Figura 12: Ciclo de Carnot isotermicamente até um estado B; a continuação se comprime adiabaticamente até o estado C; posteriormente se expande isotermicamente o fluido até o estado D e o ciclo se fecha a través de uma expansão adiabática até A. Por definição o fluido está em contato com dois termostatos (nos processos A → B e D → A) e termicamente isolado (nos processos B → C e D → A); além disso em todos esses processos o sistema está em contato com uma ou várias fontes de trabalho; durante as expansões o sistema realiza trabalho sobre as fontes de calor e estas fontes fazem trabalho sobre o sistema nas compressões. A partir da análise da maquina de Carnot somos capazes de definir, do ponto de vista termodinâmica, o conceito de “mais quente do que” (ou seu antônimo): Diremos que um sistema sem vínculos adiabáticos internos está mais quente do que outro (o qual se diz que está mais frio que o primeiro) se o primeiro cede (no caso de um motor) ou absorve(no caso de um refrigerador) mais calor do sistema auxiliar que use ele como fonte de calor. 3.2 Temperatura termodinâmica Quase todo processo real que podemos pensar como realizado por um sistema é irreversível, contudo podemos idealizar um processo que são feitos de forma muito cuidadosa e de forma lenta que para efeitos práticos são totalmente reversíveis. No caso de uma maquina termodinâmica reversível, se utilizamos um sistema auxiliar que este em equilíbrio térmico com as fontes de calor quando troca energia com elas e se evitada a dissipação de calor por atrito. É claro que um máquina sem efeito dissipativos e sem troca de calor entre os sistemas a diferentes temperaturas terá um rendimento maior que outra mais imperfeita. Isso que acabamos de analisar é em essência o enunciado do teorema de Carnot: Nenhuma 21 Figura 13: carnot maquina térmica que opere entre dois termostatos dados pode ter um rendimento superior ao de uma maquina de Carnot do mesmo tipo que opere entre os mesmos termostatos. A fim de provar suponhamos um motor térmico cujo rendimento é η= |Q2 | |W | =1− |Q1 | |Q1 | (7) que compararemos com uma máquina de Carnot C η = C W |QC 1| Caso o teorema de Carnot fosse falso teríamos que η > ηC C W |W | > |Q1 | |QC 1| Como o motor de Carnot é reversível, pode ser vertido em cada passo conservando o módulo C C C W , Q1 e Q2 . Se escolhemos W C = |W |, se verifica que podemos montar a figura 13, onde o trabalho de uma das maquinas flui para a outra. Como a primeira lei exige que C C C W = Q1 − Q2 = |W | = |Q1 | − |Q2 | de onde C Q1 − |Q1 | = QC 2 − |Q2 | Esse valor de diferencia de calor é positivo, como se mostra a continuação η > ηC 1 1 > |Q | |QC 1| C1 Q1 > |Q1 | 22 (8) Figura 14: Carnot C Q1 − |Q1 | > 0 que, da eq. 8, implica C Q2 − |Q2 | > 0 Como a maquina que foi construída resulta na maquina da figura 14 (a), que pela equação 8 é igual à maquina da fig. 14 (b), então se conclui que o único efeito de essa maquina seria levar calor, QC 2 − |Q2 |, de um termostato a outro sem nenhuma outra consequência, mas este resultado é contrario às observações experimentais (na verdade este é o enunciado de Clausius da II lei). Consequentemente toda maquina reversível do mesmo tipo que opere entre as mesmas fontes de calor deveram ter o mesmo rendimento. Como os termostatos (ou fontes) são caraterizados pelas suas temperaturas empíricas, resulta uma consequência do teorema de Carnot o seguinte argumento: o rendimento de uma maquina reversível que opere entre dois termostatos depende unicamente da suas temperaturas (e, naturalmente do tipo de maquina que esteja sendo utilizada, motor, bomba ou refrigerador), ou seja: C Q 1 = f (θ1 , θ2 ) (9) |QC 2| onde f é deve ser uma função universal ou sejam, uma função que não depende do sistema. Dado três termostatos I, II e III, com temperaturas empíricas θ1 , θ2 e θ3 , podemos fazer ao funcionar entre I e II um motor de Carnot, cujo sistema auxiliar C (12) ceda calor QC 2 termostato II, e entre o II e III um motor cujo sistema auxiliar C (23) absorva o calor QC 2 (ver fig. 15). Baseado no resultado 9, deve ser verdade que C Q 1 |QC 2| = f (θ1 , θ2 ) C Q 2 |QC 3| = f (θ2 , θ3 ) Note que C C Q 1 Q 2 C |QC 2 | |Q3 | 23 = C Q 1 |QC 3| C Q 1 |QC 3| = f (θ1 , θ3 ) Figura 15: Carnot consequentemente f (θ1 , θ2 ) f (θ2 , θ3 ) = f (θ1 , θ3 ) para isso ser verdade, necessariamente temos que admitir f (θ1 , θ2 ) = T (θ1 ) T (θ2 ) f (θ2 , θ3 ) = T (θ2 ) T (θ3 ) f (θ1 , θ3 ) = T (θ1 ) T (θ3 ) onde T (θ) é uma função universal da temperatura que recebe o nome de temperatura termodinâmica que é uma grandeza física, como se mostra na relação C Q T (θ1 ) T1 = 1C ≡ T2 T (θ2 ) |Q2 | a qual mostra que o cociente de seus valores é um cociente de energias. A escala Kelvin se obtém assinado o valor de 273, 16K à temperatura do ponto triplo da água assim, se uma maquina de Carnot funciona entre dois termostatos, um dos quais está em equilíbrio térmico com a água no seu estado onde as tres fases coexistem (ponto triplo) do qual absorve (ou cede) calor, Qcpta , desse termostato, se assina à temperatura T do outro termostato o valor C Q T ≡ 273, 16K × C Qpta onde QC é o calor absorvido desse termostato. Finalmente, podemos expressar os rendimentos da maquina de Carnot (motor de Carnot) como T2 (10) η =1− T1 onde T1 é a temperatura do termostato mais quente e T2 a temperatura do termostato mais frio. 24