DIVISÃO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Enfª Mara Cristina Ripoli Meira DENGUE • • • • Arbovirose: ArthopodBorne Arbo Ar Bo Vetor: Aedes aegypti Países tropicais e subtropicais Áreas Urbanas Distribuição do Aedes sp. Aedes aegypti A fêmea faz 10 a 12 ovoposições em média Ovos viáveis até 450 dias Transmissão transovariana O mosquito está apto a transmitir cerca de 8 a 11 dias após o repasto Transmissão do Vírus da Dengue pelo Aedes aegypti Mosquito 2 Mosquito 2 não infectado Mosquito 1 infectado infectado PI extrínseco mosquito 2 Viremia João PI Intrínseco João 1 . 3 . 5 . Maria 7 . 9 . 11 . 13 Período de Incubação . 15 . 17 . 19 . MUNICÍPIOS COM PRESENÇA DO Aedes aegypti, PARANÁ – 1995 A 2005 Número de anos com presença do Aedes aegypti 0 1 2 3 4 5 6 N REGIONAIS COM MAIOR INCIDÊNCIA DE DENGUE NO ESTADO DO PARANÁ, BRASIL, NO PERÍODO DE 1995 A 2005 Transmissão por vetor: Aedes aegypti Aedes aegypti Aedes albopictus CICLO EVOLUTIVO DO VETOR DENGUE • gênero: Flavivirus família: Flaviviridae RNA de filamento único • 4 sorotipos: DEN 1, DEN 2, DEN 3, DEN 4. • Cada sorotipo proporciona – imunidade permanente específica – imunidade cruzada a curto prazo • Variação genética dentro de cada sorotipo DENGUE VÍRUS • Todos os sorotipos podem causar doenças graves e fatais • Algumas variantes genéticas dentro de cada sorotipo parecem ser mais virulentas ou ter maior potencial epidêmico Espectro Clínico da Dengue Forma Inaparente Febre indiferenciada Dengue Clássica FHD Formas Clínicas da Dengue Contato com o Vírus da Dengue Assintomática Febre Indiferenciada Sintomática Dengue Clássico Dengue Clássico com Manifestação Hemorrágica Síndrome do Dengue Hemorrágico Sem Choque Síndrome do Choque do Dengue Formas Clínicas da Dengue Contato com o Vírus da Dengue Assintomática Febre Indiferenciada Sintomática Dengue Clássico Dengue Clássico com Manifestação Hemorrágica Síndrome do Dengue Hemorrágico Sem Choque Síndrome do Choque do Dengue Febre Indiferenciada • Apresentação mais comum entre as formas sintomáticas da dengue • Indistingüível de outras doenças virais agudas • Lactentes e pré-escolares Formas Clínicas da Dengue Contato com o Vírus da Dengue Assintomática Febre Indiferenciada Sintomática Dengue Clássico Dengue Clássico com Manifestação Hemorrágica Síndrome do Dengue Hemorrágico Sem Choque Síndrome do Choque do Dengue DENGUE CLÁSSICO • Quadro autolimitado (3 a 7 dias) =Febre - Duração de 4 a 5 dias (2 a 7 dias) - Às vezes bifásica =Acompanhada de pelo menos 2 dos sintomas: • Cefaléia • Dor retro-orbitária • Mialgia e artralgias em até 70% dos casos • Prostação • Exantema =História epidemiológica DENGUE História de epidemia de dengue ou relato de viagem para regiões em vigência de epidemia de dengue Formas Clínicas da Dengue Contato com o Vírus da Dengue Assintomática Febre Indiferenciada Sintomática Dengue Clássico Dengue Clássico com Manifestação Hemorrágica Síndrome do Dengue Hemorrágico Sem Choque Síndrome do Choque do Dengue Manifestações Hemorrágicas da Dengue • Nem sempre visíveis • Pode ocorrer na forma clássica da dengue • Formas: – – – – – Pele: petéquias, púrpuras, equimoses Gengivorragia Epistaxe Metrorragia Gastrointestinal: hematêmese, melena • Surgem no final do período febril. Prova do do Laço Laço Prova Foto: Universidade Federal de Pernambuco Prova do do Laço Laço Prova Foto: Universidade Federal de Pernambuco PETÉQUIAS SANGRAMENTO GENGIVAL SANGRAMENTO SUB - CONJUNTIVAL Fotos: Instituto de Medicina Tropical de Manaus Formas Clínicas da Dengue Contato com o Vírus da Dengue Assintomática Febre Indiferenciada Sintomática Dengue Clássico Dengue Clássico com Manifestação Hemorrágica Síndrome do Dengue Hemorrágico Sem Choque Síndrome do Choque do Dengue DENGUE Febre Hemorrágica do Dengue Manifestações clínicas iguais a forma clássica até a redução da febre ( entre 3º e 7º dia ) e instalação da síndrome. DEFINIÇÃO DE CASO: CASO • Febre ou relato de febre • Manifestações hemorrágicas • Plaquetopenia (< 100 000 x mm3) • Extravasamento de plasma – derrames cavitários – hemoconcentração (acima de 20%) – hipoalbuminemia •Derrames cavitários •Aumento do Hto em 20% •Plaquetopenia Espessamento Fotos: Universidade Federal de Pernambuco Fatores de Risco para ocorrência de FHD Densidade vetorial Densidade populacional Suscetíveis Circulação viral Fatores Virais Sorotipo Cepa Seqüência Fatores Ambientais FHD Infecção Secundária Doença de base Idade Fatores do Hospedeiro Febre Hemorrágica do Dengue • CLASSIFICAÇÃO DA FHD (OMS): – GRAU I: Febre e sintomas inespecíficos e Prova do Laço positiva como única manifestação hemorrágica – GRAU II: Manifestações do Grau I, com hemorragias espontâneas leves (pele, epistaxe, gengivorragia, etc) – GRAU III: Colapso circulatório (pulso fraco e rápido), hipotensão e PA convergente, pele fria e inquietação – GRAU IV: Sind. do Choque da Dengue (choque profundo: ausência de PA e pulso imperceptível Estadiamento e Tratamento • O ESTADIAMENTO (Anamnese e exame físico) é utilizado para orientar as medidas terapêuticas cabíveis. • A dengue é uma doença dinâmica, o que permite que o paciente evolua de um estágio a outro rapidamente. • O manejo clínico adequado depende: – do reconhecimento precoce de sinais de alerta, – do contínuo monitoramento e re-estadiamento dos casos e – da pronta reposição hídrica com solução salina. DENGUE SINAIS DE ALERTA • Dor abdominal intensa e contínua • Vômitos persistentes • Lipotímia, hipotensão postural ou hipotensão arterial • Pressão diferencial < 20 mmHg (PA convergente) • Queda abrupta da temperatura • Agitação ou letargia • Hepatomegalia dolorosa • Hemorragias importantes • Aumento repentino do hematócrito Estadiamento • GRUPO A: AUSÊNCIA de: – Manifestação hemorrágica: induzida (Prova do Laço) ou espontânea – Sinais de alerta. • GRUPO B: – PRESENÇA de manifestação hemorrágica induzida (Prova do Laço) ou espontânea, sem repercussão hemodinâmica – AUSÊNCIA de sinais de alerta. • GRUPO C e D: – PRESENÇA de algum sinal de alerta e/ou Choque, com ou sem manifestações hemorrágicas • • NOTIFICAR TRATAMENTO: DENGUE GRUPO A Ausência de manifestação hemorrágica espontânea ou induzida (Prova do Laço) e ausência de sinais de alerta. • Tratamento Ambulatorial • Hidratação oral: 60-80 ml/Kg/dia (1/3 com SRO e 2/3 com água, sucos, chás) • Analgésicos e antitérmicos: Dipirona, paracetamol • Orientar sobre sinais de alerta • Não utilizar salicilatos • Pacientes em situações especiais devem ser reavaliados no primeiro dia sem febre Pacientes em situação especial • • • • • • • • • gestante, idoso (> 65 anos), hipertensão arterial, diabete mellito, asma, doença hematológica ou renal crônicas, doença severa do sistema cardiovascular, doença ácido-pética ou, doença auto-imune. Estes podem apresentar evolução desfavorável e devem ter acompanhamento clínico diferenciado. DENGUE GRUPO B Manifestações hemorrágicas induzidas ou espontâneas, sem repercussão hemodinâmica e ausência de sinais de alerta. 1 • Hto (VG) aumentado em até 10% acima do valor basal – crianças > 38 % e < 42 %; – mulheres > 40 % e < 44 %; – homens > 45 % e <50 %, e/ou • Plaquetopenia entre 50 e 100.000 cel/mm³, e/ou leucopenia < 1.000 cels/mm³ DENGUE GRUPO B Manifestações hemorrágicas induzidas ou espontâneas, sem repercussão hemodinâmica e ausência de sinais de alerta. • Tratamento Ambulatorial • Hidratação oral rigorosa (80ml/Kg/dia) como orientado para o grupo A • Analgésicos e antitérmicos • Orientar sobre sinais de alerta • Retorno para reavaliação clínico laboratorial em 24 h e re-estadiamento GRUPO B Manifestações hemorrágicas induzidas ou espontâneas, sem repercussão hemodinâmica e ausência de sinais de alerta. 2 • Hto (VG) aumentado entre 10 e 20% acima do valor basal – crianças > 42 %; – mulheres > 44 %; – homens > 50 %, e/ou • Plaquetopenia < 50.000 cels/mm³ GRUPO B Manifestações hemorrágicas induzidas ou espontâneas, sem repercussão hemodinâmica e ausência de sinais de alerta. • Leito de observação • Hidratação oral supervisionada ou parenteral: 80 ml/Kg/dia, sendo 1/3 do volume infundido nas primeiras 4 a 6 horas e na forma de sol. salina isotônica • Reavaliação clínica e de hematócrito após a etapa de hidratação GRUPO C e D Presença de algum sinal de alerta e/ou Choque, com manifestações hemorrágicas ausentes ou presentes. DENGUE GRUPO C Sem Hipotensão, com sinais de alerta • Leito de observação ou Hospitalar • Hidratação EV imediata: 25 ml/Kg em 4 h, sendo 1/3 em sol salina isotônica • Reavaliação clínica e de Hto (após 4 h) e plaquetas (após 12 h) • Sintomáticos • Pode-se repetir conduta até 3 x • Se melhora clínica e laboratorial: manutenção com 25 ml / Kg em 8 e 12 h GRUPO D Com Hipotensão ou Choque •Falência circulatória –Pulso rápido e fraco –Extremidades frias/pele pegajosa CHOQUE DO DENGUE GRUPO D Com Hipotensão ou Choque • Hidratação EV imediata (fase de expansão): 20 ml /Kg (soro aberto) com sol. Salina isotônica sob supervisão médica ( até 3 x) • Leito de Observação ou hospitalar • Reavaliação clínica (cada 15-30 minutos) e Hto após 2 h • Sintomáticos Apresentações Atípicas de Dengue Dengue com Complicações É todo caso que não se enquadre nos critérios de FHD e quando a classificação de dengue clássico é não é satisfatória dado o potencial de risco: • Comprometimento SNC, • Insuficiência hepática, • Disfunção Cardio-respiratória, • Hemorragia gastrointestinal grave DENGUE Febre Hemorrágica do Dengue COMENTAR: Erros de conceitos: • Prova do laço positiva = FHD • Dengue + sangramento = FHD • FHD mata por hemorragia • Controle inadequado transforma dengue em FHD NOTIFICAR TODO CASO SUSPEITO Sintomas visível da Dengue Hemorrágica. Sinais das mãos ao pressionar a pele. Contradições na classificação do dengue (FHD) • Pode ocorrer hemorragias importantes, choque hipovolêmico, com óbito, sem ser definido como FHD. • Pacientes classificados como FHD, sem febre atual e sem hemorragia, com hemoconcentração. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. v.33 n. 5 Uberaba set. / oct. 2000 Paradigmas: • Dengue não é uma virose benigna, é dengue. • Um vírus, uma doença. – Na dengue: um vírus, duas doenças diferentes. Dengue ou FHD. • Contato prévio com o vírus não confere imunidade, amplifica a doença (> chance de óbito). • Agrava quando melhora. • Retorno do paciente quando estiver sem febre. • Paciente em choque sem perda de consciência. • A FHD já é desde o seu início. • Conduzir sem saber se é realmente dengue. Kleber Luz – UFRN, 2007 Mãe chora a morte da pequena Ana Carla Alves Campos, mais uma vítima da dengue hemorrágica. Familiares acusam o hospital de negligência. Aracaju - SE, Abril de 2008. Ana Carla Sepultado corpo de bombeiro vítima de dengue hemorrágica. Sergipe – maio de 2008.