População tem 120 milhões de moedas em cofrinhos

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VITÓRIA, ES, QUARTA-FEIRA, 01 DE MARÇO DE 2017 ATRIBUNA
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Economia
HÁBITO ANTIGO
DINHEIRO EXTRA
População tem 120 milhões
de moedas em cofrinhos
THIAGO COUTINHO/AT
Banco Central divulgou
que um terço do que
é emitido no País fica
guardado, o que deixa
o comércio sem troco
e prejudica a economia
Luciana Almeida
ma atitude simples, mas
que pode trazer muitos
prejuízos para a população. O hábito dos brasileiros de
encher cofrinhos tira de circulação um terço das moedas emitidas no País por ano, segundo um
levantamento feito pelo Banco
Central.
Os dados da autoridade monetária apontaram que, no Brasil, a
população guarda até 7,4 bilhões
de moedas que deveriam estar no
mercado. Somente no Espírito
Santo esse número chega a 120
milhões de unidades — dinheiro
que deveria estar sendo usado para comerciantes darem de troco e
viabilizando outras transações.
O Banco Central alerta que os
prejuízos não são apenas na não
circulação desse dinheiro no
mercado, mas também no custo
de produção delas, que é maior do
que o das cédulas. Na maioria das
vezes, o valor de face não paga
nem o gasto com a confecção.
A economista e professora da
Fucape Arilda Teixeira disse que
acumular moedas está incorporado à cultura do brasileiro.
“Guardar moedas em um cofrinho é uma prática de pelo menos
50 anos, mas naquela época as
pessoas não percebiam o ônus.
Mas agora é diferente, pois a economia precisa de dinheiro rodando, e quando as pessoas o retiram, o Banco Central precisa repor, e o custo é muito elevado”,
disse.
O economista e coordenador
de Extensão da Rede Doctum,
Paulo Cezar Ribeiro Silva, disse
que muitas pessoas, principalmente os mais jovens, não gostam de levar moedas na carteira e
acabam deixando esse dinheiro
perdido em casa.
U
OS NÚMEROS
PARQUÍMETRO: uso de moedas
A aposentada Celina Maria
Garcia Gonçalves, 69 anos, tem
o costume de guardar moedas
em um cofrinho. A intenção, segundo ela, é usar o dinheiro caso
ocorra alguma eventualidade,
ou em casos de viagem, para ter
um dinheirinho extra para os
gastos. Ano passado, ela guardou as moedas por cerca de seis
meses e conseguiu um montante de R$ 380.
“Este ano vou guardando. Na
hora que eu precisar, seja para
viajar ou para alguma eventualidade, já tenho esse extra.”
7,4 bilhões
de moedas estão em cofrinhos
caseiros em todo o País
1970 e 1980
foram as décadas em que o governo
estimulou a cultura de guardar
moedas em casa
Ele destacou que, entre as décadas de 1970 e 1980, o governo
federal incentivava que as pessoas juntassem as moedas em casa como forma de ensinar as
crianças a poupar.
“Havia bancos que davam o cofrinhos para que as pessoas juntassem em casa e de tempos em
tempos levassem as moedas para
trocar. Havia máquinas para contar essas moedas. Perdeu-se essa
tradição de incentivar a junção
de moedas, mas muitas pessoas
ainda mantêm o hábito”, disse.
Sem ter como dar troco, o ge-
rente do Cine Jardins, em Jardim
da Penha, Vitória, Talmon Fonseca Júnior, encontrou um meio de
conseguir dinheiro trocado. De
tempos em tempos, faz uma promoção para que os clientes levem
moedas para o local.
“A cada R$ 50 em moedas ou
notas de R$ 2, o cliente ganha
uma cortesia”, disse.
No entanto, a promoção só
acontece quando o cinema não
tem moedas ou notas pequenas
para dar troco, e são anunciadas
diretamente em suas redes sociais.
Cartão para pagar estacionamento
THIAGO COUTINHO — 26/07/2015
Eventualidade
Motoristas que circulam em Vitória e precisam usar o estacionamento rotativo muitas vezes têm dificuldades para conseguir moedas, que
são necessárias para o pagamento
no parquímetro.
Além disso, as monitoras dos
equipamentos muitas vezes não
têm moedas para trocar, ou os lojistas no entorno não facilitam a
troca, para não ficarem sem moedas para troco.
Mas a Secretaria de Transportes,
Trânsito e Infraestrutura Urbana
de Vitória informou que além das
moedas, há mais duas formas para
fazer o pagamento: pelo cartão recarregável, que pode ser adquirido
e recarregado com as monitoras,
ou com o aplicativo PicPay, disponível para smartphones com iOS e
Android, no qual o motorista não
precisa se deslocar até o parquímetro para aumentar o tempo.
“A fiscalização também utiliza,
nesses casos, um equipamento
eletrônico para confirmar o pagamento do uso do rotativo de acordo com a placa do carro”, informou a Setran por nota.
Dinheiro fora de circulação
traz perda para a economia
Quando as moedas são retiradas
de circulação e ficam guardadas
em cofrinhos em casa, os prejuízos
para a economia são grandes, principalmente na recolocação desse
objeto no mercado.
O economista e professor da Fucape, Aridelmo Teixeira, ressaltou
que o gasto para a produção das
moedas é maior do que o seu valor
de mercado, e provoca prejuízo
também para a população, visto
que os custos empregados na sua
recolocação poderiam ser investidos em educação, saúde e outros
setores essenciais.
“Guardar quilos de moedas em
casa não é um bom hábito e faz
com que o governo deixe de investir em setores essenciais, e os valores são gastos na reposição dessas
moedas.”
A economista e professora da
Fucape, Arilda Teixeira, frisou
que, para quem quer juntar dinheiro, o ideal é pegar essas moedas e guardar em uma caderneta
de poupança, mesmo que o rendimento não seja muito alto.
“É preciso fazer uma campanha
DIVULGAÇÃO
GUARDAR
dinheiro no
cofrinho é
mau negócio,
segundo
economistas
para mudar esse hábito do brasileiro. Mais vale guardar as moedas
na caderneta de poupança do que
em cofrinhos em casa”, disse.
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