como raças locais ou landraces, sendo materiais importantes
para o melhoramento genético, pois os mesmos apresentam altos potenciais produtivos e são
adaptados para as condições ambientais especificas. Na grande maioria, devido ao avanço do
melhoramento genético, o milho convencional se tornou mais produtivo em relação ao milho
crioulo.
Para Magnanti e Pereira (2008), as variedades crioulas são materiais importantes para
o melhoramento, apresentando elevado potencial de adaptação as condições ambientais
específicas. De maneira geral, as variedades crioulas são menos produtivas que os cultivares
comerciais, tornando-se fontes de variabilidade genética e que podem ser exploradas na busca
de genes tolerantes ou resistentes aos fatores bióticos e abióticos.
A agricultura familiar representa 85,2% dos estabelecimentos rurais, sendo este grupo
de produtores dependentes de sementes hibridas. Devido ao alto custo dessas sementes, vem
ocorrendo uma redução na renda dessas famílias. Isso se deve ao alto custo das sementes
hibridas em relação ao preço do milho para a venda. As sementes híbridas somente atingem
seu desempenho máximo de produtividade quando todos os fatores são controlados, tais como
17
correção do solo, adubação química no momento do plantio, aplicação de fontes de nitrogênio
em cobertura e controle de pragas com inseticidas, onde muitas vezes essas práticas não são
utilizadas corretamente, diminuindo assim a produtividade. Dessa maneira, as sementes
crioulas, tornam-se uma opção interessante para a agricultura familiar, devido ao seu menor
custo de implantação, maior rusticidade e adaptação às condições adversas (CAMARA,
2005).
De acordo com Abreu et al. (2007), atualmente a agricultura familiar encontra-se
descapitalizada. Portanto, grande parte dos agricultores familiares não tem alcance às
tecnologias recomendadas para a maioria das culturas, além disso, essas tecnologias
aumentam cada vez mais a dependência do agricultor com as empresas “proprietárias” desses
pacotes tecnológicos.
2.3 Situação do milho Crioulo em Santa Catarina
Na região Oeste Catarinense, vem sendo desenvolvido um trabalho para o resgate,
conservação e produção de várias espécies cultivadas através do incentivo de ONGs, como:
Centro Vianei de Educação Popular, Associações de Pequenos Agricultores (Capa) e
Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Anchieta (Sintraf/Anchieta).
Através destas iniciativas vem sendo recuperado um grande número de variedades locais
(CANCI, 2004).
O milho crioulo é uma alternativa barata para agricultores que não tenham condições de
investir em altas tecnologias e com pouca área de terra, sendo a semente mais rústica, não é
usado tratamento com fungicidas, apenas são selecionadas os melhores grãos da espiga,
diminuindo assim os custos de produção (SLONGO, 2005).
Segundo Canci e Carpeggiani (2000), no município de Anchieta - SC, através da
atuação do Sintraf/Anchieta e da Apaco (Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste
18
Catarinense), no total de 1096 famílias de agricultores, 539 cultivavam variedades locais de
milho. Cerca de 250 famílias de pequenos agricultores desse município, recuperaram 16
variedades locais de milho, sendo que hoje 12 delas estão produzindo: Amarelão, Cunha,
Asteca, Mato Grosso, Branco Oito Carreiras, Palha Roxa, Moroti, Pixurum 001, Branco,
Pixurum 004, Pixurum 005 e Pixurum 006. Atualmente, estas variedades estão sendo
cultivadas para produção de sementes.
2.4 Passos para produção de Sementes de Milho Crioulo
2.4.1 Escolha da área
Segundo Canci e Carpeggiani (2000), devem-se evitar áreas onde o vento é intenso,
pois o mesmo tem grande risco de polinização com outras variedades e pode ser plantada em
solos de baixa fertilidade.
2.4.2 Isolamento
A variedade escolhida pode polinizar com a outra variedade. O milho poliniza com
qualquer híbrido de milho ou pipoca. Para que não ocorra essa polinização, o milho deve ser
plantado a 400 m de distância de outras culturas, e em épocas diferentes, para que não
floresçam na mesma época, respeitando um intervalo de 35 dias (CANCI e CARPEGGIANI,
2000).
2.4.3 Adubação
As sementes de milho híbrido, são produzidas com grande quantidade de adubo
químico. As empresas usam até 500 Kg/ ha de adubo e aplicam uréia três vezes, deixando a
semente mais suscetível às moléstias e com menos nutrientes (CANCI e CARPEGGIANI,
2000).
19
De acordo com os mesmos autores, a melhor adubação é a adubação verde, pois
proporciona um maior acúmulo de massa verde e conseqüentemente semente de boa
qualidade. As melhores espécies usadas para adubação verde são: tremoço, ervilhaca, nabo
forrageiro, feijão de porco, gorga, mucuna e aveia. A adubação também pode ser contemplada
com resíduos de outras culturas e dejetos de animais.
2.4.4 Semeadura
Sendo Canci e Carpeggiani (2000), deve-se semear no máximo 42 mil plantas por
hectare, espaçamento entre fileiras de um metro e quatro plantas por metro linear. A lavoura
deve estar isolada de outras cultivares para que não ocorra a polinização. A limpeza e a capina
devem ser realizadas de forma manual.
2.4.5 Dobramento
O dobramento deve ser realizado antes da colheita e logo abaixo da espiga para
auxiliar na secagem e para que não ocorra infiltração de água nas espigas, mantendo assim a
qualidade das sementes. Esta operação deve ser realizada quando a planta atinge a maturação
fisiológica, ou seja, quando aparece o ponto preto na base da semente (CANCI e
CARPEGGIANI, 2000).
2.4.6 Secagem
As espigas quando secas devem ser retiradas da lavoura e armazenadas em local seco e
ventilado, onde se retira parte da palha e penduram-se em galpão por um período de 45 dias,
sempre cuidando com ataque de pragas, principalmente ratos. O mais adequado é secar ao sol
não muito forte, se usado secador não ultrapassar 38° C (CANCI e CARPEGGIANI, 2000).
20
2.4.7 Debulha
Canci e Carpeggiani (2000), citam a debulha como o ato de retirada dos grãos da
espiga. Para melhor qualidade das sementes, a debulha deve ser feita manualmente, pode ser
usado batedor com baixa rotação para não danificar a semente. A umidade ideal para a
debulha é de 16 a 18 %.
2.4.8 Classificação
A classificação deve ser feita em pequenas quantidades e aproveitar somente a parte
central, retirando a ponta e a base da espiga (CANCI e CARPEGGIANI, 2000).
As sementes devem ser armazenadas com menos de 13% de umidade. Existem vários
métodos de armazenar as sementes sem o uso de agrotóxicos: - Colocar as sementes enchendo
uma bombona de 20, 40, ou 50 litros, fechando bem o tambor; - Pode-se usar garrafas
plásticas, sendo que as mesmas devem estar limpas e secas para não entrar umidade e não
danificar as sementes (CANCI e CARPEGGIANI, 2000).
2.5 Problemas Fitossanitários na Cultura do Milho
2.5.1 Moléstias que atacam a cultura do milho
Segundo Pinto (1998) apud Catão et al. (2007), as moléstias do milho ocorrem em
todos os lugares onde o cereal é cultivado, tendo as sementes como um dos meios de
disseminação de patógenos mais eficientes, contribuindo para a infestação em novas áreas de
cultivo. Desta maneira, deve-se levar em consideração o grande número de moléstias que
podem ser transmitidas através da associação do inóculo e de seus agentes de disseminação.
Nos últimos anos o aumento da produtividade na cultura do milho se da
principalmente pelo uso de tecnologias mais modernas, híbridos mais produtivos e a
profissionalização dos produtores de grãos, mas com isso a incidência de moléstias tambem
21
tem aumentado. Principalmente com o avanço de tecnologias em larga escala, uso do plantio
direto, semedura em épocas não recomendadas, população de plantas inadequadas e sem
rotação de cultura podem contribuir para o agravamento das moléstias (FANCELLI e
DOURADO NETO, 2005).
As moléstias que causam danos na cultura ás vezes tomam proporções irreversíveis á
produção, destacando-se: Ferrugem comum (Puccinia sorghi); Ferrugem polissora (Puccinia
polysora); Mancha marrom (Physoderma maydis ); Carvões (Ustilago maydis); Podridões de
espiga causadas por Diplodia maydis; Podridões causadas por Fusarium moliniforme.
2.5.2 Pragas que atacam a cultura do milho
Segundo Cruz et al. (2008), os danos causados por pragas, principalmente na fase
vegetativa variam muito conforme o estádio fenológico da planta, condições edafoclimáticas e
sistemas de cultivo, sendo que muita vezes estes danos causam proporções irreversíveis á
produção. Na região Oeste Catarinense as pragas que mais causam danos econômicos nas
lavouras de milho são: Lagarta Rosca (Agrotis ipsilon); Lagarta Elasmo (Elasmopalpus
lignosellus); Percevejo Castanho (Scaptocoris castanea); Lagarta do Cartucho (Spodoptera
frugiperda); Lagarta da Espiga (Helicoverpa zea); Cigarrinha do Milho (Dalbulus maidis).
2.6 Danos causados por moléstias que atacam a cultura do milho
A cultura do milho pode ser prejudicada por uma série de fatores como clima,
temperatura, pragas e moléstias, sendo estas causadas por fungos, bactérias, vírus, etc. A
ocorrência de moléstias podem causar grandes prejuízos a cultura do milho. Os fatores que
contribuem para o desenvolvimento dessas moléstias são elevadas temperaturas e umidade
relativa do ar (EPAGRI, 1997).
22
De acordo com Kimati et al. (1997), dentre as três ferrugens que ocorrem no milho,
ferrugem comum (Puccinia sorghi), ferrugem polisora (Puccinia polysora) e ferrugem
tropical (Physopella zeae), a ferrugem polisora é a mais agressiva e destruidora das moléstias
do milho na região central do Brasil, causando danos econômicos de ate 65% da produção. A
ferrugem polisora tem preferência por temperatura em torno de 27ºC e umidade relativa alta,
já a ferrugem comum se adapta melhor em temperaturas moderadas, encontradas mais
freqüentemente na região Sul.
A ferrugem polisora causada pelo fungo Puccinia polysora pode ser encontrada em
qualquer estádio de desenvolvimento da planta, inicialmente ocorre nas folhas mais baixas
sob a forma de pústulas, apresenta coloração marrom-clara e tornam-se marrom-escura
quando a planta se aproxima da fase de maturação (FERNANDES e OLIVEIRA, 1997).
Segundo os mesmos autores, a ferrugem comum pode ser encontrada em qualquer fase
de desenvolvimento, porem em condições climáticas favoráveis causa maior redução na
produção na fase jovem do que em plantas de final de ciclo.
A ferrugem comum é causada pelo fungo Puccinia sorghi e apresenta ciclo completo,
tendo o trevo (Oxalis sp.) como hospedeiro alternativo. É uma moléstia favorecida por
temperaturas entre 16 e 23 ºC e umidade relativa alta (FERNANDES e OLIVEIRA, 1997).
A ocorrência da mancha marrom (Physoderma maydis) é bastante comum em locais
onde o milho é cultivado em períodos quentes e úmidos, porém não causa dano econômico a
cultura em temperaturas normais (KIMATI et al., 1997).
Segundo os mesmos autores a ocorrência do carvão comum (Ustilago maydis) é
freqüente em todas as regiões do país onde o milho é cultivado, no entanto não causa danos
econômicos.
23
O carvão da espiga é uma moléstia característica de plantas estressadas, em variedades
de milho tecnicamente bem conduzidas, com adubações adequadas, temperatura e umidade
relativa favorável não há ocorrência desta moléstia (FERNANDES e OLIVEIRA, 1997).
De acordo com Fernandes e Oliveira (1997), as podridões causadas por Diplodia ou
por Fusarium podem ser controladas utilizando variedades resistentes e que dificultem a
infecção das espigas, usando variedades que apresentem espigas bem empalhadas com palhas
bem aderidas ou aquelas decumbentes.
Dentre as podridões de espiga causadas por diplodia (Diplodia maydis) e fusarium
(Fusarium moliniforme), a podridão causada por diplodia é a mais encontrada na cultura do
milho, pois altitudes elevadas aumentam a severidade da moléstia e ocorre geralmente após
longos períodos úmidos, quentes e elevada umidade do solo (KIMATI et al., 1997).
Em áreas onde se utiliza plantio direto, e a podridão da espiga for severa, o
recomendado é fazer aração e gradagem, já em locais com plantios sucessivos o ideal é fazer
rotação de cultura, reduzindo a infestação de inóculos do patógeno, presente normalmente em
restos de cultura (FERNANDES e OLIVEIRA, 1997).
2.7 Danos Causados por pragas na Cultura do milho
A cultura do milho abriga uma enorme quantidade de insetos que estão presentes em
todo o seu ciclo e dependendo das condições favoráveis ao desenvolvimento do inseto, estes
podem causar prejuízos a cultura se não controlados de maneira correta. Além das pragas que
atacam a cultura a campo, o milho armazenado também é atacado por pragas, principalmente
o caruncho e as traças, ocorrendo perdas significativas na cultura (EPAGRI, 1997).
Atualmente com as mudanças dos sistemas de cultivo, altas tecnologias adotadas como
o plantio direto, uso de irrigação e o plantio na safrinha tem contribuído para o aumento da
incidência de pragas, afetando cada vez mais a produção (VIANA et al., 2004).
24
Dentre as pragas da parte aérea que causam dano econômico a cultura do milho está a
lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda), principal praga do milho. Esta lagarta ataca o
cartucho chegando a destruí-lo completamente (GALLO et al., 2002).
Segundo Gallo et al. (2002), a lagarta do cartucho pode reduzir a produção de milho
em até 20%, sendo o período critico de ataque próximo ao florescimento, causando dano
principalmente nas folhas, reduzindo a fotossíntese e conseqüentemente o desenvolvimento
da planta.
Os estádios V6 a V8 com seis a oito folhas desenvolvidas, é caracterizado como o
estádio de cartucho, onde o ataque da Spodoptera frugiperda associado a um período de
pouca precipitação aumenta a ocorrência da praga (FANCELLI e DOURADO NETO, 2000).
O ataque na planta ocorre desde a emergência até o pendoamento e espigamento. No
início do ataque, as lagartas raspam as folhas deixando áreas transparentes, com o
desenvolvimento da cultura a lagarta localiza-se no cartucho da planta, destruindo-o, sendo o
período de maior ataque quando a planta estiver com 8-10 folhas. O período ideal de se
realizar o controle é quando 17 % das plantas estiverem com sintomas de folhas raspadas
(CRUZ et al., 2008).
A lagarta da espiga (Helicoverpa zea) é uma praga que causa grandes danos a cultura,
podendo prejudicar a produção de três maneiras: atacando os cabelos da espiga, impedindo a
fertilização e danificando as espigas, alimentando-se dos grãos leitosos e deixando orifícios
da lagarta na espiga, ocorrendo assim a contaminação de microorganismos e pragas dos grãos
(GALLO et al., 2002).
Segundo Gallo et al (2002), a lagarta da espiga se alimenta dos grãos em formação na
espiga, na fase de milho verde principalmente, a lagarta se encontra na ponta da espiga,
podendo favorecer o aparecimento de carunchos e traças. Para se ter um melhor controle
dessa praga, deve-se utilizar cultivares que apresentem bom empalhamento.
25
Esta praga deposita seus ovos no estilo-estigma, local onde as lagartas iniciam seus
danos, ocasionando falhas na produção de grãos, podendo causar prejuízos de até 8 % nos
rendimentos (CRUZ et al., 2008).
De acordo com Fancelli e Dourado Neto (2000), é no estádio R1 que as condições de
temperatura, umidade do solo e do ar, ponto de contato e comprimento do estilo-estigma
devem estar adequadas para que ocorra a polinização do grão de pólen e fertilização do ovulo,
garantindo uma máxima produção de grãos.
Segundo dados da Epagri (1997), na região Oeste Catarinense, o percevejo castanho
(Scaptocoris castanea), não traz grandes danos a cultura. Quando o ataque é intenso, podem
causar enfraquecimento, amarelecimento e morte das plantas. Maiores problemas ocorrem
quando as áreas de pastagem são transformadas em culturas anuais.
A cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) é o vetor das doenças do enfezamento pálido
e vermelho. As perdas na lavoura podem variar de 9 a 90 % dependendo das cultivares
utilizadas do patógeno envolvido e das condições climáticas, tendo trazido grandes prejuízos
para a cultura do milho. Os sintomas na planta ocorrem entre 4 a 7 semanas depois que o
inseto se alimentou da planta, sugando a seiva, causando amarelecimento das folhas, murcha
e morte das plantas, sendo o principal método de controle o uso de variedades resistentes
(CRUZ et al., 2008).
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local
O experimento foi realizado no ano agrícola de 2009/2010 em uma área de 0.1608 ha
pertencente ao Sr. Arlingo Girotto, localizada no município de Xaxim, na comunidade Pilão
de Pedra, no Estado de Santa Catarina (Ilustração 01).
Ilustração 01.
Vista geral do experimento (Xaxim, SC – 10/X/2009).
3.2 Clima
O clima da região é do tipo Cfa na classificação de Koppen, isto é, chuvas tropicais
bem distribuídas no verão com invernos frios. Predominam no relevo do município planaltos
e planícies (MOTA et al., 1970).
27
3.3 Solo
Os solos que predominam no município são latossolos vermelho distrófico (Embrapa,
2006). Foi realizado análise de solo no local do experimento para verificar as condições
físicas e químicas do solo. No local é realizado plantio direto há vários anos, tendo o milho
como cultura antecessora. Foi utilizado como cobertura de solo aveia preta (Avena strigosa)
semeada no mês de maio de 2009.
3.4 Condições Meteorológicas
Os resultados de temperatura, precipitação e umidade relativa do ar foram obtidas
junto ao Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (CEPAF), da Empresa de Pesquisa
Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), localizada no município de
Chapecó – SC.
3.5 Cultivares
A cultivar utilizada Fortuna é uma variedade de milho de polinização aberta, SCS 154.
A variedade foi desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de
Santa Catarina – Epagri, visando à criação de variedades de polinização aberta para a
utilização nas pequenas propriedades.
A variedade SCS 154 (Fortuna) é oriunda de um composto constituído por seis híbridos
de ampla adaptação no Estado de Santa Catarina, com identidade inicial de CPPP/97 e
atualmente após seis ciclos de seleção, o mesmo está registrado como variedade comercial
(REUNIÃO TECNICA CATARINENSE DE MILHO E FEIJÃO, 2005).
28
Ilustração 02. Cultivar de milho Fortuna (Xaxim, SC - 22/II/2010).
O milho hibrido Pioneer 30F53 utilizado, apresenta alto potencial produtivo e
superprecocidade, com elevada estabilidade, elevada resposta ao manejo com o aumento dos
níveis de adubação, redução do espaçamento e aumento da população de plantas dentro dos
limites sugeridos para o hibrido (PIONEER SEMENTES, 2008).
Ilustração 03. Cultivar de milho híbrido Pioneer 30F53 (Xaxim, SC – 22/II/2010).
29
O milho crioulo Cunha como outras variedades crioulas, é produzido pelos próprios
agricultores há muitos anos atrás, e ainda hoje está sendo cultivado. É uma variedade que
não sofreu nenhum tipo de degeneração e que mantém suas características originais,
apresenta ciclo tardio, plantas altas, grãos dentado, e espiga bastante empalhada (CANCI,
2002).
Ilustração 04. Cultivar de milho crioulo Cunha (Xaxim, SC – 22/II/2010).
As variedades escolhidas no experimento, fazem parte da recomendação do
Zoneamento Agroclimático, recomendado para o Estado de Santa Catarina.
3.6 Tratamentos
Foram definidos 9 tratamentos: (T1) Cunha sem aplicação de adubo; (T2) Fortuna sem
aplicação de adubo; (T3) Pioneer 30F53 sem aplicação de adubo; (T4) Cunha com aplicação
de NPK na semeadura; (T5) Fortuna com aplicação de NPK na semeadura; (T6) Pioneer
30F53 com aplicação de NPK na semeadura; (T7) Cunha com aplicação de NPK mais N na
superfície; (T8) Fortuna com aplicação de NPK mais N na superfície; (T9) Pioneer 30F53
com aplicação de NPK mais N na superfície.
30
Nos tratamentos T1, T2, T3 não foi aplicado nenhum tipo de adubação. Os
tratamentos T4, T5, T6 receberam adubação com NPK 8-20-20 na semeadura com 250 Kg/ha.
Os Tratamentos T7, T8 e T9 receberam adubação de NPK na semeadura com 250 Kg/ha,
mais 2 aplicações de 75Kg de N/ha em cobertura. A primeira aplicação de nitrogênio foi
realizado a lanço, quando a planta apresentava entre 4 a 6 folhas. Após 15 dias foi realizada a
segunda aplicação, quando a planta apresentava de 30 a 60 cm de altura.
3.7 Tratos Culturais
3.7.1 Dessecação
Antes da semeadura do milho, no local do experimento, foi realizado a dessecação da
aveia utilizada como cobertura de solo. A dessecação foi realizada 30 dias antes da
semeadura, com herbicida a base de glifosato.
O controle das plantas infestantes foi realizado no dia 10 de outubro de 2009, onde o
mesmo foi realizado através de capina manual.
Ilustração 05. Dessecação da área experimental (Xaxim, SC – 05/VIII/2009).
31
3.7.2 Semeadura
A semeadura foi realizada no dia 06 de setembro de 2009, sendo o mesmo feito
manualmente. Foram semeadas três variedades diferentes, sendo elas: cultivar comercial:
Pioneer 30F53; variedade de milho crioulo Cunha, e a variedade de milho Fortuna, produzida
pela Epagri do Município de Chapecó.
A semeadura foi realizada de forma que se obteve em torno de 35.000 a 50.000
plantas/ha para variedades crioulas e de 60.000 plantas/ha para híbridos (Ilustração 06).
Antes da semeadura foi realizado tratamento de sementes com o produto Cropstar,
inseticida sistêmico do grupo neonicotinóide (Imidacloprido) + inseticida de contato e
ingestão do grupo metilcarbamato de oxima (Tiodicarbe), na dose de 300 ml/ha.
Ilustração 06. Semeadura do milho na área do experimento (Xaxim, SC – 06/IX/2009).
3.7.3 Adubação
Foi realizada no momento da semeadura, onde os tratamentos T1, T2, T3 não
receberam nenhum tipo de adubação. Os restantes dos tratamentos receberam a mesma
quantidade de NPK 8-20-20 e depois cada parcela foi adubada de acordo com seu tratamento
(Ilustração 07).
32
Ilustração 07. Adubação na semeadura na área do experimento (Xaxim, SC – 06/IX/2009).
3.7.4 Tratamentos Fitossanitários
No experimento não foi utilizado nenhum tipo de tratamento fitossanitário, pois o
mesmo teve como objetivo avaliar a ocorrência de pragas e moléstias.
3.8 Delineamento Experimental
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados (DBC) com 9
tratamentos e 3 blocos.
As parcelas foram constituídas de cinco fileiras de cinco metros de comprimento com
espaçamento entre linhas de 0,90 metros, o que determinou uma parcela com 22,5 metros
quadrados, onde foi realizado o sorteio dos tratamentos para cada parcela. A colheita foi
realizada no dia 22 de fevereiro de 2010 nas três linhas centrais de cada parcela, descartandose as bordaduras (Ilustração 08).
33
Ilustração 08. Colheita do milho na área experimental (Xaxim, SC – 22/II/2010).
3.9 Variáveis Respostas
3.9.1 Plantas atacadas por pragas
Foi realizado uma contagem de plantas que apresentaram sintomas do ataque por
pragas, ou ocorrência de pragas, além de identificar a incidência e o tipo de praga que causou
maior impacto econômico na cultura.
A contagem de plantas foi realizada a campo, registrando o número de plantas
atacadas em cada parcela pela Spodoptera frugiperda, onde foi realizada no dia 08/11/2009 e
da Helicoverpa zea no dia 02/01/2010.
3.9.2 Plantas atacadas por moléstias
Foi realizado um levantamento da plantas com sintomas e sinais de moléstias, bem
como a identificação das mesmas.
A identificação foi realizada a campo, onde foi passado em todas as parcelas fazendo a
contagem de plantas que apresentasses a ocorrência da moléstia, onde a mesma foi realizada
no dia 02/01/2010.
34
3.9.3 Custos de produção
Foi analisado o custo econômico dos tratamentos, demonstrando qual produziu melhor
retorno econômico.
3.10 Análise estatística
Os dados coletados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as médias
foram comparadas pelo teste de Tukey, a 0,05 de significância usando o software estatístico
ASSISTAT.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em relação às condições meteorológicas, em que foi desenvolvido o experimento,
percebe-se pela Ilustrações 09, 10 e 11, que na época da semeadura, a temperatura média foi
de 16,7 ᵒC, a precipitação pluviométrica foi de 440,0 mm e a umidade relativa girou em torno
de 83,0%.
Durante o período vegetativo, no estádio V7, realizou-se as contagens das pragas
ocorridas e a incidência de moléstias, sendo que neste período as condições de temperatura
foram de 20,4 ᵒC, umidade relativa do ar de 75,7% e precipitação pluviométrica de 171,9 mm.
No período de pendoamento estádio VT do milho, a temperatura média girava em
torno de 23,7 ᵒC, umidade relativa do ar de 76,9% e precipitação pluviométrica de 231,7 mm.
Durante o florescimento e polinização, estádio R1 a R3, a temperatura média foi de
24,1 ᵒC, precipitação pluviométrica de 81,0 mm e umidade relativa do ar de 73,1%.
36
35
30
25
Máxima
20
Mínima
15
Media
10
5
0
set/09
out/09
nov/09
dez/09
jan/10
fev/10
Ilustração 09. Média das Temperaturas (ºC) entre os meses de setembro de 2009 a fevereiro
de 2010 (Xaxim, SC – 18/III/2010)
500
400
300
Precipitação
200
100
10
fe
v/
/1
0
ja
n
de
z/
09
09
no
v/
09
ou
t/
se
t/
09
0
Ilustração 10. Volume de Precipitação (mm) entre os meses de Setembro de 2009 a Fevereiro
de 2010 (Xaxim, SC – 18/III/2010)
37
84
82
80
78
76
Umidade relativa do ar
74
72
70
68
set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10
Ilustração 11. Umidade Relativa do Ar (%) entre os meses de Setembro de 2009 a Fevereiro
de 2010 (Xaxim, SC – 18/III/2010)
4.1 Pragas encontradas no experimento
Em relação às pragas encontradas durante a condução do experimento, destacaram-se:
Spodoptera frugiperda, Helicoverpa zea, como pragas primárias, Nezara viridula,
Scaptocoris castaneum e Diabrotica speciosa, pragas secundarias, conforme se observa na
Tabela 02.
38
Tabela 02. Identificação de pragas encontradas no experimento na safra 2009/2010,
realizado no município de Xaxim – SC (Xaxim, SC – 08/XI/2009)
Variedade
Numero de
Plantas atacadas
Nome
praga
comum
da Nome Cientifico
Milho
Cunha
crioulo 126.66
Lagarta-do-cartucho
Spodoptera frugiperda
Milho
cunha
crioulo 51.65
Lagarta da espiga
Percevejo verde*
Helicoverpa zea
Nezara viridula
Percevejo-castanho*
Vaquinha*
Scaptocoris castaneum
Diabrotica speciosa
Milho Fortuna
104.66
Lagarta-do-cartucho
Spodoptera frugiperda
Milho Fortuna
90.99
Lagarta da espiga
Helicoverpa zea
Percevejo verde*
Percevejo-castanho*
Vaquinha*
Nezara viridula
Scaptocoris castaneum
Diabrotica speciosa
Pioneer 30F53
93.99
Lagarta-do-cartucho
Spodoptera frugiperda
Pioneer 30F53
194
Lagarta da espiga
Helicoverpa zea
Percevejo verde*
Nezara viridula
Percevejo-castanho*
Scaptocoris castaneum
Vaquinha*
Diabrotica speciosa
* Não foram realizadas contagens de plantas com sintomas de ataque.
Entre as variedades utilizadas a que apresentou maior ocorrência de plantas com
sintomas foi o milho hibrido Pioneer 30F53, apresentando um maior ataque da Helicoverpa
zea. O milho crioulo Cunha e a variedade Fortuna apresentaram grande ocorrência de
Spodoptera frugiperda. Em relação às pragas secundárias, registrou-se a ocorrência de:
Diabrotica speciosa, Nezara viridula e Scaptocoris castaneum, porém, houve pouca
ocorrência, não trazendo danos a cultura.
39
Número de plantas atacadas
4.2 Plantas atacadas pela Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
45a
40,66a
35,66a 35,66a
41a
36a
33a
33a
25,33a
Tratament…
*Média antecedidas pela mesma letra não difere entre si pelo Teste de Tukey a 0,05 de significancia.
Ilustração 12. Numero de plantas atacadas pela Spodoptera frugiperda, no experimento
realizado na safra 2009/2010 no município de Xaxim – SC, onde o milho se encontrava no
estádio V7 (Xaxim, SC – 08/XI/2009)
Conforme Ilustração 12, não houve diferença significativa entre os tratamentos,
porém, o tratamento que teve maior número de plantas atacadas foi o Cunha sem aplicação de
adubo, e o menos atacado foi o Pioneer 30F53 com NPK na semeadura. O registro do ataque
se deu quando os tratamentos encontravam-se em estádio V7. De acordo com Fancelli e
Dourado Neto (2000), o estádio V6 a V8 se caracteriza pelo estádio de cartucho, apresentando
elevada suscetibilidade ao ataque da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), associada a
um período de baixa precipitação e temperatura girando entre 18 e 25 ᵒC, período ideal para o
desenvolvimento da lagarta, correspondendo assim com os resultados obtidos no
experimento, em que o ataque da Spodoptera frugiperda foi elevado devido à alta
temperatura e baixa umidade. Tambem, Gallo et al., 2002, citam que o ataque da lagarta-docartucho ocorre desde a emergência até o pendoamento, porém, o período de maior ataque é
40
quando apresenta de 8 a 10 folhas, raspando inicialmente as folhas, impedindo a fotossíntese e
conseqüentemente o desenvolvimento da planta.
Em um estudo realizado na região Norte e Oeste do Paraná, sobre a ocorrência de
pragas na cultura do milho, a lagarta-do-cartucho foi a mais severa, onde a percentagem
média de plantas atacadas pela lagarta-do-cartucho foi de 22,7%, sendo que a maior
infestação ocorreu em Londrina com 74,1 % de plantas atacadas. O estádio em que a planta
sofreu os maiores danos foi quando apresentava de oito a dez folhas (VIANA et al., 2004).
Número de plantas atacadas
4.3 Plantas atacadas pela lagarta da espiga (Helicoverpa zea)
80 74.00a
70
60
65.00ab
55.00b
50
40
30
20
10
37.00 c
27,33cd 26,66cd
18,33d 17,66d
15,66d
Tratamentos
0
*Média antecedidas pela mesma letra não difere entre si pelo Teste de Tukey a 0,05 de significancia.
Ilustração 13. Número de plantas atacadas pela Helicoverpa zea, em um experimento
desenvolvido no município de Xaxim – SC, na safra 2009/2010, quando o milho encontravase no estádio R1 (Xaxim, SC – 02/I/2010)
Conforme os dados da Ilustração 13, houve diferença significativa entre os
tratamentos, sendo que o Pioneer 30F53 com NPK na semeadura diferiu significativamente
41
do hibrido Pioneer 30F53 sem adubo, que tambem diferiu do Fortuna com NPK mais N na
superficie, sendo que o Cunha sem aplicação de adubo não diferiu significativamente dos
demais tratamentos. Sendo que os tratamentos que tiveram menores ataques da Helicoverpa
zea foram o Fortuna e o Cunha em todos os tratamentos, destacando-se como resistentes ao
ataque da Helicoverpa zea.
Segundo Fancelli e Dourado Neto (2000), quando o milho se encontra no estádio R1,
principalmente os híbridos, o ataque da lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea) é o mais
prejudicial, pois ela se alimenta dos estilos-estigmas (cabelos) do milho, afetando a
polinização e a granação da espiga. É no estádio R1 que as condições climáticas devem estar
adequadas para que haja a fertilização do óvulo pelo grão de pólen, principalmente pelo teor
de água, temperatura do ar, ponto de contato e comprimento do estilo-estigma (FANCELLI e
DOURADO NETO, 2000). No experimento, durante o estádio R1 as condições climáticas
ocorridas, pouca precipitação e temperatura alta, prejudicaram a polinização e aumentaram a
incidência da Helicoverpa zea, principalmente no hibrido Pioneer 30F53 (em todos os
tratamentos testados).
O milho Cunha se destacou como uma variedade resistente ao ataque da Helicoverpa
zea, assim como a variedade Fortuna, demonstrando a importância de materiais que possuam
bom empalhamento da espiga. Estes resultados confirmam Gallo et al., (2002), as variedades
que apresentam bom empalhamento são mais resistentes ao ataque da lagarta, impedindo o
aparecimento de caruncho e traças. Tambem Canci (2002) cita que o milho crioulo Cunha, é
uma variedade que não sofreu nenhum tipo de degeneração e que mantém suas características
originais, apresenta ciclo tardio, plantas altas, grãos dentado, e espiga bastante empalhada.
42
4.4 Moléstias encontradas no experimento
Em relação às moléstias encontradas durante a condução do experimento, destacaramse: Ustilago maydis e Puccinia sorghi, conforme se observa na Tabela 03.
Tabela 03. Levantamento de plantas com sintomas ou sinais de moléstias encontradas no
experimento na safra 2009/2010 no município de Xaxim – SC (Xaxim, SC – 02/I/2010)
Variedade
Milho cunha
Milho Fortuna
Numero de
plantas
infectadas
Nome comum
da moléstia
Nome cientifico
da moléstia
7.65
Carvão do milho Ustilago maydis
-
Ferrugem
comum
1.32
Carvão do milho Ustilago maydis
-
Ferrugem
comum
Puccinia sorghi
Puccinia sorghi
No milho hibrido Pioneer 30F53 não houve ocorrência de nenhuma moléstia.
Em relação à ocorrência de Puccinia sorghi, foi observado em alguns locais do
experimento, mas não causou dano econômico na cultura, não sendo realizado levantamento
de plantas com sintomas ou sinais da moléstia.
43
Número de plantas atacadas
4.5 Plantas atacadas pelo Ustilago maydis.
4
3
2
1
3,33a
2,66ab
1,66abc
0,66bc 0,66bc
0c
0c
0c
0c
0
Tratamentos
*As média antecedidas pela mesma letra não difere entre si pelo Teste de Tukey a 0,05 de significancia.
Ilustração 14. Levantamento de plantas atacadas pelo Ustilago maydis, realizado no
experimento no município de Xaxim – SC na safra 2009/2010, estádio R1 (Xaxim, SC –
02/I/2010)
Conforme Ilustração 14, houve diferença significativa entre os tratamentos, sendo que
o Cunha com NPK na semeadura mais N na superficie diferiu estatisticamente do Fortuna
com NPK na semeadura, mas porem o Fortuna com NPK na semedura não diferiu
significativamente dos outros tratamentos, ou seja, do Fortuna com NPK na semeadura mais
N na superfície e dos híbridos em todos os tratamentos. Sendo que os tratamentos que tiveram
menor incidência foram o Fortuna sem aplicação de adubo, e o híbridos 30F53 nos três
tratamentos, destacando o milho hibrido Pioneer 30F53 e o Fortuna resistentes ao Ustilago
maydis.
De acordo com Fernandes e Oliveira (1997), o carvão é uma moléstia secundária, que
ocorre em plantas estressadas e é favorecida com temperaturas entre 26 e 34 ᵒC e baixa
umidade, resultados estes que corresponderam com os obtidos no experimento, onde a
44
temperatura máxima foi 32 ᵒC e umidade relativa do ar 61,0%, ou seja, alta temperatura e
baixa umidade, favorecendo para o desenvolvimento da moléstia.
As variedades que receberam altas doses de nitrogênio ou que receberam mais
adubação são as mais susceptíveis (FERNADES e OLIVEIRA, 1997), correspondendo com
os resultados obtidos no experimento, com exceção dos híbridos que são mais resistentes, em
decorrência do melhoramento genético.
4.6 Outras moléstias e pragas ocorridas no experimento
Outra moléstia que teve ocorrência no experimento foi à ferrugem comum (Puccinia
sorghi), porém, não causou danos, caracterizando-se como uma moléstia secundária, teve
ocorrência, mas não em proporções que pudessem afetar a produção, por isso não foi
realizado um levantamento de plantas atacadas por esta moléstia.
Fancelli e Dourado Neto (2000) citam que esta moléstia apresenta ciclo completo,
podendo ter como hospedeiro alternativo o trevo (Oxalis sp.), é favorecida por temperaturas
entre 16 e 23 ᵒC e alta umidade relativa do ar e sua disseminação se dá principalmente pelo
vento. Durante a condução do experimento, as condições climáticas UR e Precipitação não
foram favoráveis a ocorrência da moléstia (Ilustração 10 e 11).
No experimento, a vaquinha (Diabrotica speciosa), o percevejo verde (Nezara
viridula) e o percevejo-castanho (Scaptocoris castaneum) ocorreram em plantas recém
germinadas, chegando até ocasionar a morte de algumas plantas, mas não em proporções que
chegasse a afetar a produção da cultura.
45
4.7 Custos de produção
De acordo com os resultados obtidos no experimento, em relação ao custo de
produção, o menor custo por hectare foi obtido com o milho crioulo Cunha, devido ao menor
custo econômico das sementes conforme observa-se na Tabela 04.
46
Tabela 04. Descrição dos materiais utilizados para a realização do experimento no Município de Xaxim – SC, na safra 2009/2010 (Xaxim, SC –
10/V/2009)
MATERIAIS DE CONSUMO (Valor Unitário R$/ha)
DESCRIÇÃO
VARIEDADES Analise de solo Sementes Tratamento de semente
Cunha
Quantidade
Fortuna
Quantidade
Pioneer 30F53
Quantidade
Uréia
Secante Glyfosate Mão-de-obra Total R$
20,00
3,00
0,21
0,90
10,00
85,00
01
20 Kg
300 ml
350 Kg
03 l
8 UTH*
20,00
3,50
0,21
0,90
10,00
85,00
01
20 Kg
300 ml
350 Kg
03 l
8 UTH*
20,00
18,00
0,21
0,90
10,00
85,00
01
14 Kg
300 ml
350 Kg
03 l
8 UTH
*UTH – Unidade Trabalho Homem
1168,00
1178,00
1360,00
47
O milho crioulo é uma alternativa viável e barata, principalmente para a agricultura
familiar que não tem condições em investir em grande escala, na compra de sementes e
insumos de alta tecnologia e de realizar todas as operações agrícolas necessárias para o
controle de pragas e moléstias. Por esta razão o milho crioulo se torna mais uma alternativa
viável as pequenas propriedades, trazendo menos custos de produção e conseqüentemente
podendo melhorar a renda das famílias.
5 CONCLUSÕES
Nas condições em que o experimento foi conduzido, os resultados obtidos permitem
concluir que:
Em relação à incidência da Spodoptera frugiperda, não houve diferença significativa
entre os tratamentos;
Em relação à incidência da Helicoverpa zea a que teve maior ataque foi o hibrido
Pioneer 30F53;
O milho crioulo Cunha e o Fortuna apresentaram-se como resistentes a Helicoverpa
zea;
Em relação à ocorrência do Ustilago maydis, o milho crioulo Cunha, quando
submetido aos tratamentos com adubação foi o que apresentou maior incidência;
A variedade Fortuna e o hibrido Pioneer 30F53 apresentaram resistência a ocorrência
do Ustilago maydis;
O milho crioulo Cunha apresentou-se como a alternativa mais econômica de acordo
com os custos de produção.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em vista dos resultados obtidos no experimento, é um bom trabalho que poderia ter
continuidade e gerar novos dados nesta área, visto que uma das dificuldades é encontrar
publicações no tema.
Uma nova sugestão seria de usar mais variedades de milho crioulo com diferentes
adubações, como: esterco de suíno líquido, adubo de aviário ou esterco de bovinos.
REFERÊNCIAS
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GLOSSÁRIO
Estádio V7 – este estádio corresponde ao estádio V6 a V8, com seis a oito folhas
completamente desenvolvidas, conhecida como o estádio de cartucho, onde o ponto de
crescimento e o pendão já estão acima do nível do solo e o colmo esta no inicio da alongação
celular.
Estádio VT – conhecido como o período de pendoamento, o inicio deste estádio é
caracterizado quando o ultimo ramo do pendão esta completamente visível e os cabelos ainda
não emergirão na espiga.
Estádio R1 – Embonecamento e polinização, o período de embonecamento inicia
quando os estilos-estigmas estão fora da espiga. A polinização ocorre quando o grão de pólen
liberado é capturado por um dos estilos-estigmas.
ANEXOS
55
Anexo 01: Análise de solo
56
57
Anexo 02: Croqui da área experimental
58
Anexo 03: Quadro de análise de variância da Spodoptera frugiperda
-----------------------------------------------------------------F.V.
G.L.
S.Q.
Q.M.
F
-----------------------------------------------------------------Blocos
2
28.07407
14.03704
0.2556 ns
Tratamentos
8
778.74074
97.34259
1.7727 ns
Resíduo
16
878.59259
54.91204
-----------------------------------------------------------------Total
26
1685.40741
-----------------------------------------------------------------** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01)
* significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05)
ns não significativo (p >= .05)
GL: 8, 16 F-krit(5%) = 2.5911 F = 1.7727 p > .10000
Médias de tratamento
---------------------1
45.00000 a
2
35.66667 ab
3
35.66667 ab
4
40.66667 ab
5
36.00000 ab
6
25.33333 b
7
41.00000 ab
8
33.00000 ab
9
33.00000 ab
---------------------DMS = 17.24163
MG =
36.14815
CV% =
20.49971
As médias seguidas pela mesma letra não diferem
estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste
de Tukey ao nível de 5% de probabilidade
59
Anexo 04: Quadro de análise de variância da Helicoverpa zea
-----------------------------------------------------------------F.V.
G.L.
S.Q.
Q.M.
F
-----------------------------------------------------------------Blocos
2
76.07407
38.03704
1.1121 ns
Tratamentos
8
11559.18519
1444.89815
42.2439 **
Resíduo
16
547.25926
34.20370
-----------------------------------------------------------------Total
26
12182.51852
-----------------------------------------------------------------** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01)
* significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05)
ns não significativo (p >= .05)
GL: 2, 16 F-krit(5%) = 3.6337 F = 1.1121 p > .10000
GL: 8, 16 F-krit(1%) = 3.8896 F = 42.2439 p < .00100
MÉDIAS E MEDIDAS
Médias de tratamento
---------------------1
15.66667 d
2
26.66667 cd
3
55.00000 b
4
18.33333 d
5
27.33333 cd
6
74.00000 a
7
17.66667 d
8
37.00000 c
9
65.00000 ab
---------------------DMS = 13.60758
MG =
37.40741
CV% =
15.63432
As médias seguidas pela mesma letra não diferem
estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste
de Tukey ao nível de 5% de probabilidade
60
Anexo 05: Quadro de análise de variância do Ustilago maydis
-----------------------------------------------------------------F.V.
G.L.
S.Q.
Q.M.
F
-----------------------------------------------------------------Blocos
2
2.66667
1.33333
1.1429 ns
Tratamentos
8
38.66667
4.83333
4.1429 **
Resíduo
16
18.66667
1.16667
-----------------------------------------------------------------Total
26
60.00000
-----------------------------------------------------------------** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01)
* significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05)
ns não significativo (p >= .05)
GL: 2, 16 F-krit(5%) = 3.6337 F = 1.1429 p > .10000
GL: 8, 16 F-krit(1%) = 3.8896 F = 4.1429 p = .00752
MÉDIAS E MEDIDAS
Médias de tratamento
---------------------1
1.66667 abc
2
0.00000 c
3
0.00000 c
4
2.66667 ab
5
0.66667 bc
6
0.00000 c
7
3.33333 a
8
0.66667 bc
9
0.00000 c
---------------------DMS =
2.51315
MG =
1.00000
CV% =
108.01234
As médias seguidas pela mesma letra não diferem
estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste
de Tukey ao nível de 5% de probabilidade
61
Anexo 06: Dados Meteorológicos entre os meses de Setembro de 2009 a Fevereiro de 2010
62
63
64
65
66
67
Anexo 07: Fases de desenvolvimento da cultura do milho
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