arteterapia na saúde mental - Universidade Vale do Rio Doce

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ARTETERAPIA NA SAÚDE MENTAL:
UMA REFLEXÃO SOBRE ESTE NOVO PARADIGMA
*Sonia Burgareli Pereira
** Roberta Guimarães Firmino
RESUMO
Este artigo propõe uma reflexão teórica da arte como terapia em saúde mental.
Discute os diálogos entre arte e loucura ao longo da história. Concentra-se na arte
como um recurso expressivo, bem como os efeitos terapêuticos sobre a saúde
mental do sujeito. Apresenta um novo olhar sobre a loucura através da arte como
terapia e sua importância para a desinstitucionalização em saúde mental como um
instrumento de reabilitação social. Para este trabalho foram selecionados e
analisados diversos autores, cujas publicações no campo da reabilitação
psicossocial através da arte, mostram sua importância como substitutivo que prioriza
a qualidade de vida dos pacientes. Que esta reflexão possa indicar caminhos e
servir de estudo, para que profissionais da área usem esta terapêutica como
possibilidade a mais de dinamização da assistência em saúde mental.
Palavras-chave: Arte. Terapia. Desinstitucionalização. Socialização.
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*Graduada em Educação Artística pela UEMG/BH, pós-graduada em Didática pela Faculdade de
Educação São Luiz, Jaboticabal SP. [email protected]
** Docente do curso de Especialização em Saúde Mental e Intervenção Psicossocial, terapeuta
ocupacional especialista em Terapia Ocupacional com Enfase em Saúde Mental pela Universidade
Federal de Minas Gerais. [email protected]
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1 INTRODUÇÃO
Atualmente, recursos artísticos utilizados nos Serviços de Saúde Mental condizem
com as diretrizes propostas pela lei 10216 do SUS, que discorre sobre os direitos
das pessoas com sofrimento mental e sobre o tipo de assistência a elas prestada.
Busca-se romper com a lógica manicomial através da reinserção social e
empoderamento do indivíduo em sofrimento mental. Após a década de 70, repensar
a psiquiatria e o modelo manicomial até então existente é fundamental. A reforma
psiquiátrica procura ver o homem como um ser biopsicossocial e dentre as reformas
mundo afora, o Brasil se inspirou no modelo italiano da desinstitucionalização. A
reforma psiquiátrica brasileira começa a ser impulsionada pelo Movimento Nacional
da Luta Antimanicomial, encabeçado por trabalhadores da área, familiares e
usuários dos serviços, que cansados de presenciar métodos pretensamente
terapêuticos, mas que só produziam torturas e isolamento dos que sofriam com os
transtornos mentais, decidiram buscar por alternativas de intervenção.
Com a reformulação da atenção a saúde, a partir da lei nº 8080, em substituição ao
modelo hospitalocêntrico para a assistência em saúde mental, o Ministério da Saúde
define uma nova política com a criação dos CAPS (Centros de Atenção
Psicossocial) que visa prestar uma assistência psiquiátrica de base comunitária e
atendimento multiprofissional possibilitando que o usuário seja visto para alem de
seus sintomas, de uma forma ampla e individualizada.
Desta forma, propor a desinstitucionalização em Saúde Mental é propor
possibilidades e suporte técnico e material, para que os sujeitos tenham condições
de enfrentar os desafios a fim de superar a exclusão. O maior obstáculo a pessoa
com sofrimento mental talvez seja, ter seus direitos de cidadão limitados. Para
Barros (1993) a desinstitucionalização se dará desmontando sua sustentação, e isso
ocorre na luta contra a violência, criando-se serviços que tenham uma dinâmica de
acolhimento e inclusão. Dentro desse entendimento pode-se inferir que os CAPS
além de oferecer o tratamento medicamentoso são um espaço para a participação e
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construção coletiva, promovendo a troca de experiências e permitindo ao usuário se
reconhecer sujeito.
Alem dos CAPS, outros dispositivos de assistência foram criados para compor a
rede em saúde mental. Entre eles estão os Centros de Convivência, espaços de
produção criativa que visa fazer a ponte para os pacientes estabilizados entre a
clinica e a comunidade através da participação destes em atividades artísticas,
artesanais, esportivas, culturais e produtivas.
Com o modelo de intervenção Psicossocial um importante dispositivo do tratamento
comum nos espaços de assistência em saúde mental são as oficinas. Entende-se
por oficinas, como um local de realização de atividades que produzam no individuo
possibilidades de transformação de si a partir da relação dele com o grupo, com a
atividade e com o material.
A proposta é de que nas oficinas artísticas o participante possa externar, através da
arte, seus conflitos, uma forma de conscientizar-se da sua fantasia e da sua
realidade. Deve-se registrar aqui que a arte como terapia não é uma proposta
recente no Brasil. Antes mesmo de se pensar na reforma psiquiátrica e de introduzir
o método de Intervenção Psicossocial a psiquiatra Nise da Silveira utilizava em seus
atendimentos atividades diversas e com isto provou os resultados positivos e
inovadores na atenção em saúde mental. Esta psiquiatra em 1946 foi pioneira
iniciando no Brasil, no Hospital Psiquiátrico Pedro II do Rio de Janeiro, sessões de
terapia ocupacional, com pinturas e modelagem. Nesta experiência ela constatou a
melhora de seus pacientes e através dos trabalhos, que eles realizavam permitia a
ela uma analise ímpar das angústias humanas. O trabalho desta psiquiatra
contribuiu fundamentalmente para entendermos a arte como proposta terapêutica
inclusiva.
Na proposta da Reforma psiquiátrica a arte como terapia aplicada ao individuo de
acordo com os novos paradigmas de atenção em saúde mental, é um processo
terapêutico não-verbal, por meio das artes plásticas, música, dança, em que o
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acolhimento à diversidade é fundamental. Dentro deste entendimento o percurso da
reflexão a seguir dará um panorama da arte e sua confluência com a loucura,
através da história, para se instalar como um dos substitutivos em Saúde Mental.
2 ARTE E HISTÓRIA DA LOUCURA: CONFLUÊNCIAS
Se a reforma psiquiátrica hoje busca novas práticas multifacetadas consoantes com
a inclusão e o exercício da cidadania é por que anos de prisão e confinamento
deixaram marcas profundas. Tirar do convívio social os doentes mentais é uma
historia antiga. A nau dos loucos não é lenda, os insanos eram colocados em barcos
e, de uma cidade a outra, vagavam como errantes. Eram relegados a própria sorte.
Mais tarde surgiram os hospícios, verdadeiros depósitos dos alienados. Segundo
Michel Foucault, em “A história da loucura na Idade Clássica”, os manicômios tem
origem na cultura árabe e foram absorvidos pela Espanha, quando da sua ocupação
pelos mouros no século XV. Os hospitais que antes abrigavam os leprosos, os
acometidos pelas doenças venéreas, passam a receber os loucos. Nestes lugares
os doentes mentais eram mal tratados e as condições eram piores que as das
prisões. O Hospital geral, diferente da idéia médica tinha uma função real:
Há mais: desempenhando um papel ao mesmo tempo de
assistência e de repressão, esses hospícios destinan-se a
socorrer os pobres, mas comportam quase todas as células de
detenção e casernas nas quais se encerram pensionários pelos
quais o rei ou a família paga uma pensão (FOUCAULT, 1978,
p. 52).
“O Classicismo inventou o internamento, um pouco como a Idade Média a
segregação dos leprosos (...)” (FOUCAULT, 1978, p. 53). Com a supressão da lepra
os locais onde eram confinados os leprosos ficam vazios então foram ocupados
novamente, agora pelos loucos e todo tipo de desviante. Percebe-se que os valores
permanecem e a forma de a sociedade lidar com o diferente é a exclusão. Numa
época em que se denomina como a Idade da Razão é estabelecida uma
sensibilidade diferenciada à loucura. Pra se ter uma idéia o único Hospital Geral de
Paris agrupava 6000 pessoas, 1% da população. (FOUCAULT, 1978). O
internamento adquire também outra função: a mão de obra barata nos períodos de
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altos salários e o controle da agitação e revoltas nos períodos de desempregos.
Várias casas de internamento têm especialidades distintas e o comércio e a indústria
desenvolve com esta mão de obra.
No início do século XIX, os médicos Willian Tuke e Philipe Pinel empreendem a
“humanização dos pacientes” tornando o hospital uma instituição médica. A busca
pela cura com técnicas terapêuticas justificadas são punições, castigos, isolamento,
correntes. Pinel manda tirar as correntes de doentes mentais internados e Tuke já o
havia feito ao asilar dementes sem correntes nem camisas de força, algemas,
grilhões ou mordaças. (FOUCAULT, 1978). A proposta de Pinel era o tratamento
“moral” em que usava amabilidade, firmeza, diversões sadias, otimismo. Acreditavase ser a doença mental curada através de correção social; quando a coação era
indispensável seria aplicada de forma eficaz.
Pinel transformou o conceito de “lunáticos” em “doentes mentais” e estes deveriam
ser atendidos em instituições
como pacientes e não encarcerados como
prisioneiros. Este foi um marco na História da loucura. Para Foucault (1978 p.132)
“... com Pinel, está nascendo uma psiquiatria que pela primeira vez pretende tratar o
louco como um ser humano.”
Se na Idade Média a loucura era vista como castigo divino, daí uma forma de
redenção, na Renascença a figura do louco era objeto poético. Na Idade Clássica
adquire um significado social e moral: o louco é relacionado à razão. No século XV a
loucura perde seu caráter cósmico, passando a ser objeto de preocupação social. O
estatuto da loucura é a razão, ou seja: todas as pessoas que estavam fora dos
padrões de comportamento social eram consideradas loucas. Somente no século
XIX a loucura passa a ter estatuto científico. O trabalho organizado dos hospícios do
século XIX afastou todas as manifestações artísticas, teatros, música, livros, eram
vistos como forma de perversão, desregramento dos sentidos, cultivo das ilusões,
produtores das doenças nervosas e mentais (FOUCAULT, 1978).
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Segundo relata Lima (2009), o interesse da psiquiatria pela produção artística
espontânea que brotava nos asilos data do final do séc.XIX. Porém os psiquiatras se
serviam da produção dos loucos como elementos na construção de um
conhecimento sobre o funcionamento psíquico e ajudar nos diagnósticos. Os
estudiosos davam classificação das patologias segundo as produções. Porém quem
estudou e organizou, em 1919, toda a produção artística dos asilos franceses foi
Hans Prinzhorn. Prinzhorn publicou um livro em 1922 que valorizava as obras dos
internos e reconhecia a possibilidade de compreensão da linguagem criada por cada
artista. Ele chamou a atenção de artistas como Max Ernest e Paul Klee.O
distanciamento antes visto entre arte e loucura acabou por aproximá-las, talvez por
esta tênue separação e pela busca de entendimento do funcionamento psíquico.
Segundo Lima (2009), para Freud somente por meio da psicanálise a medicina se
relacionaria com a estética, a mitologia e o folclore. Neste sentido Foucault entende
que Nietzsche, Artaud e Van Gogh, ao acolherem a loucura, deram-lhe uma
expressão e uma ascendência sobre o mundo ocidental. A psiquiatria começa então
a se interessar por esta confluência: arte e loucura. Pode-se afirmar que arte e
psicanálise se atravessam num período cultural importante. Freud foi buscar nas
artes idéias e modelos próximos da concepção de vida que a psicanálise criava.
Freud via nos grandes criadores a capacidade de desvendar a alma humana antes
de qualquer esforço científico.
A partir desta nova visão, os excluídos, escondidos em asilos, mostram suas obras;
suas expressões artísticas agora servem para material de pesquisa. Neste contexto
em 1900, surge a primeira exposição de trabalhos de doentes mentais no Bethlem
Royal Hospital de Londres. (FOUCAULT, 1978). Importante ressaltar que esta
reflexão não pretende discutir o conteúdo artístico destes trabalhos; se estas obras
têm valor artístico, se podem ser consideradas arte! A reflexão que se pretende
fazer está no efeito terapêutico que a expressão artística realiza no indivíduo com
sofrimento mental.
Nos Estados Unidos, Florence Cane, na Inglaterra, Adrian Hill contribuíram
fundamentalmente para a inclusão da arte no processo terapêutico. E no Brasil,
como era recebido este atravessamento arte e loucura? Os médicos brasileiros viam
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a arte e os divertimentos como possíveis causadores de alienação mental. Para
Lima (2009), existiu um solo sociopolítico e cultural que propiciou a emergência de
um território no qual os campos da arte e da saúde se encontraram e passaram a
dialogar. Segundo a autora, a partir do século XIX e durante o XX este diálogo teve
ligação com o surgimento da terapia ocupacional. No Brasil, duas experiências
serviram como modelo para a atualidade: a Escola Livre de Artes Plásticas do
Juqueri e o Museu de Imagens do Inconsciente. A psicanálise entrou no Brasil pela
porta da arte e não da medicina. A primeira tradução de um texto freudiano foi
publicada em uma revista do movimento modernista mineiro. A psicanálise atrelouse as experiências artísticas dos modernistas correspondendo às manifestações de
ruptura da linguagem.
Jung (1987) descreveu o valor artístico em si, utilizando as representações
produzidas por seus pacientes. Para Jung o homem seria orientado por símbolos e a
terapia através da criação artística facilitaria a resolução de estados conflituosos. Na
teoria Junguiana, a arte propicia o encontro com materiais expressivos e adequados
para a criação, que está presente na imaginação do individuo; este universo é
traduzido em símbolos que retratam estruturas psíquicas internas do inconsciente
pessoal e coletivo. Na arte como terapia, através da linha Junguiana, o surgimento
dos símbolos abre caminho para o trabalho do arteterapeuta. Talvez então a
finalidade da arte seja para refletir a sociedade.
Desde os primórdios o homem faz uso da arte para materializar
elementos do seu universo psíquico. Esta é produto de uma
necessidade de expressar, de configurar e trazer para o nível
concreto imagens internas repletas de energia psíquica
(MOREIRA, 2007, p.04).
A arte seria a captura e prisão da vida orgânica, vista panorâmica e no momento em
uma moldura de plástico. Isso é para capturar a vida dinâmica em um quadro
estático. É a visualização da atitude humana perante a vida e para o mundo. Podese dizer que a finalidade da arte é também responder ao mistério de existência
individual humana. Como disse Visgotski (2003, p. 233), “A arte não é um
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complemento da vida, mas o resultado daquilo que excede a vida no ser humano”.
Ribeiro enfatiza que:
Na arteterapia, na análise psicológica de uma obra, como
expressão do seu autor, deverá como propõe a teoria
vigotskiana, estar a História da Arte, que é a história
contextualizada da vida e obra do artista. Neste sentido, é
importante repensar os conceitos de arte que se apresentam
apenas como uma atividade artística pragmática, destituída de
todo e qualquer processo histórico-cultural, que serve de base
e elucida a obra de arte (RIBEIRO, 2002, p.15).
Assim, através da produção criativa o individuo se permite redescobrir significados
na vida e possibilitar a expansão da consciência. Para muitas pessoas, é mais fácil
usar imagens para expressar emoções. Neste sentido a arte vem a ocupar um lugar
importante, pois através das manifestações artísticas nos fornece um despertar para
inclinações e paixões que estão veladas em nosso íntimo; é como um resgate da
realidade através da fantasia. A tarefa da arte nesse momento será deixar a fantasia
livre e preencher a experiência natural de nossa existência exterior, nos despertando
para paixões que estão adormecidas. A arte tem finalidade curativa. As imagens
configuradas surgem como nos sonhos e estas expressões sinalizam conteúdos
internos profundos que vem à tona naturalmente como imagens do inconsciente
(MOREIRA, 2007).
A psicanálise mostrou-se presente no modernismo brasileiro em textos de Oswald
de Andrade, em obras de Almeida Junior, Menotti Del Picchia, Tarsila do Amaral,
Ismael Neri, Cícero Dias entre outros. Porém, foi o médico paraibano Osório Cesar,
também músico e crítico de arte, que deu a devida atenção à produção dos doentes
asilados. Cesar foi assistente do laboratório no Juqueri (Hospital Psiquiátrico de São
Paulo) em 1920. Ele percebeu a necessidade que certos internos tinham em realizar
seus sentimentos estéticos. Alguns desenhavam em papeis, em panos, chapéus,
paredes. Osório Cesar denominava os autores destas obras como artistas. Desta
manifestação foi criada a Escola Livre de Artes do Juqueri. Cesar catalogou os
trabalhos dos doentes e escreveu um livro em que passa a explicitar seu enfoque,
sua admiração extasiante ao ver estilizado nas produções dos doentes a psyche de
cada um (CESAR 1929).
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Esta admiração provoca um novo olhar, por parte da comunidade brasileira, pela
produção artística dos internos suscitando novas possibilidades de terapêuticas e
acrescenta: “O louco não é um indivíduo desprezível que mereça desinteresse da
sociedade.” (CESAR,1929,p.159). Para Lima (2009), Cesar encontrou na arte um
instrumento para a reabilitação dos doentes. Entende-se aí que a psicanálise e
depois a psicologia analítica, foi inicialmente introduzida na clinica no Brasil, como
instrumento para pensar o processo de criação na arte; nos manicômios, como
práticas terapêuticas (LIMA, 2009).
A proximidade entre arte, loucura e vanguarda artística brasileira tomou novos
rumos a partir do final da década de 1940. Trabalhos dos internos do Hospital
Engenho de Dentro no Rio de Janeiro despertaram para um novo olhar sobre a
loucura. Coordenados pela Dra. Nise da Silveira, psiquiatra que, indignada com o
tratamento dispensado aos pacientes psiquiátricos nos Hospitais, optou por seguir o
caminho da terapia ocupacional. Seu interesse era penetrar no mundo interno dos
loucos e conhecer-lhes a dor. Foram desenvolvidos progressivamente dezessete
núcleos de atividades: encadernação, marcenaria, trabalhos manuais, costura,
música, dança, teatro e outros. Lima (2009) informa que nestes núcleos procuravase criar um clima de liberdade. Era o início de uma luta para transformar o ambiente
hospitalar.
Nesta nova lógica, Dra Nise desenvolveu uma leitura de imagens de base teórica
Junguiana. Para ela “a produção plástica dos psicóticos ia muito além das
representações distorcidas e veladas dos conteúdos pessoais reprimidos”
(SILVEIRA, 1981, p.51). Com o objetivo de propiciar aos artistas revelados no
Engenho de dentro, um futuro menos trágico que Dra Nise, em 1952 criou o Museu
de Imagens do inconsciente. Este Museu passou a ser considerado um Museu de
Arte, embora estivesse ligado a um interesse científico e clínico. Diferentemente de
Osório Cesar, Nise da Silveira se interessava somente pela investigação clínica,
mesmo assim buscava parceiros no campo das artes e outras áreas. Esta
articulação que a Dra Nise tinha com diversas áreas, culminou na formação do
Grupo de Estudos do Museu de Imagens do Inconsciente. Este grupo mostra o
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caráter interdisciplinar do estudo, questionando a univocidade da fala e do saber
médico sobre a loucura.
A lógica introduzida pela Dra Nise da Silveira abre espaço para novas possibilidades
de vida fora do asilo. A proposta muda da investigação psicopatológica das
produções dos doentes, para a construção de uma nova terapêutica em saúde
mental.
3 ARTE COMO TERAPIA
Ao voltarmos no passado longínquo da história da humanidade, para os primeiros
registros de expressão artística, veremos que o homem sempre estabeleceu um
diálogo entre conteúdos internos e externos através de produções simbólicas,
pinturas rupestres, modelagem no barro, desenhos. A arte para o homem préhistórico teria um sentido mágico, se referia ao mundo invisível dos espíritos. Talvez
o temor, ou uma forma de controle da natureza fez o homem construir utensílios,
moradias... A arte foi associada à forma e função, o trabalho do homem como
construção de sua própria cultura. No mundo árabe, em hospitais destinados
somente a loucos, por volta do século XII, eram utilizadas manifestações artísticas
como dança música, narrativas de contos e espetáculos como forma de cura da
alma (FOUCAULT, 1978).
Desde o século XVIII alguns artistas iam aos asilos e faziam desenhos de
observação dos loucos. Em vários destes desenhos há cenas representando o
cotidiano dos internos, em que estes desenhavam nas paredes das celas
(BARBOSA, 1998). Percebe-se que estes alienados buscavam formas de expressão
mesmo antes de haverem propostas terapêuticas neste sentido.
Pode-se entender que, uma condição fundamental para a criação construtiva em
arte é estabelecer uma reflexão de sentido, talvez um centro interior avaliador. Então
a criação construtiva tornar-se-á terapêutica. Neste sentido, entende-se que as
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oficinas de arte podem funcionar como terapia, pois, a viabilidade e importância das
oficinas como tratamento na área de saúde mental é uma prática que vem somar ao
acompanhamento medicamentoso e tratamento psicoterápico individual, propondo
uma ruptura das práticas psicológicas tradicionais. Esta importância é maior ainda
quando estas atividades são desenvolvidas por uma equipe de saúde mental. Estas
oficinas buscam promover o ser humano como um todo, aspectos psíquicos e
sociais, respeitando as suas individualidades. Assim, as oficinas terapêuticas são
fundamentais para o paciente restabelecer relações. Eles podem fazer trabalhos em
pintura, arte em papel e tecidos, entre outros, sempre considerando atividades
individuais e coletivas que trazem o conteúdo da sociedade para dentro dos grupos.
Neste aspecto a arteterapia entra no processo deste descobrimento interior através
da produção artística nas oficinas.
Na teoria Junguiana, a arte propicia o encontro com materiais expressivos e
adequados para a criação que está presente na imaginação do individuo. E este
universo é traduzido em símbolos que retratam estruturas psíquicas internas do
inconsciente pessoal e coletivo. Na arteterapia, através da linha Junguiana,o
surgimento dos símbolos abre caminho para o trabalho do arteterapeuta
(VALLADARES, 2003). Através da psicologia analítica, pode-se entender que o
artista é um indivíduo que transita permeando consciente-inconsciente. Então os
artistas trazem a tona sua produção inconsciente através da sua arte. Para Jung, na
arte, produto da neurose, o artista busca inspiração em seu inconsciente pessoal e
esta inspiração pode se extinguir ao dissolverem-se os conflitos. Segundo Jung “A
neurose não cria arte. Ela é não criativa e inimiga da vida. Ela é o fracasso e a nãorealização” (JUNG, 2001 p. 337). Desta afirmação pode-se deduzir o papel purgativo
da arte na neurose. A expressão da emoção e da sensação através da arte é a
própria expressão do inconsciente, pois ao produzir o indivíduo pode estabelecer
uma linguagem com o meio. Através da produção artística poderá haver uma
reinvenção do cotidiano e a aproximação do indivíduo doente ao mundo social
(VALLADARES, A. C. A. (Org.) 2004).
No Brasil a Dra Nise da Silveira usou a terapia ocupacional como proposta
terapêutica. O processo terapêutico só poderia se desenvolver se o paciente fosse
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acolhido com afeto, afirmava Nise. Segundo Lima (2009), Nise utilizou o conceito de
afeto de Spinoza e o associou a idéia de um disparador do processo de cura,
tomando a noção de catalisador da química. Mesmo que Dra. Nise não abordasse o
valor estético dos trabalhos, criou-se uma atmosfera cultural em torno da sua
aventura teórico-prática, possibilitando a alguns artistas se desprenderem do rótulo
de loucos. Foi o caso de Emygdio que entrou no rol dos artistas brasileiros
representando o Brasil na Bienal de Veneza. Se o objetivo maior da Dra Nise era
buscar acesso ao mundo interno do psicótico surpreendeu-se ao perceber que o
próprio ato de pintar poderia adquirir, por si mesmo, qualidades terapêuticas. Ela
observou intensa criatividade e uma pulsão configuradora de imagens:
As imagens do inconsciente, objetivadas na pintura, tornavam-se
passíveis de uma certa forma e trato, mesmo sem que houvesse
nítida tomada de consciência de suas significações profundas.
Lidando com elas,plasmando-as com suas próprias mãos, o
doente as via agora menos fortes e desintegrantes cargas
energéticas (SILVEIRA,s/d,p.32).
Dra Nise percebeu grande harmonia nas imagens produzidas, sobre isto se
comunicou com Dr. Jung para discutir os significados. Jung esclareceu que algumas
imagens eram mandalas, estas buscavam compensar o caos interior sofrido pelo
paciente na tentativa de reconstruir a personalidade dividida. A partir da explicação
do Dr. Jung, pode-se entender a função terapêutica na produção artística do
paciente. Os símbolos, presentes nas criações plásticas, poderão estar presentes
também nos sonhos destes pacientes. A interpretação destes símbolos facilitará a
compreensão dos conflitos deste indivíduo por parte do arteterapeuta. O uso
terapêutico da arte está no fato de ser uma expressão simbólica da psique. Portanto,
os símbolos são uma forma de acessar o inconsciente e funciona como uma ponte
para o consciente. (JUNG, 1987).
Pode-se inferir a partir do exposto acima que, para facilitar o trabalho em arteterapia
é importante a utilização de materiais expressivos diversos, pois assim, abrange
muitas possibilidades e atende ao gosto de cada paciente. Esses materiais podem
servir para estimular a criatividade, e posteriormente desbloquear e trazer à
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consciência informações guardadas na sombra. Este lado desconhecido da psique
humana ao se manifestar poderá contribuir para a expansão de toda a estrutura
psíquica. Através destes materiais, tintas, pincéis, dos materiais para colagens, da
modelagem, da dobradura, máscaras, de materiais naturais, como folhas, flores,
sementes, cascas de árvores ou da aproximação e experimentação com elementos
vitais como a água, o ar, a terra e o fogo e inúmeras outras possibilidades criativas,
talvez assim surjam os símbolos necessários, para que cada indivíduo entre em
contato com aspectos a serem compreendidos e transformados. As modalidades
expressivas podem ser tão variadas permitindo facilitar a melhor compreensão dos
símbolos. Ciornai (2005) nos conta que:
No trabalho de expressão corporal, muitas vezes emprego
materiais panos, tules, elásticos, bambu e bolinhas para facilitar
o processo terapêutico. Cada material sugere um movimento
de repertórios e qualidades. Por exemplo, ao trabalharmos com
elásticos, além de ampliarmos a fluência, também
desenvolvemos a flexibilidade do corpo e comportamentos.
Este tipo trabalho pode culminar em uma dança, como
desenvolver primeiro a relação interpessoal, propiciando uma
interação energética entre pessoas, para depois culminar numa
harmonia de movimentos (CIORNAI, 2005 p.126, 127).
Pode-se entender que os símbolos advindos da produção com esta diversidade de
materiais expressivos possibilitarão conhecer, compreender, recuperar, rememorar;
uma linguagem metafórica do inconsciente. A arte é uma agente de cura quando
permite que o indivíduo reencontre os seus símbolos. Para Ciornai (2004), a
utilização de linguagens artísticas em processos terapêuticos é como ver o “velho”
com um novo olhar, reconstruir de uma forma nova. Trabalhando a criação se torna
uma fonte de reflexão e autoconhecimento. A arteterapia facilita a pessoa a
encontrar seu eu, o fazer artístico não é pra ocupar o tempo e sim promover
crescimento pessoal, daí a diferença da terapia ocupacional. Para esta autora a arte
pode ser terapêutica no momento que possibilita uma fonte de reflexão para a
pessoa que a cria. A autora deixa evidente que a arte é uma necessidade humana, a
capacidade de criar é inata, quando crescemos automaticamente vamos reprimindo
a criação livre como fazem as crianças,retomar este processo é redescobrir a si
próprio.
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Na arteterapia não se tem uma preocupação estética, apenas em expressar
sentimentos. Esta cartase pode proporcionar ao indivíduo possibilidades de se
reorganizar internamente, pois a atividade artística por si só é regeneradora. No
processo criativo poderíamos dizer que o inconsciente se liga a um arquétipo o
expressando numa atividade simbólica e assim somos forçados a nos confrontar
com as facetas de nosso íntimo. Percebe-se a partir do exposto que a arteterapia é
a utilização de recursos artísticos para fins terapêuticos.
A arteterapia auxilia neste processo, oferecendo inúmeros
materiais para que o indivíduo sinta-se livre na escolha daquele
que mais lhe for apropriado. Isso atende a sua singularidade,
funciona como ferramenta para despertar e ativar a criatividade
e, também, para desbloquear e transmitir à consciência
instruções e informações oriundas do inconsciente. Essas
informações normalmente são ignoradas, contidas e
disfarçadas, encobertas e principalmente ocultas. Na psique
humana, e, as informações colaboram para o desenvolvimento
de toda a dinâmica intra-psíquica, ao serem transportadas à
consciência
por
meio
do
processo
arteterapêutico (VALLADARES, 2001).
É importante salientar as artes plásticas na arteterapia por sua materialidade de
conceder documentário perene e palpável as produções dos pacientes. Não que a
arteterapia não use a música, a dança, enfim. O trabalho com materiais diversos
como elástico, bolinhas, materiais usados pelo corpo como um todo, é muito
produtivo. Porém, uma produção plástica visual documentada, poderá ajudar na
interpretação dos conflitos sofridos pelos pacientes e fornecer ao terapeuta
instrumentos que auxiliem um diálogo. Também é importante lembrar que em casos
muito graves o paciente é incapaz de simbolizar, então a música, a dança, entram
como facilitadoras, pois se dirigem ao corpo do indivíduo.
A linguagem, os materiais e os instrumentos em muito vão
estimular à produção. É a relação do ser humano com essa
matéria que a potencializa e transforma. O homem e a matéria
interagem e atuam em sua energia criativa, e ambos se
modificam nessa relação. Há um diálogo, às vezes uma "briga",
encontros e desencontros, em que o tempo e a dimensão
espacial se transformam. Entre embates e buscas, a criação se
processa e o indivíduo vai podendo ver na matéria o que vem
de seu mundo subjetivo e de seu olhar mais consciente,
percebendo sua atuação em outros momentos da vida,
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sentindo e se conscientizando do que aquelas imagens que se
formam ali à sua frente significam (CIORNAI, 2004, p. 72).
Portanto respeitar a singularidade de cada lugar com suas peculiaridades e
regionalidades bem como a individualidade do usuário é essencial. Vasconcelos
(2000) traz o termo empowerment para discutir a construção de suas práticas no
cotidiano no tratamento da saúde mental. Este termo significa a descentralização de
poderes pelos vários níveis hierárquicos do grupo, o que permite liberdade de
iniciativa. Cada usuário deverá ter o poder necessário e suficiente para controlar o
seu próprio trabalho. A viabilidade e importância das oficinas como tratamento na
área de saúde mental é uma prática que vem somar ao acompanhamento
medicamentoso. Propõe uma ruptura das práticas psicológicas tradicionais. Esta
importância é maior ainda quando estas atividades são desenvolvidas por uma
equipe de saúde mental. Isto porque o poder contratual desses usuários poderá ser
transformado e ampliado na relação que se estabelece entre eles e os membros da
equipe de profissionais. Desta forma contribui para o rompimento do modelo
manicomial institucionalizado e promove a qualidade de vida dos cidadãos.
Parece ser um consenso que as oficinas de arte são uma ferramenta importante
como dispositivo na reforma, possibilitando outros modos de expressão, então por
que muitas oficinas se transformam em meros encontros de ocupação de tempo?
Deve-se entender que o trabalho é terapêutico se é o reconhecimento de um direito,
onde o sujeito realiza sua possibilidade. E essa concepção se desfaz quando é uma
mera técnica de tratamento, onde a instituição decide o processo (ROTELLI,
LEONARDIS e MAURI. 2001.p, 34).
A arteterapia pode promover o ser humano como um todo, aspectos psíquicos e
sociais, respeitando as suas individualidades e os ajudando a restabelecer relações.
O eixo central é a interação organismo-meio e essa interação acontece através de
dois processos simultâneos: a organização interna e a adaptação ao meio. O
processo de criação provoca esta reorganização interna de sentimentos e
pensamentos e a partir deste ponto é possível estabelecer uma linguagem com o
externo, a realidade.
16
4 CONCLUSÃO
A aplicação da arte como terapia ainda está se inaugurando no Brasil. Percebe-se
através deste trabalho que pode-se sustentar a idéia da arte como um dos
elementos
para
o
sujeito
exteriorizar
“discurso/linguagem”.
Talvez
a
arte
sua
possa
fantasia
e
proporcionar
transformá-la
em
aos
um
sujeitos
encadeamento aos seus significantes soltos, dando certo sentido na construção de
seus cotidianos. Talvez a possibilidade de resignificar o cidadão além de suas
limitações, como capaz de produzir, esteja diretamente ligado na sua expressão
plástica. Assim teremos uma produção numa via de mão dupla, onde terapia e
doente se descobrem.
Este trabalho buscou uma interlocução com diversos autores propondo uma reflexão
responsável e comprometida com a proposta da reforma psiquiátrica brasileira.
Percebe-se que a arte como terapia pede passagem em meio a mais variadas
interpretações, com repúdio de uns e apoio de outros, para se instalar como um
saber multidisciplinar. Deve-se considerar que há pouca literatura abordando o tema
e talvez seja este mais um dos motivos de desconfiança e despreparo de alguns
profissionais da área da saúde em acolher a arte como terapia. Muitos profissionais
confundem a arteterapia com terapia ocupacional, e ambas são necessárias e
diferenciadas no lidar com o sujeito; ao somarem-se proporcionam maior amplitude
e qualidade no tratamento.
Porém, deve-se esclarecer que como um saber acadêmico e instituído a arteterapia
esquiva-se de ser apenas oficina de artes. Por isso, profissionais qualificados
direcionam a arte a fim de consolidá-la como uma ponte entre a linguagem formal e
a simbólica, possibilitando um resultado transformador do ser. Acredita-se que há
muitos equívocos em relação a oficinas terapêuticas. Pode-se inferir a partir deste
trabalho que as oficinas serão terapêuticas ao estabelecerem conexões que vão
além das existentes entre produção desejante e produção da vida material; neste
aspecto entende-se como produção de sentido e não reprodução de tarefas
orientadas.
17
Parece ser um consenso que as oficinas de arte são uma ferramenta importante
como dispositivo na reforma, possibilitando outros modos de expressão, porém
infelizmente muitas oficinas se transformam em meros encontros de ocupação de
tempo! Deve-se entender que o trabalho é terapêutico se é o reconhecimento de um
direito, onde o sujeito realiza sua possibilidade. E essa concepção se desfaz quando
é uma mera técnica de tratamento onde é orientado o processo.
A partir desta reflexão pode-se entender que a arte e a loucura sempre se
entrelaçaram através da história, porém na atualidade é percebida com um novo
olhar. Este novo paradigma em Saúde Mental desbanca o saber hegemônico
instituído e valoriza a multidisciplinaridade. Os novos substitutivos em saúde mental
realmente somam-se numa proposta de um projeto terapêutico que respeita as
individualidades e singularidades do sujeito. Portanto não é prioridade o produto final
de uma oficina, e se ou quando houver, não pode sobrepor-se ao trabalho psíquico.
As relações durante as trocas que se estabelecem numa oficina é que fazem a
diferença. Assim não se deve ter a idéia de que a produção dará uma
“psicobiografia’ do autor como um diagnóstico. O importante não é o produto e sim a
possibilidade de criação e o enfoque se dá na produção de sentido para a vida e a
sociabilidade. Portanto este novo paradigma responderá às expectativas da
desinstitucionalização, se priorizar a possibilidade de o artista estabelecer laços com
o mundo.
ART THERAPY IN MENTAL HEALTH:
A REFLECTION ABOUT THIS NEW PARADIGM
ABSTRACT
This article is a theoretical reflection of art as therapy in mental health. Discusses the
dialogues between art and madness throughout history. It focuses on art as an
expressive resource, as well as therapeutic effects on the mental health of the
subject. Presents a new look at the madness through art as therapy and its
importance for the desinstitutionalização of mental health as an instrument of social
rehabilitation. For this work were selected and analyzed a number of authors whose
18
publications in the field of psychosocial rehabilitation through art, showing its
importance as a substitute which prioritizes quality of life of patients. That this
reflection can serve to indicate paths and study so that professionals use this therapy
as the possibility of more proactive mental health assistance.
Keywords: Art. Therapy. Desinstitucionalização. Socialization.
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