estímulos sensoriais na ensinagem de ciências da

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ESTÍMULOS SENSORIAIS NA ENSINAGEM DE CIÊNCIAS DA
NATUREZA: ATIVIDADES ADAPTADAS PARA ALUNOS COM
DEFICIÊNCIA VISUAL
Tiane Pereira Müller(1), Vilson Ervandil Messa dos Santos(2), Simone Pinton(3), Rafael
Roehrs(4)
(1)
Aluna do curso de Especialização em Neurociência aplicada à Educação; Universidade Federal do Pampa;
Uruguaiana; Rio Grande do Sul ([email protected])
(2) Licenciado em Ciências da Natureza; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana; Rio Grande do Sul
([email protected])
(3) Professora, Universidade Federal do Pampa, Uruguaiana; Rio Grande do Sul ( [email protected])
(4) Orientador; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana; Rio Grande do Sul ( [email protected])
Palavras-Chave: estímulos sensoriais, deficiência visual, ciências da natureza.
INTRODUÇÃO
A ensinagem1 de Ciências da Natureza contempla a abordagem de conceitos e fenômenos químicos,
físicos e biológicos que precisam ser visualizados para serem melhor compreendidos, portanto os
professores devem estar preparados para atender de maneira adequada aqueles alunos que não possuem
o sentido visão, buscando novas linguagens e métodos que permitam e colaborem na percepção de
conceitos e fenômenos, criação de imagens, formação de memórias e na consolidação do aprendizado,
para tanto, é imprescindível o uso de diversos estímulos sensoriais, pois de acordo com Nunes e Lomônaco
(2010) é importante que as informações visuais cheguem por outros caminhos, ou seja, por outros canais
sensoriais, no caso, os outros sentidos.
Vigotski propunha que, deficiências como a cegueira são capazes de reorganizar todo o cérebro,
desenvolvendo meios alternativos para atingir uma meta. Ou seja, as pessoas com deficiência podem se
beneficiar do processo de aprendizagem, assim como as demais, pontuando a complexidade e a
plasticidade do sistema psicológico humano.
Esta pesquisa vem ao encontro da Lei 13.146/2015, (Estatuto da Pessoa com Deficiência) que em
seu Título II, Capítulo IV, Artigo 27 prevê que: “A educação constitui direito da pessoa com deficiência,
assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de
forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais,
intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem”. (BRASIL,
2015).
O objetivo deste trabalho é descrever através de uma revisão literária a como pode-se utilizar os
estímulos sensoriais na ensinagem de Ciências da Natureza para alunos com deficiência visual, através da
utilização de novos métodos que instiguem os demais sentidos (tato, olfato, audição e paladar) de forma a
contribuir na formação de memórias e na consolidação do aprendizado.
METODOLOGIA
Este estudo foi desenvolvido seguindo os preceitos do estudo exploratório, através de uma pesquisa
bibliográfica (GIL, 2008). Esta pesquisa foi feita nas bases de dados das seguintes fontes: Scielo (Scientific
Electronic Library Online), Banco de Teses da Capes e Google acadêmico, de onde foram coletados artigos
científicos, teses e dissertações sobre o referido tema, para leitura e análise a fim de angariar dados para
a referente pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
É possível abordar diversos conceitos através de estímulos sensoriais. A liberação de gás em
reações químicas pode ser percebida utilizando um comprimido efervescente em água, e pode ser sentida
pelo som da efervescência e /ou pelos respingos que tocam a pele (NUNES, et al. 2010.p.8 ).
1
Trata-se de uma ação de ensino da qual resulte a aprendizagem do estudante, superando o simples dizer do conteúdo por
parte do professor, pois é sabido que na aula tradicional, que se encerra numa simples exposição de tópicos, só há garantia da citada
exposição, e nada se pode afirmar acerca da apreensão do conteúdo pelo aluno. (Anastasiou,1998, p.4)
Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
Para realizar o experimento da condutividade elétrica de diferentes materiais é necessário o sentido
visão para perceber quando a lâmpada acende, mas para alunos com deficiência visual pode-se utilizar um
dispositivo sonoro no lugar da lâmpada que emitirá um alarme, caso o material conduza eletricidade
(NUNES, et al. 2010.p. 6).
O experimento da produção de cola de caseína, realiza-se utilizando leite, limão e bicarbonato de
sódio, e permite que se instigue os sentidos tato e olfato. Inicia-se identificando o cheiro de cada substância
e após a mistura de todos eles pode-se verificar se houve mudança de odor.
É possível também identificar a textura dos reagentes e produtos formados com o tato ( NUNES, et
al. 2010. p.5).
A diferenciação entre substâncias ácidas e básicas pode-se realizar com a degustação de vários
sabores, instigando assim o sentido paladar ( NUNES, et al. 2010. p.5).
Para abordar “Volume dos gases”, é possível realizar um experimento que utiliza balões no gargalo
de uma garrafa pet. Esta garrafa é mergulhada em água gelada e em água morna, para assim demonstrar a
plasticidade do ar e que os gases se modificam de acordo com a temperatura. Neste experimento é
estimulado o sentido tato.
As “Ondas sonoras”, podem ser abordadas utilizando um violão, para demonstrar a propagação
das ondas sonoras pelo ar. Para conhecer os diferentes tipos de ondas sonoras são confeccionados
materiais didáticos, de modo a facilitar o manuseio e percepção tátil e assim perceber as diferenças entre as
ondas sonoras, bem como cristas e vales. É possível também problematizar a questão das ondas sonoras
no vácuo, através do uso de celulares dentro de câmaras com ar e câmaras no vácuo para percepção do
som. Neste experimento estimula-se os sentidos tato e audição.
O “Sistema respiratório”, responsável pelas trocas gasosas através da respiração, pode ser
compreendido com um material anatômico para percepções táteis, e também através de um recurso
didático construído com balões e garrafa pet, para elucidar o movimento do diafragma e dos pulmões,
abordando também a questão do volume dos gases. Nesta atividade estimula-se o tato.
CONCLUSÕES
Entendo que a ensinagem de Ciências da Natureza para alunos com deficiência visual é um grande
desafio para os professores e para a escola. Estes desafios devem ser superados a fim de que estes alunos
percebam que possuem as mesmas habilidades e potencialidades que os alunos videntes; apenas
precisam de condições favoráveis ao seu aprendizado e de professores realmente capacitados e
comprometidos com a verdadeira inclusão na escola.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei N°13.146, de 6 de
julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
Deficiência). Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm Acesso
em 28 de agosto de 2016.
GIL, A.C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª ed. São Paulo. Atlas, 2008.
NUNES, B.C. et al. Propostas de atividades experimentais elaboradas por futuros professores de Química
para alunos com deficiência visual. XV Encontro Nacional de Ensino de Química (XV ENEQ) – Brasília, DF,
Brasil – 21 a 24 de julho de 2010.
NUNES, S; LOMÔNACO, J.F.B. O aluno cego: preconceitos e potencialidades. Revista Semestral da
Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional. São Paulo, V.14, n.1, p.55-64, Jan a Jun de
2010.
VIGOTSKI, L. S. Teoria e método em psicologia. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
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