XII Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia 25 a 28 de setembro de 2012 Porto de Galinhas – PE AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE PROGRESSIVA DO CLORETO DE Hg A NIVEL CELULAR E TECIDUAL: USO DA CULTURA DE CÉLULAS HuH-7 E DOS TECIDOS DO PEIXE TROPICAL Gymnotus carapo PARA O ESTUDO DOS EFEITOS DELETÉRIOS DO CLORETO DE Hg Cristiane dos S. Vergilio1; Carlos E. V. de Carvalho2; Edésio J. T. de Melo1 1 [email protected] (Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro) 2 [email protected] (Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro) 1 [email protected] (Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro) O mercúrio (Hg) é um metal com elevado potencial tóxico podendo causar efeitos deletérios no sistema cardiovascular, gastrointestinal, fígado, rins e sistema nervoso. Apesar de grande parte dos efeitos tóxicos do Hg já terem sido caracterizados, os mecanismos específicos envolvidos em muitos desses efeitos ainda não são conhecidos. Em sistemas biológicos, íons Hg possuem alta afinidade a grupamentos tiol existente nas biomoléculas, formando compostos estáveis que podem mimetizar compostos endógenos da célula. Com isso, a exposição ao Hg induz efeitos diversos a nível molecular, celular e tecidual que podem até levar a morte dos organismos expostos. O presente estudo visa avaliar a toxicidade progressiva do cloreto de Hg em cultura de células HuH-7 e nos tecidos do peixe tropical G. caparo para elucidação do processo patológico em diferentes concentrações (5µM - 20 µM) e tempos de exposição. Em cultura de células HuH-7 foi observado um decréscimo da viabilidade celular tempo e dose dependente. Aspectos morfológicos da cultura foram observados através da microscopia óptica evidenciando progressiva perda do aspecto de monocamada, retração citoplasmática, condensação nuclear que culminaram na morte celular. Tais efeitos também foram dose e tempo dependente. A fim de demonstrar a ação do cloreto de Hg em alvos intracelulares foram realizados ensaios com marcadores vitais através da microscopia de fluorescência. Foi demonstrada a perda de funcionalidade mitocondrial e a acidificação citoplasmática em células vivas durante o processo de toxicidade do Hg. O processo de morte celular foi confirmado pela marcação com Yopro-1, indicador específico para apoptose. Baseado nos resultados citotóxicos, experimentos foram realizados em G. carapo na concentração de 20 µM por 24 - 96h para elucidação dos danos através da histopatologia. Após o tratamento com Hg os órgãos que apresentaram maior potencial de acumulação foi testículo<fígado<brânquias<músculo. As concentrações de Hg nos órgãos aumentaram com o tempo de exposição, o que reflete a distribuição do Hg através a circulação sanguínea. O tratamento com Hg induziu alterações morfológicas no testículo, fígado e brânquias desde 24h de exposição e a extensão e severidade dos danos aumentou após 96h. Esse efeito tempo-dependente também pode estar relacionado com as maiores concentrações encontradas nos órgãos no maior tempo de exposição. O presente estudo demostra a ação tóxica do Hg de forma progressiva em cultura de células HuH-7 e nos tecidos do peixe G. carapo. Ao demostrar tais efeitos em componentes celulares e teciduais, permite um entendimento dos processos de toxicidade do Hg antes que efeitos fatais possam ser observados. Palavras-chave: mercúrio, alvos, histopatologia Sociedade Brasileira de Ecotoxicologia (SBE) Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) 516