Anais do XI Fórum da Pós-Graduação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro A ESSÊNCIA DA VERDADE FRENTE O DISCURSO METAFÍSICO Alexandre Gonçalves Barbosa¹ & Affonso Henrique Vieira da Costa² 1. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Filosofia, e-mail: [email protected]; 2. Departamento de Filosofia, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, UFRRJ, e-mail: [email protected]. Palavras-chave: Filosofia; ontologia; metafísica. RESUMO O presente trabalho tem por objetivo fazer um breve paralelo expositivo da contraposição entre o discurso metafísico e a essência da verdade. Para tanto nos utilizaremos da abordagem teórica elaborada pelo filósofo alemão Martin Heidegger, tendo como base a conferência Sobre a Essência da Verdade de 1930. O nosso percurso para a exposição do tema tratará primeiramente de definir, segundo Heidegger, o que seja metafísica. Nossa hipótese é a de que a metafísica é a história do esquecimento do ser; sendo assim, ela que abandona a sua missão de ser um estudo ontológico, (um estudo sobre o ser), tomando para si, em sua atividade, um estatuto ôntico. É justamente o não respeito à diferença que existe entre ser e ente que fez da metafísica a propulsora de grandes equívocos não só filosóficos, mas também outros tantos que se apoiem em um contexto discursivo metafísico, no sentido anteriormente criticado. O esquecimento do ser produz problemas em série e um destes refere-se a uma das perguntas que mais intrigam e intrigaram a humanidade, a saber, o que é a verdade? É no limite da crítica à metafísica que a questão da verdade pode ser retomada e, nesse sentido, ela é capturada juntamente com aquele que possui, no mundo como totalidade dos entes, um primado ôntico-ontológico sobre todos os demais, o homem. Mas o homem aqui não pode ser entendido com categorias e definições das ciências antropológicas ou exatas, o homem deve ser visto a partir do seu ser. E, para tanto, o olhar lançado sobre ele deve ser aquele dito fenomenológico, que se abstém de toda e qualquer caracterização conceitual, para se voltar às coisas mesmas. E é assim que o ser do humano se mostra como Dasein, ou seja, literalmente e ontologicamente como ser-aí; é aquele que está aí como um poder ser, como um ter de ser. É o homem que pode colocar para si a questão da verdade de um modo muito mais elementar, podendo perguntar sobre sua essência. É mediante uma crítica da metafísica e o entendimento do homem como ser lançado no aberto que a verdade como desvelamento, alétheia, pode ser entendida. Mas para tanto, é necessário considerar três pontos importantes: 1) a crítica à noção de verdade como correspondência; 2) a manifestação do ente no aberto, a partir do que é nomeado como liberdade; 3) e a essência da liberdade como essência da verdade. Acreditamos que a crítica à noção de veritas, verdade como correspondência/adequação, possui uma referência à crítica da metafísica. É a insatisfação com o conceito corrente de verdade que faz Heidegger querer ir para além dele. Portanto, é colocando o discurso metafísico acerca da verdade em ‘xeque’ que se alcançará a essência da verdade. Isso não apenas com uma desconstrução da veritas, e sim a partir do desenvolvimento do que seja mesmo a essência da verdade visando à manifestação do Ser. É neste horizonte elucidativo que se orienta o nosso trabalho que pretende lançar luzes sobre a temática a ser explorada. CD-ROM, 2016. ISSN 1984-0632.